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História A Protegida - Tentativa de fuga


Escrita por: FilhaDaGringa

Notas do Autor


Hey there! Preparados para mais loucuras?! Salvem-se enquanto é tempo \o/
Cá estou eu iniciando mais uma fanfic de gênero dramático hahah'
A história se passa na antiguidade, época de príncipes, princesas, ladys, duques e... Acho que vocês já entenderam, né? :P
Os principais são os meus bebês: Justin e Harry ><
E antes de finalizar essa nota da autora que já 'tá ficando muito grande, só para vocês não ficarem 'boiando', há dois "povos": os VOLKOVS (lobos) e os SMIRNOVS (gentis: representados pelo Leão).
Boa leitura! E, por favor, não me matem ou fiquem com muita raiva de mim quando virem a personalidade do Hazz ><

Capítulo 2 - Tentativa de fuga


Fanfic / Fanfiction A Protegida - Tentativa de fuga

O ar ardia nos pulmões de Abigail Bürckle enquanto ela corria perseverantemente. Cada músculo do corpo gritava de exaustão, mas ela se recusava a parar. A liberdade se aproximava um pouco mais a cada passo. Podia ouvir o som de cascos a distância. Ele vinha atrás dela.

"Sou tão estúpida", pensou. Precisaria de um cavalo, suprimentos e algumas moedas caso tivesse qualquer esperança de sucesso. Mas não houve tempo. Abigail tinha visto a oportunidade para escapar e a aproveitara. Mesmo que a fuga estivesse condenada ao fracasso, ela havia tentado.

Esta era a única chance de fugir do noivo. Pensar em Sir Harry Styles era como pôr o dedo numa ferida aberta. Antes, Abigail o amava. Agora, faria qualquer coisa para escapar dele.

Harry mantinha o cavalo num trote tranquilo. Brincava com Abigail, feito um falcão rodeando a presa. Sabia que poderia apanhá-la sem qualquer esforço. Portanto, preferia que ela fosse alertada de sua aproximação, que sentisse medo.

Ele vinha mantendo controle sobre ela desde o último mês, ditando como deveria se comportar como sua fatura esposa. Abigail se sentia um cachorro, encolhendo-se diante de suas ordens. Nada do que dizia ou fazia era bom o suficiente. Sentia-se nervosa só de lembrar dos socos dele.

O ódio aumentava dentro de si. Por todos os santos! Mesmo que todas as forças lhe faltassem, precisava fugir! Ela tropeçava pela floresta, as costelas estavam doendo, sua energia se esgotando. Logo teria que parar de correr. Pedia a Deus por um milagre, por uma maneira de escapar daquele pesadelo. Se ficasse lá por mais tempo, Abigail se tornaria uma casca vazia, sem coragem, sem qualquer vestígio de vida.

Um ramo espinhento de amoreira lhe cortou as mãos, os arbustos agarrando sua capa esvoaçante. A luz da tarde começava a desvanecer, o crepúsculo se aproximava de modo imperturbável. Abigail lutava contra as lágrimas de exaustão, empurrando os arbustos até as mãos sangrarem.

— Abigail! — chamou Harry. A voz dele disparou o pavor dentro dela. Ele havia detido o cavalo à margem da floresta. Vê-lo fez com que o estômago dela se apertasse.

"Não voltarei". Obstinada, Abigail abriu caminho entre as nogueiras retorcidas até alcançar a clareira. A geada cobria a relva, fazendo com que ela caísse de joelhos ao tentar subir o terreno escorregadio.

Um estranho silêncio permeava a campina. De sua vantajosa posição no topo da colina, Abigail vislumbrou um movimento. A moribunda relva de inverno revelava a presença de um homem.

"Não! Homens", ela percebeu. Smirnovs, trajados com cores que os confundiam com a paisagem. Atrás deles, ao pé da colina, Abigail viu um único homem a cavalo. O guerreiro estava escarranchado sobre o animal, a capa presa por um broche de ferro do tamanho da palma de sua mão. Ele não buscou pela espada ao lado, mas a postura se tornou alerta. Um capuz escondia o rosto do homem, que irradiava uma silenciosa confiança.

Alto e de ombros largos, ele a observava. Abigail não sabia distinguir se era um nobre ou um soldado, mas o homem se portava como um rei. A um gesto dele, os homens se espalharam e desapareceram atrás de outra colina.

