História A Series Of Coincidences (That Brought Us Together) - Your Smile Makes The Rain Go Away (Your Coffee Is The Best)

-Yoongi-

- Sem problemas. – Eu respondi, observando Jimin enquanto ele voltava ao balcão do café sem tirar os olhos de mim por muito tempo mostrando que apesar de ele ter se afastado continuava me escutando. – De qualquer forma, por que você saiu correndo no dia seguinte? – Perguntei tentando soar casual e nem um pouco decepcionado porque wow Park Jimin fugiu do meu apartamento sem nem agradecer por eu ter salvo ele de ser atropelado e de passar a noite apagado no meio da rua depois de ter ingerido substancias possivelmente ilegais.

E também não é como se eu gostasse de Park Jimin. Não. Nem um pouco.

- Ah, bom, - Ele disse esfregando a nuca, e eu com certeza não reparei na forma que os músculos do braço dele se moviam quando ele fazia isso, não, de forma alguma. – Resumindo a história, eu tenho um amigo que ta cursando fotografia na universidade e eu tinha prometido ajudar ele com um projeto.

- Hmm. – Murmurei tentando secar os braços com a toalha, não tinha muito o que fazer, eu estava encharcado e meu caderno com as minhas letras que estava no bolso exterior da bolsa também, a maior parte das letras borradas mas ainda legíveis, agradeci ao universo silenciosamente por ter poupado as minhas composições, acho que se eu tivesse perdido elas para a chuva não ia sobrar muito mais da minha sanidade. Eu estava tão distraído avaliando o estrago feito pela água no meu caderno que não percebi o copo de café sendo posto na minha frente, quando olhei para cima Jimin estava colocando um prato com três bolinhos de chuva ao lado do café, desenhos de sóis sorridentes decorando o copo. – Eu não pedi nada. – Eu disse levemente confuso.

- Eu sei. – Ele deu de ombros. – É por conta da casa, é um agradecimento e um pedido de desculpas por sábado.

Naquele final de semana o plano original não era levar o garoto para o meu apartamento, só... Acabou acontecendo, sabe?

Eu estava num bar com o Namjoon quando eu saí para fumar, um péssimo hábito que eu realmente gostaria de largar, mas com o stress da faculdade era difícil, principalmente quando a mesma envolve arte. A criatividade é uma vagabunda que às vezes não aparece, não importa o quanto você queira, e às vezes aparece às fodendo quatro da manhã, exigindo que você pare tudo para ouvi-la, o que muitas vezes resulta em noites mal dormidas e uma alimentação de bosta. Eu tinha um projeto para entregar em alguns dias e simplesmente não estava saindo da forma que eu queria, nada parecia certo, nada encaixava, eu precisava de uma mudança de ambientes, respirar um pouco de ar puro para ver se eu conseguia terminar aquela droga. Mas fui tirado dos meus devaneios em relação à faculdade quando eu vi aquela massa de cabelos alaranjados que eu conhecia tão bem atravessando a rua e um carro dirigindo na direção dele.

Mal processei o que eu estava fazendo, só sei que quando vi eu tinha me deslocado os poucos passos de distância que me separavam dele e eu estava puxando-o de volta à calçada. Tentei falar com ele, mas ele mal conseguia ficar de pé, então tentar dar um sermão naquele momento seria inútil.

Pouco depois Namjoon saiu do bar e veio até mim, provavelmente porque me ouviu brigando com o moleque, Jimin não me reconheceu nem o Namjoon, mas ele parecia tão fora de si que eu me surpreenderia se ele tivesse.

Mas ele era colega de quarto do irmão do Jin e eu talvez gostasse um pouco dele e talvez eu prestasse atenção quando ele estava no mesmo ambiente que eu e talvez meus olhos procurassem por aquela massa de cabelos laranjas quando ele não estava. Não é como se eu estivesse apaixonado nem nada, pelo amor de deus eu nunca nem falei com ele, eu só... Gostava de olhar para ele e vê-lo sorrir, os olhos desaparecendo em crescentes e os lábios cheios se esticando em um sorriso que parecia ocupar metade do rosto dele.

Eu não estava apaixonado por Park Jimin, mas se eu continuasse encontrando ele por acidente eu talvez ficasse.

Suspirei tomando um gole do café com os sóis desenhados, o sabor do café era forte, mas ele possuía algumas notas doces no fundo, eu geralmente tomava café preto e sem açúcar, mas aquele café que eu estava tomando me fez querer trocar o amargo simples pelo sabor adocicado que deslizava pela minha língua.

- Obrigado Jimin, esse café é muito bom.

- Sem problemas – O sorriso dele aumentou. – Imaginei que você fosse do tipo que bebe café preto sem açúcar, mas um macchiato combina bem mais com esse clima, e com os bolinhos de chuva do Minhyuk – A risada dele era agradável de escutar, quase me fazia esquecer da chuva lá fora e do meu caderno semi-destruído. – Foi a chuva? – Perguntou apontando para o meu caderno, provavelmente percebendo a careta que eu estava fazendo para ele.

- Sim, ele tava no bolso de fora, que inclusive foi o que mais pegou chuva, - Falei pegando um bolinho e pondo-o na boca. – Mas ainda dá pra ler, o que é fantástico, porque se não eu provavelmente me jogaria da ponte do Rio Han.

- Por quê? - Ele perguntou rindo do meu humor amargo.

- Porque eu estudo música e basicamente tudo ta dentro desse caderno, todas as minhas letras, todas as minhas composições, tudo. E eu gastei horas de sono demais nessa merda pra perder tudo pra uma chuva tosca que inclusive já não ta mais nem caindo. – Cuspi irritado, mas fui tirado dos meus pensamentos quando um grupo de meninas entrou pelas portas de vidro do café, rindo suavemente e indo em direção ao balcão, Jimin olhou para elas e depois se virou para mim com um olhar de desculpas.

- Bom, tenho que voltar ao trabalho, foi um prazer te ver de novo Yoongi-ssi. – Então ele sorriu e foi atender as garotas que haviam acabado de entrar.

- Eu também já vou, vou voltar pra faculdade antes que a chuva resolva dar as caras de novo e terminar de destruir o meu caderno. – Falei terminando de arrumar as minhas coisas, e me virando disse antes de ir embora. – Ah, e, Jimin?

- Sim? - Ele olhou para mim com aqueles olhos castanhos que eram tão simétricos.

- Pode me chamar de hyung.

O sorriso que Jimin deu foi tão bonito que quase compensou pela chuva e pelo meu caderno.

Quase.