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História A Solução do Insolucionável - Flynt com F de Furada


Escrita por: happiejuixe

Notas do Autor


Desculpem pela demora, tive problemas com minha escrita nesse capítulo e nada que escrevia me agradava. Mas enfim, espero que gostem :)

Capítulo 10 - Flynt com F de Furada


Fanfic / Fanfiction A Solução do Insolucionável - Flynt com F de Furada


Minha mão havia sido entrelaçada com um aperto firme do loiro, sequer tive a chance de ter algum pensamento contra que não nos matasse. Me puxando junto consigo para dentro do bar barulhento que após nossa entrada, ficou o mais silencioso possível. 

O lugar era repleto de ex-presidiários robustos com tatuagens nos braços e os rostos feios em minha direção, podia ouvir seus copos batendo na mesa usando certa força, enquanto limpavam a bebida dos lábios de maneira agressiva. Eles certamente odiavam policiais — eu, sendo bem específico — e praticamente, o loiro havia me arrastado para o ninho de cobras que pareciam prontas em jorrar seu veneno.

— Eu disse que não, tá surdo? — Tentei puxar minha mão, mas ele continuava segurando com força e seu olhar estava indescritível. Seus olhos pararam em mim, e um sorriso havia começado a surgir nos lábios do mesmo. 

— Independente da sua resposta, você entraria comigo, esperava ao menos ter um momento fofo. — Ele disse baixo e logo um homem de terno surgiu com seus braços abertos, insinuando que daria um abraço no loiro que simplesmente o evitou com seu olhar irritado. 

— Há quanto tempo, J.

Minha boca se entreabriu e tentava puxar meu pulso estando ainda mais irritado, o mesmo continuava apertando me impedindo de sair do aperto. O que diabos estava acontecendo?! 

— Me poupe de cerimônias, onde está Flynt? — Seu tom soava sério e ainda mais, digamos que assustador. O outro apenas assentiu com sua cabeça, dizendo algo sobre o tal Flynt estar ocupado e logo sairia de sua reunião. Deixando assim, o maior frustrado sem evitar de revirar seus olhos pela demora. 

— Podem se servir, por conta da casa — Ele apenas olhou o loiro com um sorriso e me desprezou pela farda, se retirando na sequência. Queria acabar com Jaehyun por me arrastar até um dos bancos daquele lugar horrível que cheirava a cigarro, o mesmo havia feito o pedido de alguma bebida que sequer ouvi falar. 

— Não me olhe assim, sabe como eu sou, imprevisível. 

Estava ficando irritado em níveis extremos, por sequer poder cruzar meus braços pela indignação. Ele não soltava de jeito nenhum e creio que se lhe acertasse um soco, as coisas poderiam ficar muito sérias. 

— Eu pensava que sabia, mas esqueci que você nunca pensa nas consequências — Retruquei. 

— Lee, trabalho é trabalho — Um sorriso surgiu quando bebericou o copo com a bebida roxa, parecendo se deliciar, começando a girar o líquido mantendo o olhar em mim. 

— Você sabe o motivo de estarem me encarando assim?! — Ele deu de ombros, esperando que prosseguisse — É porque, eu fiz todos serem presos.

Os olhos dele estavam arregalados, mas não era por surpresa e sim por estar impressionado. Deixando o copo pequeno de vidro no balcão, sorrindo descontraído e colocando sua mão vaga na minha bochecha. Talvez numa tentativa falha de aliviar o clima.

— Não esperava menos de você. No entanto, quem agora parece que será mandado em uma ambulância não são eles. — Seu tom havia se alterado, não acreditava que ele estava me ameaçando, era inacreditável.

— O que diabos está fazendo?! — Bati em seu braço, retirando sua mão do meu rosto e ele riu fechando os olhos no gesto, expondo as covinhas como uma criança travessa e me deixando o mais perdido que poderia.

— Deveria ter visto a sua cara — Apontou — Bem, era assim que eu trabalhava antes — Deu mais um gole no copo com gelo. 

— Hã?

— Ameaçar e intimidar, os que não cumpriam com suas promessas. Não precisa duvidar de mim, J é o apelido que aquele imbecil me chama por nunca lembrar meu nome. 

