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História A sombra. - Capítulo Único.


Escrita por: SkyHian

Notas do Autor


Gente, eu não sei o que deu em mim, mas eu resolvi escrever essa One-Shot, e sinceramente eu gostei muito dela. *-*

Tirei as ideias do personagem de Teoria do Caos, e o livro; A menina que roubava livros.

Bom, eu não plagiei nenhuma das duas autoras, então por favor leiam antes de julgarem. Obrigada.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único.


Fanfic / Fanfiction A sombra. - Capítulo Único.

 “Eis um pequeno fato; você vai morrer.”

 

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos ou conclusões. Eu sei ser amigável. Amável e até mesmo agradável. Só não me peça para ser simpático. Simpatia não tem nada a ver comigo e nem com ele.

Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas na verdade isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, basta dizer que em algum momento eu me erguerei sobre você, sua alma estará em meus braços e eu levarei você embora gentilmente.

Talvez haja uma grande descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será a nossa respiração, além do cheiro do seu sangue vermelho marcando os meus passos.

Eu nunca pensei em desistir ou deixa-lo sozinho nessa situação, até porque sem mim KyungSoo não estaria vivo. Sei o quanto ele precisa de mim, o quanto o meu dom é favorável para acalmar os seus gritos de angustia e dor. O problema é; quanto tempo mais eu irei aguentar essa tortura? Desde que KyungSoo nasceu, eu estou com ele. Eu sempre estive com ele, e hoje, quando eu penso que posso ir embora e deixa-lo sozinho, estou enganado.

Mesmo assim, é possível que algum dia ele se livre de todo o tormento que o assombra. Eu desejo que ele seja livre e que as pessoas possam o aceitar, mas KyungSoo parece não querer isso. Ele não quer que eu o abandone como todas as outras pessoas fizeram, e eu prometi para ele que nunca faria isso. Nem preciso dizer os motivos de ainda estar nessa, não é? Preciso protegê-lo de todos os humanos da terra.

E é para eles que não suporto olhar, embora ainda eu falhe em muitas ocasiões. São os humanos que fazem mal a KyungSoo, que eu não suporto ver. Mas eu não tenho culpa, e ele também não. Nós somos doentes e precisamos de ajuda, o único problema nessa questão é que as pessoas tem medo de nós. Não me assusto por ver todos eles se distanciarem, mas KyungSoo sofre com isso e consequentemente sofro junto. Já falei que odeio sofrer? Não? Eu odeio sofrer. Eu odeio sentir dor e fazer KyungSoo sentir dor também. Procuro deliberadamente entre todas as pessoas que nos machucaram amenizar a nossa dor, mas o que eu ganho com isso; mais dor. No final, tudo se resumi a corações vazios e pulmões esgotados.

O assunto de que lhe estou falando é a historia de um garoto com desejos insaciáveis de sangue e carne. Um garoto que foi capaz de matar a família pela vida, ou talvez, um garoto que seja dominado por mim. É só uma pequena historia, na verdade, sobre a primeira vez que ele matou de verdade.

*Eu

*Um rapaz

*Algumas palavras

*Sexo e morte

Vi ele três vezes antes de tudo acontecer.

 

 

Era como se o globo inteiro estivesse coberto por neve. As arvores usavam cobertores de gelo e o ar estava mais parecendo um refrigerador. O suéter marrom estava enfiado no corpo pequeno de qualquer jeito e as pegadas afundavam até as canelas na grossa camada – de gelo – que cobria o chão. KyungSoo abraçava o próprio corpo com os braços miúdos na tentativa falha de proteger-se do frio, enquanto caminhava rumo a praça. Os lábios grossos e bonitos estavam avermelhados, assim como a ponta do nariz e as orelhas. Particularmente, eu adorava os lábios em forma de coração de KyungSoo. Tudo nele parecia perfeitamente distribuído em proporções exageradas de uma delicadeza absurda. Acima de tudo, KyungSoo era delicado e infantil, os seus traços de rapaz indefeso e sozinho talvez fossem pontos para a nossa loucura. Mas ele não estava sozinho, eu nunca o deixaria sozinho.

