História A Noiva Perfeita - Capítulo 15

De pé, na varanda, Hinata fitava a noite que havia caído sobre o porto, abraçando a si mesma para conter um tremor. Sua reação certamente não se devia à leve brisa que vinha do mar, apesar de ela estar usando muito pouca roupa.

Deixara a sua festa de casamento há cerca de 40 minutos.

Tinha ido diretamente para a sua suíte nupcial, arrancado o vestido e se enfiado debaixo de uma ducha fria, mas a água não a ajudou em nada a livrar-se de toda a humilhação pela qual havia passado.

Como Sasuke podia ter omitido aquela informação dela?

Hinata estava se concentrando na menor e mais distante estrela despontando sobre o veludo do céu noturno quando a porta do quarto se abriu. Seus batimentos aceleraram e ela conteve a respiração ao ouvi-la se fechar outra vez. Cerrou os olhos e apenas esperou. Era ela quem deveria estar aborrecida e não Sasuke. Aliás, ela estava visivelmente trêmula.

Embora estivesse de costas para o quarto, ela pôde sentir a sua presença quando ele se aproximou. Com o coração na boca, ela se virou lentamente, prendendo com mais força o robe leve combinado com a camisola que ela havia escolhido tão cuidadosamente na semana  passada para aquela ocasião.

Sasuke pareceu não notar os seus trajes. Sob a camisa branca, seu peito subia e descia profundamente enquanto seu olhar intenso desafiava o dela. Seu cabelo sempre rebeldes, estava ainda mais bagunçado, seu paletó aberto e o laço da gravata desfeito.

Ela nunca o havia visto mais decidido, nem mais bonito.

Sasuke se aproximou dela e disse com uma voz profunda, quase ameaçadora:

_Você foi embora sem falar comigo.

Hinata sentiu um frio na barriga, mas tentou ignorar o efeito que a sexualidade de Sasuke tinha sobre ela.

_Eu fui embora no meio da exibição dos fogos de artifício. Acho que mereço os parabéns – disse ela erguendo o queixo.

Ele franziu a testa de desgosto.

_Você faz o nosso casamento parecer uma sentença de morte – disse tentando não demonstrar o quanto aquilo o afetava.

_Eu espero sinceramente que não seja esse o caso.

Houve um breve silêncio e então ele suspirou, passando a mão pelo cabelo, desgrenhando ainda mais os fios negros.

_Fiquei preso falando com o sr. Zheng, um executivo chinês a quem eu a apresentei.

Hinata assentiu. Lembrava-se que Sasuke havia lhe mandado um convite quando soubera que o sr. Zheng estaria na Austrália na época do casamento.

Sasuke pareceu hesitar por um momento.

_Eu tentei escapar...queria ir embora... – Ele se apoiou no balcão - ...mas tive medo de ofendê-lo.

Hinata, porém, não estava nem um pouco interessada nos seus sócios, assim como ele também não deveria estar.

Com os braços firmemente cruzados sob o laço do corpete de seu robe, ela retomou a conversa do ponto onde eles haviam parado antes de Ino e Sakura os terem interrompido.

_Por que vecê não me contou que a Barclays era subsidiária da Uchiha C?

Nervoso, ele voltou o seu olhar para a vista de Sidney.

_Hinata, isso não é segredo para ninguém. – Ele a encarou. – O que eu não sabia era que a Barclays era a empresa que havia se recusado a pagar a sua fatura.

Hinata enterrou os dedos em seus braços enquanto pensava no que ele havia dito. Seu olhar era direto, aberto.

Ela suspirou. Certo, então ele não estava a par da conexão entre as injustiças cometidas pela sua subsidiária e a falência da sua empresa de eventos. Mas ele deveria ter lhe contado tudo quando descobriu a verdade.

_E quando foi que você ficou sabendo?

Ele estendeu os braços para se apoiar melhor no balcão.

_No mesmo dia em que descobri que Orochimaru estava tramando contra mim. Pensei em contar tudo a você, mas você ainda não tinha se decidido quanto ao nosso casamento. Tive medo que tirasse conclusões apressadas e interpretasse mal as coisas.

Pensando ter percebido uma leve amainada na sua atitude fria em relação a ele, Sasuke deu um passo adiante, mas Hinata se afastou.

_Você não parou para pensar que eu poderia tirar conclusões ainda mais graves quando descobrisse a verdade?

Os olhos de Hinata se encheram de lágrimas. Ela deixou os seus braços caírem, determinada a não ceder nem à emoção, nem ao choro, mas não pôde se conter ao lembrar-se do brilho triunfante no rosto de Orochimaru. Sasuke tinha razão.

Qualquer resquícios de amizade que existiu entre eles no passado havia sido deixado para trás por Orochimaru em nome da sua ânsia pelo poder.

