1. Spirit Fanfics >
  2. A Quinta geração de Harry Potter (Interativa) >
  3. Na balada

História A Quinta geração de Harry Potter (Interativa) - Na balada


Escrita por: Laura-Higurashi e Suspenso

Capítulo 98 - Na balada


Bella estava sentada na beirada de uma das camas, assistindo com melancolia a água escorrendo pelo vidro da porta da sacada. Ela era, até então, a pessoa mais animada do grupo que ganhou o prêmio do Ministério, mas sua alegria e os planos que tinha foram para o esgoto com aquele temporal. Nem o convite dos amigos para jogar xadrez bruxo conseguiu reanimar a garota. Vendo que ela tinha se afastado do grupo, Lian caminhou até o lado oposto do quarto, onde a loira se encontrava, sozinha. Sentou ao lado dela e a abraçou.

– Em todos esses anos, nunca te vi desse jeito – ele comentou baixinho.

– Ah, não é nada demais – ela forçou um sorriso. – É só que eu queria muito ir à praia, mas chovendo desse jeito não dá... E se amanhã ainda estiver chovendo? Se for assim, então a gente ganhou o sorteio para nada...

Lian deu um beijo na testa dela.

– Vamos pensar positivo, certo? – o garoto sugeriu, com um sorriso franco – Vamos torcer para que essa chuva passe logo e assim a gente pode aproveitar a praia amanhã.

– Tudo bem... – Bella murmurou, sem muito ânimo.

A porta do quarto se abriu e Hugo Sângster entrou, trazendo muita gente com ele.

– Beleza, agora vamos tirar a sorte para ver quem enfrenta quem – Luke avisou.

– Lian, nós já vamos começar! – Hanna chamou o amigo.

– Eu não vou mais jogar – Lian se virou e gritou para a amiga. – Divirtam-se!

Hanna, Luke, Catarinha e Hugo olharam para ele, todos com uma expressão engraçada no rosto, como se quisessem rir.

– Não se preocupe comigo, pode ir jogar com o pessoal – Bella disse para o rapaz. – Eu tô bem.

– Ah, eu perdi a vontade – ele falou, displicente. – Prefiro ficar aqui, vendo a porta sendo lavada...

A loira não conseguiu refrear um sorriso. O garoto colocou os pés sobre a cama e a puxou para junto dele, fazendo com que se deitasse e apoiasse a cabeça sobre seu colo. Ficaram conversando, enquanto viam os amigos jogando.

 

Horas depois, quando o campeonato de xadrez bruxo terminou (Hanna foi a vencedora), Hugo teve a brilhante ideia de apagar as luzes do quarto, acender fracamente a ponta da varinha e contar histórias de terror. A proposta era que cada um contasse uma; contudo, Rafael acabou contando a maioria, pois conhecia muitas histórias com essa temática. Pouco depois da meia noite, todos resolveram se deitar e dormir.

 

O domingo amanheceu ensolarado, nem parecia que tinha chovido tanto no dia anterior e isso definitivamente foi essencial para restaurar o ânimo de Bella. Ela e os outros alunos se reuniram bem cedo e foram para o restaurante do hotel, para tomar um café da manhã bem reforçado. Assim que terminaram, retornaram aos quartos e se prepararam para ir à praia.

– Assim você vai acabar tendo um treco, menina... – Catarinha comentou ao ver a empolgação de Bella.

– Você nunca foi a uma praia, Lemaitre? – Luke perguntou.

– Ah sim, já fui algumas vezes – a loira contou, ansiosa. – Mas essa é a primeira vez que venho à Saint-Tropez. Estou louca para conhecer Pampelone!

– Certo, todo mundo pronto? – Hugo indagou, olhando para os amigos.

Todos assentiram. O grupo deixou o hotel e eles só precisaram atravessar a rua para chegar à praia. Logo que pisaram na areia, os alunos do primeiro ano começaram a correr na direção do mar.

– Ei, vocês! – Lian berrou, sério – Voltem já aqui!

Todos olharam para ele.

– Não se afastem muito do grupo – o rapaz recomendou, com uma expressão séria. – E lembrem-se do que o ministro falou. Nada de magia, certo?