Não havia ninguém na praça quando os pés cobertos por uma bota de couro pisaram no gelo amarronzado. Consideravelmente, aquele lugar era horrível. Eu não gostava de estar ali, mas KyungSoo insistia em querer visitar todas as segundas-feiras aquele inferno. Se eu pudesse escolher os lugares em que visitaríamos para não cairmos no tédio, essa praça seria a minha ultima opção. A infância do garoto de lábios de coração fora limitada nessa praça, e se não fosse por mim, KyungSoo nunca teria passado daqui.

Ele caminhou com passos desajeitados para um dos balanços velhos e enferrujados. Antes de sentar-se e fazer o que sempre vazia quanto estávamos sós, ele olhou ao redor para certificar-se de que realmente éramos apenas eu e ele e sorriu. Adorava quando ele sorria daquela maneira, posso sentir que de alguma forma ele era feliz. Antes da descoberta de minha existência, nem mesmo o meu garotinho existia.

Sentou-se no balanço sujo e me convidou para fazer o mesmo. Não queria sentar-me ali, e ele sabia que eu tinha motivos para não querer fazer isso. Mas eu nunca o impedi das suas visitas, mesmo não concordando com nenhuma delas, eu nunca o impedi. Lembro-me que até me recusei a acompanha-lo em uma dessas visitas, e eu até pensei que ele desistiria de vir sozinho, mas não. O problema foi que tudo acabou dando errado. Eu já deveria ter imaginado que iria acontecer alguma coisa com ele, mas não imaginava de que tudo pioraria.

A culpa de tudo era minha, eu já havia cometido muitos erros, mas o maior erro foi abandona-lo quando tudo o que ele precisava era de mim. KyungSoo nunca encontrou alguém que o apoiasse em suas decisões, e quando eu apareci, ele pareceu sorrir ao mundo.

“Posso me sentar aqui?”

E lá estava ele. Eu já o havia visto duas vezes, mas KyungSoo nunca o notara antes. Ele era bonito e tinha um sorriso convidativo, mas acima de tudo, ele observava o meu garoto. Nunca quis que KyungSoo o notasse, na verdade, eu estava com medo da súbita aproximação repentina.

KyungSoo não respondeu. Ele não mexeu um músculo sequer ou olhou para o rapaz. Eu sei o que estava passando na cabeça dele; que aquele humano sairia correndo quando notasse a minha presença e mais uma vez, seriamos eu e ele. Sinceramente, eu também esperava por isso. Mas o rapaz de pele bronzeada e cabelos negros sentou-se no balanço que era meu e começou a balançar-se.

Na primeira vez que o vi, ele estava com um livro em mãos. Quando eu e KyungSoo chegamos a praça o meu garoto não o notou. É claro que eu o notei, mas não fiz questão de me preocupar com alguém tão insignificante. Se eu soubesse que ele tentaria se aproximar, desde o começo iria afastar KyungSoo dele. Não sou egoísta, apenas quero proteger quem eu mais amo. Na segunda vez em que o vi, nós já estávamos na praça assim como hoje. Ele chegou depois e observou KyungSoo até irmos embora.

O balanço em que o rapaz de tez morena ocupava rangia alto enquanto o pé impulsionava o corpo para frente e para traz. O garoto de lábios de coração ainda estava imóvel, o corpo pequeno balançava-se conforme o outro se balançava, mas de todo modo KyungSoo ainda não havia se mexido um milímetro por conta própria.

“KyungSoo, porque você está tão quieto?” Disse o rapaz assim que parou de balançar-se. Não ouve resposta, e sim uma pergunta.

“Como você sabe o meu nome?” Desta vez KyungSoo virou-se para encara-lo nos olhos. Ele gostava de fazer isso, encarar as pessoas dentro dos olhos como se fosse ler a alma delas.

