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História A Sereia - Capitulo-4


Escrita por: aerinac

Notas do Autor


Oiii gente boa leitura.

Capítulo 4 - Capitulo-4



O reflexo dela no espelho
lembrava um cartaz de
cinema, e para mim as
ondas de seu cabelo
pareciam perfeitas.


PASSEI A MAIOR PARTE DA NOITE SEGUINTE esperando Karol fazer cachos no meu cabelo. Eu não compreendia o jeito como minhas irmãs levavam a vida e não tinha certeza se era sensato, mas nunca tinha tentado agir como elas de verdade. Decidi tentar naquela noite.
— O que acha deste? — Katja perguntou, segurando outro vestido.
Basicamente, tudo o que ela me mostrava parecia um tubo curto de tecido, só que de cores diferentes.
— Não sei. Não faz muito o meu estilo.
Ela inclinou a cabeça para o lado.
— O problema é exatamente esse. Você não pode sair pra dançar parecendo uma dona de casa dos anos 50.
Torci o nariz.
— Ele meio que... mostra demais, não acha?
Karol começou a rir enquanto Katjah arregalou os olhos, frustrada.
— Sim. Demais. Apenas vista, tá bom? —Katja jogou o vestido no meu colo. — Vou me trocar — avisou antes de sair às pressas do quarto.
Segurei um suspiro. Afinal, eu tinha que tentar parecer entusiasmada. Talvez aquela noite significasse um recomeço.
— Devíamos arrumar o seu cabelo desse jeito mais vezes — Karol disse, gesticulando para que eu me virasse para o espelho.
Fiquei boquiaberta.
— Está tão cheio!
— Vai murchar depois de algumas horas de dança.
Me inclinei para a frente e comecei a examinar o rosto. Eu tinha me acostumado com a beleza natural que acompanhava nossa condição de sereia. O delineador e o batom que Karol passou com habilidade magistral multiplicavam essa beleza por dez. Passei a entender por que os garotos praticamente formavam fila para ter a atenção de Katja.
— Obrigada. Ficou ótimo!
Ela deu de ombros.
— Às ordens.
Em seguida, ela se inclinou diante do espelho para maquiar o próprio rosto.
— Então, o que a gente faz quando chegar lá? — perguntei. — Não sei como agir num ambiente lotado.
— Não existe um passo a passo de como sair e se divertir, Carolina. Provavelmente vamos pegar uma bebida e dar uma olhada na multidão. Katja com certeza vai procurar alguém, mas nós podemos ficar dançando.
— Desisti de entender como os jovens dançam há uns trinta anos. O passinho do electric slide foi a gota d’água pra mim.
— Mas dançar é tão legal!
Balancei a cabeça.
— Não. O jitterbug era legal. Mas parece que não está mais na moda seguir um ritmo e segurar a mão do parceiro.
Karol afastou o rímel do rosto, tentando não borrar o olho enquanto ria.
— Juro que se você fizer uns passos de jitterbug hoje à noite a katja vai te matar.
— Boa sorte pra ela — murmurei. — Mas o que estou tentando dizer é que talvez eu não me empolgue muito com a pista de dança.
Os olhos de Karol encontraram os meus no espelho.
— Fico feliz de você ir para algum lugar além da biblioteca e do parque, mas não sei se está se arriscando de verdade se for só pra ficar sentada.
— Tcharam! —Katja entoou ao invadir o quarto. O vestido dela era preto e curto, e usava o sapato que chamava “saltos de stripper”. — Que tal?
Abri um sorriso.
— O que posso dizer? Você está maravilhosa!
Ela ficou radiante e começou a ajeitar o cabelo.
— Encontrei isto — ela disse antes de me entregar uma coisa.
Era outro vestido curto, mas esse tinha uma camada fina de tule da cintura para baixo. Claro, estava coberto de lantejoulas, mas era mais próximo do meu estilo do que qualquer outra coisa que ela tinha me mostrado.
— Obrigada — agradeci com um sorriso. — É este mesmo.
Katja me abraçou.
— Estou tão feliz que você vai com a gente! Agora não vamos ser a dupla mais bonita da balada, mas o trio!

