História A Rainha - Capítulo 13

~UM DIA DEPOIS~

Levei alta de uma coisa completamente desnecessária e fiquei feliz ao volta para meu quarto. Eu já havia feito meu "trabalho" como rainha nos dias anteriores e estava de folga naquele dia. 

Coloquei um vestido que ia até o meu joelho, preto e um salto de veludo da mesma cor. Me dirigi até a Ala Hospitalar e perguntei pelo quarto de Hannah — Ela havia trocado de quarto e estava se recuperando. Ao chegar lá, eu a vi encarando o teto. Uma enfermeira de pele morena e cabelos castanhos e cacheados veio me informar seu estado de saúde.

— O feto está bem. — Começou ela. — Ainda não está totalmente forá de perigo. A senhorita Lady Hannah não fala nada Vossa Majestade. Apenas faz mímica afirmando ou recusando com a cabeça quando necessário, e olhe lá. Ela apenas fica assim o inteiro. Espero que a senhora consiga mudar essa situação. Com licença. — Depois de jogar uma bomba em cima de mim, ela saiu. Agradeci aos céus.

Respirei profundamente e me dirigi até a uma poltrona azul retrô que havia ali ao lado da  cama de Hannah. Me sentei.

Repassei mentalmente exatamente as palavras que eu queria utilizar. Ajeitei a postura na cadeira e rossei meus lábios me preparando para poder falar com ela.

— Hannah? — A chamei. Sem respostas. — Sou eu, Emma. Tenho certeza que você ainda está aí Hannah. Preciso que esteja. Quero falar com você Hannah... — Eu estava implorando. Toquei seu braço e eu a vi derramar uma lágrima que escorregou pelo seu rosto até parar no travesseiro. — Amiga...

Ela se virou para mim. Abriu um sorriso triste e ajeitou a cabeça no travesseiro que agora estava praticamente encharcado de lágrimas. Ela me olhava. Parecia estar tentando lembrar de algo. Ela olhou para a parede e focou seu olhar por lá. Fiz o mesmo. Me deparei com Harry lá. Descobri que o sorriso era para ele. 

— Oque faz aqui? — Perguntei balançando a cabeça negativamente.

— Venho aqui todos os dias para poder ler para ela. Conversar. Faz bem a ela.

— EU PERGUNTEI OQUE FAZ AQUI! — Me descontrolei. Ele olhou para mim e eu continuei com as lágrimas perto de cair.

— Eu vim ver minha mulher.

— Ex-mulher! — Corrigi. — Você fez isso com ela. E ela está grávida de um filho seu Harry. Seu filho...

— Eu preciso que você me perdoe por isso. Quero que esqueça. Porque isso fica entre mim e Hannah.

— A minha dor é a dor dela, da mesma maneira que a dor dela é a minha dor. Por isso, eu não vou desistir de assassinar você por ter feito isso com ela.

— Harry, saía. — A voz de Hannah saiu fraca, em um sussurro rouco. Eu o encarei com ar de ter vencido aquela "guerra". Harry engoliu em seco. Folheou rapidamente as páginas do livro que segurava. E por acaso era "Recaídas do amor" ele se retirou de cabeça erguida e eu me sentei ao lado de Hannah. O sorriso triste já não existia. E sim as lágrimas que automaticamente pararam de cair.

— Você vai ficar bem Hannah, eu prometo.

~UM MÊS DEPOIS~

Hannah estava bem. Estava na gestação de três meses e meio e faria quatro meses na próxima semana. Blair ficou furiosa ao saber que eu escondi o estado de saúde de Hannah.

— Estou bem, já disse. — Reclamei para Fred que me perseguia pelo castelo insistindo no assunto de eu estar doente ou coisa do gênero.

— Não, não está. Você vomita uma vez por dia e quase não come. Estou começando a ficar preocupado. Espere, é para eu ficar preocupado?

Parei de andar e comecei a dar risada e logo em seguida a quase chorar. Suspirei.

— Fred, eu estou bem. — Peguei a maçã que ele segurava em sua mão e dei uma dentada. Mastiguei a maçã inojada.

— Não, não. Definitivamente você não está bem. — Eu ri e vi ele me dar um selinho — Tudo bem, tudo bem. Já cuidou dos postos de saúde?

— Sim!

— A recepção dos mexicanos Élgmates será nessa sexta-feira a noitece, estou certo?

— Certíssimo!

— Ótimo, tire o dia de folga. — Ele falou antes de eu tentar dizer "não, eu estou bem". Eu não estava bem. Ele sabia.

— Amor! — Tentei persistir.

— Ajude Hannah e Blair. E por falar nisso, Blair está planejado o chá de bebê dela, será ótimo você ajudá-la a pegar o jeito.

— Não estou grávida. — Cortei. Eu tinha mais ou menos 75% de chances de estar grávida, outros 25% precisaria levar na sorte. Eu tinha apenas quinze anos e já era rainha de quatro países sendo que o único que eu ocupava era a França. Em nove ou dez anos que eu vivi na França, nunca achei que gostaria tanto daquele país.

— Vou fingir que acredito.— Seu sorriso foi de orelha a orelha e eu o observei se afastar, depois de me dar um selinho na ponta do nariz.

Andei até o quarto de Hannah onde eu avistei Blair. Ela estava de cinco meses de gravidez com a barriga redonda e o vestido já se levantava um pouco. Era fofo demais aquele vestido: vermelho com várias bolinhas brancas e um laço acima da barriga, a marcando. Combinava com o verão que havia acabado de chegar.

— QUERIDA! — Blair exclamou me dando um braço extremamente apertado, a única coisa que atrapalhava era a barriga já grandinha.

— Olá Blair! Estava com saudades de você! Seus conselhos são definitivamente a base da minha vida.

— Hm, deixe-me adivinhar. Dias difíceis?

— Sim, sim... — Murmurei com um sorrisinho falso. Ela sorriu e percebeu. Pegou minha mão e me guiou até a cama onde Hannah se entopia de sorvete.  — Conte tudo. Não exite em dizer nada!

— Desabafe Emma. — Hannah mumurou com um sorriso me ajudando e encorajando.

— Eu acho que estou grávida.

~=~

Fiz dois exames de sangue, um teste da Ala Hospitalar — daqueles de farmacia. Oque era uma péssima idéia —; e por fim, acabei por esperar o exame sair.

E saiu.

NEGATIVO, para meu azar eu não estava grávida. Lá no fundo, bem lá no fundo, doeu. Doeu porque eu queria me dar o luxo de dizer ao Harry "parabéns, você será papai!"; Seria algo ótimo, exprementar algo novo. Ser mãe não era uns dos meus sonhos de infância. Eu tinha quinze anos, Hannah dezesseis e Blair faria quinze. Mas eu queria um bebê. Talvez estivesse cedo demais e o planeta soubesse.

O resultado do meu teste foi começo de anemia. Eu quase não comia por causa dos meus dias cheios de rainha. Por isso, estava com começo de anemia.

Respirei fundo, depois de três dias, do dia que eu pensei estar grávida e ter a grande decepção de dizer ao Fred que eu não estava grávida, estava eu, lá, organizando uma recepção grandiosa que por sinal estava pronta.

— Vossa Majestade, a senhora tem vista! — O criado anunciou e me fez revirar os olhos e largar aquele iPod onde eu marcava tudo para fazer ficar perfeito.

— De quem se trata?

— Érica Parks.