1. Spirit Fanfics >
  2. A Segunda Vida de Nandinha >
  3. Funeral?

História A Segunda Vida de Nandinha - Funeral?


Escrita por: FerEguchi

Capítulo 3 - Funeral?


            Funeral?

Em um grande escritório do laboratório, Nandinha brincava com seu cachorrinho robô, ainda pensando em um nome para ele, e seus pais estavam conversando com algumas pessoas e assinando papéis.

Um documento chamado “Doação de Cadáver para Estudo Acadêmico” chamou a atenção da mãe de Nandinha.

Os executivos do laboratório explicaram para ela que o corpo orgânico da filha dela ficou congelado depois que o cérebro foi retirado, e que agora, já que aquele corpo não tinha recuperação e nem função, ele seria utilizado por cientistas e estudantes em novas pesquisas.

Nesse momento, a mãe olhou para Nandinha com um olhar preocupado, como se percebesse repentinamente que algo estava muito errado.

Ela não assinou a autorização, e exigiu que o corpo orgânico da filha fosse devolvido. Ela decidiu fazer um funeral para a filha.

As demais pessoas na sala, inclusive o pai, explicaram novamente para ela que a filha estava viva em um novo corpo, que aquele corpo congelado era como se fosse uma roupa velha, e estava até com a cabeça aberta.

Nandinha nem percebia essa discussão, estava decidindo que o nome do seu cãozinho seria Nininho.

Mesmo com o pai falando que era um absurdo fazer o funeral de alguém que ainda estava vivo, a mãe não desistia daquele corpo, considerava um direito dela.

Os executivos não tinham outra opção, e enviaram o cadáver para a funerária, e lá, a cabeça foi fechada com látex cor da pele e fios de cabelo sintético.

Muitos vizinhos, curiosos e câmeras de reportagem acompanharam o retorno de Nandinha para casa.

Ela achou aquele tumulto muito divertido, e acenou para todos de dentro de sua cabine familiar de transporte.

A casa e o quarto de Nandinha continuavam iguais, como estavam antes dela sofrer o acidente.

O irmãozinho dela mostrava, animado, alguns de seus novos brinquedos, o pai e Nininho acompanhavam a correria deles pela casa, e a mãe se fechou no quarto.

Na manhã seguinte, todos foram para o funeral; até o Nininho.

Muitas pessoas estavam do lado de fora do cemitério, só familiares e amigos podiam entrar.

No velório, as pessoas não sabiam o que fazer, vendo uma menina no caixão branco cheio de flores e outra menina, igualzinha, brincando com um cãozinho robô.

Nandinha se aproximou do caixão, e ficou intrigada com a visão de si mesma deitada no meio de todas aquelas flores brancas e amarelas.

Ela estava esticando o braço para tentar acordar aquela cópia sua, quando seu pai a puxou e explicou para todos que aquele funeral era apenas uma formalidade para enterrar o antigo corpo de sua filha, falou que não precisavam lamentar a morte de ninguém.

Alguns se conformaram com isso, mas a mãe continuava triste, sentada ao lado do caixãozinho branco.

Nandinha, vendo tudo isso, ficou com vontade de chorar, mas seu corpo não produzia lágrimas, e seu rosto não tinha programação para expressar o choro. O máximo que conseguiu foi uma expressão de dor e tristeza.

Ela se aproximou da mãe e a abraçou, tentando compartilhar aquela dor que ela não entendia, mas a mãe não retribuiu o abraço, e chorou ainda mais.

 

 

            Volta às aulas.

Quatro meses depois, Nandinha já estava voltando para a escola. Os repórteres e curiosos já estavam parando de incomodar, e ela já estava completamente acostumada com seu novo corpo.

Infelizmente, Nandinha repetiu de ano, pois ficou muito tempo afastada e seu cérebro continuava o mesmo, não era nenhum computador.

A nova professora apresentou Nandinha para os novos colegas; por causa de toda a repercussão do caso dela nos meios de comunicação, a professora explicou que apesar dos implantes, ela era uma coleguinha como todas as outras.

Mesmo com essa recomendação, durante toda a aula, Nandinha foi o alvo dos olhares furtivos dos colegas, que esperavam ansiosamente por algum indício de sua natureza robótica, como uma placa de metal ou alguma articulação de plástico.

Durante o intervalo, Nandinha reencontrou suas colegas da outra classe. Apesar da rodinha de conversa aumentar com a chegada de vários curiosos que queriam ver a menina-robô, Nandinha foi perdendo a timidez conforme conversava com as outras crianças.

Começaram uma brincadeira para ver do que ela era capaz, começaram a dar ordens como “levanta um braço”, “pula”, “dança”. Ela estava se divertindo seguindo essas ordens, principalmente quando pediam para ela dançar, mas ficou incomodada quando algumas crianças que não eram suas amigas começaram a dar as ordens “desliga”, “explode”, “acende a luz”, como se ela fosse um brinquedo eletrônico.

Aos poucos, a curiosidade passou, e só sobraram as amigas de antes; Nandinha falava com elas apenas durante os intervalos ou mandando recados pela pulseira de comunicação. Ela não tinha paciência para ficar conversando pela internet, preferia ficar brincando com o Nininho e com seu irmãozinho.

Nandinha desistiu de tentar novas amizades. As meninas não a chamavam para as brincadeiras, e quando ela tentava alguma aproximação, elas falavam que a mãe dela estava chamando, enquanto apontavam para um robô de limpeza, que nem forma humanoide tinha.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...