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História A Residente - Capítulo 28


Escrita por: fanyunnie7

Notas do Autor


Olares, alguém ainda aqui?
Cheguei com mais uma atualização, e foi o mais rápido que pude chegar, porque ando louca estudando pra um concurso que farei no dia 25/11
Anyway, mais um capítulo importante e com "pov" da Tae, o que vai preparar vocês para uma revelação bem chocante nos próximos. Bom, espero que seja chocante UAHSUHAUSHUH
Esse é um capítulo para vocês sentirem e, se puderem, refletirem sobre as atitudes das personagens em questão.
Boa leitura <3

Capítulo 28 - Capítulo 28


Pov Tiffany

Reúno forças para acordar, abrir os olhos nunca foi tão doloroso, quanto nessa última semana. Grunhi de dor, ao sentir a cabeça latejar. Percebi que dormi tempo demais, ou quase nada. Todo dia, matava um leão para continuar viva, mas já não via mais motivo e nem sentido nisso. 1 semana inteira, sem notícias da Taeyeon. Malmente a via pelo hospital, nos encontrávamos somente em meus pesadelos, que voltaram a me acessar e assombrar, de maneira impetuosa. Alongo todos os músculos do meu corpo e os sinto reclamarem, pela minha volta repentina à corrida matinal. Era esvair a mente dos problemas na corrida ou simplesmente me afundar neles, juntamente com um monte de calorias vazias de um generoso pote de Ben & Jerry. A dor do corpo, era nada comparada com a dor da mente e da minha mais nova sensação de abandono.

Virei para o lado e busquei meu celular no criado-mudo. 4:37 am e as horas pareciam se arrastar e zombar da minha ansiedade. Dormir, era uma atividade que se tornou impossível de apreciar. Eram 3, no máximo 4 horas de sono por noite, e isso parecia ser o suficiente para mim, mas nunca me regenerava. Levantei da cama e decidi passar um café, para admirar a minha hora favorita do dia; o nascer do sol. Não era apenas o despertar do dia, mas de todos os meus devaneios e, quem sabe, de uma nova atitude para minha vida. Mas, falhava miseravelmente, neste quesito. Talvez, essa nova Tiffany, precisasse de um tempo para também absorver esses últimos dias, como a Taeyeon se prestou a fazer, antes de virar a página da sua vida. Talvez, ela precisasse se afogar em sua própria tempestade, para, posteriormente, apreciar o arco-íris que nasceria no cessar da mesma.

Segurando a caneca fumegante com café, voltei para o quarto, me esgueirando pelo apartamento escuro. A solidão, parecia abrilhantar o apartamento e entender que, essa nova Tiffany, estava longe de estar pronta, para dar o próximo passo. E eu, ainda não a queria, era conflituoso demais, desgastante demais. Ela lutava para sair e eu a socava para dentro novamente. Precisava do meu processo de superação, tanto quanto precisava da Taeyeon ao meu lado, para me ajudar a superar. Talvez Yuri estivesse certa, já estava na hora de voltar a fazer terapia, pelo menos mal, não me faria.

Debrucei meus cotovelos sobre o parapeito da janela e, segurando a caneca entre minhas mãos, fiquei a fitar o horizonte não tão longínquo. O amarelo dourado, começava a se sobrepor ao rosa, deixando-a se esconder entre a imensidão azul que adornava o céu, repentinamente. Os primeiros raios solares perpassaram as nuvens branquinhas, se estendendo pelo Oceano Pacífico, refletindo o cenário que pintava uma tela desvanecida, da minha própria realidade. Adorava como o nascer do sol, inspirava os meus pensamentos e me concebiam novos sentimentos.

Sorvi alguns goles da bebida, enquanto apreciava a imagem que, mais uma vez, acordava os Angelinos. Quantas pessoas mais se sentiam solitárias, apreciando essa tela? Era mais um dia sem Taeyeon e, tudo o que me restara, era a maturidade de uma paciência, para esperar pelo seu tempo.

***

Saio do elevador e assim começa outro pesadelo, esse mais real e mais palpável. Meu olhar busca por ela em todos os rostos, meu olfato busca pelo cheiro que emanava da sua pele, mas falho em todos eles. Pensei em várias desculpas para bater à sua porta, interromper seu maldito trabalho, e gritar o quão medrosa ela estava sendo, mas nada me vinha a mente. Era o tempo que ela queria, era o tempo que eu daria. Na verdade, não me importava muito com a complexidade dos seus sentimentos, desde que isso acrescentasse não apenas em minha existência, mas que a reciprocidade se abrigasse de maneira genuína, dentro dela. E que, quando ela estivesse pronta para mergulhar em meu íntimo nu e cru, se molhando em minha tempestade, que não voltasse atrás para buscar um guarda-chuva.

