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História A Noiva Cadáver e o Estranho Mundo de Jack apresentam: - Fuga por entre os túmulos


Escrita por: SallyEsqueleto

Capítulo 2 - Fuga por entre os túmulos


Fanfic / Fanfiction A Noiva Cadáver e o Estranho Mundo de Jack apresentam: - Fuga por entre os túmulos

 

 

Ele era gentil, bonito e declaradamente a amava. Seu romance era perfeito, e não havia o que mais pudesse ser dito. Encontravam-se ás escondidas sempre que podiam, e ele lhe dizia palavras apaixonadas e implorava por beijos, que ela cedia de bom grado, desesperada para que ele lhe tomasse nos braços.

Estava sentada na penteadeira, dispersa em pensamentos quando vi pelo espelho uma cabeleira flamejante adentrar o quarto, trôpega pelo peso de uma pilha de livros que trazia a duras penas nos braços. Ela largou tudo em sua escrivaninha e se aproximou de mim, ficando as minhas costas. Seu sorriso tímido continha um quê de felicidade quase incerta.

- Posso saber o motivo desse sorriso? – Não hesitei em perguntar.

- Jack Skellington me convidou para o Baile de Natal em Christmas School. – disse Sally.

Foi uma sorte estar sentada, porque do contrário com certeza teria caído. Pude sentir a felicidade invadindo o meu corpo rapidamente tal como eletricidade e pulei da banqueta para abraçá-la, estava mais do que contente por ela, pois sabia de seus sentimentos por Jack. Ela me abraçou de volta, mas percebi que seu ânimo se esvaía aos poucos. Separei-nos gentilmente para poder vê-la melhor. 

Sally abriu um sorriso que desvaneceu quando se deu conta de que eu havia percebido e que não me enganaria. Eu tinha certeza de que era isso que ela mais queria no mundo, que Jack a notasse, contudo também sabia que não seria fácil um envolvimento entre os dois. Não queria estragar a alegria dela lembrando-lhe de problemas que ela sabia de cor, mas como se lesse meus pensamentos ela disse:

- Há problemas demais...

Fiz cara de tédio, para demonstrar que isso não era nada.

- Não acho que ele goste de mim...

Fiz cara de cética, Sally era bonita demais.

- E vou ter que ir de preto, igual a todo mundo.

Fiz cara de que considerava a única opção.

- E ainda tem Fin...

Não deixei ela terminar a frase.

- É natal. Um BAILE DE NATAL. Em CHRISTIMAS SCHOOL COM JACK SKELLINGTON. É uma data maravilhosa, em um lugar maravilhoso, com alguém MAIS MARAVILHOSO AINDA!

Ela sorriu um pouquinho nesta última parte.

- Sim, eu sei, mas o diretor disse que todos devem estar de preto para honrar a nossa escola. Até onde sei, a ideia foi da Srta. Pervert.

Nos encaramos por um instante para depois cair na gargalhada. Sabíamos que a Srta. Pervert era louca por Jack, assim como metade da escola, e que ela só havia sugerido essa ideia para que ele não olhasse com interesse para sua acompanhante, que iria estar praticamente igual a todas as outras garotas. E também sabíamos que não iríamos obedecer essa ordem estúpida. Pelo menos não do jeito que ela esperava.

Um relógio bateu sete horas. Sentei novamente na penteadeira e minhas mãos tatearam a procura da escova, mas agarrei o pó de arroz e quase penteei o cabelo com ele, não fosse Sally agarrar meu pulso bem a tempo de me impedir de fazer uma baita bobagem. 

- Você vai se encontrar com ele hoje?   

Não respondi, pois sabia que isso a desagradava. Ela não gostava quando eu saia à noite para me encontrar com ele. Mas eu não podia evitar, eu estava louca para vê-lo. 

- Emily Gutknecht, você não tem concerto. – disse ela com seu habitual tom de reprovação, ela pegou a escova e começou a pentear meu cabelo lentamente.

- Eu sei que não gosta dele, mas eu não consigo ficar afastada por muito tempo.

- O que seu pai acha disso?

- Ele... não... sabe ainda? – respondi hesitante, remexendo os dedos.

- Com isso você quer dizer que não tem permissão para se encontrar com ele... – abri a boca para contestar, mas ela apenas continuou. – E você sabe que não é direito uma moça da sua idade sair à noite para ver um rapaz que certamente não tem boas inten...

- Em primeiro lugar, nós temos a mesma idade...

- Nós, ele é mais velho.

- Segundo, - ignorei o comentário -pouco me importa o que a sociedade hipócrita acha o que é certo ou errado. Se você disser que não faria nada disso para se encontrar com Skellington eu a chamarei de mentirosa.  – Sally não respondeu, pois sabia que concordava comigo, ao menos nesta parte. – E terceiro, ele é um cavalheiro, e claro que tem boas intenções.