Ele revirou seus olhos, fazendo eu ficar ligeiramente um pouco mais tranquilo e até parecia fazer sentido. O loiro era bom em ameaçar e impor o que queria, mesmo que fosse de maneira infantil.

— Quem é o tal Flynt? — Perguntei arqueando a sobrancelha, e ele não hesitou em responder. 

— Ele é o chefe de todos que estão aqui, digamos que ele é o Ceo de uma empresa repleta de criminosos. 

Assenti lentamente anotando essa informação, observando o rosto do loiro que havia terminado de virar sua bebida. Batendo o copo no balcão e negando quando a bartender iria lhe oferecer mais do líquido roxo, voltando seu olhar para mim.

Você sabe que pode acabar matando nós dois, não é?! — Disse baixo, evitando chamar a atenção dos demais. 

Eu jamais deixaria que te machucassem, mas ainda sim, vou precisar que confie em mim. 

Não tinha outra opção a não ser concordar com seus olhos sinceros, estava preocupado e tinha meus músculos tensos por nada que ocorria estar planejado. Não tínhamos sequer um roteiro e muito menos um plano, dependia do loiro toda essa missão. Era isso que me preocupava.

O homem de terno surgiu novamente, se aproximando com classe, limpando suas mãos utilizando um lenço. 

— O chefe já está disponível para falar com você — Ele manteve o olhar feio, nos fazendo levantar, enquanto guiava o loiro que não soltava minha mão e me levava como um cachorro na coleira. 

Aquele lugar dava arrepios, os quadros sempre retratando alguma violência, o odor terrível e poder escutar pessoas levando uma surra por terem tomado uma péssima decisão fazia meu coração se acelerar. Me fazendo engolir seco quando tudo começou a se abafar após atravessarmos uma porta revestida, era bastante luxuoso o ambiente, mas nada convidativo. 

As portas haviam sido fechadas e o homem aproveitou para se retirar, o loiro sorria pequeno segurando minha mão com firmeza. Estava adentrando aquele lugar no mais completo escuro, por não saber onde havia me metido, preferia ter seguido o meu plano discreto e sutil. 

Jaehyun parecia saber o caminho a partir dali, e se aproximou de uma estante ignorando todos que estavam sentados nos sofás. Era desconfortável aquele cheiro de sexo, se misturando com aquela fumaça e as bebidas caídas pelo chão, isso deveria ser o lado vip do bar de fachada.

Mantive meu rosto fechado encarando os nossos arredores, me assustando quando a estante se virou e o loiro adentrou a abertura, mesmo relutante o acompanhei. Parando em um corredor com paredes escuras e o chão de veludo, diria que era chique se não fosse tudo conquistado por meio de dinheiro sujo. 

Jaehyun tentava acalmar meus nervos pela minha mão está suando mais que o normal, seria algo rápido, entrar e sair sem problemas. A porta foi aberta revelando um homem sentado, usando roupas caras e bebendo uma vodka, enquanto mantinha o cigarro na mão vaga. 

O que faz por aqui, meu querido Jay — Meus olhos observaram cada canto daquela sala, e nossos corpos foram empurrados para frente. Logo estávamos presos ali dentro com o tal Flynt. — Pensei que tivesse desistido de fazer trabalhos e depois torrar todo o seu dinheiro no bar. 

Ele disse tragando seu cigarro, o loiro havia soltando minha mão, cruzando os braços e sorrindo indignado. Estava em alerta com o sujeito que havia parado atrás de nós, ele era estranho e não parecia que ocorreria uma conversa amigável.

— Você sabe muito bem, eu não sou estúpido assim — O loiro disse e o outro concordou sorrindo.

— Realmente, foi um dos meus melhores subordinados. 

— Haha, tá engraçado hoje, está de bom humor?! — Jaehyun desfez seu sorriso, mantendo o semblante sério e o aparentemente mais velho, bebericou a vodka. 

— Diria que ótimo, apesar de ainda sentir falta do seu dinheiro — O loiro voltou a me encarar, já que minha percepção sobre si, tinha grandes chance de se alterar. Mas por incrível que pareça, não estava nem um pouco surpreso com essa informação.

— Não acredite em tudo que um chefão diz, nem sempre é verdade. 

