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História A Pura - Amalgamados


Escrita por: FireboltViolet0

Capítulo 22 - Amalgamados


 

A beleza que seduz poucas vezes coincide com a beleza que faz apaixonar.”

— José Ortega y Gasset

—-------------O-------------
 

Mas eu estava mentindo.

Ainda havia medo dentro de mim.

Lua ergueu os olhos, deslizando carinhosamente os braços em meus ombros.

A sensação de sua pele contra a minha provocou uma descarga de arrepios por meu corpo. Por impulso, abracei-a, ofegante.

Embora eu clamasse intimamente por mais proximidade, todo o peso do que estava acontecendo provocou um baque em minha mente.

— Lua… - sussurrei, novamente inseguro – eu não…

— Eu sei que você se preocupa – ouvi-a arfar contra meu ouvido – sei que não quer me fazer sofrer… mas eu não quero mais ter que me preocupar… não quero passar o resto de minha vida tendo medo….- seu choramingo pareceu queimar cada ponta de minhas terminações nervosas – eu nunca

Sua cabeça repousou em meu ombro. Trêmulo, senti seus lábios deslizarem de modo delicado sobre meu pescoço.

— Lua…

Ela ofegou baixinho.

— Eu preciso de você, Miguel…

Aquela súplica desesperada e convicta libertou-me de todas as dúvidas.

Percebi, finalmente, que não era apenas eu que ansiava por aquilo. Lua havia decidido isso – e há muito tempo.

Ver o quanto ela confiava cegamente em mim quase destroçou meu coração.

Lua suspirou, ainda abraçada contra mim, traçando uma trilha de beijos por meu ombro, esgueirando-se carinhosamente sobre mim.

Foi o bastante para desestabilizar o pouco autocontrole que eu mantinha até então.

Completamente alheio ao que fazia, guinchei-a em meus braços, colando minha boca na dela. Surpreendentemente ávida, Lua retribuiu, prensando seus lábios nos meus de forma desesperada, sorvendo-os como um beija-flor faminto.

Meu coração martelava dentro do peito, tentando orientar-se no misto de sensações enlouquecedoras que me dominavam. Nunca havia me sentido daquela forma –  tão impetuoso e tão vulnerável ao mesmo tempo.

Minhas pernas, totalmente desconectadas de meus reflexos conscientes, me arrastaram com Lua em direção à cama.

Languida, Lua fechou os olhos, mal se movendo quando a deitei sobre o colchão.

Ela me encarou, sem demonstrar qualquer reação.

Sua expressão neutra me fez hesitar por um longo e torturante momento. Sabia que estava tentando desvendar o que estava se passando por minha cabeça.

A quem eu estava enganando? Havia esperado por aquilo por uma eternidade. Queria, mais do que tudo, fazer com que Lua esquecesse de seu passado. Queria libertá-la de seus piores demônios, dar-lhe um motivo para voltar a acreditar em bondade e amor. E, mais do que nunca, saciar aquele desejo crescente que nos consumia.

Mas, sinceramente, eu ainda tinha medo. Temia que tudo aquilo fizesse com que suas memórias mais terríveis retornassem.

E saciar qualquer necessidade minha jamais valeria a pena, se o preço fosse a dor e o sofrimento que eu poderia causar a ela.

— Sua fé em mim me desarma – confessei, soltando uma risada amargurada.

Ainda sem esboçar expressão alguma, Lua inclinou a cabeça.

— Tenho motivo para não ter? - sussurrou, num tom de voz sério – você nos salvou. Me libertou de uma situação sem saída – afagou meu rosto delicadamente – você… você me amou… como ninguém jamais fez igual… - não havia hesitação alguma em seu olhar – por favor, Miguel…

Balancei a cabeça, ofegante.

E se eu lhe fizesse algum mal… jamais iria me perdoar.

