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História A Outra Face de Regina - Capítulo 10


Escrita por: MadamePrefeita2

Notas do Autor


Obrigada pelos comentários e favoritos. Boa leitura!

Capítulo 10 - Capítulo 10


Quando Emma acordou, estava em seu quarto no castelo, deitada na cama enquanto seus pais, as fadas e Ruby a observavam. Todos os rostos se aproximaram, examinando-a enquanto suspiros de alívio eram soltos no ar.

— Graças aos Deuses você acordou! — exclamou Branca, tocando-lhe o rosto gentilmente.

— O que aconteceu? — Emma perguntou, enquanto o olhar percorria os quatro cantos do aposento.

— É melhor descansar, querida — disse David.

Ignorando o conselho do pai, Emma se levantou e foi até a janela. Lá fora tudo parecia tranquilo. A tormenta inesperada na floresta teria sido um sonho?

— Eu deveria estar longe do reino. Por que ainda estou aqui? E por que todos vocês estão aqui? — ela se virou e a seriedade em seu olhar não deixava espaço para discussão.

— Sente-se, Emma — o rosto pálido e incerto de David deixou seu coração em alerta, mas ela obedeceu e se sentou.

Olhando nos olhos de Emma, David sentiu o corpo todo ficar tenso debaixo da armadura rígida.

— A rainha má tentou amaldiçoar o nosso reino. Mas a maldição não funcionou e graças aos Deuses estamos a salvo — ele mentiu sem qualquer dificuldade.

O coração de Emma parou dentro do peito e a mente buscou mais uma vez a imagem no qual Regina sorri para ela, as faces avermelhadas com aquele rubor dolorosamente sedutor.

— Isso não pode ser verdade. Regina não faria isso.

— Uma mulher que foi capaz de matar centenas de inocentes para obter magia, é capaz de qualquer outra coisa, Emma — Branca interveio.

— Mas agora estamos livres. Finalmente estamos livres — completou David. — Para sempre.

Emma se endireitou na cadeira, o corpo rígido e o coração acelerado.

— O que está querendo dizer com isso, papai?

— Quero dizer que Regina foi punida pela própria magia e agora… Está morta.

O impacto da notícia a deixou sem ar. Como Regina podia estar morta? Emma ergueu a cabeça e olhou para cima, como se tentasse alcançar o céu para puxá-la de volta, para arrancá-la das garras da morte. Ela se levantou e se afastou, de boca aberta, mas nenhuma palavra saiu. Enquanto observava a filha em choque, Branca percebeu seu erro tarde demais, e gemeu internamente ao ver a dor e a decepção contorcerem ainda mais o rosto já atormentado de Emma.
Quando ela chorou, seus pais, as fadas e sua melhor amiga observaram petrificados. Nenhum deles conseguiu segurar as lágrimas diante dos soluços da princesa herdeira. Emma chorou com tanta intensidade que todos receavam que ela sufocasse enquanto seu corpo era sacudido por convulsões de tristeza.

[…]

Alguns dias se passaram e o reino ainda comemorava a morte da rainha má, ao mesmo tempo em que os rumores sobre um envolvimento amoroso entre a rainha e a princesa herdeira era sempre o assunto do dia. Ambulantes e padeiros juravam que, entre seus soluços, os empregados do castelo ouviram a princesa dizer que ninguém nunca poderia imaginar o quanto ela amava a rainha.
Emma enfrentava aquele sofrimento fugindo das obrigações do castelo, onde já não tinha permissão para chorar.

— As pessoas não param de comentar sobre…sobre você e Regina. Se você não comparecer aos eventos do castelo, eles terão certeza de que…

— Não me importa.

— Você precisa se importar. Chegará o momento em que você assumirá o trono e… — erguendo a mão, Emma silenciou a mãe e fez menção de abrir a porta do quarto, mas foi impedida.

— Regina não merece o seu sofrimento.

— Solte-me, mamãe. Por favor, não me faça odiá-la.

— Emma!? Você seria capaz de…

— Já disse para me soltar!

Quando Branca de Neve a soltou e se afastou, Emma se sentiu menos triste. Era mais fácil expor a sua raiva, que aos poucos endurecia e cicatrizava ao longo dos dias, do que a dor recente e excruciante que a morte de Regina lhe causava.

— Para onde vai? Para o coração da floresta?

— Não — Emma a encarou.

Como ela poderia dizer que não aguentaria ficar lá, no lugar onde fora mais feliz? Que Regina estava em toda parte da floresta, e por outro lado nunca mais estaria lá? Não como já esteve. E sem dizer mais nada, Emma abriu a porta e saiu, deixando Branca de Neve para trás, perdida em pensamentos.

— Emma!

— Olá, Ruby — ela parou o cavalo diante da pequena casa e sorriu tristemente para a amiga. — Podemos conversar?

— É claro, Emma. Entra, minha avó não está em casa então podemos conversar a vontade.

Emma olhou em volta, tirou as luvas e colocou-as sobre uma mesa. Ruby pôde ver como a fadiga tinha criado olheiras profundas sob os olhos claros da amiga, ainda que seu olhar estivesse em chamas. Exausta, mas alerta, como um animal sendo caçado.