Deixei o vestiário e segui diretamente para a recepção. Peter e os estagiários já estavam entretidos no único assunto, que se alongou durante toda a semana; a despedida dos estagiários, era a última semana deles. Eu não estava afim, não estava no clima para comemorações, apenas queria me recolher e poupá-los dos meus sorrisos falsos e fingimentos humorados. Me servi com uma dose extra de café e, assim que me escorei na quina da mesa, prestando atenção na conversa animada que se desdobrava ali, Taeyeon apareceu do outro lado da recepção, dispersando todos do momento descontraído, chamando a nossa atenção com a sua voz firme e, como sempre, autoritária.

- Hwang e Parker, em minha sala, agora !

Levanto o olhar para ela, quando a sua voz reverbera por todo meu corpo, me causando calafrios. Nossos olhares se cruzam por um piscar de milésimos e, subitamente, ela os afasta, procurando os de Peter para se abrigar. Seria medo? Angústia? Repressão? Sua postura estava mais rígida, como se quisesse passar mais seriedade e aparentar mais idade do que tinha. E, mais uma vez, ela se afasta, levando consigo, outra esperança de uma conversa muda e casual, outra esperança de tentar desvendar, as amarras e inseguranças que se desprendiam do seu olhar. Bem-vinda, mais uma realidade aterradora. Mas, como poderia culpa-la por se afastar de mim, por causa dos meus problemas insolúveis, quando eu mesma queria poder fazer isso?

Por todo o caminho, o silêncio imperou, exceto pelo bater de salto da Taeyeon, que pisava firme no azulejo da sua sala e ressoava pelo ambiente gélido. Fechei a porta atrás de mim e fui aproximando da cadeira vaga, ao lado de Peter. Sentei sem muita emoção e procurei pela figura imponente à minha frente. Taeyeon estava com os olhos pregados na tela do seu laptop e sua mão servia de suporte para o seu queixo. Em seu rosto, não havia marcas de maquiagem, estava extremamente límpido e sem expressões. Seus cabelos, estavam presos em um coque mal feito e seu olhar profundo, parecia perdido, desolado. Calmamente, ela foi retirando seus óculos de haste grossa preta e abaixando a tela do laptop, voltando atenção para a gente, pulando de um olhar, para outro.

- Duas coisas que eu preciso falar com vocês. Primeiro, eu gostaria de saber, há quantas anda o estudo de caso de vocês? Precisarei adiantar as apresentações, porque um dos pacientes será transferido para o outro hospital. – Pegou um prontuário que estava ao lado do seu laptop e o abriu. – O seu paciente, Parker. Já recolheu todas as informações que precisava dele? Aferiu todas as dobras?

- Sim doutora Kim. Meu estudo de caso já está montado. – Respondeu ele, sucintamente.

- Ótimo. – Pegou outro prontuário e abriu, colocando por cima do outro. – Hwang, o seu já está montado também? – Indagou sem ao menos me olhar, passando as páginas constantemente, como se fosse mais importante do que obter a minha resposta.

- Sim doutora. – Menti. Remexi meu corpo levemente na cadeira, me dando conta da minha falta de compromisso, durante nessas duas últimas semanas. – Eu só preciso verificar umas coisas, antes de fazer a conclusão.

- Tudo bem, faça ainda nessa semana. A apresentação ocorrerá na próxima segunda. – Fechou os prontuários e entregou para cada um, com o seu respectivo paciente. – A segunda coisa que eu tenho para dizer é que, a prova escrita dos estagiários, já está pronta. Como já é a última semana deles, basta que um dos dois, aplique. Vocês decidem quem será. – Apoiou os cotovelos sobre a mesa e fechou os olhos, massageando as têmporas. – Vocês já podem ir.

- Sim doutora. – Peter respondeu, já se levantando da cadeira.