— Pode ser que sim...pode ser que não... — Ele cantarolou fazendo Jaehyun bufar e balançar sua cabeça, eles pareciam se dar bem, mesmo após a saída do garoto — Mas, o que quer comigo?! Creio que não tenha vindo apenas para relembrarmos os velhos tempos.

— Queria saber se veio alguma pessoa estranha ultimamente.

Interessante — Ele bebeu sua vodka deixando o cigarro de lado e cruzando suas pernas, retornando o olhar ao loiro que estava ficando impaciente com sua demora — As pessoas que frequentam o bar costumam ser estranhas.

Me sentia inquieto e desconfortável por não poder fazer nada diante dessa situação, além de encarar Jaehyun que tinha seus olhos imparciais analisando o outro. 

— Não havia ninguém procurando por algum serviço?! — Franzi o cenho, ouvindo o homem rir descontraído e abaixar seu copo, os que estavam parados na porta acompanhavam mesmo não tendo nada para se rir. 

— Fica calmo policial, não estamos na sua área e isso não é um interrogatório — Minhas mãos se fecharam pela raiva de sua entonação, seis disparos poderiam ser o suficiente para derrubar todos. O loiro balançou a cabeça em negação, parecendo analisar a minha mudança de comportamento. 

— Está armado? — Queria poder negar, mas o meu coldre já estava aparente juntamente com a pistola — Preciso que deixe a arma à vista, questões de segurança. 

Como é.. — Jaehyun olhou para mim, assentindo com a cabeça e concordei mesmo contrariado, sem vontade alguma de ficar desarmado. Deveria lhe dar um voto de confiança, já que o plano que seguimos era dele e eu sequer sabia qual a minha função no próprio. 

Puxei a arma do coldre, recebendo o olhar dos seguranças que mantiveram uma mão na cintura — maravilha, todos estão armados — retirando sua munição e deixando na mesa, tentando não jogar ela pela raiva. Voltando a parar do lado de Jaehyun que continuava com seu semblante indescritível. 

Flynt ergueu sua mão, dispersando os outros, ficando apenas um único segurança atrás de nós.

— Bom garoto. 

Não me trate como um de seus cachorros — Rosnei.

— Policial Lee é bem como dizem, não tem medo nem mesmo da morte.. — Brincou com os gelos da bebida, me encarando com seu olhar ameaçador, ao menos deveria ser. Estou acostumado a caras feias e a dele, sequer era surpreendente. 

— Não esqueça que ele está comigo — O loiro interferiu, dizendo com seriedade e ficando um pouco a minha frente. Na realidade, deveria ser o contrário, já que eu sou policial aqui. 

Não é como se fosse mandar meus homens até a casa dele, tenho planos maiores — O outro murmurou.

— Teve alguém novo no bar? — Ele assentiu com desdém. 

— Um garoto recentemente nos visitou repleto de segundas intenções, eu gostei dele. 

Não conseguia visualizar bem o rosto do loiro, mas tenho certeza que estava irritado e havia descoberto isso apenas olhando para seus cabelos que tinham um jogado diferente do comum. 

— Como ele era? — Uma mulher acabou adentrando a sala, servindo mais vodka ao homem que ofereceu a Jaehyun. O qual negou com um aceno. 

— Ninguém conseguiu ver seu rosto, ele garantiu isso quando veio todo coberto — Flynt sorriu para a mesma que se retirava, fazendo reverência. Erguendo novamente a sua bebida, acendendo um novo cigarro o deixando nos lábios. 

— Ele pediu algo? Como os equipamentos?! — Me sentia ainda mais inquieto notando a proximidade do segurança dele, a sensação de sufoco e toda aquela fumaça pairando novamente pelo ambiente. 

Certo, eu definitivamente estava detestando esse plano do loiro.

— O clássico, você deve se lembrar. 

— Armas e explosivos — Recebeu um sorriso largo de Flynt que tragou novamente seu cigarro, prosseguindo com desdém. De fato, não se importando com minha presença.

— O garoto não era velho, mas tinha maldade de sobra naquela mente sombria — Seu tom deixava exposto sua diversão, ele gostava de J. Não conseguia acreditar em uma palavra de Flynt, ainda mais por tudo estar soando como uma mentira. 

— Vocês venderam? — O loiro realmente estava agindo como um policial, ele tinha vocação. No entanto, não havia nenhuma motivação para que o fizesse.