“Eu perguntei para o meu tio.”

“Quem é o seu tio?” Ele não costumava fazer muitas perguntas, mas estava interessado, e confesso, eu também.

“O Sr Kim do mercado. Ele me disse que você vai muito visitar a minha tia e levar flores para ela. Eu estou passando as férias com eles.”

Então era por isso que o garoto moreno estava interessado no meu pequeno. Ele não sabia o quanto éramos traiçoeiros e perigosos. Ele não fazia ideia do quanto eu estava com ciúmes naquele momento.

“A minha tia me disse que está com saudades de você e suas flores.” A adorável senhora Kim sempre confiou em KyungSoo, ela não sabia que eu existia. Mas nós não vaziamos a mínima questão de isso acontecer, ela era velha e não me interessava.

Como na maioria das cidadezinhas, não era sempre que chegava novidade. Eu estava cansado de toda a mesmice que a vida estava oferecendo para mim e ele. Nós precisávamos de algo novo, eu e KyungSoo precisávamos nós divertir com alguém diferente. É claro que convencer o meu pequeno a fazer isso séria difícil, pois o garoto de tez escura era sobrinho de uma das únicas pessoas que se aproximava dele. Se o garoto morresse, tudo estaria resumido à solidão para nós.

“O seu nome? Você não me disse o seu nome.” KyungSoo murmurou, empurrando os pés para que o balanço começasse a se mover.

“Ah, desculpe-me. Eu me chamo JongIn.” O prazer é todo meu, JongIn.

“Eu vou buscar flores para a sua tia, você não quer me acompanhar?”

Não sabia que seria tão fácil convencê-lo de que JongIn seria uma boa presa e uma grande diversão, mas eu confesso que não era só por isso que KyungSoo havia cedido tão facilmente. Não ouvi nenhum protesto ou tentativa de fuga da parte do meu pequeno garoto, ele havia cedido a minha vontade de sangue, como se também fosse a sua vontade.

Estava frio e JongIn sorria calorosamente para o meu pequeno cervo. KyungSoo sorriu assim que o garoto confirmou com a cabeça e saltou do balaço.

Uma forma de atrair as minhas vitimas; era KyungSoo.

 

 

Os dois estavam caminhando lado a lado. JongIn conversava de como era a sua vida na capital da cidade, mas eu não estava interessado nas suas palavras cheias de luxuria e carregadas de orgulho. O meu KyungSoo não teve a sorte da qual muitos tinham, mas ele não se importava com isso.

Agradeci, e tenho certeza que o meu pequeno também agradeceu por JongIn conversar todo o caminho sobre a sua vida e não perguntar nada a respeito de nós. Eu não estava preparado para inventar desculpas e muito menos jogar conversa fora com aquele estranho, e sei bem que deixar tudo por conta de KyungSoo poderia dar errado.

“Você é tão calado.”

Assim que chegamos a nossa casa, JongIn comentou. Ele não havia observado o caminho e nem se dera conta de que estava no subúrbio daquele bairro imundo. O local era escuro e não tinha muita iluminação, e nas minhas conclusões, o esgoto seria mais apropriado a chamar de lar, do que o próprio lugar que eu e KyungSoo denominávamos de casa.

“Entra.”

A porta fora aberta, assim revelando uma pequena sala. Era até bonitinho. O meu menino era organizado, e morar ali para ele foi uma tortura nos primeiros meses. JongIn estava enfeitiçado e não pareceu se importar com o cheiro ou em como o local mostrava o quanto éramos podres. É claro que quando eu falei que era bonitinho, não significa que é realmente bonito.

“Eu vou buscar as flores, sinta-se a vontade.”

KyungSoo rumou para fora da sala e adentrou outro cômodo. É claro que eu não estava com a intenção de levar flores para a tia de JongIn ou muito menos deixar que ele ficasse a vontade em minha casa, mas o meu parceiro estava tão nervoso que as suas mãos suavam mesmo estando frio e as suas pernas tremiam. Nós já havíamos feito isso milhares de vezes, mas KyungSoo sempre duvidava da sua capacidade.