Espelhei o seu gesto, com uma imensa vontade de ficar e saber o que estava acontecendo. Visivelmente, ela não parecia estar bem. Seus olhares emudecidos, me quebraram, hora nenhuma fez menção de me acessar. Eles me norteavam e me acalmavam, mas agora, eram os seus que precisavam de um norte, de uma calmaria, mas sabia que eu era a causadora do seu conflito interno. Antes de fechar a porta, dei uma breve olhada e ela estava me fitando, mas não sei se me enxergava. Fiquei inerte, presas em suas orbes inexpressivas, tentando algum contato a mais do que havia conseguido. Mas ela simplesmente desviou o olhar e abriu seu laptop novamente, me respondendo com um silêncio ensurdecedor. Com o coração palpitando pela expectativa de um sorriso que nunca chegou, fechei a porta e respeitei o seu silêncio. Conhecia os seus trejeitos, e dessa vez, pude constatar a tristeza evidenciada em sua expressão.

 

Para o meu espanto e contentamento, as horas passaram praticamente voando. Foi bom poder, enfim, mergulhar de cabeça no trabalho e me concentrar em calcular as dietas, de todos os pacientes que haviam dado entrada no hospital. A falta de diálogo com a Taeyeon nessa última semana, apenas serviu para me manter fixa em minhas obrigações, sem terceiras dispersões. Enquanto ela não estivesse pronta para mim, decretei que focaria apenas no trabalho, sem alusões desnecessárias. Meu passado, foi enterrado de vez. Nunca mais permitiria acesso à essas memórias e lembranças. Mas, o fato de não ter a atenção da Taeyeon, me incomodava. Meu incômodo por isso, me incomodava. Decidi respirar profundamente e vencer um dia de cada, com a ausência que a sua presença fazia. Ela estava apenas tendo uma semana ruim, eu tive quase uma infância inteira.

Quando chegou o horário de ir embora, decidi passar na ala de psiquiatria, para ver como funcionava a marcação de consultas, com o psicólogo. Adentrei a enorme sala e segui diretamente para o balcão, onde haviam duas recepcionistas, conversando ao telefone. Uma delas, olhou em minha direção e, sorrindo graciosa, levantou o dedo para que eu esperasse ela finalizar a ligação. Acenei brevemente com a cabeça e peguei um folheto que estava ali em cima, para ir me sentar. “Você está pronto?” Era o que dizia em negrito bem no alto da revista. Exalei o ar lentamente e comecei a me sentir ansiosa. Quando virei, senti meu coração acelerar bruscamente, ao ver Taeyeon sentada em uma das poltronas, folheando uma revista de cabeça baixa, com uma paciência invejável.

De repente, sinto o incômodo me preencher novamente. O que ela estava fazendo ali? Quando foi que deixou de ministrar aulas de noite, para ficar sentada em uma sala de espera, esperando sei lá o que? Quando foi que passei a desconhecer essa nova Taeyeon sem maquiagem, de cabelos presos, expressões vazias, olhares perdidos e emanando silêncio? Quando foi que ela passou a ser detentora de uma paciência, que nunca havia existido antes? Ela estava criando uma muralha em volta de si, erguendo uma barreira entre a gente e isso eu não poderia permitir.

Amassei o folheto em minha mão e, segurando firme, transportando todo o nervosismo que me acometeu, segui a passos firmes em sua direção. Era um misto de sentimentos, que eu não conseguia explicar. Decepção pelo seu abandono repentino e falta de coragem por não ficar ao meu lado quando eu mais precisava dela. Raiva pelo seu silêncio durante toda uma semana, como se eu nunca tivesse existido em sua vida. Frustração por me sentir tão insignificante perante os seus olhares vazios. E, amor .... amor por tudo de mais sincero que ela me proporcionou, amor por tudo o que vivemos e saudades por tudo o que nunca chegamos a viver.

Bruscamente, puxei a revista da tua mão e a fechei, jogando na poltrona vazia que estava ao seu lado, chamando finalmente a sua atenção. Calmamente, ela levantou do lugar, ficando frente a frente comigo. Uma aproximação perigosa, deixando todo meu corpo em alerta, mas que ainda, parecia haver uma barreira invisível, nos separando por quilômetros. Vi a surpresa se formar por traz dos seus olhos, escondida na armação preta dos seus óculos. Vi também que, por mais que eu a odiasse com a intensidade do meu coração, percebi que não conseguia deixar de amá-la, na mesma intensidade.

- Precisamos conversar Taeyeon. – Falei direta, reunindo uma coragem quase inexistente, que fez minha respiração pesar.