— Quando ele disse que seria para prejudicar policiais da região, todos ficaram empolgados e tivemos até que repor algumas bebidas, mas você entende que ninguém daqui quer sair prejudicado.

Jaehyun assentiu com sua cabeça, me encarando de canto e sorrindo sem mostrar os dentes. 

— Se prejudicarem a cidade com materiais nossos, acabamos saindo como culpados e atrapalham as vendas ter um histórico ruim — Ele deixou o copo de lado, sorrindo.

— E se alguém desobedeceu? — Mantive o semblante sério encarando o rosto do outro que negou, ele era tão indescritível quanto Jaehyun.

— Eles não iriam me desobedecer, ultimamente tenho sentido a falta de "clientes" regulares. A maioria morreu.. 

Um biquinho se formou nos lábios do mesmo que jogou os cabelos pro lado, logo sorrindo descontraído e até de uma forma tenebrosa.

— Era isso que eu precisava, obrigado por não ajudar em nada — Jaehyun debochou se virando para mim e o segurança deu um passo à frente, impedindo totalmente a nossa saída quando barrou a porta.

Jay, Jay — Ele cantarolou — Você sabe que desde a sua saída, muitas coisas mudaram..

— E? 

— Não ajudamos ninguém de graça, ainda mais os policiais — Seus olhos se alteraram, o mesmo olhar que todos me encaravam. Minha arma permanecia distante, não conseguiria pegá-la a tempo, e eles tinham uma gigantesca vantagem. 

— O que você quer? — O loiro bufou parando próximo ao sofá, ele não me parecia nada bem. 

— Seus serviços — Disse simplista.

— Sem chance, eu não vou fazer isso… — Sua voz estava arrastada e ele apoiou suas mão no estofado, tentando se manter de pé. Quando insinuei lhe ajudar, uma arma havia sido colocada em minha cintura e suspirei revirando os olhos.

Isso tinha piorado rápido demais 

— Mas não foi esquecida, pense bem, o seu parceiro policial está desarmado e você não pode fazer nada a respeito, além de só poder aceitar a minha oferta.

— O que fizeram com ele?! — Arqueei a sobrancelha, vendo o loiro estar próximo de cair no chão, sem conseguir sustentar seu corpo. 

— Nada demais, meus homens só decidiram dar a ele uma bebida relembrando os velhos tempos — Encarou suas unhas sorrindo e voltando a me encarar. O loiro realmente não sabia agir em território inimigo e era frustrante saber que também não fiz nada a respeito pra impedir que ingerisse aquela bebida roxa.

Meus olhos retornaram a Jaehyun que tentava se manter acordado apertando o estofado, deixando escapar em um suspiro.

Taeyong..

— Podem ficar com ele, eu não queria nem estar aqui para ser franco — Cruzei meus braços deixando ambos surpresos, evitando de revirar os olhos novamente.

— Vocês não são..amigos? — O homem que tinha a arma em minha cintura perguntou intrigado, me olhando confuso e mantive um sorriso pequeno direcionando todo o meu cinismo a Flynt. 

— Eu? Amigo dele?! — Ri sem humor — Bem, diria que é mais uma obrigação estar com Jaehyun. Vocês conhecem o quão idiota e insuportável ele consegue ser — Ambos assentiram em concordância, talvez não estivesse dizendo apenas mentiras. O loiro mesmo impossibilitado me olhava feio, e apesar dos olhos caídos. Parecendo estar mais chateado do que com raiva. 

— Uau, você enganou bem ele — Flynt estava se divertindo — Jaehyun sempre foi sentimental demais e isso o deixa bastante tolo. Pode até não parecer, mas se importa demais com os outros e isso acaba estragando sua personalidade.. — Ele disse sorrindo largo para mim, e o quão aquilo soava bizarro e doentio, era assustador.

— Deixe-me adivinhar, ele poupou alguém? — Eu esperava que a resposta fosse qualquer uma, menos "não". Meu nervosismo havia se camuflado no cinismo e no fingimento, assim ao menos não transparecia o pânico de acabar acidentalmente matando nós dois. 