Voltamos para a sala com uma caixa onde varias muda de flores estavam guardadas. Mas elas não iriam sair dali, e nem JongIn. O garoto estava sentado no sofá, e quando avistou KyungSoo levantou em um salto e fora ajuda-lo com a caixa.

“Deixe-me levar, parece pesada.”

Porque diabos as pessoas enxergam KyungSoo como um fracasso? Nem mesmo uma caixa com flores ele não é capaz de carregar com os próprios braços e pernas? O garoto tomou das mãos do meu pequeno a caixa e KyungSoo sorriu.

“Você quer um chocolate quente? Está tão frio e eu gostaria que terminasse de contar a sua historia.”

É claro que ele havia concordado com tudo. Até porque nada poderia ser estranho vindo de um rapaz tão adorável...

“Eu esperarei você aqui na sala, não quero te atrapalhar e eu sou horrível na cozinha.” KyungSoo acenou positivamente assim que o rapaz colocou a caixa novamente no chão e voltou a sentar-se no sofá.

Parabéns KyungSoo, está tudo dando certo.

Voltamos para a cozinha e KyungSoo pegou todos os ingredientes de que precisava para fazer o chocolate quente, e porque não dizer; todos os ingredientes e algo a mais. Ele era um bom cozinheiro, eu o admirava por ter aprendido tudo o que sabia sozinho, e ainda assim ser um ótimo cozinheiro. Já eu só gostava de observá-lo enquanto preparava o meu prato predileto.

O fogo abraçava o metal da panela e os ingredientes eram tacados aos poucos dentro do utensílio. Uma colher de madeira era usada para misturar o conteúdo cor de chocolate em uma lentidão desnecessária. KyungSoo até mesmo usava uma delicadeza que não precisava existir naquele momento.

JongIn continuou conversando com o meu pequeno coreano enquanto ele preparava o chocolate quente dos dois. Nós havíamos descoberto que o garoto moreno tinha dezenove anos e era conhecido entre seus amigos por Kai. KyungSoo não gostou do nome, mas eu particularmente adorei.

“JongIn, está pronto.” Ele chamou, assim que o chocolate quente estava pronto e colocado em canecas de porcelana azul.

O garoto apareceu no balcão que dividia a sala da cozinha e sorriu assim que uma caneca fora levada em sua direção. Não poderia negar que aquele rapaz era a minha melhor vitima. Nós não costumávamos achar pessoas interessantes e consideradas exuberantes no lugar em que vivíamos. A carne não era fresca e muito menos saudável, todos ali não passavam de imundos, assim como eu. E se você está pensando que o meu pequeno coreano seja alguém da minha laia, está muito enganado. KyungSoo é um anjo que caiu no lugar errado, na hora errada e com a sombra perfeita.

Eu sou perfeito para ele. Ninguém saberia cuidar do garoto de lábios de coração, melhor do que eu mesmo. Eu era capaz de aceitar, e ainda sou capaz de aceitar todos os problemas que KyungSoo desenvolveu por causa de seu trauma.

Lembro-me de quando eu apareci pela primeira vez; foi um estrago. KyungSoo tinha oito anos de idade e o seu corpo desnudo estava estirado em uma cama velha e fedida. Os olhos vazios refletiam todos os seus medos e angustias. A pele branca estava marcada com arroxeados e vergões vermelhos, os pequeninos lábios que desde a primeira vez me chamou a atenção, estavam cortados e o nariz redondinho e bonitinho sangrava. Ele era tão pequenino e eu quis abraça-lo e leva-lo embora daquele inferno, mas o mostro estava voltando.

