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História A Oração - Como esquecer?


Escrita por: SofiaQuem

Capítulo 4 - Como esquecer?


Fanfic / Fanfiction A Oração - Como esquecer?

Eu ainda lembro que saí do quarto e caminhei rápido até a sala. Fiquei lá tentando me concentrar no que eu devia fazer. O que eu devia fazer?

Comecei a perceber que eles se vestiam em silêncio. Lembro de escutar Suzan calçar os sapatos e fechar a bolsa. Todos os sons eram nítidos para mim naquela noite. Ouvi Suzan sair pela porta da sala e percebi que Thomas se aproximava de mim.

Eu consegui me virar para olhá-lo. Ele estava chorando. Em oito anos eu nunca tinha o visto chorar, mas naquele momento eu já não me importava mais.

-Não era para ter sido assim… - ele disse

Continuei olhando para ele, mas desisti de falar o que eu queria falar e fui para a cozinha. Peguei todas as sacolas que eu trouxe e coloquei na mesa da sala. Fui para o meu quarto, peguei uma mala e coloquei as minhas melhores roupas. Peguei também alguns sapatos, perfumes, mas não consegui me concentrar em pegar tudo. Eu tremia. Estava me sentindo mal e comecei a pensar “para onde eu vou?”, “eu não tenho para onde ir!”.

-Anna, por favor, quero conversar… - ele insistiu

Fechei a mala e o olhei de novo. Fiquei olhando como quem diz “fala…”.

-Aconteceu. Aconteceu e nós erramos. Erramos em não ter falado nada para vocês! Não foi nada premeditado ou por maldade. Simplesmente aconteceu! - ele dizia em um tom desesperado

Eu não lembro exatamente as palavras que usei, mas eu sei que perguntei:

-Há quanto tempo?

Eu estava ansiosa para saber a quanto tempo eu e Brian éramos feitos de idiotas.

-Alguns meses… - respondeu quase sussurrando

Fechei os olhos e suspirei. Lembrei que há uma semana atrás eu tinha saído com Suzan. Conversamos, rimos, falamos deles, falamos de nossas intimidades, falamos de amor!

Lembro que ainda de olhos fechados fiz uma oração mentalmente: “Deus, não permita que eu cometa uma besteira. Me dá uma luz!”. Abri os olhos e disse:

-Eu venho buscar o resto das minhas coisas depois…

Falei carregando a minha mala para a sala. Lembro que abri a mala de novo para colocar as sacolas que eu tinha trazido. Joguei as cervejas, o bolo, os salgadinhos, tudo dentro da mala e fechei de novo. Em seguida calcei meus sapatos.

-Anna, estamos juntos há oito anos! Vamos conversar! – ele pediu

Lembro que eu o olhei e ri. Eu só podia rir, porque era muita cara de pau para uma noite só.

-Eu não tenho nada para conversar com você! - respondi seca

Ele não me disse mais nada. O que ele diria? Tudo aquilo não tinha mais conserto. Eu fui traída por duas pessoas que eu amava. DUAS! E no dia do meu aniversario.

Lembro que quando eu estava saindo ele disse chorando:

-Feliz aniversário Anna...

Parei onde estava e comecei a chorar. Um choro desesperado, doído, que fazia me faltar o ar. Lembro que virei rapidamente e fui até ele batendo nos braços e no rosto dele, gritando e repetindo “EU ODEIO VOCÊ!!!”.

Thomas sempre foi muito mais forte que eu, claro, então ele me segurava forte, tentando não me machucar, mas eu estava tão descontrolada que eu mesmo estava me machucando. E quando eu já não podia aguentar mais a dor, parei.

Ele chorava e eu também chorava, já sem forças. Eu fiquei até rouca de tanto que gritei! Lembro que ele pegou meu rosto com as duas mãos e disse:

-Eu sei que você não merecia isso! Eu sei! Mas aconteceu e eu não fui forte o bastante para aguentar! Fui ingrato, infiel, um perfeito canalha, eu sei! E eu sei que nada do que eu falar vai mudar isso!

Eu o olhava com o rosto inchado e completamente molhado de lágrimas. Lembro que a última pergunta que eu fiz para ele foi:

-Quando você deixou de me amar?

Ele não respondeu, então, me afastei e saí do apartamento.

**

Lembro que fiquei uns minutos na porta do prédio sem saber o que fazer, mas pensei em Ruth. Liguei para ela e perguntei se podía dormir lá naquela noite. Ela prontamente me ajudou. Naquele dia ela fez chá de camomila, enxugou minhas lágrimas, tentou me deixar mais tranquila. E eu só conseguia lembrar da cena daqueles dois traidores na minha cama. Aquilo voltava na minha cabeça em flashes. Eu nunca esqueceria aquele dia, nunca!

No dia seguinte eu fui para o trabalho e diversas vezes no dia fui até o banheiro para chorar. Passei o dia todo retocando a maquiagem. E se já não bastasse o caos na vida pessoal eu começaria a enfrentar o meu caos profissional.

E naquele mesmo dia, um dia depois de encontrar meu namorado na cama com minha melhor amiga, eu fui demitida da Y&R. Eles esperaram terminar o expediente e alegaram que estavam em crise e que não podiam mais sustentar dois Gerentes de Criação. Meu salário era um dos mais altos e eles diziam que por esse motivo eu não podia mais ficar.

Eu estava tão abalada que eu nem dei importância naquele momento. Peguei uma caixa, coloquei minhas coisas e fui para a casa da Ruth.

**

Depois daquele dia eu não chorei mais. Acho que todas as lágrimas já tinham secado. Eu estava focada em buscar um novo emprego e um lugar para morar.

Como eu tinha umas economias eu aluguei um quarto em um apart-hotel naquela mesma semana. Ruth insistiu que eu deveria ficar com ela, mas eu não podia tirar assim, do nada, a liberdade dela. Ela nunca dividiu o apartamento com alguém porque sempre dizia que não gostava, então eu ia respeitar isso.

**

Para a minha sorte, naquela época o mercado de trabalho estava aquecido e em uma semana eu consegui um trabalho em uma outra agencia, que por coincidência era a mesma agencia onde trabalhava Brian.

Quando lembrei disso tentei encontra-lo no escritório, mas me disseram que ele tinha tirado férias de repente e eu imaginei porque.

**

Tudo aconteceu muito rápido. A minha vida de um dia para o outro se transformou no maior dos pesadelos. Eu não conseguia entender como Thomas pôde fazer aquilo comigo. Ele dizia que me amava a cada oportunidade, por oito anos e mesmo assim dormiu com a minha melhor amiga. O meu coração já estava esfaqueado de todas as maneiras. Era difícil imaginar ele transando com outra. Era difícil e frustrante pensar que ele desejava outra e não eu. Era com ele que eu dividia a minha vida e os meus sonhos. Era com ele que eu queria casar e ter filhos, mas agora o único sentimento que me restava era nojo. 

Eu lembro que no dia que tudo aconteceu eu tomei um banho demorado e esfregava todo o meu corpo com a esponja, a ponto de me cortar em algumas partes. Eu queria me livrar do cheiro dele. Queria me livrar das lembranças das mãos dele em mim. 

Eu tinha perdido tudo. A única coisa que eu não perdi foi a fé. Todos os dias eu continuava fazendo as minhas orações, mas ao invés de pedir por Thomas e pelo nosso sucesso ou nosso relacionamento, eu simplesmente pedia paz. Naquele momento eu só precisava de paz. Naquele dia, quanto terminei minha oração ouvi meu celular tocar. Era Brian. 


Notas Finais


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