O coração de Abigail estava disparado, pois o homem poderia abatê-la com a espada. Contudo, ela ergueu os ombros e o encarou. Caminhou lentamente na direção dele, mesmo com o cérebro lhe alertando que guerreiros assim não tinham misericórdia por mulheres.

Mas ele possuía um cavalo.

O cavalo de que ela precisava para ter alguma chance de escapar de Harry.

O olhar do homem encontrou o dela. Se Abigail gritasse, alertaria Harry da presença deles. Restava-lhe uns poucos segundos, pois Harry logo a surpreenderia.

— Por favor. — implorou ao homem. — Preciso de sua ajuda. — a voz atormentada soava quase como um sussurro e, por um momento, Abigail pensou não ter sido ouvida pelo guerreiro. Então notou o desenho do leão na capa dele. Desta vez, repetiu o pedido em smirnov. A postura do homem mudou e, após um instante que se estendeu até a eternidade, ele se afastou com o cavalo. Desapareceu rapidamente por trás da colina, levando consigo a esperança de Abigail.

 

 

Justin Bieber amaldiçoou a si mesmo pela fraqueza. No instante em que a mulher falou, percebeu que era uma volkov. O costumeiro ódio cresceu dentro dele, logo sendo suplantado pelo desejo de ajudá-la.

Ela havia despertado o fantasma de suas lembranças. Ao primeiro olhar, o rosto e os olhos penetrantes evocaram um pesadelo que Justin tentava esquecer havia dois longos anos. Ele fechou os olhos, tentando bloquear a imagem da mulher.

Percebeu que ela fugia muito antes de ordenar que seus soldados se escondessem entre as colinas. O perseguidor não pretendia matá-la. Se quisesse, já o teria feito. Não, a intenção do volkov era capturar a mulher.

E, ao lhe dar as costas, Justin permitiu que isso acontecesse.

Sentiu-se obrigado a escolher entre a segurança de seus homens e a de uma mulher desconhecida. Mas, apesar de saber que tomara a decisão correta, seu senso de honra o atormentava. Era de se esperar que protegesse as mulheres, não que as prejudicasse.

Mas se Justin interferisse agora seus planos de batalha poderiam dar errado. Não ousaria arriscar a vida de seus homens denunciando sua posição. O ataque dependia do elemento surpresa. Precisaria observar e esperar o momento certo.

Descobriu-se dando ordens.

— Quero que cinco homens venham comigo para dentro da fortaleza. Pegue os outros e cerque a paliçada externa. Ao pôr do sol, acenda o fogo.

— Vai atrás dela, não é?— comentou o capitão de seus homens.

— Vou.

— Não pode salvar a todos. É só uma mulher.

— Faça o que ordeno! — vociferou.

'Tá, era um risco desnecessário. Mas havia visto o terror nos olhos da mulher. O mesmo terror que viu nos olhos de sua esposa segundos antes de ser feita prisioneira.

Justin sentia a mesma impotência agora.

Escolheu os homens que o acompanhariam e os conduziu à fortaleza de Godric. Era sua terra, roubada por invasores. Com a ajuda de seus homens, pretendia retomá-la.

Godric não era como as outras fortalezas; era ligeiramente mais ampla. Justin erguera um castelo de terra e madeira, semelhante ao estilo volkov. Ele conhecia cada centímetro do castelo, por isso sabia exatamente como penetrar suas defesas.

Ao seu comando, os homens se colocaram em posição. Justin esperou que estivessem prontos para afastar os arbustos que escondiam a entrada de um túnel secreto que levava para debaixo da fortaleza, para dentro dos cômodos usados como depósito.

Ele ergueu os olhos para a masmorra, cuja silhueta se erguia no pôr-do-sol vermelho-sangue. No íntimo, Justin rezava pela vitória.

Ao entrar, foi envolvido pelo frio da passagem secreta. Não pisava ali há um ano e meio, então notou o vazio da área de depósito. Deveria estar repleta de sacos de grãos e potes de comida lacrados com barro. Seu povo sofreria neste inverno se não fizesse algo para ajudá-los.

Embora não soubesse da conquista de suas terras até recentemente, Justin culpou a si mesmo. Tinha permitido que o sofrimento o consumisse enquanto servia de mercenário para outras tribos. E, na última primavera, os volkovs haviam descido sobre Godric feito gafanhotos, comendo do trabalho de seu povo e profanando sua casa. Seu pequeno exército era inferior em número, mas Justin conhecia bem o território. Nada o impediria de expulsar o inimigo.

