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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Quarto Ato


Escrita por: redrosess

Notas do Autor


De novo, relevem qualquer erro de digitação, pois não tenho tempo ou ajuda para fazer revisões.

Capítulo 4 - Quarto Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Quarto Ato

O amanhecer chegou rápido para a kunoichi de cabelo rosa. Ela não teve uma boa noite de sono. Imagens da luta mais difícil de sua vida encheram seus sonhos — graças ao retorno de um certo manipulador de bonecos, ex-Akatsuki. Sakura decidiu se levantar e começar o dia mais cedo, já que não havia nenhuma maneira dela conseguir dormir quando uma onda de ansiedade quase palpável lhe inquietava.

Depois de terminar sua rotina matinal e ter um rápido desjejum, ela logo se encaminhou para a edificação onde ficavam as salas de interrogatório e as câmaras de tortura de Sunagakure, a qual estava localizada ao lado da instituição correcional do lugar. 

A garota evitou olhar para a entrada que dava acesso às celas de tortura enquanto se dirigia para as salas de interrogatório. Sasori iria ficar preso em uma daquelas celas enquanto fosse útil à Aldeia da Areia.

Um guarda ANBU no saguão guiou Sakura até uma das celas de Segurança Nível 1 (o mais elevado possível). A kunoichi esperava encontrar armadilhas e mais armadilhas, talvez até um labirinto, mas apenas uma plana porta cinzenta separava ela daquela que parecia ser a cela de Sasori. 

Uma vez mais, a ninja de Konoha tentou lembrar-se que estava ali para um exame de rotina. Ela deveria fingir que Sasori era algum prisioneiro anônimo aleatório e não o homem cuja memória a fez passar quase que a noite inteira em claro.

A porta se abriu e um guarda ANBU cumprimentou-a formalmente no outro lado. Ele fez sinal para o fundo da sala e Sakura engoliu em seco, preparando seus nervos. Ela ficou completamente chocada ao encontrar-se olhando para uma prisão aparentemente bastante normal, com barras verticais de titânio e sinistros grilhões enferrujados pendurados na parede do fundo. Eles realmente achavam que aquela coisa antiga iria segurar um criminoso de elite? Ela decidiu expressar sua incredulidade.

— Por favor, não se assuste, Haruno-sensei — um dos dois guardas ANBU assegurou. — O prisioneiro não está em condições de escapar. Estamos a dois passos de distância caso algum imprevisto aconteça.

Embora cética, Sakura não teve escolha senão acreditar nos guardas ANBU. Era improvável que eles a deixassem em uma cela com um ex-membro da Akatsuki sem algum nível de certeza de que nenhum mal viria a ela. Sakura entrou relutantemente na prisão de Sasori e tentou lutar contra a pontada de medo que surgiu ao som do clique da porta da cela fechando atrás dela. A garota respirou fundo para acalmar-se e olhou para frente para encontrar seu "paciente".

Imediatamente, a médica em Sakura entrou em pânico. Sasori estava jogado contra a parede oposta, em uma posição muito desconfortável. Ele ainda estava vestido apenas com a mesma calça fina com qual ela o vira no hospital. Havia uma lesão gritante  que cobria a maior parte do abdômen do shinobi renegado. Seus olhos estavam fechados, o que fez Sakura pensar que ele pudesse estar inconsciente. Alarmada, a kunoichi correu para o lado de Sasori e imediatamente pressionou as palmas das mãos contra o peito dele para avaliar os danos. Ela notou que a pele do prisioneiro estava muito fria e estremecia sem parar. Sakura respirou fundo. Ela tinha que fazer algo, pois sua prioridade era fazer tudo o que fosse possível para manter vivo seu singular paciente.