- Emily, me diga que vocês não... 

Pelo reflexo dela no espelho, pude ver que havia fechado os olhos, como se quisesse evitar ver alguma cena obscena na sua frente ou a imagem de uma.

- Mas é claro que não! 

Senti um rubor subir minhas faces quando finalmente entendi o que ela queria dizer. Ela abriu os olhos com uma expressão incontida de alívio e continuou a pentear os meus cabelos. De repente lembrei do tempo e meu coração se sobressaltou. Sally percebeu minha agitação, pois pressionou meus ombros para que eu permanecesse sentada.

- Nem pense nisso. Se quer mesmo se encontrar com ele terá que ir jantar primeiro. Não adianta fazer essa cara. As pessoas tem que ver você, senão vão começar a suspeitar. Sei que não se importa com o que os outros dizem, mas seu pai sim, e ele vai ficar furioso se souber.

Sem argumentos, deixei que ela terminasse meu cabelo e comecei a me maquiar, nada muito chamativo. Não queria usar as roupas do colégio, mas Sally me deu um sermão, então vesti o uniforme por cima de um vestidinho, é claro que ela achou que eu estava apenas com o uniforme, como se eu fosse vê-lo com essa coisa preta horrorosa... 

Saímos de nosso quarto e fomos até o refeitório, ainda no caminho para lá, quase fomos esmagadas por uma legião de garotas de todas as idades que davam gritinhos e fofocavam vulgarmente em voz alta. Não demorou muito para entender de que se tratava de Jack. Elas eram como fumaça, onde há fumaça há fogo, e fogo é Jack Skellington. Ele estava muito bonito hoje, deixara o paletó do uniforme exibindo os três botões da camisa branca abertos, deixando a mostra a clavícula e seus cabelos despenteados.

 Vi Sally revirar os olhos, uma das garotas estava às lágrimas achando que Jack não a convidaria para o Baile de Natal. Dei um meio sorriso ao imaginar como elas ficariam se soubessem que ele convidara Sally. Ela deve ter percebido, porque me puxou dali pelo cotovelo. Pelo canto do olho vi que Jack olhava em nossa direção. Não pensei duas vezes antes de pegar Sally pela mão e arrastá-la até ele. 

Eu nunca conversara muito com ele, mas muita gente achava que nós éramos irmãos quando viemos para cá. Nós tínhamos o mesmo tom de negro nos cabelos, feições e corpos magros, e sem querer me gabar, bonitos. Já era tarde quando notei que Victor van Dort estava com ele, eu quis disfarçar e me enfiar no meio do grupo de garotas que resolveram entrar na nossa frente, mas desta vez era Sally que me arrastava para falar com eles. Nota mental: vingança.

- Jaack! – disse eu, de modo exagerado para chamar a atenção.

Abri os braços para indicar que o abraçaria, ele retribuiu o abraço ligeiramente confuso, e o abracei com gosto, somente para irritar Sally, o perfume dele era excepcionalmente bom, vingada. Abracei Victor também, mas de modo menos caloroso, pois não queria chamar atenção. Minha amiga limitou-se a dar um oizinho. Ela não costumava interagir muito com as pessoas, nem mesmo com Victor van Dort, com quem ela estava melhor familiarizada devido ao contato entre as famílias dele e dela.

- O que acharam sobre a visita a Christmas School? – perguntou Victor, sempre muito educado, ao perceber que um silêncio constrangedor iria se estabelecer.

- Muito interessante, mas é uma pena que tenhamos todos que ir todos de preto. – Olhei para Jack instintivamente, já que Sally estava preocupada que ele não a notasse se assim fosse.

- O que há de errado com o preto? – respondeu ele subitamente, saindo de um ligeiro transe. 

Sorri satisfeita com a resposta. Ele não se incomodaria, afinal, ele era o Rei da Abóbora.

- Nada, eu espero. Eu acho que nem mesmo as cores mais vibrantes podem ofuscar as coisas encantadoras que temos aqui. – disse Victor, como se tivesse entendido aonde eu queria chegar.

Ironicamente, passou no corredor, a essa hora vazio, uma menina extremamente desagradável, que olhou sugestivamente para Jack dando um sorriso largo. Ele, porém, estava encostado despreocupadamente na parede, olhando distraidamente para Sally, que fazia força para olhar somente para nós, suas faces estavam do mesmo tom acaju de seus cabelos. Ao seguir nossos olhares ela deparou-se com Jack encarando-a, ele não fora rápido e suficiente para disfarçar e fora pego. Sally corou violentamente e disse:

- É melhor irmos jantar.

