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História A Parte do Show - Capítulo 1 - Lei de Murphy


Escrita por: carolinafherdy

Capítulo 2 - Capítulo 1 - Lei de Murphy


            Sanfona e gente gritando. Mas que novidade... Até nos sonhos ele ia ouvir os malditos sertanejos. E essas vozes nasaladas, trêmulas... Sério, como alguém pode gostar disso? É tão brega e desagradável!

            Sentiu um solavanco sob as costas. Opa... Isso não era um sonho, e sim um carro. O carro do namorado da sua mãe, onde ele dormia no banco de trás. E agora estava acordado, ouvindo as músicas horríveis que tocavam... Na única estação que pega aos arredores de Campos Fortunato. Já deveriam estar próximos... O que era péssimo. Não estava pronto para acordar. As pálpebras, coladas, sentiam preguiça de sequer tremer.

            — Vai chegar lá com a cara toda amassada... — A voz da mãe flutuou de alguns quilômetros da sua cabeça.

            — Haru,ta acordado? — Outra voz, mais grave. Alessandro.

            “Não”, respondeu, percebendo logo depois que nenhum som saiu dos lábios fechados. Sono... Estava com tanto sono...

            — Acorda aí, Haru! A gente ta quase chegando, cara!

            Um pedacinho de consciência registrou que uma música diferente tocava no rádio. Marília Mendonça. Uma música muito chata, mas que evocava lembranças tão divertidas... E antes que Haru pudesse pensar nelas, a música em questão deu uma porrada em seus tímpanos.

            — HARUUUU, ACOOOOORDA!

            Alto. O rádio estava muito alto. Alessandro o aumentara. Mas que desgraçado...

            Sentou-se, resmungando. Alguma coisa batia e batia em sua têmpora, de dentro para fora. Incomodando. As pálpebras se separaram contra a vontade e começaram a piscar.

            — Acordou, Mané? — Alessandro deu-lhe um tapinha no joelho, a voz ecoando  no pára-brisa. — Você apagou, hein?

            — Também, foi dormir no cu da madrugada ontem... — sua mãe complementou. O rádio foi abaixado, provavelmente por ela.

            Haru espreguiçou-se, sem muito espaço. Empurrou os quadris para frente, os braços para trás. Soltou um longo bocejo e enxugou as lágrimas dos olhos. De fato, dormira pouco depois das três da manhã e agora arcava com os efeitos.

            — Vai chegar lá no moço com essa cara de sono, Haruki? Pelo amor de Deus, né... E esse cabelo... Aqui, toma!

            A mãe bateu um pente em seu outro joelho. Apanhou-o sem firmeza e passou nos cabelos. Mais alguns centímetros e o pente encostaria nos ombros... Legal! Logo estariam bem compridos.

            “Adorei seu cabelo...” Aquela menina tinha dito isso, não tinha? E Passado a mão, pelos fios. Algumas vezes. Podia crescer mais um pouco, ela tinha dito isso também.

            Haruki sorriu. A música que ele e a menina... Como ela se chamava mesmo? Só se lembrava de dançar aquela música que tocava agora no rádio com ela. Praticamente abraçados.

            Devolveu o pente à mãe e esfregou os olhos. O sono dissipava lentamente, dando lugar a uma dor de cabeça longínqua. Ressaca, com certeza.

Outra coisa legal. Uma consequência da sua primeira bebedeira. Bebedeira acompanhada por um beijo de uma garota bonita...

            — Quer água, Haru?

            Aceitou a garrafa que Alessandro oferecia. Pensou em pedir alguns analgésicos, mas mudou de ideia. Sua mãe iria dar uma bronca nos dois: nele por ter bebido como se já não tivesse dado essa mesma bronca na noite anterior, e em Alessandro, por ter sugerido.

            — E aí, vocês vão direto ou... — ela perguntou.

            — Eu tava pensando em ir direto. Poxa, já tô cansado pra caramba... Se eu parar em casa, não saio mais. Que você acha, Haru?

            Ir para casa. Engolir uma Novalgina. Tomar um banho e dar uma mexida no computador antes de sair.

            — Vamos direto mesmo, — foi o que disse.