Os mais novos balançaram as cabeças positivamente, concordando. Lian deu mais algumas recomendações e aí os liberou.

– Lovegood dando uma de paizão – Luke comentou, rindo.

– Ele já tá treinando para quando a gente tiver os nossos – Bella disse, divertida.

Luke, Hanna, Hugo e Catarinha caíram na gargalhada. Lian ficou mais vermelho que uma pimenta.

 

Foi uma manhã bem divertida: Os mais novos aproveitaram para mergulhar, correr pela praia, construir castelos de areia, jogar Frisbee (sem dentes, claro); já os veteranos se contentaram apenas em pegar um sol e nadar um pouco. Às onze, decidiram voltar para o hotel, apesar do protesto de alguns.

– Calma, gente! – Hugo e Hanna tentavam acalmar os calouros – Nós voltaremos à tarde, ok?

Os mais jovens receberam aquela notícia com bastante alegria e regressaram ao hotel sem criar caso.

 

Depois do almoço, Luke e Catarinha deram algumas voltas pelas redondezas, procurando por algum lugar que vendesse coisas legais para dar de presente. Após algum tempo, encontraram uma pequena loja de variedades. Embora modesto, o lugar tinha um clima aconchegante. A dona era uma senhora baixinha e atarracada, muito simpática e atenciosa.

– Vocês não são daqui, são? – ela perguntou, sorridente.

– Não, não – respondeu Luke, enquanto observava um mostruário com diversos colares artesanais.

– Só viemos passar o fim de semana aqui – Catarinha explicou brevemente.

– É, dá para notar que não são daqui... – a dona da loja comentou, pensativa – Bom, fiquem a vontade. Qualquer coisa é só chamar, tudo bem?

Luke e Catarinha assentiram e a mulher se afastou, indo para os fundos da loja.

– Hum... Você acha que a Lili vai gostar, se eu der um desses para ela? – o garoto perguntou, coçando o queixo.

– Ah, ela já tem aquele que a avó deu para ela – Catarinha opinou, olhando um estande com camisetas. – Talvez seja melhor você comprar alguma coisa que combine com ele.

– Boa ideia – Luke gostou da sugestão e passou a olhar outro mostruário, cheio de pulseiras.

– Ah, essa boina é a cara da Anelô! – Catarinha guinchou, entusiasmada com uma boina vermelha.

– Acho que a Lili vai gostar desse – Luke pensou em voz alta, de olho em uma pulseira de couro com uma estrelinha no centro.

– E a Tainá vai adorar essa bolsa! – Catarinha exclamou, contente, correndo para uma bolsinha creme.

Os dois chamaram a dona da loja e lhe mostraram o que haviam escolhido. A mulher pegou as peças e as embrulhou meticulosamente. Luke e Catarinha pagaram a compra – bem barata, por sinal – e, se despedindo da senhora simpática, saíram da loja.

Na volta para o hotel, eles encontraram John, que estava seguindo um grupo de pessoas desconhecidas.

– Joe, o que você tá fazendo aqui?! – Luke perguntou ao amigo – E quem são essas pessoas?

– São turistas trouxas – John explicou, baixinho. – É que me inscrevi num passeio turístico – ele voltou a falar normalmente – e o guia está mostrando muitos pontos interessantes dessa região. E vocês?

– Fomos comprar umas coisas – Catarinha contou, mostrando os embrulhos.

– Estamos voltando para o hotel – Luke avisou ao amigo.

– Ok, agora tenho que ir com o grupo! – John se despediu deles e correu para continuar o passeio – Nos vemos mais tarde!

 

Às quatro da tarde, os estudantes se reuniram novamente e foram à praia, pela segunda vez. Mais uma vez, Lian conversou com os menores e pediu para que não se afastassem do grupo. Então começaram a procurar por um bom lugar, onde pudessem aproveitar tranquilamente aquele fim de tarde. O som de instrumentos musicais chamou a atenção deles.

– Olha, acho que eles vão fazer um luau – Hanna comentou, apontando na direção dos músicos.

– A gente podia ir lá – Bella sugeriu, olhando para os amigos.