Quando alcançou a escada que levava para uma das cabanas de pedra em forma de colmeia, ele parou. Queria não ter visto a mulher volkov, os olhos cheios de medo ao implorar por ajuda. Seria mais fácil simplesmente odiar e matar todos, derramando sangue por vingança. Mas a mulher complicava as coisas.

Era uma bela menina, com rosto doce e olhos profundamente castanhos. Como os dele. Uma inocente, que merecia sua proteção. Justin fora incapaz de salvar a esposa dos atacantes.

Mas poderia salvar esta mulher.

Isso deveria fazer com que se sentisse melhor. Mas, pelo contrário, acrescentava mais um elemento de risco a um ataque já perigoso. Mesmo assim sua mente se agarrava às possibilidades. Ela seria uma boa refém, proporcionando-lhe meios de recuperar a fortaleza. Depois poderia conceder a ela a liberdade que tanto desejava.

Justin subiu a escada, surpreendendo os habitantes da cabana. Pôs um dedo sobre os lábios, sabendo que sua gente nunca o trairia, o ferreiro se aproximou de seu martelo, numa promessa silenciosa de que ajudaria se necessário.

À entrada da cabana, Justin contou o número de soldados inimigos no pátio. "A fortaleza será invadida esta noite", decidiu. E Godric seria sua novamente.

 

 

— Abigail, fico feliz que esteja salva. — Sir Harry abraçou Abigail, que lutava para respirar. Suas forças tinham acabado, finalmente fora apanhada. Ela conteve as lágrimas de frustração, sua pele estava ficando muito fria.

Foi assaltada por lembranças sombrias. Sabia o que Harry faria. Fechou a mente para o próprio corpo, pois esta era a única maneira de suportar a dor.

Não havia quem a ajudasse. Seu pai enviara amigos próximos, Sir Philip Pegrew e a esposa, para servirem de guardiões até a chegada dele. Era o mesmo que não ter enviado ninguém. Ambos eram cegos para as ações de Harry. Eles o enxergavam como um forte líder, um homem respeitado por seus soldados.

Quando Abigail reclamou dos castigos de Harry, Sir Philip meramente deu de ombros.

— Um homem tem o direito de disciplinar a esposa. — dissera. Mas ela não era esposa de Harry. Ainda. E nada do que ela dizia os convencia de qualquer mau procedimento.

Os homens de seu pai se negavam a interferir. O último homem que tentou protegê-la de uma surra foi descoberto morto dias depois. Os soldados obedeciam Harry sem questionar, com um vazio nos olhos. Tinham medo dele, e Harry sabia disso.

— Temi por você, sozinha aqui fora. — Harry lhe beijou a têmpora. O gosto era como um ferrete, queimando sua pele. As palavras dele, aparentemente gentis, zombavam de sua tentativa de fuga. Mas Abigail reconhecia a modulação insensível na voz, a promessa de punição.

O sentimento de posse dominava os olhos de Harry. Abigail antes o achava bonito, com seu cabelo negro ondulado. Mas o coração dele era tão frio quanto a cota de malha que cobria o corpo forte.

Abigail aprumou o corpo.

— Deixe-me voltar para a casa de minha família, Harry. Não sou a esposa de que precisa.

Harry segurou o queixo dela, os dedos lhe apertando a carne.

— Aprenderá a ser a esposa de que preciso. De uma forma ou de outra.

— Há outras mulheres, mais ricas do que eu. — Abigail não pôde sustentar o olhar, pois a mão de Harry descia até sua cintura.

— Nenhuma de tão alta posição. — a palma contornava as costas de Abigail, o polegar friccionando uma lesão ainda não curada. — Nenhuma com terras como Godric. — a voz se tingiu de ambição. — Aqui posso me tornar rei. Estes smirnovs são primitivos, sem qualquer conhecimento do que significa lutar. — a boca se curvou num sorriso. — E você reinará ao meu lado. O próprio rei ordenou.

Abigail não disse nada. A bravura de Harry em campo de batalha lhe conquistara as graças do rei Stevan. Quando ele a pediu em casamento, tendo recebido a benção do rei, Abigail se tornou vitima de suas lisonjas. Acreditando no falso galanteio, ela implorou ao relutante pai por um noivado. Agora desejava ter ficado calada.