— Desculpe se não a procurei esses dias — começou Ruby. — Imaginei que você precisasse de um tempo sozinha.

— Eu precisava mesmo. Mas agora o que eu preciso é saber a verdade.

— Palavras não podem mudar nada agora, Emma. Talvez seja melhor…

— Nesse momento você é a única pessoa em quem confio, Ruby — Emma a interrompeu. — Por favor, não quebre essa confiança.

Emma já não sabia em que reino estava naquele momento, se eram amigos ou inimigos. Ela não mais se sentia em casa, isso era certo.

— Emma, a única coisa que eu sei é que realmente houve uma maldição. Se essa maldição foi lançada por Regina, eu não sei. Mas conheço alguém que poderá te dar essa resposta.

— Quem?

— Rumplestiltiskin.

— Esse nome…acho que já ouvi em algum lugar.

— Certamente já ouviu. Ele é um mago muito poderoso.

— E onde eu posso encontrá-lo?

— Em qualquer lugar. Basta chamar o nome dele três vezes.

— Sério? Isso parece um tipo de lenda.

— Mas não é, Emma. De qualquer forma, antes de pensar em chamá-lo, você precisa saber que ele sempre pede algo em troca.

— Nada mais justo. Vou à floresta. Não quero que sua avó apareça e me veja com ele.

— Eu vou com você.

Era um fim de tarde no começo da primavera luminosa. Em meio às exuberantes árvores que circundavam todo o reino, Emma, um tanto descrente, evocou o mago ganancioso e para sua surpresa, ele apareceu.

— Vossa alteza, a que devo a honra de seu chamado? — sem conter o sorrisinho, ele fez uma reverencia completa diante dela.

— Preciso saber sobre a maldição — Emma foi direto ao ponto.

— Essa informação tem um preço…

— Diga-me o preço.

— Assine aqui. E quando eu precisar, cobrarei o favor.

— Não, Emma — Ruby interveio. — Nada de bom pode vir de um feiticeiro ambicioso.

Com a boca totalmente aberta, Rumplestiltiskin levou a mão ao peito, mostrando uma falsa indignação mediante o comentário de Ruby.

— Ruby, por favor. Eu preciso saber — disse ela, e sem pensar duas vezes, assinou o pergaminho. — Agora fale tudo o que sabe sobre a maldição.

Enquanto o crepúsculo caía sobre as árvores, Rumple revelou diante do olhar inquisitivo e perplexo tanto de Emma quanto de Ruby, os verdadeiros autores da maldição e o motivo pela qual fora lançada. As palavras de Rumplestiltiskin revelavam o oposto do caráter e comportamento que Emma esperava ver em seus pais. Uma contradição total ao exemplo que eles afirmavam querer passar para ela e para o reino.

— Regina não está morta… — Emma sussurrou, o coração se enchendo de alegria e os olhos de lágrimas.

— Não, mas é como se estivesse — disse Rumple, erguendo o dedo indicador enquanto deixava escapar um sorrisinho. — Ela está em um mundo muito distante e não é mais uma rainha — ele fez uma pausa e os olhos lacrimosos se arregalaram antes dele acrescentar: — Ela é outra.

[…]

— O quê? Você perdeu o juízo ou não entendeu o que aquele feiticeiro falou?

— Eu entendi tudo, Ruby.

— É mesmo? Ela foi mandada para um outro mundo através de uma maldição. Como você pretende chegar lá? Vai lançar uma nova maldição?

— Não, Ruby! Eu não vou lançar nenhuma maldição, mas Rumplestiltiskin vai me ajudar a encontrá-la!

— Emma, isso é loucura.

— Loucura é deixar Regina em mundo no qual ela não pertence.

— Seus pais não permitirão nunca. Principalmente se souberem que você está fazendo acordos com esse bruxo ambicioso.

— Eles não precisam saber. Aliás, eles não devem saber. Pelo menos por enquanto.

— Emma…

— Amanhã eu vou me encontrar com Rumplestiltiskin e pedirei uma prova de que Regina está viva. Gostaria que você viesse comigo.

— É claro que eu vou com você. Mas saiba que não concordo com nada disso.

Na tarde seguinte, sem oferecer qualquer explicação aos pais sobre suas constantes ausências do castelo, Emma montou em seu cavalo e desapareceu pela floresta afora. Ruby a esperava no local combinado, e juntas cavalgaram pelo campo verde-esmeralda que se abria diante delas até um riacho onde Rumple estava.

— Tenho a impressão de que você é uma boa cliente — ele começou assim que Emma saltou do cavalo. — Mas talvez eu deva alertá-la sobre os prejuízos de aumentar a dívida tão rápido.

— Não vim fazer nenhum acordo, caso esteja pensando — disse ela.

— Ah, não? E para quê me chamou aqui, queridinha?

— Quero uma prova de que Regina está realmente viva.

— Nesse caso, vossa alteza teria que assinar mais um…

— Eu não vou assinar nada — ela o interrompeu. — Nenhum acordo fará sentido se Regina estiver morta. Portanto, mostre-me que ela está viva.