Espantado, mal reagi quando ela inclinou-se, voltando a me beijar. Surpreendido com a urgência de seu beijo, relaxei o corpo, deitando-me suavemente sobre Lua.

Lua desvencilhou-se por um segundo, arquejante.

A descarga de adrenalina que aquilo causou em mim ajudou-me a diminuir meus receios. Embriagado de ternura, deslizei as mãos pelo lençol que ainda a recobria, acariciando-a com a timidez de um garotinho.

A reação de Lua – que se esperaria retrair com o gesto - foi impressionante. Maravilhado, a senti relaxar imediatamente, fremindo levemente sobe meu toque.

Não havia mais nenhuma dúvida. Ela realmente estava segura de sua decisão.

Os céus sabiam o quanto eu também queria estar naquele momento,

Lua virou o rosto, ainda fitando-me de esguelha, corando adoravelmente. Arquejando, abaixou o lençol timidamente.

Eu já havia imaginado o quanto ela deveria ser linda quando estava nua. Mas ver com meus próprios olhos…. foi algo surreal.

Ela podia – infelizmente, por péssimas experiências – já estar acostumada com aquilo. Mas eu definitivamente não estava. E poder apreciá-la daquela forma me causou um choque deliciosamente impactante.

Para minha surpresa, Lua fez menção de se encolher quando percebeu minha contemplação extasiada. Um laivo inusitado de humor constrangido brilhou em seu olhar. Ergui uma sobrancelha, vendo um sorriso torto e desolado cortar seus lábios;

— Espero… não ter te decepcionado – lamuriou-se em tom baixo.

Seu comentário me incomodou terrivelmente.

E logo percebei o por que.

Com ambos vivendo em sociedades fúteis, que idolatravam a beleza acima de tudo, foi angustiante notar que ela temia minha reprovação neste aspecto.

A realidade era que aquilo não me importava. Para mim, não havia uma mulher mais perfeita em toda a Terra.

Enfurecido, deixando que a indignação sobrepujasse qualquer receio, desci o rosto pelo ombro de Lua, beijando cade centímetro de sua pele. Minhas mãos adquiriam vida própria, escorrendo como água pelas pernas dela.

Senti seu corpo contorcer-se levemente. Deliciado, a ouvi emitir um longo e baixo gemido de satisfação.

Lua reabriu os olhos, assustada.

— O que… é isso?

Ainda deitado sobre ela, senti o coração de Lua bater continuamente contra meu peito, disparado. A sensação me deixou completamente eufórico.

Estava finalmente atingindo meu objetivo derradeiro ali. Fazendo algo que os desgraçados miseráveis que frequentavam o Palácio Rubi jamais poderiam ter feito por Lua. Ela finalmente estava sentindo o que jamais havia sentido na vida.

Aquele suspiro de deleite era tudo que eu precisava ouvir.

— O que está sentindo? - sussurrei, também arfante, colando minha teta na dela.

— É… eu… - seu rosto se contorceu – é como… se fosse uma… dor… ? - machucou-me ver que era a única sensação com a qual conseguia comparar – mas uma… dor boa…?

A confusão em seu rosto me atingiu como uma pancada. Talvez, para alguém como ela – pensei, aflito - fosse o jeito mais próximo de descrever o que era prazer.

Era impossível imaginar o conflito interno que a corroía agora.

Subi as mãos acima de sua cintura.

— Me prometa – disse roucamente – prometa que dirá se quiser que eu pare.

— Miguel…

— Prometa, Lua – repeti, taxativo.

Em resposta, ela apenas assentiu, arqueando as costas e afundando-se no travesseiro, eufórica e enrubescida.

Sentindo semelhante quentura em meu rosto, ainda sobre ela, retirei as peças de roupa que vestia, enquanto Lua ainda perpassava o olhar em mim, encolhida de encontro ao colchão.