O segurança caiu no feitiço de Katja assim que a viu chegar, e tive a impressão de que mesmo sem as nossas identidades falsas passaríamos pela porta.
A batida forte me fez estremecer e repensar minha decisão. Talvez percebendo como me sentia,Karol  enroscou o braço no meu e me arrastou para o bar. Lá, digitou as bebidas que queríamos no celular e logo voltamos cuidadosamente com nossos copos pelo meio da multidão.
É para ser divertido, disse a mim mesma. Apenas tente. Isto aqui melhora a vida das suas irmãs. Talvez faça o mesmo por você.
— Como você consegue pensar aqui? — cochichei no ouvido de Katja.
— A ideia é não pensar — ela cochichou em resposta.
— Relaxa — Karol disse, usando a língua de sinais. — É igual a andar por uma rua lotada.
E eu tentei. Mesmo. Tomei duas bebidas na esperança de acalmar os nervos. Dancei com Karol, o que foi divertido até atrairmos tantos admiradores querendo se esfregar na gente que a coisa perdeu todo o encanto. Até tentei focar só na música, algo que deveria ser natural para uma sereia, mas a maneira como ela explodia pelos alto-falantes transformava tudo em ruído.
Observei o jeito estranho como algumas pessoas se aproximavam de Katja, como se ela fosse um ímã na pista de dança. Não era de surpreender que conseguisse fisgar alguém sem nenhuma palavra. Nós realmente éramos as meninas mais bonitas do lugar, e o garoto a quem Katja voltasse sua atenção não teria como se defender. Primeiro, ela escolheu um que acabou arrastado pelos amigos até outro bar. Mesmo sem ela ter cantado, ele brigou um pouco para ficar, até os amigos o empurrarem para fora. A segunda opção dela bebeu demais e desmaiou na mesa.
Mas depois de duas horas terríveis, ela caminhou até nós de novo, de braços dados com um cara de cabelo castanho obviamente bêbado.
— Não me esperem acordadas — ela avisou antes de desaparecer pela porta.
Encarei Karol com olhos suplicantes. Ela sorriu e fez que sim com a cabeça, e então fomos para casa.
— Você tentou — ela gesticulou enquanto caminhávamos pela calçada. — Pensei que desistiria antes de entrar.
— Quase desisti — confessei. — Agora tenho certeza: a programação noturna não é para mim.
— Você acha que iria gostar mais de uma festa na casa de alguém ou algo assim? A gente pode receber vários convites se passear pelo campus na hora certa.
— Vamos com calma — gesticulei, hesitante.
O som dos nossos saltos ao passar em frente às baladas rendeu assovios e aplausos. Automaticamente, cobri o decote com a mão, mas não adiantou nada.
Karol sorria sozinha e endireitava o corpo para andar. Comecei a me perguntar se o principal apelo desse estilo de vida para minhas irmãs era simplesmente poderem ser vistas. Na maior parte dos dias, ficávamos no nosso canto, e quando cantávamos a imagem que transmitíamos não passava de uma mentira. Quando saíamos, pelo menos alguém nos via. Ainda que para mim a sensação fosse mais de ser examinada.
Quando chegamos em casa, não me dei ao trabalho de tirar o vestido de Katja antes de sair correndo pela porta dos fundos e pular no mar.
— Carolina! — A Água despertou ao meu redor, num tom sereno de boas-vindas.
— Você não vai acreditar na noite que acabei de ter.
— Conte tudo.
Desenhei na mente uma imagem dEla com o queixo apoiado na mão, prestando atenção a cada palavra minha.
— Karol e Katja gostam de ir em baladas, esses lugares onde as pessoas bebem e dançam. Elas viviam me falando para sair mais, então finalmente fui com elas.
— Não imagino você fazendo isso.
— Nem eu imaginava. E foi por isso que passei o tempo todo constrangida. Estou tão feliz de ter voltado pra cá. Você é agradável, calma...
A Água se agitou como se desse uma espécie de risada.
— Não precisamos conversar se você não quiser. Estou feliz só de te ter aqui.
Me deixei afundar para descansar o corpo no chão arenoso da Água, pernas cruzadas e braços atrás da cabeça. Fiquei observando as trilhas dos barcos que passavam e depois sumiam na superfície acima de mim. Os peixes circulavam nadando em seus cardumes, sem se assustarem com a garota na areia.
— Então, é daqui a uns seis meses, né? — perguntei com um frio na barriga.
— Sim, a não ser que ocorram desastres naturais ou naufrágios provocados pelo homem. Não consigo prever essas coisas.
— Eu sei.
— Não se preocupe com isso agora. Sei que ainda está sofrendo desde a última vez. — Ela me envolveu em empatia.
Ergui os braços como se A acariciasse, embora evidentemente meu corpo minúsculo fosse incapaz de abraçá-La de verdade.
— Sinto que nunca tenho tempo de superar um canto antes do próximo chegar. Tenho pesadelos e meus nervos ficam em frangalhos quando sei que mais um se aproxima. — Meu peito parecia oco por causa do sofrimento. — Meu medo é lembrar para sempre como é cantar.
— Você não vai lembrar. Em todos esses anos, jamais libertei uma sereia que depois voltasse me pedindo para dar um jeito na sua memória.
— Você fica sabendo alguma coisa sobre elas?
— Não de propósito. Sinto as pessoas quando elas estão em mim. É assim que encontro as novas garotas. É assim que fico à escuta, para saber se alguém suspeita da verdadeira natureza das minhas necessidades. Às vezes, uma antiga sereia sai para nadar ou me toca com as pernas ao sentar num píer. Então consigo espiar suas vidas, e nenhuma delas jamais lembrou de mim.
— Eu vou lembrar de você — prometi.
Pude senti-La me abraçar.
— Por toda a eternidade, jamais esquecerei você. Eu te amo.
— E eu te amo.
— Você pode descansar aqui esta noite se quiser. Vou garantir que ninguém a encontre.
— Não posso ficar aqui pra sempre? Não quero mais me preocupar em ferir as pessoas. Nem decepcionar minhas irmãs. Chiara tem a própria cabana; talvez eu pudesse construir uma casa aqui embaixo com as madeiras dos escombros.
Ela fez sua corrente passar por mim suavemente.
— Durma. Você vai se sentir melhor amanhã. Suas irmãs ficariam perdidas sem você. Acredite em mim, elas se preocupam com isso o tempo todo.
— Mesmo?
— Mesmo.
— Obrigada.
— Descanse. Você está segura.


Notas Finais


Tchau,Ate o proximooo.
O Gua Aparecer no proximo ta fofo.


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