- Tiffany, por favor, agora não. – Me alertou, desviando o olhar rapidamente para a sala, e depois para mim novamente.

- Seu silêncio está me matando. – Fechei os olhos, apertando-os tão forte, que nem me dei conta da veracidade das minhas palavras, condizentes com os meus sentimentos. – Eu sinto tanto a sua falta, eu não consigo aguentar mais isso. – Os abri e a enxerguei de maneira turva, com as lágrimas que brotaram subitamente e cutucavam no fundo dos meus olhos. Estava sendo doloroso demais ser ignorada, pela mesma pessoa que, então pouco tempo, me fez amá-la.

- Não faça isso, não aqui. – Segurando firme em meu pulso, ela me puxou para o canto da sala, me pressionando levemente contra o aquário. – Antes de conversar com você, eu tenho coisas comigo mesma, para serem resolvidas. Questões passadas, que acabaram por vir à tona com tudo isso. – Estendeu a mão e limpou uma lágrima furtiva, que rolou pelo canto do meu olho. – Acredite quando eu digo que eu ainda te quero, como sempre te quis. Nada mudou, eu só preciso me resolver.

- Mudou, tudo vai mudar, e você sabe disso. – Levantei meu olhar para o seu e vi a complicação se formar. Era a primeira vez que nos víamos assim, tão profundamente, tão transparentes, e isso parecia doer e me corroer. - Eu não gosto de te ver assim, você não é assim. – Falei fraco, abaixando meu olhar para a sua corrente dourada que reluzia entre seios, procurando um ponto de apoio, que me trouxesse paz. – Não é a mesma Taeyeon que eu me apaixonei.

Ela sorriu casto e foi a primeira vez, em dias, que eu senti meu coração se aquecer nessa semana, como um solzinho brilhando em meio às minhas nuvens nubladas. Ela segurou meu rosto entre suas mãos de maneira carinhosa, e depositou um beijo apertado em minha testa. Fechei meus olhos com a gentileza do seu toque e passei os braços de maneira possessiva em volta da sua cintura, querendo mantê-la assim para sempre, para nunca mais me soltar. Taeyeon, era a melhor definição de lar, de abrigo ... de meu. Não tinha me dado conta do tamanho da falta que ela me fazia, até ela se separar novamente do meu corpo e me segurar pelas mãos, avisando que precisava ir. Ao contrário de como achei que fosse me sentir, eu fiquei bem, estava ciente de que ela também precisava se cuidar, para, enfim, poder cuidar de mim.

***

Ao chegar em casa, senti o peso dos meus ombros se esvaindo. Nem havia me dado conta da tensão que me acobertou durante uma semana inteira, até consegui falar diretamente com a Taeyeon e ter notícias suas. Joguei a bolsa no chão e fui adentrando a cozinha, sentindo uma fome repentina, a qual não senti durante toda uma semana. Abri um sorriso carinhoso ao ver Yuri em pé atrás do balcão, derramando o café em sua xícara, me seduzindo com aquele maravilhoso cheiro, sempre tão convidativo para um escape momentâneo.

- Alguém está de bom humor hoje. – Provocou de maneira divertida.

- Sim, consegui agendar uma consulta para fazer entrevista com a psicóloga. – Peguei a minha xícara e empurrei em sua direção, para que ela preenchesse a minha também.

- Jura? Eu fico tão feliz em saber disso babyTi. – Ela arrodeou o balcão e se aproximou, jogando seu corpo contra o meu, em um abraço lateral. A felicidade que ela demonstra me preenche, e eu só posso agradecer, por tê-la em minha vida. – Mas, é só por isso que você está com esse sorriso estúpido nos lábios, ou tem a ver com uma certa chefa?

- Não consigo disfarçar, não é? – Sentei em um dos bancos, fingindo surpresa. – E você, está muito arrumada. Vai sair?

- Você seria uma péssima atriz. Então .... conversaram? – Ela sorveu um gole da sua bebida e me fitou com expectativa, abrindo um sorriso iluminado. Yuri era uma verdadeira cafajeste. – Vou pra casa da Jessica.

- Conversamos pouco. – Dei de ombros e ela rolou os olhos. – Sim, pouco, mas ela me disse que precisava do tempo dela e que ainda me quer como antes. – Segui para o armário e peguei a mistura para fazer macarrão com queijo. – Então, as coisas estão indo bem pra vocês?