Com isso, todos nós descemos e nos dirigimos para o refeitório. Notei que Victor queria falar comigo em particular e vi o olhar que Sally me lançou. Então agarrei o braço dela e fomos um pouco a frente dos meninos. As moças e os rapazes sentavam-se em mesas separadas, havia uma algazarra no refeitório. Foi bom termos saído a frente deles por dois motivos, um era que as outras meninas nos matariam por estar perto de Jack Skellington (eu pagaria caro por aquele abraço), outro era que uma roda de meninas se formou em torno deles imediatamente, desesperadas para que ele convidasse uma delas para o Baile de Natal.

- Você não acha que ele deveria ter contado a elas... – abaixei a voz para que somente ela pudesse me ouvir. – que ele já te convidou? Quero dizer... assumir que você é o par dele.

- Eu não sou o par dele. Eu sou só sua acompanhante. E estou feliz que ele não tenha contado, já imaginou o que elas seriam capazes de fazer comigo se soubessem? – respondeu Sally no mesmo sussurro.

- Isso é injusto com você... 

- Já parou para pensar que ele só deve estar tentando me proteger? 

- Ainda sim acho injusto, se ele quiser ir com você ele tem que declarar que é com você que ele quer ir, e por um basta naquilo. – Apontei na direção das garotas com uma colher, a essa hora estavam endoidecidas, mas ao virar o rosto para ver a reação de Sally percebi que fui longe demais. – Ou, e se ele estiver guardando segredo para “causar” quando aparecer com você no baile? – perguntei em tom animado, para tentar concertar a burrada que fiz.

Mas ela simplesmente suspirou e me puxou para a mesa. Eu sou uma estúpida, pensei ao me sentar e vê-la encher o prato. Ela apoiou a cabeça desanimadamente no punho e começou a mordiscar a comida. O estrondo de uma terrina caindo no chão chamou minha atenção, as meninas brigavam agora aos socos e puxões de cabelo, mas Jack estava se afastando da confusão. Então a lembrança do meu encontro me veio à mente e saí de fininho.

 

Sair do colégio fora mais fácil do que de costume, a briga daquele bando de idiotas veio a calhar afinal de contas, com os professores e serviçais ocupados demais em separá-las, ninguém notara que alguém se esquivava pelos corredores e saia tranquilamente pelos portões. Fazia uma noite fria e as folhas das árvores cobriam o chão, agradeci mentalmente por não estar ventando. Era uma noite clara, a lua crescente brilhava alta no céu iluminando o caminho. Segui para o nosso ponto de encontro habitual, o cemitério. Eu sei que este não é um lugar conveniente para um casal, mas eu faria qualquer coisa por ele, aliás, todos os estudantes daquele colégio infernal estavam habituados com as sepulturas, pois o internato ficava próximo a ele. 

Entrei no cemitério, havia velas acesas em algumas túmulos e anjos de mármore projetavam sombras alongadas diante do leito de seus protegidos. Caminhei por um bom tempo, até chegar em um ponto de transição onde a floresta começava a invadir o cemitério. Avistei uma pequena fogueira acessa, e antes de entrar no campo de visão, me livrei do horrendo uniforme, para que ele pudesse ver meu lindo vestido branco, e assim que me viu corri para seus braços.

- Fiquei com medo de que não vie...

Interrompi o que ele dizia com um beijo caloroso.

- Eu tive que esperar, para me livrar dos professores. – expliquei-me.

Barkis não era tão mais velho do que eu. De onde Sally tirara esta ideia? Está certo que ele era um homem feito, mas era gentil, de bons modos, alto. Eu podia sentir a força de seus braços toda vez que me abraçava. Seu cabelo castanho era elegantemente penteado para trás, como pedia a moda, e muito bem vestido. Ele me olhou intensamente nos olhos e encarei fixamente de volta seus olhos azuis. Ia dizer algo quando ouvimos passos se aproximando de onde estávamos.

- Eles estão lá!

Ouvi o ladrar de um cão de caça e um grupinho de homens liderados pelo guarda caça da escola, que segurava uma lamparina a óleo e a guia do cão, vieram correndo em nossa direção. Senti Barkis segurar com firmeza meu pulso e me arrastar para dentro da floresta, mas me retesei:

- Vá, eles não podem fazer nada comigo.

Ele pareceu indeciso por um milésimo de segundo e então desapareceu no breu. Quando o grupo me alcançou percebi que alguns deles eram professores, e que inclusive o diretor, o Sr. Mayor estava entre eles. Todos olhavam para mim com espanto e indignação. Fiquei confusa por um instante, até perceber que o diretor segurava meu uniforme. 

- Srta. Gutknecht, venha conosco de volta para a escola em silêncio. A senhorita está proibida de dirigir a palavra a qualquer um durante o percurso e até mesmo com os alunos da escola. Seu pai virá buscá-la pela manhã.

Sally tinha razão, eu não devia estar usando aquele vestido, assim como estava certa sobre o fato de que não devia ter saído. Senti o pesar dominar meu corpo.


Notas Finais


Falei que ia postar sábado, mas acabou não dando tempo, mas, com um dia de atraso, aqui está.


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