— Já que você insiste…veja com seus próprios olhos.

Quando Rumplestiltiskin apontou o dedo para a direção oposta, Emma se virou. Sua dificuldade para respirar, o peso que sentia no peito cada vez que se falava na morte de Regina, de repente sumiu. Emma não sabia dizer que reino era aquele em que a sua rainha estava, mas sabia, de algum modo, que ela não estava sozinha. Ela parecia um anjo, toda vestida de branco, o rosto sem nenhuma preocupação. Os cabelos negros estavam bem curtos, e os olhos que tantas vezes se mostraram injetados de cólera, brilhavam como âmbar derretido. E havia uma criança sorridente diante dela. Havia também um homem igualmente vestido de branco, que caminhava ao encontro dela, as mãos erguidas em saudação e os braços se abrindo em um abraço carinhoso.

— Interessante, não acha? — a voz de Rumplestiltiskin pareceu evaporar as imagens que desapareceram diante dos olhos de Emma, mas que continuavam girando na sua mente. Tanto ela quanto Ruby pareciam petrificadas enquanto o bruxo se divertia com a situação.

— Que lugar é esse? — Emma sussurrou aturdida. — Quem era aquele homem? E todas aquelas pessoas? E por quê…

— Calma, alteza — Rumple a interrompeu. — Eu vou explicar — ele fez uma pausa e sorriu antes de continuar. — A rainha má foi levada para um outro mundo, não muito diferente do nosso em alguns aspectos. Lá existem pessoas boas e más, ricas e miseráveis. Existe o bom e o ruim. A verdade é que essa maldição não foi nada além de uma troca positiva para ambos os lados.

— O que você quer dizer com isso?

— Nós nos livramos de uma mulher cruel e impiedosa. Eles ganharam uma mulher boa e caridosa. Que engraçado, não acha? Aqui ela destruía vidas. Lá, ela salva vidas. Ninguém saiu perdendo.

— E quanto a mim? — indagou Emma, didática e magoada. — Eu a perdi! Isso não importa?

— E a você não importa o fato dela ser uma heroína agora?

— Ela seria uma heroína aqui! Aqui comigo! Ela queria isso tanto quanto eu.

— A rainha má nunca seria uma heroína aqui — afirmou Rumplestiltiskin enquanto se virava para ir embora, e parecia fazê-lo com muito pesar. — Logo ela, que já foi tão atormentada pelas suas próprias maldades, por suas imperfeições diante daqueles que esperavam perfeição dela. Agora ela não precisa mais passar a noite em claro tentando saciar a sua sede de vingança. Bondade e misericórdia a envolvem, tornando-a a mulher que ela sempre desejou ser. Ela está em sua casa. Seu sofrimento e amargura finalmente se foram. Ela está, enfim, livre.

[…]

— Emma… — começou Ruby, absorta diante do que acabara de descobrir. — Sei que a decisão será sua e eu prometo que vou apoiar o que você decidir fazer. Mas você não acha que a rainha má…

— Não a chame assim — Emma a interrompeu.

— Tudo bem, desculpe. O que eu queria dizer é que, você não acha que Regina finalmente encontrou o seu final feliz? Ela está em um lugar onde as pessoas a respeitam e certamente a amam. Ela salva a vida das pessoas em vez de matá-las.

— Regina não pertence àquele lugar.

— Ela não sabe disso e nem precisa saber.

— Você não entende, Ruby.

— Talvez eu não entenda mesmo. Mas acho que você precisa esquecê-la e não se deixar abater pela solidão. Desde que Regina desapareceu, você se afastou de tudo. Do povo, de mim, do castelo, dos seus pais.

— Solidão? — murmurou Emma, depois de pensar um pouco. — Fico triste, as vezes choro, mas nada disso tem a ver com solidão.

Na verdade, ela não chorava as vezes, mas sim todas as noites, tanto pelo que poderia ter tido com Regina, quanto pelo que poderia ter sido a sua vida ao lado dela na floresta encantada, com toda a família.

— Enfim, o que você vai fazer?

— Eu vou encontrá-la. E vou trazê-la de volta.

O anuncio da decisão preencheu Ruby com um sentimento estranho e confuso de perda. Emma, cuja presença pairava no reino desde seu nascimento como salvadora e herdeira do trono, estaria ausente quiçá por quanto tempo ou eternamente. Ela não a veria mais. Não cruzaria com ela pelos largos corredores do castelo onde tinha permissão para entrar. Não a encontraria no meio da floresta para caçar raposas, nem veria seus sorridentes olhos verdes no final do dia.

— Você contará aos seus pais?

— Eu não. Mas você sim. No momento em que Rumplestiltiskin abrir o portal e eu atravessá-lo, você poderá dizer a eles.

Assentindo, Ruby se deu conta de que Emma já estava fora do seu alcance, então que diferença faria se ela estivesse em um castelo no reino da floresta encantada ou em um reino que ela sequer sabia o nome? E assim Ruby pôs seus sentimentos de lado e se obrigou a não ficar melancólica. Tudo o que ela sonhara em ser para Emma ficaria em uma memória muito distante.



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