            — Bom, eu vou ficar em casa. Tem roupa pra lavar, mala pra desfazer... E ainda tenho que ligar pra diarista vir amanhã. Ah, e falando em ligar, não esquece de ligar pro seu pai, Haruki!

            — Tá, eu não esqueci não.

            Ele tinha esquecido. Ia ligar pela manhã, assim que acordasse. Antes de pegarem a estrada. Isso, supondo que tivesse dormido toda a noite...

            Alessandro deixou sua mãe em casa. Levou uns vinte minutos fora do carro, provavelmente ajudando-a a descarregar as malas e levá-las para dentro. Pensou em cochilar mais um pouco nesse tempo, mas não conseguiu. O sono não estava mais presente. Pelo contrário, a voz da mãe: “Vai chegar com a cara amassada.” Maravilhosa primeira impressão.

            Ele, a mãe e o namorado passaram cinco dias muito divertidos nos chalés do SESC do Rio de Janeiro. Haru tinha ido preparado para uma viagem chata, munido de muitos jogos e séries no cartão de memória do celular. Grande e imperdoável erro. Por acaso qualquer evento em que Alessandro vai junto é chato? Uma viagem dessas feita apenas com sua mãe seria mesmo um porre. Ela nunca o deixaria à vontade para conhecer outras pessoas. Consequentemente, essas pessoas não o convidariam para uma festa. Ele não iria a festa alguma e, mesmo que fosse, não sentiria o cheiro de cerveja.

            Mas com Alê, os rumos eram sempre outros. “Olha aquela turminha ali, vai falar com eles!” “Festa, cara, claro que você pode ir a uma festa!” “Ah, Keiko, uma cervejinha não vai deixar o garoto bêbado!”

            Ainda que tenha recebido uma proposta de trabalho relâmpago algumas horas antes da dita festa, eles foram. Por que não iriam? Alê, cara! E melhor ainda: o trabalho se estendeu a ele. Alessandro ia pôr em prática um evento de bandas independentes na maior casa de shows da cidade, com a condição de que o coral municipal abrisse. Alguém ia patrocinar alguma coisa ou sei lá. E seria neste fim de semana.

            E por acaso, Alessandro não conhecia algum percussionista?

            — Pronto, Haru! Só vou guardar o seu cajon na mala e a gente vai lá falar com o cara. — Sim, ele conhecia.

            — Mas eu já vou tocar hoje?

            A mala do carro abriu. Algo foi posto lá dentro e a tampa tornou a fechar. Haru ouviu os passos de Alessandro do lado de fora através da janela semi-aberta, e por fim, a resposta quando ele abriu a porta do motorista:

            — Acho que não... — A porta fechou e o motor deu partida. — O Gil me chamou lá só pra gente falar da burocracia da coisa, mas sei lá, né?

            O escritório de Gilberto Moreira, a quem Alê só chamava de Gil, não ficava longe. Mal tiveram tempo de ouvir três músicas do pen drive que Haru desenterrou de um dos bolsos, “tira dessa rádio, pelo amor”.

Ao chegarem, Alessandro ofereceu o braço e Haruki o segurou com a mão esquerda, a bengala aberta na mão direita.

            — Precisa disso aí não, cara! — Mas ele a manteve aberta assim mesmo. Afinal, com a bengala, ele era um homem cego. Sem a bengala, um retardado burro velho agarrado no braço do papai sem motivo algum.

            Subiram dois lances de escada e pararam diante de uma porta de vidro, na qual Alessandro bateu. Passos soaram lá dentro, abafados por um burburinho. Televisão, provavelmente.

            — Boa tarde? — Uma menina falou, após abrir a porta.

            — Oi! Eu sou o Alessandro Campanucci... Eu marquei uma hora com o Gilberto e...

            — Pode entrar.

            Haruki mal ouviu os tênis pisando no chão. Carpete. A sala não parecia muito grande e, bingo! Uma tevê ligada no canto esquerdo. Os dois sentaram lado a lado em um sofá estreito e ele fechou a bengala dobrável.