Queria testar cuidadosamente cada um de nossos limites. Cometer qualquer erro ali estava fora de questão para mim. Queria que aquilo fosse inesquecível para nós dois. Marcar, pelo menos uma vez, uma ocasião daquelas como uma memória boa para Lua.

— Feche os olhos.

Ela obedeceu, segurando gentilmente minha nuca. Senti-a seus dedos fremirem de expectativa contra minha pele.

Sofregamente, voltei a traçar um caminho de beijos abaixo de seu pescoço. Ainda de olhos fechados, Lua guinchou, parecendo reprimir outro gemido.

Mais do que estimulado, baixei o corpo, me atrevendo um pouco mais. Segurei delicadamente um dos seios dela, acariciando levemente a pele macia, enquanto beijava o lóbulo de sua orelha.

— Miguel… por favor…

Hesitei.

— Lua…

— Não… não pare…

Tinha certeza de que era a primeira vez que aquelas palavras saíam de sua boca. E a satisfação, mista de compaixão e luxúria, incendiou-me o corpo.

— Ah, Lua…

Não podia mais suportar. As batidas de seu coração ribombando abaixo de mim. Sua respiração errática. Seu corpo trêmulo. Seu olhar súplice.

Me posicionei, olhando nos olhos de Lua. Ela assentiu em incentivo, embora ostentasse um leve ar receoso.

— Isso… - ofeguei - te machuca?

Lua inspirou profundamente, abraçando meus ombros. Eu via o medo em seus olhos – e via algo mais. Resoluto. Indubitável.

Li a resposta em seu rosto.

Ela não se importava. Tudo havia sido uma série de experiências cruéis. Lua se negava a comparar o que aconteceria com o que havia ocorrido no passado.

Qualquer insegurança se esvaiu naquele momento.

Inclinei o corpo, encaixando-me nela.

Lua apertou meus ombros, tremulando abaixo de mim. Um arquejo aflito escapou de seus dentes cerrados, mas percebi que não havia sido por causa da penetração.

Enrijeci, agoniado de preocupação, embora não contivesse o prazer pungente de sentir-me finalmente dentro dela.

— Lua…

— Não… - pressionou meu ombro outra vez, agora com menos força – tudo bem… - chiou entredentes.

Movimentei-me um pouco, o mais suavemente que podia, tentando ver qualquer outra demonstração de dor da parte de Lua.

Para minha surpresa, ela relaxou aos poucos, deixando os joelhos descontraírem. Seu rosto suavizou-se, mesmo que seus olhos se encontrassem fechados com força.

Isso me estimulou a continuar, aprofundando-me, chocando-me gentilmente contra ela.

Sentia o sangue rugir em meus ouvidos. Meu coração disparava numa velocidade infinitamente  superior à de meus movimentos. A excitação era pulsante, enlouquecedora, incendiando o meu corpo como um furacão. Ainda assim, me mantinha num ritmo lento e crescente, implorando fisicamente pelo prazer de Lua.

E, maravilhando-me, ele finalmente surgiu.

Com um fascínio delirado, senti suas pernas voltarem a circular minha cintura, espantando-me quando Lua impeliu o quadril, impactando-se avidamente contra mim. E a pressão de suas mãos ao redor de meu pescoço já não eram devidos à qualquer tipo de dor.

Ela estava se entregando. Encorajando-me. Queria aquilo.

E queria mais.

A senti tremer com vontade, acompanhando meu ritmo, numa dança extasiante. Ofegante, o maxilar travado, resfolegando pelos dentes, embrenhei-me ainda mais, colidindo-me com maior rapidez. Lua abriu desvairadamente os olhos por um momento, suas pupilas irrequietas encarando-me por ínfimos segundos, gemendo com inconfundível deleite.

Enlouquecido e estimulado, baixei a cabeça, recostando a testa na de Lua, aumentando ainda a mais a velocidade, desfrutando da excitação em seu interior.

Não havia como descrever as emoções e sensações que me devoravam. E, embora meu corpo agisse por conta própria, tudo que eu queria ali era que aquela garota sentisse o mesmo que eu.