- Acho que sim. – Respondeu sucinta. Virei segurando a caixinha e ela estava encostada casualmente na bancada. – Mas, você ainda não parou pra pensar nisso? 

- Como poderia? Passei a semana inteira pensando nela, não houve espaço para mim.

- É isso o que não pode, e você sabe disso. – Lancei um olhar incrédulo e ela levantou a mão em forma de rendição. – Olha, não posso negar, eu gostei bastante da atitude da Taeyeon em ir atrás de você, apesar de nunca imaginar que ela faria isso. Mas só estou falando, não esquece de cuidar de você também. 

- Eu estou bem Yu, de verdade, você sabe que estou. – Derramei o macarrão dentro da panela, enquanto ela se aproximava de mim. – Agora vai, alguém precisa transar dentro dessa casa.

Gargalhando, ela me envolveu em seus braços novamente. -  Vou deixar meu celular ligado, caso você precise. – Senti seu beijo apertado em minha testa, e ali, pude sentir que tudo estava bem. – Te amo, durma bem.

- Também te amo BabyYu.

 

O apartamento ficou silencioso, me acolhendo novamente em uma solidão genuína, já bastante amiga. Após jantar, tomei um banho relaxante para confortar meu corpo e esvair a mente. Peguei o notebook e me joguei na cama, para tentar finalizar o meu estudo de caso. Minutos a fio, lendo minunciosamente cada palavra e revisando cada patologia do meu paciente, já não conseguia mais me concentrar nas letras itálicas. A mente, já demasiadamente cansada, não conseguia fazer com que eu absorvesse mais os tratamentos paliativos, pro meu paciente com câncer.

Como uma rota de fuga para a minha mente já cansada, peguei meu celular no criado mudo e, deslizando o dedo pela agenda telefônica, suspirei fundo ao parar no nome da Taeyeon. A vontade de ligar era tanta, nem que fosse para ouvir sua vez. Desculpas, sobre o estudo de caso, eu tinha de sobra para puxar assunto, mas nada que me acalmaria. Queria falar sobre a gente, precisava falar sobre a gente. E, precisava ainda mais, desabafar tudo o que estava preso em meu coração. Foi quando decidi lhe enviar uma mensagem.

 

Pov Tiffany (off)

Em seu escritório, Taeyeon caminhava firme de um lado para o outro, afundando os pés no piso e abrandando as têmporas com as pontas dos dedos. Pela primeira vez na vida, sentia-se impotente, sentia-se fraca, sentia-se perdida e presa, em um emaranhado de teias de sentimentos, as quais fora sugada para dentro. Seu sono, já não era mais o mesmo. A preocupação ocupava a maior parte da sua mente e ladeada todas as suas incertezas.

Não podia negar que, a semana inteira sem ver Tiffany, havia deixado em um péssimo astral e se culpava por ver aqueles olhos que, antes cheios de sensualidade, hoje tão cheios de lágrimas, e por sua causa. Vê-la daquele jeito, no consultório, a quebrou em pedaços incontáveis, e sabia que era a única que poderia cuidá-la. Sentiu como se seu corpo entrasse em colapso, com o choque de realidade; essa mesma que ela causou, quando decidiu se afastar por um tempo.

Em sua mesa, uma pilha de provas para serem corrigidas, juntamente como uma xícara de café para lhe servir de consolo, mas sua mente fugaz, a levava para outra dimensão. Para outro bairro. Para outro apartamento. Perguntava-se o que a sua menina fazia. Se estava bem, principalmente depois da conversa não tão longa, que tiveram mais cedo. Se estava comendo. Se estava se cuidando. Não entendia como tudo parecia estar desmoronando em suas mãos e, principalmente, quando se sentiu tão indefesa quanto agora, a ponto de não conseguir raciocinar como dar o próximo passo.

Caminhou para a sua mesa e pegou a xícara fumegante com o café. Ao sorver do primeiro gole, amargurou a feição e se arrependeu no mesmo instante. Precisava de algo mais forte, algo que fosse condizente, para conseguir lidar com tudo o que acontecia em sua mente; o subterfúgio perfeito para entorpece-la. Caminhou até o minibar na sala e serviu uma dose do seu costumeiro Bourbon. Seguindo para o outro canto, onde ficava uma antiga vitrola, e presente do seu pai, Taeyeon escolheu a dedo o disco que iria lhe fazer companhia nessa noite conflitante e solitária.  

