História A nova vida de uma pequena shinigami - A confissão de um tenente arrependido

Já era cerca de 5 da manhã e Harumi permanecia acordada. Sofria de insônia, mas não era isso que a impedia de dormir naquele momento.  Estava começando a se sentir enjoada e uma dor de cabeça muito forte estava começando a lhe incomodar, mas ela simplesmente ignorou aquilo porquê sempre ficava assim, e já que não ia dormir resolveu continuar trabalhando.

Página após página, ela foi organizando os documentos, sabia que ia ser trabalhoso, mas não pensava que houvesse tanta coisa pra fazer ali. Depois de um longo tempo ouviu batidas na porta, olhou pro relógio e viu que já eram 8 da manhã.

"Harumi taichou, posso entrar?"

Ela logo reconheceu o dono daquela voz. Não queria ver ninguém, mas não podia simplesmente ignorar todo mundo, afinal ela era uma capitã agora.

Harumi: Entre Hisagi.

Quando ele entrou ela logo notou que ele estava perfeitamente bem, graças aos seus cuidados da noite anterior.

Harumi: O que faz aqui? Eu não disse que você só precisaria vir a tarde? Qual é o problema? - Ela estava sentada em sua mesa, então levantou a cabeça e ajeitou os óculos de leitura enquanto falava com ele.

Hisagi: Hai taichou, eu sei que me deu a manhã de folga, mas acordei tão bem graças aquele seu remédio que tive que vir agradecer pessoalmente. Arigatou, me ajudou mais do que qualquer outra coisa.

Harumi: Não se preocupe, aquilo não foi nada. - Ela voltou a dar atenção aos papéis, mas percebeu que Hisagi não estava ali apenas pra lhe agradecer, mas que queria lhe falar alguma coisa importante, porém não estava conseguindo. - Qual é o problema Hisagi? - Insistiu.

Hisagi: Hmm... bem... não é nada. - Dizia enquanto olhava de um lado a outro, tentando não encará-la diretamente.

Harumi: Se não é "nada", porquê não olha nos meus olhos enquanto fala comigo?  - Ela realmente estava impaciente naquele dia.

Hisagi: Gomenasai. Bem, é que... fiquei sabendo que você foi lutar contra vinte Menos ontem sozinha e que todos os capitães foram pra fazer o julgamento...

Harumi: Isso é verdade, quem falou a você?

Hisagi: Todos estão comentando... Bem na verdade eu vim aqui pra lhe pedir desculpas.

Ela franziu o cenho quando ouviu aquilo.

Harumi: Por qual motivo?

Hisagi: Eu tenho que ser sincero com você taichou. Desde quando cheguei ontem a noite ouvi todos falando que minha mais nova capitã era uma mulher muito jovem, que aparentava ser fraca e que era doente. E quando eu lhe vi e presenciei você se sentindo mal realmente eu achei que não seria bom tê-la no esquadrão... Mas hoje quando fiquei sabendo do que aconteceu fiquei muito surpreso, disseram que você não precisou nem usar a zanpakutou, que derrotou aqueles Menos com uma magia super poderosa. Quando soube disso fiquei profundamente envergonhado, não sabia como viria lhe falar isso, mas agora quero que saiba que minha opinião a seu respeito mudou completamente, agora sei que você é mais que digna do posto, que você provavelmente é a mais forte do Gotei 13. Não precisa me perdoar, pode escolher o castigo que quiser pra me punir, ainda não será o bastante pelo que eu fiz, eu não sei porque fui ouvir opiniões dos outros sem antes falar com você, e também não deveria ter duvidado das palavras do Comandante. Me desculpe taichou... Imagino que pra você também seja difícil, chegar aqui e ser subestimada por todos, inclusive por mim que sou seu tenente, isso não irá mais acontecer, eu lhe prometo! - Dizia ele enquanto permanecia curvado no centro da sala fitando o chão.

 Harumi o olhava atentamente, sua expressão era séria, mas suavizou um pouco quando viu que uma lágrima estava caindo pelo rosto de Hisagi, ao ver isso ela se levantou e seguiu pra onde ele estava, deu alguns passos e logo em seguida chegou a sua frente.