Jaehyun nunca matou ninguém, era contra sua ética — Flynt suspirou deixando um biquinho surgir em seus lábios, enquanto o loiro estava ajoelhado apoiado no sofá, tentando se manter acordado — Antes dele sair, tinha apenas que cobrar pelo meu dinheiro a uma pessoa que me devia há bastante tempo, no entanto, Jaehyun mais uma vez foi peculiar.

Ele fez sons de explosões e deixou de lado seu copo com o gelo já derretido, se concentrando em mim. A arma não estava mais tão próxima da minha cintura, e o "segurança" havia se deixando relaxar pela conversa que estávamos trocando.

— O que foi de tão ruim?

— Jay, pagou com seu próprio dinheiro e sumiu com aquela família, acabando com a melhor parte do próprio trabalho e da minha satisfação — Suspirou — Depois os encontramos, meus homens cumpriram a missão melhor do que Jay.

— Eles não deixaram um vivo para contar a história — Engoli seco tentando não arregalar os olhos e deixar evidente a tensão dos meus músculos, estava sendo difícil controlar todas as emoções que sentia agora.

Seja profissional Taeyong, seja profissional..

— O propósito? — Perguntei com desdém. 

— Não tinha um específico, aquele homem ainda me devia e Jae só caiu feito tolo na conversa de um zé ninguém — Ele se levantou — Foi nesse mesmo dia que ele nos deixou, e não esperava o ver depois de tanto tempo. 

— Os meses podem parecer muito.

Fazem 4 anos — Flynt se virou para abrir uma garrafa e aproveitei para dar uma cotovelada no homem, que acabou deixando a sua arma cair pelo descuido. Dando um soco no rosto do maior que ficou desnorteado, tentando me acertar, não posso negar que aquele soco no estômago não havia doído — Ainda lembro daquele adolescente de 16 que amava propagar o caos, bons tempos.. 

Ele se manteve de costas tendo dificuldade em abrir a garrafa de vidro, enquanto eu tentava não ser acertado pelo cara que tinha o dobro do meu tamanho. Chutei sua perna e o mesmo começou a se desequilibrar, meus punhos permaneciam fechados na altura do peito. 

Não sei o que aconteceu pra ele ter começado a querer se portar como um cidadão de bem, sabe? — Ele prosseguia e eu resmungava em concordância, impedindo que o outro falasse qualquer palavra. 

Quando se impulsionou na minha direção, consegui desviar ofegante, sentindo o gosto metálico do sangue nos meus lábios. Ele voltou a vir para cima de mim como um touro irado, agora com toda sua força e vontade de me matar, meu corpo estava se desgastando e não conseguia controlar minha respiração.

Foi quase que de imediato me jogar para o outro lado, caindo no chão por cima da minha perna mordendo meu lábio inferior pela dor que sentia.

Ele não havia sido capaz de frear seus pés e atingiu uma estante repleta de coisas por trás do vidro, ela balançou, e seu olhar retornou a mim balançando a cabeça. Me arrastei para tentar pegar a arma, esticando minha mão e ficando um tanto apreensivo quando o via andar devagar até mim. 

O bar deve estar lotado, ou a nossa área vip está para ter tantos barulhos — Flynt cantarolou em comemoração, tentando arrancar a tampa e balançando seu corpo na dança desajeitada.

Me levantei com dificuldade, tentando não colocar peso na minha perna esquerda, apertando a arma com força e recebendo um sorriso sádico do outro. Meus olhos pararam na estante que se inclinava para frente em câmera lenta, caindo sobre o homem que ficou inconsciente enquanto tinha machucados por todo seu rosto. Encolhi os ombros pelo estrondo que ecoou.

Pronto.. — Flynt se virou com a garrafa aberta e os olhos arregalados, entreolhando nós dois. Meu estado deveria estar deplorável, a perna machucada e poderia dizer que um tanto inútil, usando meu braço ao redor da cintura pela dor que sentia tendo o corpo curvado. 

— Você subestimou minha lealdade.. — Ele riu, ele estava rindo, mesmo tendo uma arma apontada em sua direção. 

— Sua lealdade a quem? Jaehyun ou a delegacia? — Colocou a garrafa nos lábios bebendo seu conteúdo, sorrindo em satisfação pelo gosto — Essa marca é ótima, deveria provar.. 