Todos concordaram e decidiram se juntar à pequena multidão que assistia à apresentação. Dois homens tocavam seus violões magistralmente e o terceiro dava o ritmo, tocando um pequeno tambor; a vocalista, uma moça de pele bronzeada, olhos escuros muito expressivos e um longo cabelo acastanhado, cantava canções muito bonitas com uma voz doce e encantadora.

O grupo de alunos permaneceu ali, escutando a música e vendo o sol se pôr.

– No final, deu tudo certo – Bella falou, sentada ao lado de Lian. – Hoje foi um dia bem melhor do que eu esperava. Vou guardar esse momento na memória para o resto da vida. Valeu a pena!

Eles ficaram por ali até às seis e meia, quando decidiram voltar ao hotel.

– Ok, é hora da balada! – Catarinha exclamou, animada, entrando no quarto.

– E para onde a gente vai agora? – Hugo quis saber.

– Hum, ouvi falar sobre muitos bares, boates e clubes – a loira contou, reflexiva. – Aqui a noite é bem movimentada...

– E você já escolheu um lugar para ir? – Bella inquiriu, devolvendo o biquíni e a canga para a mochila.

– Tem muitos lugares mesmo, ainda não escolhi um – Catarinha explicou, ainda pensativa.

– Então é melhor já ir se aprontando – Hanna disse, procurando um vestido. – Depois a gente vê aonde vai.

 

– Tem certeza que não quer ir com a gente, Joe? – Luke perguntou ao amigo, antes de sair – Até o Dragoni vai!

– E o que tem de extraordinário nisso, Shaw? – Rafael reclamou.

– Nada, cara... – Luke ergueu as mãos, rindo – É uma coisa super comum...

As garotas começaram a rir também.

– Até parece que vocês vão todo dia, não é mesmo? – o loiro retrucou, de cara fechada.

– Tenho certeza absoluta – John respondeu, deitado na cama e trocando os canais de TV com o controle remoto. – E é melhor tomarem cuidado.

Os sete deixaram John no quarto e seguiram pelo corredor. Encontraram-se com os alunos do quarto e quinto ano.

– Fala, galerinha! – Hugo cumprimentou, divertido – Aonde vocês estão indo?

– Estamos indo para o salão de jogos – esclareceu um dos garotos. – Os trouxas têm um brinquedo bem da hora! Videogame é o nome, eu acho.

– Hum, legal – Hugo murmurou. – Bom, divirtam-se.

– Falou! – o quintanista fez sinal positivo e seguiu com o seu grupo na direção oposta.

Os alunos do último ano deixaram o hotel e caminharam pela rua movimentada. Pessoas e carros passavam por eles. Vez ou outra, alguma das garotas recebia cantadas dos homens que encontravam pelo caminho.

– Ok, para onde vamos agora, Srta. Balada? – Rafael perguntou a Catarinha.

– Vamos à casa de shows mais próxima daqui – ela falou, guiando os amigos.

Eles caminharam um pouco até chegarem ao lugar indicado por Catarinha. Havia uma multidão na frente do estabelecimento e dois brutamontes estavam parados diante da porta, regulando a entrada de pessoas.

– Quanta gente! – Hugo exclamou, desapontado – Vai demorar muito até que dê para entrar...

– A gente pode tentar outro lugar – Catarinha sugeriu.

– Não é uma boa ideia – Rafael discordou. – Provavelmente vai ser a mesma coisa e só vamos acabar perdendo tempo. Melhor esperar aqui.

– Ah, que falta faz aparatar nessas horas! – Luke lamentou-se.

– Bom, o jeito é ter paciência – Lian constatou. – Vamos entrar logo na fila, antes que apareça mais gente.

Os sete entraram na fila e esperaram por mais de uma hora pela vez de entrar. Quando a tão esperada hora de entrar e curtir a festa chegou, algo inesperado aconteceu.

– Vocês não podem entrar – avisou um dos seguranças brutamontes. – O lugar tá lotado.

– Você não tá falando sério, não é, cara?! – Hugo não conseguia acreditar.

Ninguém conseguia acreditar naquilo.

– Pô, a gente passou mais de uma hora na fila, esperando para entrar! – Luke reclamou.