Harry a colocou sobre o cavalo, montando atrás dela. Ao contato dos corpos, Abigail estremeceu de repulsa. Ele colocou o cavalo para andar, o rude abraço aprisionando-a. Quando a fortaleza se tornou visível, seus últimos vestígios de coragem morreram.

A rejeição e o pânico guerreavam dentro dela. Havia algo mais que pudesse fazer para impedir este casamento? Precisava mais do que tudo da ajuda do pai. A cada dia rezava para ver as cores do conde tremulando, anunciando a chegada de seu séqüito. Mas ele ainda não viera.

Cavalgaram além do portão, e Abigail não deixou de notar o olhar compadecido no rosto dos smirnovs. Harry desmontou e a obrigou a acompanhá-lo.

— Deve estar cansada. — ele disse. — Eu a escoltarei até seus aposentos.

Abigail sabia o que aconteceria assim que chegassem ao quarto. Fechando os olhos, procurou por uma desculpa, qualquer coisa que retardasse o inevitável castigo.

— Tenho fome. — ela disse. — Eu poderia comer algo antes?

— Mandarei que subam com comida. Depois que conversarmos sobre seu... Passeio. — Harry apertou o braço de Abigail com uma força que anunciava que a desforra estava por vir. Pois ela não lhe daria a satisfação de choramingar.

Concentrou-se na dor que Harry provocava de tanto apertar seu braço enquanto a guiava escada acima, em direção ao seu quarto. Ele trancou a porta com uma pesada trava de madeira. Sozinhos, Harry ficou a observá-la.

— Por que fugiu de mim?

Abigail não respondeu. O que poderia dizer?

— Não sabe que sempre buscarei por você? Devo proteger o que é meu. — ele lhe acariciou o cabelo, enroscando os cachos entre os dedos. Abigail permaneceu imóvel, tentando não encará-lo. — O rei nos chamou a Shetrin. — disse Harry, soltando-a de repente. — Nós nos casaremos lá dentro de poucos dias. — ele transbordava orgulho. — Talvez ele me conceda mais terras, como presente de casamento. — inclinando-se, beijou de leve os lábios de Abigail. — Não fique tão carrancuda. Agora não falta muito.

A afirmação dele não era tranquilizadora. Sentia-se grata ao rei Stevan por ter ignorado as outras solicitações de Harry. As alianças políticas com os reis smirnovs tinham precedência. Mas agora o tempo de Abigail estava esgotado.

— Não me casarei sem meu pai.

— Simon Bürckle virá. — a expressão de Harry endureceu. — Já deveria ter chegado a esta altura.

— Ele estava doente. — argumentou Abigail.

O pai ordenara que ela permanecesse em Godric sem a companhia dele. Com a escolta dos soldados e dos guardiões, o pai acreditava que estaria segura. Abigail conseguira subornar um padre para enviar cartas, implorando ao pai que terminasse com o noivado. Mas Simon Bürckle não dera resposta, e ela temia que Harry tivesse interceptado as mensagens.

— Não continuarei esperando por ele. — Harry meneou a cabeça. — Não sei quais são as intenções do conde, mas o acordo de casamento está assinado. Com ou sem ele, eu me casarei com você.

— Nunca me casarei com você — ela jurou. — Não me importa o que diga o rei.

O punho dele a atingiu por trás da cabeça. A dor explodiu, ecoando nos ouvidos, mas Abigail se recusava a gritar.

— Não perdeu o espírito, não é? — comentou Harry.

Abigail engoliu em seco, desejando não ter provocado Harry. Sabia que não poderia lutar com ele, que era muito mais forte. Quando ela fingia obediência, ele costumava ser mais brando com o castigo. Tentaria conter suas palavras de rebeldia.

Então Harry sorriu, o sorriso cruel que ela aprendera a desprezar.

— Tire as roupas.

Abigail sentiu fel na garganta ao pensar no que ele faria. Nas últimas semanas, Harry se vangloriava em humilhá-la. Quando se negava a obedecer, era surrada até não poder mais ficar de pé. Embora Harry ainda não tivesse violado sua virgindade, Abigail sabia que era apenas questão de tempo. O medo pulsou por seu corpo ao pensar nisso.