Meus olhos estavam estreitos e deixei meu dedo no gatilho, vendo de canto o loiro desacordado no chão. Flynt estalou seus dedos apontando para Jaehyun, e novamente me encarando com aquele olhar esquisito que causava arrepios. 

— Você realmente atiraria em mim por causa dele?! — Meu sangue borbulhava de raiva, sequer conseguia sentir qualquer dor de antes — Mesmo isso indo contra sua farda, wow — Ele batia palmas se divertindo. 

— Eu posso atirar em você. 

Mas não pode me matar, colocaria o que?! Legítima defesa quando eu estou desarmado? — Flynt só queria que eu fizesse uma coisa, apertasse o gatilho contra ele e destruísse minha carreira em segundos. Abaixei a arma trêmula pela raiva, respirando fundo e tentando não imaginar atirar no mesmo. 

— Pode até apontar a arma para mim — As portas foram abertas revelando mais guardas, todos com suas pistolas em mãos, bebendo novamente a bebida esverdeada — Mas quem sairia perdendo seria..você

Ele apontou para o loiro que estava sendo alvo das armas, fazendo meu estômago se revirar e todas aquelas dores retornarem passando a adrenalina. 

— Solte a arma — O outro ditou e bufei, retirando a munição e a jogando no chão. Eu nunca mais vou aceitar os planos de Jaehyun, eles são péssimos e meu maior erro foi confiar nele.

— Já que vou ser pego, você tem um hálito que se espalha pelo ambiente, é terrível. Recomendo uma escova de dentes — Disse erguendo minhas mãos e ele negou, achando que não lhe vi conferir quando se virou. 

— Taeyong foi um prazer te conhecer e presenciar suas habilidades pessoalmente — Ele sorriu em deboche se aproximando de mim. 

— Eu não posso dizer o mesmo — Disse suspirando — É sério, se continuar próximo eu juro que desmaio. 

Flynt estava indignado pelas minhas sinceras palavras, queria dizer mais algumas coisas, mas senti minha cabeça ser atingida e acabei caindo no chão, ficando com a visão embaçada. Vendo por último o rosto do loiro contendo um sorriso pequeno nos lábios. 

(...) 


Sons agudos atingiam minha audição que se mantinha abafada, abrindo meus olhos lentamente aguardando obter foco de onde estava e começando a me recordar do que tinha ocorrido antes. Parece que havia acabado de acordar de um sonho muito bagunçado, o qual acabou causando danos na vida real ao sentir minha cabeça latejar. 

A porta não parava de se mover e meus olhos tinham dificuldades para ficarem abertos, a tontura se misturando com o vazio de pensamentos. Tudo bem, respira Taeyong, você nunca foi sequestrado por sempre fazer bem seu trabalho, mas foi irresponsável por deixar uma criança assumir. 

Lee? Lee, você tá acordado? — Suspirei ouvindo a voz do loiro ecoar três vezes mais alta que o normal, assentindo sem dizer nada. Sentia tanta raiva que poderia dizer coisas indevidas — Deve estar vendo tudo multiplicado, isso deve passar em alguns minutos. 

— Como sabe? — Resmunguei virando o rosto, vendo mais de um Jaehyun, arregalando meus olhos assustados. Aquilo era como estar preso em um pesadelo. 

— Aconteceu a mesma coisa comigo, só fica calmo.. — Ele encolheu os ombros e sua sorte era minhas mãos estarem presas, caso contrário teria lhe acertado um bom soco — Lee, posso te fazer uma pergunta? — A última coisa que queria era responder.

— Não — Respondi sem humor. 

— Aquilo que disse era verdade? — Abri meus olhos sentindo as coisas começarem a retornar para os devidos lugares, o loiro encarava o teto, apoiando suas mãos amarradas nos joelhos. 

Eu digo tantas coisas.. — Tentava retirar a corda, ciente do que ele perguntava — Mas não, eu não estava falando sério. Talvez só um pouco, você realmente é um idiota — Ele riu abaixando sua cabeça desviando o olhar para mim, seus olhos estavam diferentes, transmitindo admiração e quase me deixando sem jeito. 

— Tem de ser muito idiota pra achar que isso vai cortar só porque você quer — Lancei um olhar raivoso ao mesmo, era melhor do que ficar encarando o teto sem fazer nada. 