– A gente não pode fazer nada, rapaz – o outro grandalhão disse, com a expressão fechada.

– E agora? – Bella se perguntou.

– Vocês podem esperar até que algumas pessoas saiam ou procurar outro lugar – o primeiro segurança deu as alternativas.

Os sete murcharam instantaneamente.

– O que faremos? – começaram a discutir entre si.

– Gente, chega mais – Hugo chamou os amigos. – Acho que tenho uma solução.

Os sete começaram a cochichar.

– Maldição Imperius! – Catarinha deixou escapar, espantada.

– Shhh! – os amigos fizeram apressadamente.

– Desculpe – a loira gemeu, sem jeito. – Mas... Mas é ilegal!

– Você quer entrar ou não? – Hanna indagou, com pressa.

– E se formos pegos? – Lian questionou, preocupado.

– É só fazer direitinho – Hugo argumentou, empolgado. – Um de nós lançará a maldição e os outros dão cobertura, para que ninguém veja.

– Tá, mas, quem vai lançar a maldição? – Bella quis saber – Quem de vocês sabe como fazer?

– Eu sei – Rafael anunciou, firme.

Os amigos olharam para o loiro.

– Muito bem, não podemos perder tempo – Hugo se preparou para agir. – Vamos dar um jeito de bloquear a visão do pessoal. Dragoni, se prepara.

O garoto assentiu. Os amigos se posicionaram ao redor dele, impedindo as pessoas próximas de verem o momento em que Rafael sacou a varinha e a apontou discretamente para os seguranças.

– Imperio – Rafael sussurrou, com a varinha levantada na linha da cintura e apontada na direção do primeiro segurança.

O grandalhão imediatamente adotou uma postura desleixada e seu olhar se tornou disperso. A carranca que ostentava sumiu, dando lugar a uma expressão mais branda. Ninguém, nem mesmo seu colega, notou a mudança de comportamento.

– Imperio – o loiro murmurou pela segunda vez, agora apontando a varinha para o outro segurança.

O resultado foi o mesmo e o outro brutamonte também sucumbiu à maldição. Rafael recolocou a varinha no bolso da calça jeans de forma imperceptível.

– Certo, vamos – ele chamou os amigos.

Os outros seis o acompanharam, enquanto o garoto se aproximava dos dois homens enfeitiçados.

– Meus amigos e eu vamos entrar agora – o loiro falou com firmeza. – Tudo continua do mesmo jeito.

– Tudo continua do mesmo jeito – os dois homens repetiram vagamente, novamente endurecendo as feições e retomando a postura intimidadora.

Os sete jovens passaram pelos seguranças e entraram na boate. Muitas luzes coloridas piscavam freneticamente, causando um ligeiro incômodo na vista, no início. O lugar realmente estava muito cheio e o grupo mal conseguia se locomover. Todos dançavam ao som de uma música eletrônica, bem agitada. Apesar de estarem muito próximos uns dos outros, precisavam literalmente gritar para conseguirem se comunicar, por causa da música alta.

– Vocês não acham que vamos ter problemas com o Ministério por causa disso, não? – Lian indagou, ainda preocupado.

– Relaxa, Lovegood – Luke falou, risonho, dando tapinhas nas costas de Lian. – Ninguém viu, então não tem encrenca.

– Quando a gente for embora, eu removo a maldição, é claro – Rafael garantiu, olhando para as pessoas dançando.

Lian assentiu, embora ainda não estivesse tão confortável com a situação.

– É, amor, vamos esquecer isso, por enquanto – Bella pediu, dando um beijo rápido no garoto. – Vamos dançar um pouco e aproveitar a noite!

A loira puxou o namorado para a pista de dança, muito animada.

– Eu vou pegar umas bebidas, beleza? – Hugo avisou para os outros – Shaw, pode me dar uma mão? – ele perguntou ao amigo.

– Claro – Luke respondeu.

Os dois garotos deixaram os amigos e desapareceram na multidão.

– Nossa, esses trouxas sabem como se divertir! – Catarinha comentou, fascinada – Bem que podia ter umas coisas dessas no nosso mundo...