Por não obedecer, Harry lhe golpeou o estômago, fazendo-a curvar-se. Abigail agarrou as costelas, incapaz de impedir o gemido de agonia. Era nisso que se transformaria sua vida? Teria que renunciar a tudo, deixando que ele a dominasse?

Fechou os olhos, temendo que o futuro fosse assim. Embora outra mulher pudesse pensar em acabar com a própria vida, Abigail não queria se arriscar à perdição eterna. Não deixaria que Harry se apropriasse de sua alma também.

Harry puxou a adaga, fazendo seu coração quase parar ao ver a lâmina. Num gesto rápido, ele cortou os cordões do vestido até que este caísse aos seus pés. Vestida apenas com uma fina túnica, Abigail tentou se cobrir.

— Você me pertence, Abigail. — Harry largou a adaga sobre a mesa, aproximando-se. O olhar de Abigail dardejou para a arma. Evitando outro soco, ela se deixou cair contra a mesa. A adaga retiniu ao chão.

— Por favor. — ela murmurou. — Eu lamento. — não era verdade, mas o pedido de desculpas poderia amenizar o ataque de Harry. Sua cabeça doía; um fio de sangue escorria por sua face.

Harry começou a despir as próprias roupas, revelando o corpo musculoso.

— Não. Não lamenta. Mas lamentará.

Ele diminuiu a distância entre ambos.

— Chegou a hora de aprender a ser uma esposa obediente. — os dedos agarraram-lhe a nuca num gesto de controle. — Em breve, Abigail. — ele prometeu. Beijou-a com ferocidade, esfregando os lábios no dela até sentir o sangue. — Não tem idéia do prazer que posso lhe oferecer.

— Não. — ela murmurou.

— Não quero forçá-la. — disse Harry, os dedos subitamente gentis. — Poderia ter tomado você quando quisesse, se esta fosse minha intenção. Mas sou um homem paciente e clemente. Caso se entregue a mim de boa vontade, eu lhe ensinarei as recompensas da obediência. — a mão dele segurou-lhe o queixo. — Eu a conheço melhor do que você mesma. Você quer que eu a tome, embora lute contra mim.

"Nunca". Ao pensar nas mãos dele em seu corpo, uma náusea lhe dominou o estômago. Abigail ergueu o queixo e enfrentou aqueles implacáveis olhos verdes. O rosto bonito lhe causava repulsa, então cuspiu nele.

— Odeio você.

As mãos dele se fecharam de raiva. A fúria relampejou no rosto de Harry, que a atingiu no rosto. Abigail se virou no último segundo, caindo de joelhos. Ela ignorou a dor, a mão se fechando sobre a adaga. Antes que Harry pudesse ver o que tinha feito, ela escondeu a arma sob as dobras da túnica.

Abigail apertou a adaga com força. Sentia o cabo frio em sua mão, sem saber manejar o peso. Não sabia se teria coragem de usá-la. Mil dúvidas enchiam sua mente. Mas ela se agarrou ao instinto de sobrevivência.

Batidas violentas soaram na porta. O olhar de Abigail disparou naquela direção.

Harry praguejou, vestindo a túnica antes de abrir a porta.

— O que foi?

— Um ataque, milorde. — informou o servo. — Invasores smirnovs atearam fogo na paliçada externa.

— Fique aqui. — rosnou Harry para Abigail, que foi deixada sozinha.

O destino lhe oferecia uma trégua. Abigail encostou o rosto na parede. Era como se pudesse se mesclar à madeira e ao emboço, de tão fria que estava. Os dedos agarraram o linho da túnica, como se o fino tecido pudesse de alguma forma protegê-la do retorno de Harry. Não sentia alívio, pois ele voltaria. E, então, a punição recomeçaria.

Abigail podia sentir antigos temores voltando para atormentá-la. Largou a adaga, a oportunidade de defesa perdida. O cabelo caia sobre o rosto. O sangue se emaranhava nos fios na parte de trás da cabeça, então ela removeu o véu. Os cabelos longos e ruivos esconderiam o ferimento.

Podia-se ouvir os homens gritando ordens lá embaixo. Abigail apoiou a testa nos joelhos, tentando reunir forças. Se estivessem sitiados, teria outra chance de fugir. Mas não podia continuar parada.