Ele gritava alto, a voz fina saia sofrida pela garganta machucada enquanto o corpo aguentava algo que não deveria estar ali. Eu assisti tudo até o final, estava segurando para não avançar no humano imundo que entrava e saia do corpo do meu pequeno anjo. Eu era um mostro, mas aquele homem estava conseguindo ser ainda pior. Quando tudo realmente acabou, o menino foi deixado na cama junto ao seu sangue que escorria como calda em um bolo. Sou fascinado por sangue, mas naquele instante eu estava vomitando toda a dor que KyungSoo sentia.

Depois que ele se acalmou e eu me apresentei, nós fizemos pela primeira vez o meu trabalho. Eu costumava trabalhar sozinho, e quanto apareci era esse o meu plano, continuar com o meu trabalho sozinho; mas ele precisava de mim, e eu sei que de algum modo eu também precisava dele.

Nós matamos o seu pai, a sua mãe e eu quase o matei. Mas é claro que não havia feito isso. Tudo aconteceu tão de presa e assustador para KyungSoo que ele não me quis mais ao seu lado. Confesso que fiquei injuriado e com raiva, mas tudo bem, era a sua primeira vez e ele me procuraria de novo.

A morte dos seus pais foi um alivio, de algum modo eu e ele pensamos que tudo estaria bem e que eu poderia continuar o meu serviço enquanto ele viveria feliz no orfanato para aonde havia sido encaminhado. O único problema era que KyungSoo era alvo de abusos.

Aconteceu de novo quando ele tinha quatorze anos. Nunca consegui apagar da memória dele a primeira vez que aconteceu, mas de algum modo ele não pensava mais nisso. Mas depois de certo tempo, aconteceu de novo. E é claro que eu fui chamado. Ele me gritou, e se eu não tivesse demorado tanto poderia ter o livrado da mesma dor de seis anos atrás. Mas eu falhei com ele. E depois disso me comprometi que nunca mais o deixaria sozinho. O ajudei a fugir do orfanato e então estamos juntos até hoje.

JongIn de certo modo era agradável, mas eu nunca poupei a vida de ninguém, e não seria um garoto bonito e de bom papo que me faria violar as minhas regras. KyungSoo estava rindo de verdade, e eu sabia que as piadas que JongIn estava contando para ele estava o divertindo de verdade, mas eu não iria cair nessa.

O meu papel era defender KyungSoo dos humanos, e JongIn acima de tudo, era um humano. Era o meu jantar daquela noite que estava chegando.

“Obrigado pelo chocolate quente, estava delicioso.” O moreno disse, entregando a caneca para que KyungSoo a levasse junto da sua até a cozinha.

“Obrigado. Eu também agradeço pela sua companhia, não tenho muitas visitas.” Ele confessou incerto, e JongIn levantou-se em sua direção com as pernas bambas e cambaleando para os lados. “Tudo bem com você?”

Gargalhei alto. Sentei-me no sofá de um acento e observei tudo ao redor. KyungSoo era um bom ator.

“Eu só estou um pouco tonto, não é nada demais.” Riu baixo, sentando-se novamente no sofá.

O coreano menor deixou as canecas sobre a pia e voltou para a sala. O moreno estava escorado no acento do sofá e quando KyungSoo voltou a sentar-se ao seu lado, confessou.

“KyungSoo... Porque? Porque você está aqui sozinho?”

“Eu não estou sozinho JongIn.”

O coreano maior riu, negando com a cabeça.

“Eu pensei que havia me dito que morava aqui sozinho.”

“Não necessariamente sozinho.”

“Não estou entendo.” Arqueou as sobrancelhas e olhou profundo para o meu garoto. Oh JongIn, se você soubesse o quanto ele odeia que as pessoas o olhem assim.

“Você não precisa entender.” Sorriu e levou a ponta dos dedos até a pele da bochecha esquerda de JongIn, acariciou ali sem permissão traçando um caminho até os lábios do moreno. Lábios... Lábios carnudos e irresistíveis.

“Está me tentando, KyungSoo?” JongIn colocou a ponta de sua língua para fora e deslizou a mesma no dedo indicador do meu pequeno.