Sua primeira iniciativa foi verificar o coração recém-reparado do ninja da Areia. O órgão estava bombeando mais rápido do que deveria estando a trabalhar em alguém inconsciente e Sakura mentalmente praguejou. Obviamente, o corpo dele estava desacostumado a ter um coração inteiro a trabalhar. Talvez seu corpo tenha ficado tanto tempo em estado vegetativo que simplesmente perdeu o hábito de funcionar em plena capacidade. Sakura usou seu chakra para ajudar o coração de Sasori a compensar o trabalho extra, tomando alguns minutos para acalmar o órgão e, assim, baixar a pulsação para um ritmo mais estável.

Então a kunoichi fez uma verificação rápida do corpo do paciente. O ferimento em seu abdômen aparentemente tinha sido o resultado de várias costelas quebradas e uma leve hemorragia interna. O que quer que Suna estivesse fazendo para 'questionar' Sasori, certamente não estava sendo nem um pouco gentil. Sakura teceu seu chakra em torno das costelas quebradas do ninja débil, cuidadosamente remendando-as enquanto passava para um sifão o sangue velho que tinha escapado do organismo dele. Após cerca de uma hora de trabalho diligente, ela estava quase concluindo.

— Pare — a voz de Sasori murmurou, quase inaudível.

Surpresa por ele ter recuperado a consciência tão rápido, Sakura o mirou e foi recebida com um olhar obscuro.

— Eu só estou curando você. Não precisa se preocupar.

— Eu já disse para você parar.

Sakura piscou. O rosto dela apresentava aborrecimento misturo com medo. 

— Por quê? 

Sasori ofereceu um olhar vazio e frio para a médica. Apesar da cor quente daqueles olhos, Sakura sentiu como se estivesse olhando para dois buracos negros. 

— Você está apenas desperdiçando seu tempo e o meu.

— Se não for tratado, você vai morrer. Eu não sei se você sabe, mas faz menos de vinte e quatro horas que seu coração voltou a funcionar plenamente. Seu quadro não está estável.

— Em pouco tempo, um par de dias, no máximo, isso não vai importar.

O medo que a kunoichi da Folha estava sentindo foi rapidamente substituído pela raiva em razão da indiferença de Sasori. 

— Você tem alguma ideia de quanto tempo e esforço que eu pus em trazê-lo de volta à vida?

Ele soltou uma risada sem humor.

— Isso é muito irônico. Seu rosto é uma das últimas imagens que eu lembro de ter visto antes de morrer naquela caverna. E agora a primeira coisa com a qual me deparei logo que fui revivido foi justamente você.

— Você quer dizer que não se lembra de nada entre aquele dia e agora?

Sasori examinou Sakura, como se estivesse tentando ler suas verdadeiras intenções. Ele decidiu que não tinha problema em responder. 

— Não.

— Então, para você é como se a nossa luta tivesse acontecido ontem.

— Eu não disse isso.

— Então, o que exatamente você está tentando dizer?

— Por que diabos eu deveria me explicar para você?

Que cara ranzinza, Sakura pensou amargamente. 

— Você está certo. Por que eu deveria me importar? Eu só estou aqui para garantir que você permaneça vivo por tempo suficiente para ser útil.

Sasori deixou sua cabeça se inclinar para trás contra a parede de pedra. Seus olhos se fecharam.  Ele não deu qualquer resposta, então Sakura decidiu voltar a focar-se em curá-lo. Quanto mais cedo ela terminasse, mais rápido poderia sair dali.

Timidamente, Sakura repôs as palmas de suas mãos sobre o peito exposto do ninja marionetista e deixou seu chakra curativo varrer através dele. 

— Sonho lúcido.

Sakura piscou, registrando que Sasori tinha falado. Ela se concentrou em ouvi-lo.

— O quê? 

— Foi como um sonho lúcido. Eu podia sentir a passagem do tempo em torno de mim, mas não estava plenamente consciente.

Ah! Ele devia estar falando do seu tempo em coma. 

— Por que você está me dizendo isso? Achei que não devesse qualquer explicação a mim.

Sasori abriu os olhos para encontrar os dela, mas sua expressão estava em branco, parecendo entediado. 

— Não tenho nada a perder.