Esgotada, levantou-se, o corpo estava dolorido, e Abigail imaginava se Harry havia quebrado suas costelas desta vez. Doía para respirar. O vestido estava jogado no chão, onde caíra, Abigail se encolheu de dor ao inclinar-se para apanhá-lo. O latejar aliviou quando se aprumou e colocou o vestido sobre a túnica. Os cordões estavam destruídos, mas isso a manteria aquecida por enquanto.

"Você precisa sair", disse a si mesma. Agora era sua oportunidade, não podia desperdiçá-la.

Um estranho ruído lhe chamou a atenção. Ela se voltou para a grande tapeçaria pendurada na parede, que se agitou ligeiramente. Abigail recuou, sem entender o que significava aquele movimento. O instinto lhe dizia para ficar de guarda. Tomou a adaga na mão mais uma vez.

Um homem surgiu de trás da tapeçaria, completamente armado, com uma espada à cintura. Usava calça coberta por malha de ferro e, presa por um cinto, uma túnica cor-de-musgo que fluía em dobras até o joelho. Abigail reconheceu o grande broche de ferro segurando a capa. Era o soldado da colina. Uma calma autoridade emanava de sua postura, mas Abigail ainda estava com raiva. Ele não a ajudou quando mais precisava.

— Quem é você? — ela perguntou, segurando a adaga com firmeza. O cabelo dele, castanho escuro como a alma do demônio, caia sobre parte do rosto. Uma fina marca, há muito cicatrizada, desfigurava uma bochecha.

— Sou Justin Bieber.

A túnica permitia que Abigail visse o contorno dos músculos fortes. Ocorreu-lhe que ele pudesse ser uma ameaça mais perigosa que Harry.

— E qual é o seu nome? — ele cruzou os braços, esperando pela resposta. Os olhos castanho-mel examinavam Abigail como se avaliassem seu valor.

Abigail sentiu a boca seca.

— Sou Abigail Bürckle.

Bieber a fitou por um instante, o olhar notando os ferimentos.

— O que foi que lhe aconteceu?

Abigail de súbito lembrou-se do vestido rasgado, então cobriu o corpo da melhor maneira que pôde.

— Fui castigada por fugir. — murmurou.

— Por quem?

Abigail hesitou, mas respondeu com sinceridade.

— Sir Harry Styles.

— E por que ele estava caçando você?

— Porque eu não quis me entregar a ele.

Os olhos de Bieber se tornaram frios, tal qual as pedras de granito recobertas de gelo que margeavam as colinas.

— Posso matá-lo, se este for seu desejo.

— Você perdeu a oportunidade. — o rubor ardeu nas bochechas de Abigail, cuja raiva ameaçava explodir. — Eu poderia estar a salvo dele agora. Mas você ficou parado e não fez nada. Não me ajudou.

— Ainda não terminou. — ele disse, calmamente. — E estou aqui agora.

Bieber não passava de um intruso, um homem que a abandonara. Mas Abigail viu algo em sua expressão, algo inesperado: sinceridade. Podia ser um bárbaro rude, decidido a conquistar Godric, mas o timbre da voz e a brutal honestidade no rosto a fizeram reconsiderar.

"Melhor do que esperar pelo retorno de Harry", ela concluiu. Tendo de escolher entre ficar ali e fugir com um estranho, preferia apostar suas chances em Justin Bieber.

— Se me levar em segurança, será o suficiente. — ela disse com irritação, baixando a adaga. — Como conseguiu entrar?

Ele puxou a tapeçaria, revelando um espaço estreito. Apenas uma simples corda pendia da estreita passagem dentro da parede.

— Espera que eu desça desta maneira? — ela disse, a garganta apertada ao visualizar uma queda vertiginosa.

— Não. Eu a levarei por outro caminho. — a expressão dele assumiu uma máscara de determinação. — Venha.

— Para onde?

— Lá para baixo. Tenho uma condição antes de conceder o que me pede.

— Que condição?

— Será minha refém.

Abigail hesitou por um instante. Não sabia nada sobre aquele homem, que possivelmente poderia lhe fazer algum mal.

Mas Bieber viera até ali, atendendo ao apelo feito mais cedo. Parecia haver pouca escolha.

— Não me entregará nas mãos dele, não é?

— Não. Mas você pode nos ganhar mais tempo.

— Por que está atacando a fortaleza? — ela perguntou.