            Será que receberia algum cachê?  Será que algum maestro, algum músico profissional... Estaria presente no dia do evento e o chamaria para tocar? Tomara que sim, né? Ou tomara que não... Porque do jeito que ele ficava tímido, gaguejando e babaqueando diante de uma situação bacana, poria tudo a perder...

            Uma maçaneta girou do outro lado da sala. De fato, a distância entre uma parede e outra era pequena.

            — Olá! Boa tarde! — Um homem se aproximou.

            — Oi, Gil! — Alessandro levantou. Deveria fazer o mesmo? — Olha, muito obrigado, muito obrigado mesmo, cara.

            Tapinhas nas costas, agradecimentos mútuos. Haruki não sabia se deixava a bengala no sofá ou a colocava debaixo do braço.

            — De verdade... Tô muito feliz que você tenha arrumado uma vaguinha no Concha Coral pra mim. Ah! E esse aqui é o meu enteado, te falei dele...

            Certo. Ia ficar no sofá.

            Haruki se levantou e estendeu a mão que foi prontamente apertada por uma manopla gorda e flácida.

            — E aí, amigão! — Outra pousou em seu ombro. — É bom te conhecer. O Alessandro falou que você toca muito  bem, é verdade isso?

            Sorriu, balançando os ombros. Por que todo mundo o tratava como uma criança de quatro anos com problemas mentais agravados? E como um músico profissional ia contratá-lo desse jeito? Ninguém contrata crianças de quatro anos com problemas mentais para tocar em um projeto que valha a pena!

            — Sei não, — respondeu, tentando alargar o sorriso.

            — Ah, mas se o Alessandro falou, ta falado, né? — As mãos se recolheram. — Olha só: Quinta agora a gente vai fazer um ensaio geral. Os meninos do coral vão vir e o Vinícius também. O Vinícius toca violão, vai ficar muito bonito com o seu instrumento, não vai?

            — É, acho que vai...

            — Ótimo! Então você vem pra ensaiar com a gente, ta bom? Agora, Alessandro... Vem cá, vamos ver essa papelada logo...

            Os dois homens sumiram porta a dentro. Voltou a sentar, uma mistura de calor e frio escorrendo das bochechas até os ombros. Colocou a bengala entre as pernas e a apertou com força demais. Apagou o sorriso idiota da cara. Idiota. Isso mesmo que ele era. Lá se ia, porta a dentro, outra oportunidade de falar grosso como um homem faz. Dizer que sim, ele toca muito bem, obrigado, e que cajon, que é esse o nome do instrumento, casa bem com violão.

            Tirou o celular de um dos bolsos da calça jeans e fones de ouvido de outro. Conhecia muitos cegos que mexiam no celular sem fones, uma coisa desagradável. Todos no ambiente ouviam a voz sintetizada, robótica, do software para acessibilidade, a cada ícone que tocassem ou mensagem que recebessem.

            Desbloqueou o aparelho e deslizou o dedo pela tela. Esbarrou em um ícone, “telefone”, o programa disse. Pensou em clicar, ligar para o pai de uma vez. Era só dizer que já tinha voltado da viagem e pronto, qual a dificuldade? Mas o dedo escorregou mais um pouco. “A Blind Legend”. O jogo instalado há três meses e Haruki nem sabia como funcionava ainda.

            Tocou duas vezes na tela. Uma introdução em inglês soou nos fones. Maravilha. Talvez conseguisse destrinchar o esquema e avançasse uma ou duas fases até que Alessandro fosse dispensado pelo cara gordo.

 

*-----*

 

            Eleanor tomou uma decisão: ia sair. Desde que acordara, às dez da manhã, já tinha tomado dois banhos frios, bebido quatro xícaras de café, varrido a casa umas três vezes, inventado porcarias para comer, só para lavar a louça e manter as mãos ocupadas. Mandado mensagens para Maya, será que ela precisava de alguma coisa? Consertar algo da casa, por exemplo? Mas a resposta foi não, Ela. Relaxa.

            Relaxar, relaxar. Como assim “relaxar”? Dormir? Fora de cogitação. Sentia o corpo elétrico demais. Assistir a alguma coisa na Netflix? Ah, só se levantasse alteres enquanto isso. Sentar no chão e meditar?

            Deu uma pancada na própria testa. Tá de sacanagem, né?