– Ia ser bem legal mesmo – Hanna concordou, rindo.

– Certo, vamos esperar o Sângster e o Shaw trazerem as bebidas e depois vamos procurar o Lovegood e a Bella – Rafael combinou com Hanna e Catarinha.

Elas assentiram. Após alguns minutos, Hugo e Luke reapareceram, trazendo copos e uma garrafa.

– Agora vamos achar aqueles dois – Rafael chamou os amigos e todos o seguiram.

O grupo foi na mesma direção em que Lian e Bella tinham ido, passando com dificuldade pelas pessoas que dançavam. Levaram algum tempo para encontrar o casal no meio de tanta gente.

 

Eles passaram a maior parte do tempo dançando, bebendo, conversando sobre os trouxas e tirando sarro de Rafael – o único que não estava dançando.

 

Em certo momento da noite, um homem se aproximou deles. Era magro e de estatura média; tinha uma barba curta, usava um boné e se vestia de maneira casual; tinha um ar simpático.

– E aí, galerinha, tudo na boa? – ele cumprimentou, amigável.

O grupo correspondeu ao cumprimento, olhando com desconfiança.

– Então, vocês tão a fim de balinha? – o homem perguntou, de repente.

– Balinha? – Bella repetiu, olhando para o homem com curiosidade.

– Ah, eu quero uma! – Catarinha disse, animada.

– A gente tá tranquilo, cara – Lian se intrometeu, com uma expressão muito séria no rosto. – A gente não vai querer nada, não.

Rafael e Luke notaram, pela expressão no rosto de Lian, que o papo não era nada amistoso.

– Tem certeza, cara? – o homem insistiu, colocando as mãos nos bolsos – As minas querem uma, não querem?

Ele olhou estranhamente para Bella e Catarinha.

– Certeza, a gente não quer nada, não – Lian persistiu, serio.

– Beleza, brother – o homem deu de ombros. – A gente se vê por aí.

O estranho saiu caminhando e desapareceu na multidão.

– Por que você não deixou ele nos dar as balinhas? – Catarinha questionou, erguendo uma sobrancelha.

– Ele tava oferecendo droga, Marcheski – Lian explicou, ainda com a cara fechada. – Uma coisa que os trouxas usam para ficarem doidões, tendo alucinações. A Liz me contou sobre isso...

– Ela me falou sobre essas coisas também – Hanna confirmou. – Ela disse que faz muito mal para a saúde, tem gente que até morre usando isso...

– Nossa, obrigada – Catarinha agradeceu, suspirando. – Ainda bem que vocês não me deixaram usar esse troço!

– Graças ao nosso herói! – Bella exclamou e tacou outro beijo em Lian.

– Gente, vamos fazer um brinde – Hanna sugeriu. – Na verdade, dois. Um pelo Rafael, se não fosse por ele, a gente nem teria entrado; e o outro pelo Lian, que nos livrou de uma encrenca...

– Mas o plano para entrar foi meu! – Hugo protestou.

– Tá certo, mais um pelo plano brilhante do Sângster! – a garota disse, rindo.

Os sete ergueram seus copos e brindaram. Mas, no meio de tanta gente dançando, alguém esbarrou em Catarinha e a garota acabou derramando o conteúdo do copo no vestido.

– Ah, não... – ela se lamentou – Meu vestido...

– Eu posso dar um jeito nisso – Bella falou, puxando a varinha.

– Guarda isso logo, sua maluca! – Rafael gritou, apressado – Esqueceu que não podemos fazer isso em público?!

– Ah, desculpe! – Bella guardou a varinha rapidamente, sem graça – Esqueci completamente...

– Não tem problema – Catarinha os tranquilizou. – Eu vou para o hotel, troco de vestido e volto rapidinho.

– Sozinha? Não é uma boa ideia – Luke disse.

– Eu posso ir com você – Hugo se ofereceu.

– Não precisa, eu vou e volto num instante – Catarinha recusou.

– Shaw tem razão, é perigoso você ir sozinha – Rafael opinou.

– Não se preocupem, o hotel é logo ali, eu vou e volto rápido – a loira retrucou, irredutível. – Fui!