KyungSoo riu e recuou a mão.

“Não. Só achei os seus lábios bonitos e senti vontade de toca-los.”

“Você pode toca-los...” JongIn jogou o próprio corpo próximo ao corpo de KyungSoo e levou os carnudos a orelha direita do menor e sussurrou.

As aparências enganam, não é mesmo? KyungSoo não era de todo modo inocente e eu não poderia deixar que ele perdesse uma oportunidade tão excitante como aquela. Tenho certeza de que nós não encontraríamos outro moreno como Kai.

O coreano mais velho levou os lábios até os alheios e o capturou com um beijo delicado. E eu estava sentando assistindo tudo de camarote. O primeiro toque deles foi supérfluo. Os lábios se roçavam devagar e as mãos do rapaz moreno procuravam tocar as costas, nuca e até mesmo os cabelos do meu garoto com delicadeza. KyungSoo estava impaciente com tudo aquilo, e confesso que eu também estava.

O músculo quente e úmido de KyungSoo deslizou para fora de sua boca e adentrou os carnudos de JongIn, ambas as línguas se chocaram causando arrepios por parte dos dois corpos. Eu queria poder participar daquela brincadeira, mas aquele trabalho não era meu e eu não iria atrapalhar o meu parceiro.

JongIn certamente estava pensando que o garoto de lábios de coração era inocente e inexperiente com tudo aquilo, mas não. KyungSoo mordia e sugava os lábios do moreno com vontade, deixava a língua deslizar no meio das bocas que traçavam uma briga por posse. Não me importava quem dominaria quem ali, no entanto quem sairia ganhando no final éramos nós. Os beijos molhados de JongIn desceram para o pescoço alvo e delicado de meu parceiro. Os lábios de KyungSoo estavam inchados e avermelhados, os olhos parcialmente fechados e sons de luxuria saiam de sua cavidade bucal.

Ele estava gemendo para me provocar; para mostrar que também saia ganhando. JongIn o puxou para cima de suas pernas, e eu não me assustei com a facilidade que KyungSoo cedeu aos desejos do moreno. Não me assustei também quando as mãos afoitas do meu garoto já tratavam de arrancar a camisa do corpo saboroso abaixo do seu.

KyungSoo era parcialmente menor do que JongIn, mesmo sendo mais velho que o rapaz dois anos, o meu garoto era miúdo e magrelo. Os braços finos e a cintura com curvas a mais transmitia um ar de delicadeza em excesso. Kai marcava o pescoço do coreano mais velho com vontade, os dentes prendiam a pele do pescoço com força, para logo em seguida chupar e soltar com um estalo. Os braços de KyungSoo envolviam o pescoço de JongIn e ele rodava os quadris com pressão acima do membro do moreno.

“KyungSoo... Vamos lá, tira as suas roupas.”

KyungSoo nunca chegou a transar com as nossas vitimas. Tudo bem que às vezes as coisas saiam de controle e os meus alimentos queriam algo a mais do que caricias. Mas eu não permitia alguém tocar no corpo de KyungSoo.

“Eu quero... N-ão se preocupe.” KyungSoo sussurrou e eu sabia que ele estava falando comigo. JongIn já subia a sua camisa e ele levantava os braços para cima.

Eu não queria. Eu não queria mesmo que ele se entregasse daquela maneira para JongIn.

“Po-r favor. Eu q-uero. Por favor.” As palavras saiam cortadas por meio dos gemidos languidos que abandonavam os lábios dele. JongIn abusava do mamilo esquerdo com os dentes, enquanto o direito recebia beliscões entre pequenos intervalos.

Por fim, eu não poderia fazer nada pra para-lo. Ele estava me desobedecendo pela primeira vez, mas tudo bem, a culpa de tudo ainda assim era minha.