Que ridículo. Uma amizade de toda uma vida desperdiçada por causa de dinheiro quando tanto Sasuke quanto Orochimaru já possuíam mais do que suficiente. Será que os homens poderosos tinham algum limite quanto aos sacrifícios que estavam dispostos a fazer para prosperar? Era absurdo que Orochimaru tivesse valorizado mais o ganho material do que aquilo de que ele havia se desfeito de livre e espontânea vontade. Ele estava disposto a recorrer a todo tipo de estratagema para enfraquecer Sasuke, inclusive soltar uma bomba daquelas no dia do casamento de seu rival. Ela engoliu em seco, tentando desfazer o nó em sua garganta.

_Você tem idéia de como eu me senti ao descobrir que o homem com quem eu havia me casado há poucas horas, o homem em quem eu confiava, tinha me enganado?

Ele se aproximou de Hinata sem que ela notasse. Arqueou uma sobrancelha e a olhou mais intensamente.

_Essa camisola, por acaso, é uma pista?

Ela tentou conter o calor que a invadiu ao notar o olhar aprovador de Sasuke e amarrou o seu robe com ainda mais força.

_Não mude de assunto. – Hinata tentou conter o tremor de excitação que invadia seu corpo com a proximidade repentina de Sasuke.

Ele inclinou a cabeça.

_Não pensei nisso como traição – disse ele estendendo a mão para tocar os seus dedos. – Eu não queria perdê-la.

Parte da sua mágoa cedeu àquele toque, mas outra não. Ela havia desejado que o dia de hoje fosse perfeito e que aquela fosse uma noite que ela jamais esqueceria. Tinha sonhado diversas vezes em fazer amor com Sasuke novamente, em sentir mais uma vez a pressão de sua boca quente e excitante sobre o seu corpo, suas mãos conduzindo-a a lugares incríveis que ela ansiava por visitar muito mais vezes, mas lá estavam eles, discutindo.

Ela podia perdoá-lo e tentar entender o que havia acontecido, mas não estava bem certa se era capaz de fazê-lo. Será que era esse o tipo de compromisso que ela estava disposta a assumir de agora em diante?

_Um casamento deve ser baseado em escolhas comuns. Você falou em respeito. Honestidade. São esses os valores tradicionais que você queria manter. – Sua visão ficou turva. – Você não foi sincero quando fez os votos comigo hoje?

Ela fora, de todo o coração.

Mal tinha sido capaz de pronunciar as palavras, não por medo de ter tomado a decisão errada, mas pela certeza de que estava fazendo a coisa certa. Seu maior desejo estava se realizando. Amava Sasuke como uma esposa deveria amar o seu marido, de todo o coração. Ela, porém, havia se entregado a ele por inteiro, apenas para descobrir, pouco depois, que ele ainda mantinha as suas reservas.

Sasuke entrelaçou os seus dedos nos dela e injetou os seus olhos nas perolas de Hinata.

_É claro que eu fui sincero. Só quis poupá-la de mais um sofrimento.

Sasuke acariciou o pulso dela com o seu polegar fazendo com que a batalha que ela estava travando internamente ficasse ainda mais difícil.

Ela não queria ser preservada. Queria ser amada.

Talvez até mais que isso. Ela queria ser vista, ser ouvida. Queria que sua opinião contasse.

Sasuke pegou a outra mão de Hinata e a tensão de seus músculos cedeu um pouco mais. Ela procurou os olhos dele.

_Eu perdi a minha casa por causa desse incidente – falou magoada.

_Eu vou lhe comprar um castelo no sul da França – disse Sasuke com um sorriso franco, mas também malicioso e muito sexy.

Hinata suspirou profundamente.

_Eu não quero um castelo.

Ainda com as mãos de Hinata nas suas, ele a girou como num movimento de dança, abraçando-a por trás, passando os braços em torno de sua cintura. Depois murmurou junto à sua orelha:

_O contador da Barclays era um idiota. Ele foi demitido. – Os seus lábios tocaram o lóbulo de sua orelha. – Se isso faz alguma diferença para você, eu ontem reembolsei o dinheiro que eles lhe deviam como um bônus na sua primeira concessão.

Um tremor percorreu sua espinha. Ela tentou se virar para encará-lo, mas ele a manteve na mesma posição.

_Concessão. Isso soa como se eu estivesse presa.

_Você é minha esposa – disse ele roçando o queixo suavemente na sua bochecha. – Achou que eu não ia cuidar de você? – Pressionou então a boca contra sua têmpora. – Sabe o quanto eu me preocupo com você e o bebê, não é?

Sasuke soltou as mãos e seguiu deslizando até alcançar os seus ombros. Hinata jogou a cabeça para trás, os olhos fechados, louca para que ele tocasse os seus seios, que clamavam por atenção. Lembrou-se do episódio no consultório da dra, Tsunade e assentiu.

_Sei – suspirou concordando.

_Sim, ele se preocupava, mas será que os amava como Hinata havia passado a amá-lo?

Talvez fosse essa a razão de ela ter ficado tão magoada com a atitude dele. Hinata realmente havia acreditado no conto de fadas e pensara que ele também.

A mão dele deslizou pelo ombro dela, baixando tanto a manga do robe quanto a alcinha da sua camisola. Sasuke então levou a sua boca ao local exposto.

_Não vamos discutir agora. Você não quer desfrutar da nossa noite de núpcias?