E assim, ela desapareceu entre as pessoas que dançavam, descontraídas.

Ao sair da casa noturna, a jovem bruxa se deparou com a imensa fila que havia no lado de fora. Ainda tinha muita gente aguardando por uma chance de entrar no estabelecimento. Aquela imagem ficou na sua cabeça e, enquanto refazia o caminho de volta para o hotel, ela ficou se perguntando se não fora muita desonestidade usar magia para entrar mais rápido em um lugar; deveriam ter pacientemente esperado mais, assim como os outros que também estavam na fila? A loira, porém, logo concluiu que, se eles não tivessem feito aquilo, as outras pessoas iriam passar mais tempo que o necessário na espera e que, no fim, a atitude deles acabou beneficiando terceiros, indiretamente. Esse pensamento era reconfortante e a ajudou a ficar mais tranquila sobre o assunto. Ter eliminado essa dúvida fez com que seu cérebro ficasse livre para pensar em outras coisas, ainda que seu único objetivo naquele instante fosse chegar depressa ao hotel, trocar de roupa e voltar sem demora para a balada.

No entanto, somente quando Catarinha já estava a alguns metros do hotel, foi que ela teve uma ideia que lhe pareceu bem mais prática. A garota achou que não seria preciso mudar de vestido desde que encontrasse um lugar deserto, onde pudesse usar mágica para remover a mancha de bebida nele.

– Não sei como não tive essa ideia antes – ela resmungou, olhando para os lados enquanto caminhava, procurando por um lugar ideal. – Com certeza teria me poupado tempo e energia...

A moça achou o lugar perfeito, dois minutos depois: um beco discreto, que aparentemente não atraía a atenção das pessoas que passavam pela via principal. Ela deu uma boa espiada, para ter certeza de que não havia mais ninguém ali, antes de entrar. Tendo confirmado, escorregou sorrateiramente para dentro da viela, sacando a varinha. Agarrou a parte manchada do vestido e a esticou, encostando ponta da varinha naquele exato ponto e se concentrando para executar o feitiço.

Foi aí que uma sucessão de estalos muito altos fez a loira literalmente pular de susto. Ela ergueu a varinha, olhando a toda volta, para descobrir a causa daqueles barulhos. Mas não havia nada e nem ninguém ali, exceto ela.

Mesmo assim, Catarinha não abaixou a guarda. Sabia muito bem o que significavam aqueles estalos: aquilo acontecia sempre que alguém aparatava ou desaparatava. E pela repetição, ela deduziu que, no mínimo, umas dez pessoas tinham aparatado naquele local.

Apesar disso, ela ainda não conseguia localizar as fontes do barulho. Aquele beco não era bem iluminado, só que a loira se via completamente só, embora não acreditasse nem um pouco nisso.

 

Estariam usando capas de invisibilidade? Ou seria algum feitiço para se ocultar?

 

De repente, a garota ouviu uma voz. Ela não conseguia entender direito o que a tal voz dizia, mas lhe pareceu que passava instruções. Outras vozes surgiram, em seguida, como se estivessem concordando com o que a primeira dizia. Catarinha finalmente notou que, mais adiante, o beco fazia uma inesperada curva para a esquerda e que as vozes vinham daquela direção. Caso pudesse se esgueirar até lá, facilmente descobriria do que se tratava.

A garota, contudo, sabia que aquela era uma péssima ideia, então decidiu ficar parada e se esforçou para conseguir compreender dali mesmo o que estavam dizendo.

A loira foi percebendo que o volume das vozes estava aumentando e que cada vez mais se tornava compreensível o que falavam. Isso obviamente queria dizer que os donos estavam vindo em sua direção.

Catarinha ficou preocupada, mas procurou manter a calma; precisava de muita concentração para escolher o que fazer: sua intuição lhe dizia para sair logo dali, correr para bem longe; já sua curiosidade lhe mandava fazer o contrário...

 

Topar com esse pessoal não seria nada bom, disso ela tinha certeza.