JongIn deitou o corpo pequeno sobre o estofado do sofá e levou as mãos para o zíper da calça do meu companheiro. Ele estava tão ansioso quanto o próprio KyungSoo. A calça abandonou o corpo branco junto a Box preta. Kai não esperou as formalidades e muito menos KyungSoo para despi-lo. Seria tudo muito mais interessante se os dois não estivessem apresados.

Os dedos pequenos e finos do coreano mais velho foram de encontro ao membro disperso do rapaz moreno. Os primeiros toques foram tímidos, mas quando o meu garotinho tomou coragem; deslizou os dedos por toda a extensão do membro que pulsava em sua mão e massageou a glande com o dedão. Kai prendeu os lábios com os dentes e segurou um gemido na garganta.

As pernas de KyungSoo estavam abertas e o corpo não estava preparado para receber alguém, mas o que poderia ser tão importante se de todo modo, JongIn iria morrer.

“Você tem certeza que consegue?”

Eu não ri porque não era o momento, mas só de imaginar alguém se preocupando com o seu próprio assassino, isso chegava a ser tão cômico e interessante.

KyungSoo já aguentou tantas coisas na vida, porque ele não aguentaria você; JongIn.

Quando o meu pequenino afirmou e abriu mais as pernas para que JongIn se posicionasse entre elas, ele me olhou e sorriu. Ele estava fazendo aquilo porque queria e sentia vontade, pela primeira vez, ninguém estava o obrigando.

JongIn empurrou-se para dentro do corpo que parecia quebradiço e sentiu ser empurrado para fora. Os lábios de KyungSoo foram maltratados por seus próprios dentes e um grito de dor rasgou a sua garganta.

Tolo, é claro que doeria.

Mas ele não iria parar até que tudo estivesse no seu devido lugar; e foi o que aconteceu. Quando o membro duro e molhado de JongIn estava completamente dentro do interior apertado e quente do meu parceiro ele gemeu arrastado de alivio.

Eu não estava com vontade de assistir o moreno foder o meu pequenino, mas deixa-lo sozinho não estava no meu plano e eu não faria isso.

Os movimentos começaram lentos e desajeitados, os dois estavam fora do ritmo e ainda doía em KyungSoo quando o membro de Kai entrava e saia de seu interior. Estava queimando e as unhas medianas aranhavam a pele das costas de JongIn com força. O quadril do coreano mais velho só foi ganhar vida quando o prazer chegou. Mesmo com uma pitada de dor, KyungSoo lançou o corpo para frente e gemeu o nome do rapaz.

“Jo-ngIn...”

“Jon-gIn... Ah!”

Ele era tão sensível que até mesmo chegar a sua próstata fora fácil.

Os dedos do pé estavam contraídos e o suor brilhava no corpo de ambos. Os olhos estavam semiabertos e gemidos saiam por parte dos dois ali. Aquilo estava acabando e a minha hora de agir estava chegando.

JongIn deu mais algumas estocadas rápidas no corpo do coreano menor e mais alguns gemidos foram distribuídos no ar antes dos dois atingirem ao orgasmo no mesmo instante.

KyungSoo tremia e Kai estava afoito acima de seu corpo. A língua úmida traçava um caminho pela linha da mandíbula do menor e beijos supérfluos eram distribuídos no caminho. Tudo estava aparentemente  bem.

Um encontro, sexo e nada mais do que isso. Se eu deixasse JongIn sobreviver ele poderia voltar a procurar KyungSoo novamente para repetirem o ato. Os lábios de coração iria se apaixonar pelo moreno da cor do pecado e talvez eles até pudessem tentar ter um relacionamento.

Mas JongIn não iria sobreviver.

“Foi um prazer te conhecer.”

JongIn riu soprado e deslizou a ponta do nariz no peitoral desnudo do rapaz de tez branca.

“Digo o m-e...”

