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História A Promessa - Revanche


Escrita por: kingmorgenstern

Capítulo 65 - Revanche


O dia chegou ao fim e eu estava cheia, abarrotada de informações que só poderia digerir durante anos com tamanha loucura, tamanha falta de humanidade. Meu irmão estava prestes a envenenar todos no baile, fazer uma verdadeira carnificina para ter seu grande final. Celeste contou tudo o que sabia e detalhou o que Daniel queria fazer, contou sobre as câmeras espalhadas por todo o ginásio, sobre os três Às estarem organizando tudo para que nada ocorra errado evitando imprevistos desagradáveis. Celeste contou como quando percebeu aonde havia se metido e ter batido o pé para meu irmão avisando que estava fora, desde então ela estava ali trancafiada e presa sem comida, sem bebida e até agora, estava sozinha.

– Seu irmão tinha tudo para vencer na vida com algo melhor, mas ele nunca me escutou. – ela disse.

Meu corpo estava duro e dormente por tantas horas na mesma posição, mas eu estava tão focada naquelas palavras que poderia passar a noite inteira ouvindo e ouvindo até conseguir me libertar e impedir meu irmão. Me sentia desconfortável pelas palavras que havia falado – ou pensado – sobre Celeste, ela estava tão em perigo como eu, tão vulnerável ali e estava grata por ela me contar tudo o que sabia, por ter ajudado apesar de eu não ter certeza se conseguiria impedi-lo. E não poderia deixar de notar o tom de voz ao falar sobre Maxon, calma porém firme ao dizer que ele não iria morrer, confiante ao dizer que ele iria pensar em algo e certa quando falou sobre ele vir me buscar.

Me permiti sorrir naquele escuro total, encostando a cabeça na parede me confortando com aquelas palavras. Maxon era forte, era inteligente porque pensava em tudo o que iria fazer, era preciso e ágil com as mãos e o corpo e eu não poderia ignorar a imagem de nós dois na cama, o amor que ele me passava e por ter lutado por mim, por ter sempre me protegido. Maxon havia me ensinado a amar outra vez, porque se eu fosse esquecer todas as intrigas, a aposta e seu passado, só teria coisas produtivas, só teria felicidade e beijos gostosos no sexo.

E eu precisava lutar por ele.

Precisava fazer algo por ele.

– O que há lá em cima? – perguntei quando Celeste se calou depois de tantas palavras.

– A casa das Alfa. – ela respondeu com a voz rouca, baixa e cansada. Não tínhamos comida, não tínhamos água e ela havia forçado ao falar o dia inteiro.

– Alfa? Achei que seria das Gama.

– Poderia, seria mais fácil se nenhuma delas fossem tão idiotas. As Alfa são mais espertas e vulneráveis a lábia e a beleza do seu irmão. Aqui é o lugar mais improvável que Daniel achou para ficar, quem imaginaria?

Parei por um instante e pensei em o que fazer para sair dali, para chamar atenção das pessoas lá em cima e me libertarem de um jeito ou de outro. Celeste permaneceu em silêncio mas eu não poderia, não conseguiria ficar calada por muito tempo porque queria gritar a raiva que sentia, queria gritar as mortes inocentes, queria gritar por minhas amigas estarem em perigo, queria gritar pelas pessoas que irão ao baile, queria gritar por Maxon e pelo sentimento que sentia por ele, pelo amor que eu sentia.

Limpei a garganta e gritei, tão alto, tão estridente que ecoou por todo o lugar fazendo milhares de ecos da minha própria voz. Gritava por Daniel, gritava para que libertasse, gritava xingamentos, gritava sermões mas gritava e não iria parar até alguém aparecer ali, até alguém descer ali. Celeste elevou a voz me ordenando parar, mas eu a ignorei porque não iria parar, não iria desistir.

Uma luz acendeu deixando a porta visível para mim, a luz ultrapassada a pequena janela e chegava até meus pés esticados no chão. Gritei mais alto por ter conseguido trazer alguém ali, gritei e xinguei quem quer que fosse e por Deus, que não fosse Daniel.

Não ele. 

Não agora.

A porta rangeu pesada e velha ao ser empurrada para dentro deixando o lugar mais iluminado, me deixando ver Celeste do outro lado com os cabelos desgrenhados, um pequeno corte nos lábios e olhos fundos de quem não dormia por dias. Voltei a olhar para entrada assistindo as mesmas botas pretas entrarem lentamente, pisando forte no chão mostrando sua presença e eu não iria parar agora mesmo se Adam estivesse com o chicote, não iria parar se ele me machucasse por que agora, era a minha vez.

Era a minha revanche.

– Você não vai calar a porra da boca? – Adam gritou para mim, os punhos apertados ao lado do corpo, o ombros retos e a feição de que estava irritado.

– Não. – disse entre dentes. – Não vou parar. – gritei mais uma vez. 

Adam respirou fundo e se aproximou rapidamente de mim, parou frente a meus pés e eu queria que ele chegasse mais perto. 

– Não vou parar. – choraminguei encolhendo as pernas, desviando meu olhar o chão.

– Você se lembra do meu amigo? Lembra-se do que posso fazer com você? – ele perguntou irritado, o tom de voz duro que arrepiava minha espinha. – Você se lembra? – ele gritou dando um passo para frente.

– Sim. – foi o que respondi, quase um sussurro sem fôlego.

– Lembre-se disso antes de gritar outra vez. – Adam gritou dando mais um passo para mim e eu ergui o olhar para seu rosto, para seus olhos intensos e cheios de fúria e minhas pernas doeram ao lembrar do que ele havia feito comigo, minhas mãos apertaram com raiva e minha mente fazia uma imagem perfeita de como eu poderia atacá-lo.

E já era a hora, sorri de lado e joguei uma de minhas pernas para frente, levando consigo toda a força que meu corpo tinha, pesando meu pé ao tocar nas partes íntimas dele. Adam gritou caindo em seus joelhos com as mãos entre as pernas, seu rosto era uma careta de dor e eu queria rir alto por machucá-lo.

– Sua vadia. – ele disse, a voz sumindo e o peito ofegante. 

Ergui a perna outra vez e chutei seu maxilar fazendo-o cair duro para o lado, fazendo um eco por todo o lugar e Celeste puxar o ar com a boca.

– Quem é a vadia agora? – gritei irritada ao corpo no chão, levantando do chão e esticando as pernas até suas calças, apalpando os bolsos procurando ouvir o barulho de chaves.

– Você ficou louca? – Celeste perguntou de repente, a voz de volta ao normal, dessa vez mais tensa, mais nervosa.

– Preciso sair daqui. – falei tirando a sapatilha, usando o pé para tirar o molho de chaves que havia no bolso de trás da calça dele.

– Você é louca! – Celeste disse me fazendo sorrir por não sentir mais do que admiração em seu tom de voz, admiração e sinceridade. 

Peguei o molho de chaves e o arrastei o suficiente para o alcance das minhas mãos. Cinco segundos de hesitação até encontrar a certa para a minha fechadura, cinco segundos que prendi a respiração e tremia com o nervosismo.



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