Logo, a voz grossa e rouca do Tom Waits embalou o ambiente, com New coat of paint. Suspirando em contentamento, Taeyeon voltou para o seu escritório, deixando a porta do mesmo aberta, para que a música obtivesse o alcance dos seus ouvidos e sanasse seus pensamentos conflituosos. Havia chegado da universidade há pouco menos de 20 minutos, onde apenas ministrou uma aula. Era sempre tão impecável e admirável ao todo tempo, mas nessa última semana, vestia-se de maneira desleixada, sem um resquício de vontade de deter os olhares atirados em si. Ainda trajava sua calça jeans skinny e uma blusa social branca de botões. O salto, havia abandonado seus pés no instante em que adentrou seu apartamento, assim como o seu humor. Encontrar o apartamento vazio, era tudo o que ela precisava, para restaurar seus pensamentos.

Recolheu os pés para a poltrona e apoiou o copo no joelho, ficando perdida em pensamentos, recapitulando tudo o que havia confidenciado dentro da sala do psicólogo, novamente. Só que dessa vez, Jessica não estava ao seu lado, não era uma terapia de casal, era apenas ela e o seu monstro adormecido, que voltou a remexer seu estômago. Perdoar, nunca havia sido o seu forte, apenas ignorava toda e qualquer situação que a feria. Fingia-se de forte, fingia-se intocável, fingia-se inabalável. Mas, bem lá no fundo, só ela sabia onde a dor habitava e o monstro cutucava.

Sorveu um gole da bebida e, quando daria aquele terrível dia por vencido, direcionou o olhar para cima da mesa, quando seu celular apitou e acendeu, indicando uma nova mensagem de texto. Reuniu forças para levantar e amaldiçoar, seja quem quer que fosse que a tivesse incomodando naquele momento inoportuno. Pegou o celular da mesa e, ao ver o nome da Tiffany, sentiu todo seu corpo formigar e a cabeça girar. Com os olhos presos à tela do celular, sorveu todo o restante da bebida, ponderando em abrir para ver o conteúdo da mensagem. Lutava internamente, travava uma luta invisível, onde só ela via o seu oponente. Mas ignorá-la, como fez na última semana, doía mais nela do que em sua própria menina. Vencida por uma curiosidade colossal, Taeyeon desbloqueou a tela do celular e tocou para ver o conteúdo da mensagem.

 “Eu preciso confessar, não é fácil olhar para mim mesma e admitir que não tenho força para evitar a solidão. Porque, parece que no final, essa é a única certeza que tenho. Eu sempre ofereci meu ombro para os que dele, precisaram de um apoio, porque acredito que dentro de cada um, existe um herói, e sei que até mesmo um herói, necessita de suporte. Você foi a minha heroína Taeyeon, me tomou inteiramente para si, de uma forma única. Chegou invadindo tudo e, principalmente, invadindo minha mente e bagunçando meus sentimentos. Tirou do foco, tudo o que vivi no passado e me fez olhar somente para o futuro, para as coisas boas que estava vivendo ao seu lado, para um novo sentimento que se aconchegou em meu peito ... me fez olhar somente para você. Eu sei, saber disso, pode ter sido um choque pra você, mas, acredite quando digo que estou bem. Só que hoje, percebi que quem não está bem é você .... portanto, eu só te peço, me deixa ser a sua heroína agora?”

Há momentos em que é preciso apenas fechar os olhos e se permitir. Taeyeon fechou os seus e se permitiu. Se permitiu afrouxar sua rigidez, se permitiu ser bombardeada, mais uma vez, com a veracidade das palavras que a pegaram com tanta surpresa e cutucavam no fundo dos seus olhos, formando um mar de lágrimas. Apertou o celular entre os dedos e deixou que as ondas de lágrimas, atingissem a superfície do seu rosto. Seu coração acelerou bruscamente e, no instante em que abriu os olhos, soube exatamente o que fazer. Pouco compreendia o que a sua atitude iria causar, pouco entendia a repercussão da mesma ... pouco entendia e menos queria entender. Pegou a bolsa que estava ali em cima da mesa, procurando a chaves do carro e foi saindo. Desligou a vitrola e foi pegando os saltos, os colocando pelo caminho, enquanto esperava o elevador abrir dentro da sua sala. Sem olhar para trás, saiu decidida a enfrentar o seu monstro.


Notas Finais


E aí, o que será que a Taeyeon vai fazer?
Deixem-me saber a opinião de vocês.
Até o próximo, babes !


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