— Sou dono de Godric por direito.

Abigail percebeu que não era o momento de informar que Godric fazia parte de seu dote. Especialmente por depender de Bieber para conseguir a liberdade. Ele descobriria a verdade em breve.

As mãos dela empurraram a tranca de madeira, mas Bieber a pôs de lado pela cintura. Ao toque, Abigail ofegou de dor. Mordeu o lábio até recuperar o controle de si mesma.

— Eu vou primeiro. — ele disse. — Você vem depois.

Ele abriu a porta. Abigail agarrou o vestido rasgado, relutante em enfrentar Harry. Uma parte sombria de si desejava fervorosamente que Harry caísse sob a espada de Bieber. Sem ele, a vida voltaria a ser como era antes.

Depois de notar que era seguro, Bieber a puxou para o corredor. Abigail viu outros homens, armados e prontos. Ele deu um brusco comando em smirnov, uma ordem para que os seguissem e protegessem. Com a mão sobre o pescoço de Abigail, guiou-a pela escada curva até chegarem ao salão lá embaixo. Então, de súbito, levou uma faca à garganta dela.

— Não se mexa. Não quero que a lâmina corte sua pele. — sussurrou ele.

Era estranho sentir-se segura com ele. Uma sensação de calma dominou Abigail, pois Bieber lhe oferecia uma segunda chance de escapar.

Quando os guardas volkovs os viram, movimentaram-se para defendê-la.

— Não se aproximem. — disse Bieber, mas eles continuaram a postos. Abigail vasculhou o salão à procura de Harry, mas não havia sinal dele. Isso a deixou aflita.

— Diga a Sir Harry que quero falar com ele. — ordenou Bieber. Um dos soldados se foi, e Bieber manteve Abigail diante de si. Durante angustiantes minutos, ela esperou que Harry aparecesse. A lâmina tinha esquentado sobre sua pele, mas ela não ousava se mexer. Quando Bieber tocou-lhe a nuca, sua pele ficou arrepiada.

Os soldados estavam com as armas em prontidão, mas Abigail sabia que, pela expressão deles, não agiriam sem receber ordens de Harry.

Mas Harry não apareceu.

Em seu lugar, surgiu Sir Philip Pegrew. Os cabelos grisalhos estavam bagunçados, a armadura manchada de suor e sangue.

— Solte-a. — ordenou. Fez menção de puxar a espada da bainha.

— Sir Philip, espere! — gritou Abigail.

Bieber pressionou a faca na sua garganta.

— Se não quer que ela morra, sugiro que mande seus homens baixarem as armas. E quero ver Sir Harry.

Abigail observava os soldados, imaginando quando seu noivo emergiria das sombras. Não havia dúvida de que ele estava por perto. A expressão de Sir Philip era uma combinação de fúria e hesitação. Após um instante, ele desembainhou a espada.

— Malditos smirnovs. Não conseguem nem compreender que foram vencidos. — Sir Philip olhou para um soldado e ordenou: — Traga o prisioneiro.

Bieber ficou alerta. Abigail não sabia do prisioneiro. Quando ele foi trazido, viu um garoto que mal teria 14 anos. Era magricela, com cabelo louro-avermelhado e um princípio de barba lhe cobrindo o rosto. Vinha de cabeça baixa, como se estivesse envergonhado de si mesmo.

Bieber explodiu de raiva. Falava em smirnov, provavelmente para evitar que os outros o compreendessem.

— No que estava pensando, Jaxon? Mandei que ficasse em Horvast.

O garoto se encolheu.

— Sinto muito, irmão. Pensei...

— Pensou que poderia se juntar à luta? E quanto tempo demorou para que fosse capturado?

O rosto do garoto corou.

Abigail não conseguiu ficar calada por mais tempo.

— Soltem-no! É só um menino.

— Que talvez não viva até se tornar homem se continuar a agir desta maneira. — Bieber a apertou com mais força, sua tensão se tornando palpável.

Sir Philip revelou um sorriso de vitória.

— Então chegamos a um acordo, Bieber. Você chama seus homens de volta, devolve Lady Abigail ilesa e, em troca, soltamos o menino.

— E se eu me recusar?

— A escolha é sua, claro. Mas somos superiores em número. — Sir Philip apontou com a cabeça para a parede oposta, onde arqueiros aguardavam com os arcos em prontidão. — Poderíamos matá-lo antes que seus homens largassem as armas.