            Agitou a cabeça com veemência. Maldito calor! Maldita sensação de impotência!  Maldito tédio!

            Então, pronto. Ia sair. Gastar dinheiro e gasolina, ou seja, mais dinheiro. Dar uma volta pela cidade. Visitar um café. Será que tinham cafés decentes ali? Quem sabe parar num supermercado e comprar alguns congelados gostosos. Vamos gastar e foda-se. E claro: cigarros. Não fumava há três dias e o prêmio tinha sido um nervosismo esquisito e a prova de que essa história de deixar o corpo se acostumar com a abstinência, até passar, é uma grande balela.

            Apanhou as chaves na mesa da cozinha:  as do carro e do apartamento. Calçou os chinelos jogados perto da porta e a cruzou. Trancou a casa e rumou às escadas. Vai ver, cansar as pernas é uma boa forma de eliminar adrenalina.

            “Até parece que você cheirou um monte...” pensou, já no meio do terceiro lance. Faltavam mais três. “Mas não cheirou. Porque você não quer ter outra overdose. E nem quer continuar pensando nisso.”

            Eleanor continuou pensando nisso quando abriu a porta pesada de metal que conduzia à garagem no subsolo. Apertou um botão no chaveiro, desligando o alarme do carro. Encostou-se nele e cruzou os braços, suspirando. Como pretendia sobreviver mais um mês, se quase metade do dinheiro já tinha ido embora em três dias? Tá, talvez não tanto assim, mas ela já estava saindo a fim de gastar, não estava?

            Abriu a porta. Só uns congelados e um maço de cigarros. Largar o carro em um estacionamento da vida e passear a pé. Pronto. Passear a pé é de graça.

            Deu partida. O ar condicionado e o rádio ligaram em simultâneo. Renato Russo começou a cantar. Desligou. Não estava bem para ouvir música. Manobrou o carro na vaga, maldito espaço apertado, abriu os vidros e saiu.

            O universo se mostrou disposto a não colaborar. A rua estava cheia de pedestres, turistas curtindo o pós Réveillon, e carros, mais turistas curtindo o pós Réveillon. Que ótima época para ir a Região dos Lagos, não é?

            Um engarrafamento considerável se formou na entrada para a principal: aproveitou o fluxo lento para olhar o Whatsapp. Seu tio tinha mandado um áudio, à vinte minutos. Ela sabia do que se tratava, sabia que o melhor era ignorar, mas reproduziu mesmo assim:

            “Escuta, você já depositou o dinheiro pro remédio do seu pai? Ainda não caiu nada aqui na conta.”

            O trânsito andou alguns metros. Seguiu a fila de veículos e, após frear de novo, digitou um rápido “sim” e saiu da conversa. Grandessíssimo mentiroso, o seu tio. Com certeza o dinheiro já tinha caído.

            Relanceou o celular. O olhar caiu exatamente em cima de uma mensagem de Jonas: “Ainda ta chateada comigo?”

            Bufou. Óbvio que estava. Aliás, perguntava-se como não estaria. Credo... Estava chateada com muita gente. E muita coisa.

            Eleanor quase riu ao perceber que grande parte dos carros seguia para o supermercado. Muita gente abastecendo suas casas de praia. Engraçado como as pessoas têm a mesma ideia ao mesmo tempo... E graças a esse fenômeno, entrar no estacionamento foi uma tarefa árdua e demorada.

            Costurou rapidamente entre um Palio e uma motocicleta gigantesca, daquelas com bagageiro atrás, e enfiou o carro em uma vaga. Não era boa, mas estava ali, e mais alguns segundos, não estaria mais. Saltou e trancou o carro. Portas batiam e travas eletrônicas, “Pip pip!” soavam por toda parte.

            Decidiu não comprar congelados. Os corredores já estavam tão cheios que o ar condicionado não dava conta de refrigerá-los. E já tinha feito compras uma semana atrás. Optou então por sair pela porta principal. Se não falhava a memória, a mercearia da esquina vendia cigarros. Que o carro ficasse ali. Não ia encontrar vaga melhor mesmo... E se encontrasse, seria sob o sol.