 

Então lembrou que, minutos antes, tinha cogitado a possibilidade de haver gente usando feitiços para se ocultar e pensou que essa seria uma boa forma de descobrir o que estava acontecendo sem ser vista. Bateu com a varinha no topo da própria cabeça e sentiu um leve arrepio que percorreu sua coluna. A garota levantou a mão esquerda a tempo de vê-la se tornar totalmente transparente, assim como o resto de seu corpo e seu vestido. Daquele jeito, era praticamente impossível perceber sua presença ali.

No mesmo momento, ela viu um grupo surgindo no final do beco. Uma estranha calmaria tomava conta do lugar. A loira encostou-se na parede, ligeira e silenciosamente, deixando o caminho livre para que eles passassem.

Curiosamente, todos naquele grupo vestiam roupas escuras. Apesar da baixa iluminação, era possível enxergar os rostos com exatidão e um deles lhe chamou a atenção: eram guiados por um homem magro, de pele escura e cabelo muito curto, platinado. Catarinha teve certeza que já vira aquele rosto antes e forçou a memória um pouco, para lembrar-se de onde conhecia aquele homem.

Eles pararam bem diante dela e alguém do grupo deu uma olhada tímida na via principal.

– Tudo limpo – a pessoa anunciou para os outros.

– Certo, tá na hora – o homem de cabelo platinado falou para o restante do grupo. – Ela os quer vivos, não esqueçam.

Aos poucos, o grupo foi se dispersando e o último deles a sair do beco foi o homem de cabelo platinado. Catarinha já tinha se lembrado de onde conhecia aquele rosto: ele era um dos procurados pelo Ministério e fazia parte do bando de Lucy McCarthy. As fotos dele e dos outros foragidos sempre estavam no jornal e em cartazes do Ministério.

A garota os acompanhou com o olhar, tentando ver aonde iam. Depois que os perdeu de vista, retirou de si o feitiço de Desilusão e se pôs a pensar no que fazer. A coisa mais importante, ela achou, era contar para alguém... Mas quem? Os aurores? Seria a melhor opção. Apressou-se em voltar para o hotel.

 

Catarinha passou pela recepção, rápida como um foguete e foi diretamente ao quarto em que ela e os amigos estavam instalados. Encontrou John, que adormecera enquanto assistia à televisão.

– John, acorda! – a loira o cutucou, para despertá-lo. – Acorda, menino! É importante!

O garoto acordou, olhando para os lados, sem entender o que estava acontecendo.

– John, eu preciso da sua ajuda! – ela grunhiu, uma nota de desespero em sua voz.

– Hã? Catarinha? – John olhou para ela com os olhos apertados – O que está fazendo aqui? Cadê os outros?

A garota tentou explicar resumidamente o que tinha acabado de presenciar.

– Então temos que avisar aos aurores – o rapaz aconselhou obviamente.

– Eu sei! – a loira disse, nervosa – Você vem comigo?

– Tudo bem – John concordou.

O garoto se levantou da cama e acompanhou Catarinha até o quarto dos funcionários do Ministério. Um auror os recebeu e a garota tentou contar a história o mais rápido possível. O auror ouviu cuidadosamente o relato da jovem. No fim, ele falou:

– Uma parte dos meus colegas foi para o restaurante do hotel. Tem alguns no salão de jogos e tem uma equipe de olho nos que estão na casa de shows. Vou chamar reforço e reunir o pessoal disponível. Esperem aqui, eu já volto.

O auror saiu do quarto, com pressa, deixando os dois estudantes no quarto.

 

Alguns minutos se passaram e nada de auror reaparecer e nem sinal de equipe ou reforço.

– Ele tá demorando muito! – Catarinha reclamou, preocupada.

– Fica calma, essas coisas são assim mesmo – John tentou tranquilizar a amiga.

– Mas o ministro não nos disse que eles estavam preparados para resolver qualquer imprevisto? – ela questionou – Olha, quer saber de uma coisa? Eu vou lá.

– O quê?! – John exclamou, vendo a garota abrir a porta e sair do quarto, decidida – Espera! O auror nos disse para esperar...

Mas Catarinha já estava quase no final do corredor.

– Merlin! – o garoto vociferou.

Relutante, ele seguiu a amiga, pois não podia deixar que ela enfrentasse tamanho perigo sozinha.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...