Embora Sir Philip estivesse tentando protegê-la, Abigail queria praguejar contra o homem. Nos dois últimos meses, ele passava praticamente todos os dias comendo e bebendo cerveja. Não tinha erguido um dedo para resguardá-la de Harry. Mas no momento em que um smirnov tentava resgatá-la, ele decidia assumir o papel de salvador.

Maldito seja!

— Esta fortaleza era minha muito antes que os volkovs a tomassem. — disse Bieber. — Esta gente é leal a mim. Não levaria muito tempo para que uma adaga se fincasse entre suas costelas qualquer noite dessas.

Sir Philip deu de ombros.

— Isso é problema de Styles, não meu. Meu propósito é guardar Lady Abigail até o casamento.

— Parece estar fazendo um péssimo trabalho.

A fúria eclodiu no rosto do homem e Justin a apertou com mais força. Abigail conteve o fôlego, amedrontada com a faca na garganta. Embora não acreditasse que ele fosse feri-la, a menor pressão faria a lâmina deslizar.

Onde estava Harry?

Abigail duvidava que ele estivesse longe. Teria fugido? Ou estava tramando contra eles?

Então percebeu um leve movimento entre assombras, o brilho da ponta de uma flecha refletindo a luz do fogo. Por instinto, empurrou Bieber com toda a força, exatamente quando a flecha disparou. A seta arranhou o ombro de Bieber e teria acertado a garganta de Abigail caso ela não tivesse se afastado a tempo.

A faca deixou sua garganta por um instante, e braços fortes a arrastaram para longe.

— Peguem-no! — ordenou uma voz.

Cinco guardas seguraram Bieber. Ele lutou, golpeando com a adaga, mas haviam muitos deles. Abigail tentava se livrar de Sir Philip, mas ele a segurava com firmeza. Depois de uma luta medonha, Bieber foi desarmado. Segundos depois, Harry emergia das sombras. Ao vê-lo, o sangue de Abigail congelou. A expressão no rosto dele parecia carinhosa, amorosa. Abigail conhecia bem aquela artimanha.

Harry a tomou nos braços, acariciando o ponto onde a lâmina estivera pressionada contra sua garganta.

— Eu o matarei por tocá-la. — tirando a adaga da bainha, ele olhou Bieber. — Poderia cortar a garganta dele agora.

Abigail fechou os olhos, sabendo que nenhum prisioneiro seria libertado.

Harry traçou com o dedo o contorno do seu queixo. O gesto fez a pele de Abigail se eriçar.

— Mas prefiro que ele sofra pelo que fez. Será executado pela manhã, para que todos aprendam a não atacar Godric. Ele poderá assistir ao mais novo ser enforcado primeiro.

Abigail voltou-se para ele, incapaz de esconder o ódio.

— Pensei que libertaria o menino.

— Não deixo escapar ninguém que ataque o que é meu. Volte para seu quarto e tranque a porta. — Harry deu um tapinha no ombro de Sir Philip. — Agradeço por defendê-la.

— Não foi problema. — a mão de Sir Philip procurou a espada outra vez. — Devemos liquidar o resto deles?

Harry inclinou a cabeça aos soldados.

— Protejam o pátio externo. Não poupem ninguém. — com estas palavras, Harry colocou o eImo e saiu.

Segurando as barras do vestido, Abigail se obrigou a subir a escada, cada passo mais pesado que o último. Não podia permitir que Bieber morresse, não depois de tentar salvá-la. Cruzou os braços em volta das costelas doloridas, lembrando do olhar faminto de Harry. Ele se divertia com seu sofrimento. Suas mãos desceram até os quadris, trêmulas de medo, sabendo exatamente como ele pretendia machucá-la desta vez.

Existia uma última chance. Encontraria uma maneira de salvar Bieber e o irmão, mesmo que isso significasse sua morte.


Notas Finais


Sim, eu sei que ficou meio grande, mas eu precisava apresentar a história pra vocês! Prometo diminuir um pouco os capítulos pra não se tornar uma leitura cansativa ><
E por enquanto é isso, espero que tenham gostado! *-*
E por favor não deixem de comentar! Por que quando vocês fazem isso é como se fosse natal todos os dias! *-*
Vejo vocês em breve amores, beijo beijo <333


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