            Sua memória não a traiu. Ali estava a pequena, e vazia, mercearia. Entrou e vasculhou o balcão com o olhar: pastilhas para a garganta, barrinhas de chocolate, pacotes de pilhas...

            — Tem Dunhill? — perguntou ao vendedor.

            O homem do outro lado do balcão era um baixinho, careca e narigudo. Parecia uma versão vinte anos mais velha do Jonas. Ele a encarou com um olhar confuso.

            — Dunhill Carlton! Você sabe, o cigarro de  embalagem branca e listrada... — Espalmou as mãos. — Sabe?

            — Pera aí, moça. É esse aqui?

            Ele enfiou a mão debaixo do balcão e pegou o maço correto. Pronunciou o nome como “cauton”. Se os britânicos ouvissem...

            — É. Obrigada.

            Pegou o maço fechado e escorregou o dinheiro por cima do vidro. Estava sendo rígida demais. O homem tinha cara de que nunca ouvira um britânico na vida; nem em filmes legendados. E ele também não era o Jonas.

            Deixou o estabelecimento já rasgando a fita de proteção da embalagem. Era bom o mal humor ir embora. “É isso que você quer, organismo viciado? Pois bem, aqui está.” Já na calçada, acendeu um e pôs na boca. Desistiu de voltar ao supermercado, pelo menos por agora. Melhor comprar uma água de coco com as moedinhas que sobraram de troco e caminhar por ali, em busca de uma praia para passear. Até o momento em que decidisse voltar, pensaria em algo para comprar no mercado e não pagar o estacionamento. Talvez, congelados mesmo. Ou chocolate.

            Eleanor estava no fundo do poço. Há pouco menos de dois meses, tinha perdido sua fonte de renda, sonho de infância e, droga, estava sendo dramática, razão de viver; tudo de uma vez. Ecliptica não era uma banda. Era a sua banda. De quem foi a ideia do nome? Quem compôs as primeiras músicas? Quem arrumou um produtor sério que levou todo mundo a estúdio, caramba?

            Ela. E ela estava fora. Quatro anos se dedicando, quatro anos dispensando projetos paralelos, tudo para entregar corpo, alma e coração àqueles filhos da puta que tiveram a cara de pau de virar e dizer que, assim, desculpa, mas não viam mais lugar na banda para o que ela podia oferecer. Sim, todos concordaram. Sim, o produtor também.

             Deu uma última e profunda tragada no cigarro. Arrependida? Não. Seria injusto consigo mesma e com os sentimentos alimentados por tanto tempo. Restava correr atrás do prejuízo. A casa própria, em Copacabana, fora alugada a um simpático casal de alemães que passariam três meses  no Rio de Janeiro. E nesses três meses, ela ficaria ali, na casa de veraneio da melhor amiga, e tocando violão em bares noturnos. Pagando um aluguel simbólico, além das despesas costumeiras: o dinheiro que depositava todo mês na conta do seu tio, para ele comprar os remédios contra hipertensão do irmão. Duvidava seriamente dessa hipertensão. Seu pai sofria de depressão, isso sim, e conhecendo a família como conhecia, trocaria o próprio nome se descobrisse que alguém gastava um centavo em medicamentos para a prevenção de doenças psicológicas. Mas se acaso tivesse mesmo... Não ia viver com um peso desses na consciência.

            Estava suada e ligeiramente cansada quando avistou um calçadão beirando a orla de uma das praias. Precisava admitir: aquele fundo do poço tinha praias lindas. Areia branca, mar azul... Um pouco mais a frente, um quiosque vendia água de coco. E a meio caminho, o lado oposto, uma morena de pernas grossas, vestindo shorts minúsculos, tirava selfies. Assobiou ruidosamente e não esperou para ver se ela se viraria para olhar. Avançou para o quiosque em paços largos. Estava no fundo do poço. Não ia subir tão cedo. Então o jeito era aproveitar o que tinha lá.


Notas Finais


Pessoal, eu pretendia postar o capítulo 2 na Segunda, dia 06/11. Mas graças a uma porção de imprevistos, não tive tempo, então postarei até Sexta, 10/11. Sério, desculpem mesmo por isso.


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