Harumi: Eu sei que é difícil pra vocês substituírem um capitão que era de confiança por outro desconhecido, e ainda mais por uma jovem como eu, e que ainda por cima não é lá muito saudável... - Ela riu sem graça fitando a parede, mas logo voltou a observar Hisagi que estava curvado diante dela. - Quando eu aceitei o posto já sabia que seria assim, mas não esperava que seria tão negativa minha chegada. De forma alguma eu pretendo tomar o lugar do antigo capitão, mesmo traindo a todos eu creio que no fundo ele tenha sido uma pessoa de bons princípios, e é isso que vocês devem lembrar dele. Eu apenas quero contribuir com o crescimento de vocês e do esquadrão, e que juntos nós possamos seguir em frente, não apenas como capitã e subordinados, mas também como amigos. Mas pra que isso possa acontecer, assim como eu já confio em vocês eu preciso que vocês também confiem em mim, especialmente você... Hisagi. Quero que você esteja ao meu lado nessa jornada, não vai ser fácil, mas seguir com o apoio de alguém é muito melhor não é? Então eu também preciso do seu apoio. Não precisa se desculpar, você não estava errado, por isso eu peço, confie em mim.

Ao terminar de falar ela estendeu a mão em direção a ele, que ficou surpreso com as palavras de sua capitã. Estava com os olhos marejados, mas quando viu aquela pequena e delicada mão estendida pra ele não fez outra coisa, apenas a segurou e se pôs de pé.

 Por um momento ficou fitando os olhos de Harumi, que eram de um castanho mel incrível, e também seu belo sorriso, que era realmente cativante. Ela era realmente muito baixinha, chegava apenas até a metade do seu braço,  por isso ao contrário do que era de praxe, ao invés de ser protegido por ela, ele tinha a sensação de que queria proteger sua capitã.

De repente foi interrompido dos seus pensamentos quando a ouviu falar:

Harumi: Então ficamos assim ok? Nem percebi a hora passar, estava tão envolvida com os documentos do esquadrão que não percebia mais nada a minha volta... - E sorrindo virou de costas e seguiu em direção a sua cadeira que era onde estava antes. Hisagi porém percebeu que alguma coisa estava errada com ela, não sabia exatamente o quê,  parecia que ela estava mais pálida que o normal... Porém logo ficou claro o que estava errado.

Hisagi: Taichou, você está...?

Harumi: Realmente o trabalho de um capitão não é nada fácil...

De repente uma onda de vertigem a invadiu, e uma forte dor se instalou na sua cabeça, fazendo-a cambalear. Sua visão ficou turva, e por um momento ela se sentiu leve...

Hisagi ao notar que ela estava prestes a cair, correu pra onde ela estava e conseguiu chegar a tempo de ampará-la pelas costas. Felizmente ela não havia desmaiado, mas parecia meio desnorteada.

Ele estava muito preocupado, mais do que a última vez que tinha presenciado algo parecido, por isso perguntou assustado:

Hisagi: Harumi taichou, você está bem?! - Olhou pra ela que parecia branca como leite, estava gelada e tremia um pouco.

Ela falou com a voz baixa:

Harumi: ...H-hai, estou bem, só me exaltei por um momento... gomenasai...

Ela ficou de pé com dificuldade, fitava o chão, mas logo olhou pra Hisagi que confirmou que ela estava realmente pálida. Dessa vez ela precisou de apoio, por isso usando a pouca força que tinha no momento se apoiou no braço do tenente usando as duas mãos. 

Ele, ao ver que ela precisava de ajuda não hesitou ao passar um de seus braços em volta de sua cintura e com a outra mão pegou o braço dela e passou em volta de seu próprio pescoço.

Hisagi: Por favor deixe que eu lhe ajude.

Ela não tinha escolha já que não estava bem, então só lhe restava aceitar.

Harumi: Hai, arigatou...

Com muito cuidado ele a guiou até sua cadeira, assim que chegou a colocou sentada e a ficou observando preocupado até que ela disse:

Harumi: Hisagi... eu realmente não quero que você faça essa cara sempre que me vir assim. Me sinto terrivelmente inútil e impotente, mas isso é inevitável. Nem sempre os remédios são 100% eficazes, não faça essa cara de pavor, onegai... - Ela respirou fundo. - Será que você poderia me fazer um favor?

Hisagi: É claro taichou, diga!

Harumi: Será que você poderia me trazer um copo com um pouco de água?

Hisagi: Hai, vou buscar, já volto! - Ao dizer isso se retirou e foi em direção a uma sala do esquadrão que tinha uma jarra com água.

Harumi estava perdida em seus pensamentos, já havia se acostumado com seus problemas de saúde, já que convivia com eles há muito tempo. Mas o que ainda não tinha se acostumado era com as reações de quem presenciava seus ataques, isso a fazia se sentir culpada. 

Voltou pra realidade assim que ouviu novamente batidas na porta, não estava esperando ninguém, mas soube quem era assim que sentiu sua reiatsu.

"- Harumi san? Posso entrar?"

Ela não estava pronta pra ver os outros capitães, especialmente Ukitake que ela havia considerado como um possível amigo. Isso antes dele também duvidar dela, mas ainda assim ele havia escolhido um péssimo momento pra ir visitá-la.

                                                   Continua