Lua arquejou, sua voz ficando cada vez mais rouca e baixa. O som me causou um solavanco, algo que apenas atiçou ainda mais nossa dança entusiasmada.

— Ahhh… Miguel…

Eu já previa. Resfolegando e tremendo, vendo Lua espelhar minhas reações regozijantes, tinha certeza de que a guerra entre nossos corpos já estava perdida.

Ambos seriam derrotados.

Ela intensificou o abraço, puxando-me totalmente contra seu corpo. Um grunhido de êxtase escapou de meus lábios. Apoiando suas pernas em meus braços, intensifiquei nosso embate, sorvendo sua boca num beijo atormentado.

Lua agarrou-se em meus cabelos, convulsionando de deleite, contorcendo a cabeça para o lado na tentativa de respirar, mesmo quando o oxigênio já não existia entre nós.

Debruçado, gemendo debilmente, o corpo languido de prazer, reprimi a vontade de gritar o nome dela quando cheguei ao ápice.

Meu coração falhou uma batida quando me apercebi que Lua também chegara ao limite, derramando-se em espasmos abaixo de mim.

Ofeguei alto, o corpo instável com o prazer que ainda ecoava em meu interior. Baixei o olhar para Lua, cujos olhos estavam reabertos e esgazeados.

Ela soluçava desoladamente, derramando lágrimas pelo rosto.

Mas, antes que o desespero me invadisse, notei, espantado, que não se assemelhava em nada com um pranto de tristeza.

Ainda encravado em seu corpo, observei-a abrir um sorriso fraco – e, comovendo-me ainda mais, cheio de doçura.

— Lua… - senti meu próprio rosto umedecer-se com lágrimas – ah, Lua…

Ainda chorando silenciosamente, ela me encarou, a voz anormalmente embargada. Uma risada estrangulada escapou de sua boca.

— Então… - ofegou – é assim que é… fazer amor...?

Enternecido, afaguei seu rosto, ainda trêmulo. Havia sido muito mais intenso e maravilhoso do que eu jamais poderia ter sonhado.

— Eu te amo... – guinchei sofregamente – ah, Lua…

Ela aparentou ficar igualmente comovida.

Lentamente, me desencaixei de seu interior, tentando não me sentir culpado pelo tremor agoniado que isso provocou em Lua.

Ela assistiu-me deitar ao seu lado, ainda a abraçando.

A vontade de chorar retornou quando a garota se aninhou em meus braços, deitando a cabeça em meu peito de modo exausto.

— Obrigada, Miguel…

— Pelo que...?

Lua segurou meu rosto, fitando-me.

— Por ser tão… gentil – acrescentou, soluçando outra vez – por ser… você.

Meu amor já doentio por aquela Tenebri apenas expandiu-se naquele momento, dominando-me por inteiro.

Não havia mais volta. Com aquele ato, eu havia selado meu destino, e entregado-me completamente.

Lua havia tomado de mim a coisa mais valiosa que eu possuía, e agora eu abdicara completamente qualquer tentativa de fugir.

Meu coração – minha vida – agora lhe pertencia.

Abracei-a com força, aninhando-a em meu corpo de modo protetor.

Aos poucos, seus soluços minguaram, tornando-se breves e suaves ressonamentos.

Embevecido, ajeitei seu corpo recém-adormecido, também fechando meus olhos, exaurido e eufórico.

Nunca conseguiria esquecer aquele fim de tarde.

Foi a partir daquele dia que Lua, a Tenebri que eu tão insensatamente havia deixado me cativar, se tornou o ar que eu precisava para respirar, e o sangue que fazia meu coração bater.

Porém, isso me tornou um homem diferente.

E algo, que estava prestes a acontecer, mostraria outro lado meu, que nós dois jamais havíamos tido a infelicidade de conhecer.

















































 



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