Foi tudo muito rápido para mim. Confesso que não esperava que o meu pequeno agisse sozinho e não precisasse de minha ajuda. KyungSoo não era mais o garotinho que eu conheci a treze anos atrás, ele não precisava tanto assim de mim como eu imaginava precisar. KyungSoo nunca teve a coragem e força para matar alguém sozinho; ele nunca havia matado alguém. Ele apenas era a isca para que eu pudesse fazer a parte do trabalho sujo. Mas JongIn estava com a lamina da faca enfiada em sua garganta – está agora que jorrava sangue em cima do rosto e corpo de KyungSoo. – Eu ainda estava sentado. Olhei para os olhos inocentes de meu parceiro, e não encontrei o KyungSoo que convivia comigo. Ele estava sorrindo e a pele branca fazia um contraste absurdamente bonito com o sangue escarlate do moreno.

O sangue escorria sem parar do corte profundo na garganta do jovem rapaz. Ele estava morto e não respirava. Se você quiser matar alguém sem mesmo escutar um suspiro de lastima esfaqueie a garganta. JongIn não vez som algum quando KyungSoo cravou a faca na região perto do pescoço do jovem, ele não teve a chance de implorar por sua vida; ou talvez nem mesmo perceber que ela estava sendo tirada de si. Nem eu mesmo percebi quando tudo aconteceu.

KyungSoo desceu a faca para baixo e o ato vez com que a carne se rompesse e mais sangue se esgotasse para fora; manchando assim todo o corpo do meu pequeno. Ele estava sujo e o cheiro de sangue já inalava a nossa pequena casa. Mas eu estava adorando. Eu estava pronto para levantar-me e aplaudir de pé o meu amado garotinho.

Ele era tão psicopata quanto eu. Nós éramos um só. Eu pude perceber nesse dia que eu não era o único mostro.

KyungSoo era tão mostro quanto eu.

JongIn estava tão lindo. O sangue quente jorrava da garganta estraçalhada pela faca que ainda estava nas mãos de KyungSoo. O corpo caído sobre o de meu menininho sem vida estava perdendo a cor do pecado aos poucos, mas mesmo assim ele ainda era tão lindo.

Para mim, Kai foi e será a minha melhor refeição.

KyungSoo empurrou o corpo morto com as mãos e os pés o jogando para o chão; o baque foi alto o bastante para o som continuar dançando em nossos ouvidos. O coreano vivo estava afoito no sofá; que antes era marrom claro, a respiração saia apressada e ele estava imóvel como uma pedra.

“Eu fiz isso tudo para você.” Ele começou, antes de levantar a cabeça e procurar por meus olhos. “Eu amo você, olha, eu fiz tudo isso por você. Não está feliz?” Os olhos arredondados estavam marejados. Ele esperava por um sorriso meu.

Eu estava feliz. Sorri e caminhei até KyungSoo com passos lentos e manhosos.

Sussurrei um obrigado em seu ouvido e o abracei forte. Eu sempre estaria ali para protegê-lo.

“Você pode deixar o coração desta vez para mim? Eu estou faminto.” Perguntou assim que nós nos separamos de nosso abraço e eu concordei.

Nós dois tínhamos gostos iguais. KyungSoo e eu éramos apaixonados por corações. Os lábios também eram deliciosos, assim como as bochechas e outras partes macias.

Hoje as melhores partes seriam do meu pequeno garotinho.

Nós comeríamos da melhor carne. Comemoraríamos algo que não fazia nenhum sentido.

“Vamos comemorar?” Ele me perguntou, assim que arrastou o corpo de JongIn para a cozinha.

Eu queria saber o que ele realmente desejava comemorar.

“Vamos comemorar a sua existência, D.O”

A minha existência era um grande motivo de comemoração.

Meu nome é D.O e eu sou a sombra de Do KyungSoo. Foi um prazer comer você, JongIn.

“Quando a sombra conta uma história, você deve parar para ler.” 


Notas Finais


Espero que gostem e tal, huehue.

Xoxo, tiau. <3
Obrigada a todos que leram.

Qualquer duvida e pergunta, vêm: http://ask.fm/ZomwHolf


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