Outra vez essa atitude resignada. O shinobi da Akatsuki estava realmente começando a irritar Sakura. Como ele poderia ser tão deprimentemente submisso ao seu destino? Não que ele tivesse muita escolha, já que seria executado a qualquer momento. Mas, ainda assim, era perturbador que o ninja desertor sequer tentasse lutar. Será que ele realmente não se importava com mais nada?

— Sua atitude é realmente irritante, sabe? Você não percebe o quão incrível é ter uma segunda chance na vida? E como um humano, que é o mais importante. — Sasori permaneceu em silêncio, então Sakura continuou. — Se você cooperar com o interrogatório, vai ter mais do que um par de dias restantes.

— Eu não vejo sentido em mais nada.

— Você está vivo! Qual sentido maior você quer?! Por que não pode valorizar isso?

— Esse é o problema com ninjas médicos. A visão de vocês se limita à perspectiva do puramente científico, logo, não conseguem ver o que é verdadeiramente importante.

Sakura estreitou os olhos para o tom descaradamente paternalista de Sasori. De repente ela não estava mais conseguindo segurar a enorme curiosidade incomodando o fundo de sua mente.

— Então explique-me.

Sasori olhou para ela com o canto do olho. 

— Você nunca iria entender.

Bom, ela não poderia forçá-lo a dizer sua reflexão sobre a real importância da vida, mas estava um pouco frustrada por ter sido taxada de ignorante. O que Sasori tinha a dizer que poderia ser tão difícil para ela compreender? Claro, Sakura tinha sido treinada para pensar em termos de fatos lógicos e frios, mas, em um nível mais pessoal, ela era uma pessoa muito emocional. 

— Me teste. 

Eles olharam um ao outro, o peso do desafio da kunoichi pairando no ar da cela pequena e escura. Para surpresa da garota, Sasori realmente riu em ligeira diversão. 

— O que é tão engraçado?

— Você é tão teimosa quanto um boi manhoso.

Sakura ficou boquiaberta, não apreciando ter sido compada a um grande bovino. 

— Haruno-sensei — um dos guardas ANBU chamou do outro lado da sala.

Sakura se virou para ele, tentando, sem sucesso, ignorar a irritação pelo escárnio de Sasori.

— Sim? — ela disse, um pouco mais ousada do que  pretendia.

— O Kazekage-sama pediu que você entregue seu relatório, logo que tiver terminado.

Em outras palavras, apresse-se, pensou amargamente. Tudo bem, não é como se ela quisesse ficar mais tempo do que era absolutamente necessário. Ainda assim, seu orgulho não queria deixar Sasori terminar aquela conversa em vantagem sobre ela. Sakura ficou de pé, caminhou para a entrada da cela e se aproximou dos guardas.

Sasori observou-a conversar em voz baixa com os ANBU. Um guarda deixou o quarto quando a garota terminou. O que ela estava fazendo? Poucos minutos depois, o guarda voltou com um pacote e entregou à Sakura, que reentrou na cela. A kunoichi deliberadamente caminhou para o lugar onde estava Sasori e, antes que ele pudesse protestar,  desenrolou o pacote e deixou cair um cobertor em cima dele. O prisioneiro estendeu a mão e puxou o pano grosso para baixo para revelar seu rosto confuso.

— Você está sentindo frio — Sakura disse presunçosamente.

Sasori olhou para o grosso cobertor de lã, agora recolhido sobre seu colo. Escondido dentro das dobras do tecido estava uma camisa de manga longa. O shinobi de Suna encontrou os olhos de Sakura novamente, sua testa franzida em irritação.

— Eu não preciso de sua ajuda.

— Diga o que quizer. 

A garota não ficou para ver a reação no rosto de Sasori, mas quase podia sentir o olhar dele perfurando suas costas enquanto deixava a prisão. Quando um dos guardas ANBU trancou a cela, Sakura se virou para Sasori mais uma vez.

— Eu vou voltar para examinar você amanhã de manhã.



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