— Tem de ser muito idiota pra achar que um plano mal feito desses, daria certo — Disse irritado. 

— Tem de ser muito idiota pra achar que você é bonito, mesmo dizendo tantas coisas estúpidas — Ele virou o rosto como uma criança birrenta, me fazendo bufar irritado, não podia gritar pra expor toda a minha raiva. 

Tem de ser muito idiota pra achar que você é uma boa companhia — Disse apenas para mim, encostando a cabeça na parede e resmungando baixo pela mesma doer. Minha cintura ainda estava dolorida, precisaria ir em um hospital assim quando retornasse a Neo e esperava não ter quebrado nada.

Direcionei meu olhar frustrado até a porta que não girava mais e nem se multiplicava, sorrindo sem mostrar os dentes pela minha confiança ter retornado. Sua maçaneta parecia estar bastante velha e frágil, poderia tentar quebrá-la e utilizar a mesma para desgastar os fios da corda, assim iríamos nos soltar. Eu só preciso me levantar e ir até lá, simples. 

Havia conseguido ficar de pé, usando a parede como apoio já que a tontura retornou e fechei meus olhos respirando fundo, acabei me esquecendo da perna esquerda, e apoiei todo meu peso na mesma. Caindo feito saco de batata no chão sujo, resmungando palavrões quando acrescentei mais dores a lista. 

— Lee, o que diabos está fazendo?! — Jaehyun se aproximou usando suas mãos presas para virar meu corpo, me deixando de barriga pra cima e tendo um semblante ranzinza. Ótimo, eu estragaria tudo. 

— Nada demais — Me sentei fazendo careta, sem deixar que o loiro visse — Eu só preciso me levantar e quebrar a maçaneta sem causar muito barulho, a gente usa ela pra cortar as cordas. 

Me levantei novamente, confiante que conseguiria dar um passo sem sentir minha perna me matar, mas estava errado. Jaehyun passou seu braço pela minha cintura antes que atingisse o chão mais uma vez. Isso era frustrante. 

— Você não precisa fazer tudo — Ele disse sério, praticamente me obrigando a sentar no chão e mantive meu olhar distante dos seu. Cruzando os braços por pura frustração. 

— Taeyong, eu tô falando com você — O loiro virou meu rosto com o dedo, recebendo meu semblante indignado e os olhos caídos — Confia em mim. 

Mais uma vez? Pra você me desapontar ou pra matar nós dois?! — Disse rígido sentindo minha garganta ficar seca, problemas com confiança vindos da infância sempre estragaram tudo, mas também me protegiam de muitas coisas. E se tivesse a ouvido, não estaríamos aqui.

— Uau, você realmente me odeia.. — Ele suspirou, logo sorrindo sem mostrar seus dentes, fazendo as covinhas surgirem e os olhos se fecharem — Tudo bem, nem eu gosto de mim — Isso era deprimente de se ouvir. 

Empurrei seu corpo o vendo cair sentado se enfezando como um bebê, mantendo o olhar concentrado nos meus. Estava usando códigos para dizer o que queria no chão empoeirado e tentava não esquecer de uma palavra sequer, era difícil dizer certas coisas em voz alta. O loiro inclinava sua cabeça confuso, mas memorizando cada sinal feito no chão e por dois segundos pensei que ele sabia pelo olhar arregalado. 

— Ah, eu já vi meu tio assistindo vídeos assim — Soltei minha respiração aliviado e pondo um ponto final, limpando meu dedo na roupa — O que escreveu? 

— Estou te dando um motivo pra gostar de si mesmo — Sorri pequeno e seu rosto se iluminou com os olhos grandes, e o sorriso largo encarando os símbolos. 

— Me diz, me diz — Ele implorou. 

— Quando sairmos daqui, você descobre...claro se lembrar — Provoquei e o mesmo balançou a cabeça, mudando sua expressão para uma competitiva. Levantando rapidamente indo até a porta metálica, começando a forçar a maçaneta da mesma para cima e ela fazia barulhos que davam indício que logo quebraria. 

A parte pontiaguda ficou na porta, enquanto o outro pedaço estava em sua mão. O loiro começou a esfregar na corda, sorrindo quando os fios se desfiaram e iam se desgastando quase que por completo, depois de um tempo — muito longo — ele já tinha suas mãos soltas. 

