História A sentimentalista - 5

Os dias corriam. Sherazade já descobria alguns feitiços simples. Ela acordava disposta todas as manhãs, ansiosa pelas aulas de magia. O problema é que ela tinha muita dificuldade.
Um simples feitiço demorava horas para realizá-lo e isso cada vez mais custava sua sanidade. Ela começou a se sentir cada vez mais irritada e nervosa nas aulas.
As manhãs não estavam tão felizes pois ela se sentia incapaz. Cada dia ela se sentia menos mágica e menos digna de estudar em Hogwarts.
Ela merecia estar aqui? Por que demorava ou não conseguia realizar um feitiço? Será que Dumbledore à mandaria embora? Ela estava se esforçando o bastante? Daqui algum tempo o ano letivo começaria, e desse jeito nem no primeiro ano de Hogwarts poderia entrar.
Doía ver o rosto de decepção em Snape ao ver que nem uma faísca saia de sua varinha. Até que ela não pode aguentar mais, ela suspirou fundo e sentiu algo pesando em sua garganta. Ela disse que não se sentia bem e correu para o banheiro. Ficou um bom tempo sentada deixando algumas lágrimas rolarem.
“Que decepção” era isso que ele e Dumbledore deveriam estar pensando dela. Ela deveria voltar para o mundo que ela verdadeiramente pertencia.
Por fim ela sentiu raiva de si mesma por estar desistindo de tudo tão facilmente. Ela deveria lutar por aquilo que ela amava, mesmo que Dumbledore mandasse ela ir embora, ela deveria fazer de tudo ao seu alcance para conseguir. Ela ia fazer de tudo para que aqueles dias bons continuassem.

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Toda manhã ela acordava mais cedo para praticar a varinha. Depois das aulas ela nem parava para descansar e treinava. Passava algumas noites sem dormir lendo e relendo os livros de feitiçaria. Todos repararam a mudança de comportamento dela. Ela ficava pouco tempo nas refeições e se isolava no quarto.

Um dia na aula de magia com Snape, ele viu a jovem cheia de olheiras, com um olhar sem vida. Ela não sorria e não parecia tão feliz como nas aulas anteriores. Ele perguntou o que havia acontecido, porque ela parecia tão mal. Ela apenas suspirou e disse que não havia nada demais. Ela tentou varias vezes o feitiço que ele ensinara junto com ele. Não dava em nada. Ele poderia mandar ela embora de lá, ele disse que ela tinha que se comprometer e ela nem conseguia fazer um feitiço direito. Inútil, Inútil, Inútil.
Ela não aguentava mais a pressão e disse:
-Eu não consigo. Eu não mereço estudar aqui.-ela disse para ele triste e ao mesmo uma parte se sentia mal por desabafar assim.
-Eu tenho que voltar para Londres. Eu não sou uma bruxa, eu devo ser uma trouxa. Tudo isso não passa de um engano.-ela parecia que ia chorar, mas ela se segurava, prometeu que não choraria na frente de ninguém. Ela tinha que ser forte. Por que tudo isso doía para ela? Ela morou tanto tempo nas ruas, por que seria difícil voltar?
De uma certa forma chateava ele ver ela triste daquele jeito. Era difícil ver uma aluna tão empenhada na aula quanto ela, ele via a sua dedicação, a sua paixão por magia. Ele não podia ignorar a situação.
-Não importa se você é trouxa ou bruxa. Hogwarts é a sua casa e Dumbledore deixou isso claro para todos.-ele falou baixo olhando para ela, a sua cabeça estava abaixada, ela não queria olhar para ele.
-Eu sei o quanto está exigindo de você mesma. Se quer ser uma boa bruxa precisa principalmente cuidar de você. Precisa acreditar em você, porque eu vi com os meus próprios olhos. Você liberou magia.-ele disse sério.
Os olhos dela encontraram os dele. Ela olhava sem saber o que acreditar, afinal ela era uma bruxa ou não? Isso não importava no momento, ela tinha que se levantar.
-Muito obrigada.-ela disse do fundo do coração. Ela estava precisando ouvir isso dele.
-Sei que está tendo dificuldades. Se precisar de ajuda não se acanhe em pedi, afinal sou seu mentor.-ele disse. A felicidade, a esperança iam se recuperando lentamente, ela não pode evitar de abraçá-lo.
Ele se sentiu constrangido de início, os músculos ficaram rígidos como se não entendesse a situação, ele tentou relaxar. Colocou uma nota mental de que nunca deixaria outro aluno fazer isso, ele abriria uma exceção só por hoje.

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Demorou para que os feitiços dessem certo. De primeira nada saia conforme planejado, bufava e respirava fundo. Dava pausas no treinamento e depositava confiança em si e na varinha. Ela sabia que ia dar tudo certo mesmo se não conseguisse. Cada pequeno passo ela tentava ver como uma vitória. Porque chegar em Hogwarts foi uma vitória, ter essa varinha foi outra.
Até que um dia....
Ela conseguiu realizar vários feitiços que havia treinado no dia.
-Céus! Severus eu consegui!-Ela gritou nos corredores. Os quadros e fantasmas se perguntavam o porque de tanta felicidade, tanta exaltação.
Ela pode sentir que uma conexão ainda maior entre ela e a sua varinha. A varinha estava com ela nos bons e maus momentos, as duas estavam se conhecendo.
Ela mostrou para os professores várias e várias vezes. Nunca sentira tanto orgulho de si. Dumbledore disse que se ela quisesse poderia ser uma das melhores bruxas de Hogwarts, bastava acreditar em si. McGonagall aplaudiu e disse que o seu esforço era de encorajar todos os alunos. Hagrid levantou ela no ar e disse que ela era especial. Snape apenas observou de longe a animação e sorriu. Logo ele percebeu que estava sorrindo demais para o seu gosto e parou por enquanto.