História A Outra - 63.

Luan Santana

Não consigo abrir os meus olhos e nem me mexer, mas consigo ouvir.

Ouvi a voz da minha mãe e o meu pai, eles pareciam desesperados. Minha mãe só pedia para mim acordar, tentei várias vezes abrir os olhos para poder a acalmar, mas foi em vão, logo depois eles foram embora.

Mais uma vez ouvi vozes misturado com soluço, era a Bruna e Breno.

Bruna só dizia que não podia fazer isso com ela, que não podia deixar ela. Que eu tinha prometido que ia cuidar dela e de Sófia, ouvia a voz do Breno dizendo para ela se acalmar e que logo logo estaria com eles, e mais uma vez eles se foram.

Ouço a porta ser aperta mais uma vez e um choro desesperado, ela passa a mão sobre o meu rosto e diz que me ama várias vez. Sim é a Lorena, ela diz para mim voltar logo, e prometeu que quando eu acordar vai me encher de beijos e amor.

E novamente ouvi vozes, e dessa vez era dos meus amigos Caio e Lucas. Nunca tinha visto eles chorarem, eles choravam e muito, pediam para mim voltar logo para fazermos uns modão de viola, se despediram e ouvi a porta bater.

Quando menos espero ouço o barulho da porta se abrindo e um soluço alto atingir os meus ouvidos, nas minhas contas todos que tinham para me ver, já tinham vindo.

Ouço passos vindo em minha direção e de repente sinto alguém acariciando o meu rosto.

"Que susto você nos deu em meu menino." Quando ouço sua voz entre o choro o meu coração acelera, é ela, Helena "Acorda logo, meu coração está apertado em ver você nessa cama, lá fora está cheio de fãs fazendo orações para você."

Quando ela diz que meus fãs estão lá fora, mesmo não sabendo exatamente onde estou, o meu coração acelera. Eu sei o quanto eles devem estarem sofrendo por mim estar nesse estado.

Helena diz mais algumas coisas, faço todo o esforço que posso para abrir os olhos ou me mexer mas não consigo.

Mas com ela foi diferente, ela não foi embora, ela ficou.

Ficou aqui comigo não sei exatamente quanto tempo, ela sempre saía, mas logo acabava voltando, falava dos nossos filhos, eles diziam que estavam com saudades, a se eles soubessem que eu estou morrendo de saudades.

Ela me diz toda vez que o Brasil inteiro está fazendo orações para mim, e agora mais uma vez ela está aqui do meu lado segurando a minha mão e contando sobre o seu dia.

"Seus filhos mais uma vez perguntaram por você." Ela passa a mão sobre o meu rosto "Estão com saudades, todos nós estamos, Sófia está louca para nascer, mas o seu titio tem que estar presente." Ela aperta a minha mão "Eu não sei mais o que fazer." Sinto algo deitar  sobre o meu peito.

"Quando me sinto só te faço mais presente, eu fecho os meus olhos e enxergo a gente." Ao ouvir ela cantando a minha música o meu coração acelera "Em questão de segundos vôo pro' outro mundo outra constelação, não dá pra explicar ao ver você chegando qual a sensação." Faço esforço para me mexer, abrir os olhos e falar, ouvir ela cantando e chorando é agonizante  "A gente não precisa tá colado pra tá junto, os nossos corpos se conversam por horas e horas sem palavras tão dizendo a todo estante um pro outro o quanto se adoram, eu não preciso te olhar pra te ter em meu mundo, porque aonde quer que eu vá você está em tudo, tudo tudo que eu preciso te vivo." E mais uma vez faço um esforço tremendo para falar, estou esperando as forças, mas tento mais uma vez.

"Helena." Sussurro o seu nome.