Me sinto exausto — Jaehyun resmungou se sentando no chão, limpando sua testa com a manga da blusa fina que vestia, enquanto eu tentava cortar as cordas. A maçaneta já estava muito danificada e tinha diversas elevações no ferro, e a corda havia começado a ficar mais solta. 

— Para de frescura, isso ainda não é nada — Ele revirou seus olhos e arqueou a sobrancelha, entreabrindo a boca, balançando sua cabeça em negação. 

— Você não tá nem um pouco cansado?! — O encarei deixando a resposta óbvia, retirando as cordas dos meus pulsos suspirando aliviado, acariciando o local avermelhado — A gente pode sair pelo duto de ar — Jaehyun apontou para a mesma, o problema seria alcançar aquilo sem poder sequer pular. 

— Por que eles deixariam isso aberto?! — O loiro coçou sua nuca e franzi meu cenho lhe encarando — O que mais você fez?!

— Bem, isso não vem ao caso — Ele se levantou, esticando a mão para mim fazendo uma careta quando ignorei sua ajuda, e fiquei de pé sozinho — Vai querer subir sozinho também?! 

Debochou apontando para o duto, e por falta de opção, tive de aceitar seu auxílio. Suas mãos estavam na minha cintura e aquilo doía tanto, mas não diria que tinha machucados além da perna. Usei minhas mãos como apoio e me impulsionei para dentro daquele cubículo pequeno de metal, tendo certeza de que havia chutado o loiro sem querer. 

Jaehyun demorou a subir e com muito custo, acho que teve cinco tentativas antes de realmente conseguir apoiar seus braços. 

Que bela visão — Parei de engatinhar suspirando, vendo de canto seu sorriso malicioso. Ele nunca perdia a chance de me provocar.

— Eu vou te chutar com minha perna boa — Ele ergueu suas mãos em rendição, acertando sua cabeça no teto, reclamando sem desfazer aquele sorriso. Esse duto de fato era estreito e dava para se ouvir todos os diversos barulhos desse lugar.

Isso é muito barulhento — O loiro resmungou, e tive de concordar vendo uma tampa que talvez desse em outra sala. Acelerando meus "passos" até a direção da própria, Jaehyun continuava acertando o teto com sua cabeça, causando mais barulhos pelo metal.

Dá pra parar?! 

Experimenta ter 1.80 — Revirei os olhos parando em frente a tampa, colocando meus dedos na abertura tentando tirar sem querer que ela atingisse o chão, mas acabou sendo inevitável e encolhi os ombros pelo som que ecoou.

— Ops — Sorri amarelo. 

Parabéns, quer que eu bata palmas?! — Revirei os olhos ouvindo a risada abafada do loiro. Essa sala se assemelhava a um depósito e por sorte não precisaria pular, usei as caixas como escada, apesar de quase ter caído na última por ela estar vazia. Arrancando uma gargalhada alta do outro. 

— Merda — Me apoiei na estante de metal, retirando a caixa que ficou presa no meu pé. 

— Eu tô sem….ar — Ele se abanou com a mão, e joguei o primeiro objeto que encontrei em sua direção. Indo até a porta mancando e lhe abrindo um pouco, tendo a visão de um corredor vazio, tendo mais outra sala na frente. Jaehyun quase me derrubou quando puxou a porta para poder enxergar, ele não sabia mesmo o que era ser discreto.

— A gente precisa sair daqui, o quanto antes.

Certo, eu vou na frente e chamo a atenção deles. 

— Eu tô começando a achar que o descolorante atingiu seu cérebro — Disse batendo em sua mão para soltar a porta, a fechando na sequência — Jaehyun, você não sabe nem correr em linha reta. 

— Como você concluiu isso?! — Ele pôs as mãos na cintura indignado. Creio que já tivesse se esquecido que havia lhe perseguido antes de nos conhecermos.

Enfim, o seu plano é péssimo e a partir de agora, seguiremos o meu — Disse autoritário o vendo debochar mexendo a boca, eu não poderia ter sido sequestrado com alguém que usa ao menos, 50% do cérebro?!


Notas Finais


Nos vemos na próxima atualização, continuem se cuidando e bebendo bastante água ❤


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