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História A Substituta - Cela


Escrita por: K-Mirrelly

Notas do Autor


Desculpem passar mais de um mês sem postar, os afazeres as vezes não permitem que eu me dedique a fic.

Capítulo 5 - Cela


Fanfic / Fanfiction A Substituta - Cela

    Aury assistia Bernardo adormecer lentamente em meio ao pranto, como se houvesse recebido uma injeção de anestesia que fazia efeito dentro de alguns segundos. A cabeça da jovem estava um caos, seus pensamentos misturavam-se e seus sentimentos confundiam-se entre tanto medo e ansiedade, como se a própria fosse uma novela desejava que chegasse logo o próximo capítulo para acabar esta angústia que parecia infindável. Precisava saber o que aconteceria consigo.

    Seu pai, Orlando ficaria eternamente desapontado com a filha que até então era seu orgulho. Sua mãe não confiaria mais nela, a impediria de até mesmo manter a amizade com os seus outros quatro amigos que também estavam envolvidos no assalto e o único cara que ela acreditava poder salvar sua pele havia tido um ataque de loucura e a chamava incansavelmente de Lady Laura como um alucinado, era tudo muito estranho. Talvez ela pudesse conversar novamente com o Duarte quando ele despertasse, talvez ele tivesse bebido demais e por isso falava coisas com coisas. Ele não poderia ser maluco!

    Aurora tentava aconchegar-se naquele chão frio e duro, sua cela era vazia, não havia nem ao menos camas de cimento, porque era uma cela provisória, ninguém ficava muito tempo preso na delegacia da pequena e pacata cidade de Hortília, havia apenas duas opções para quem era preso naquela cidade: Era transferido para um presídio na capital, ou era liberto pagando uma sentença em dinheiro, ou ainda trabalho comunitário.

    As horas passaram-se rápido enquanto Aurora mantinha-se em seu tolo devaneio que não a ajudaria em nada, segurava os joelhos com os braços na posição fetal encostada no canto da parede escura, enquanto o silêncio da madrugada invadia rapidamente todo o ambiente, a voz despertada a pouco do Duarte a assustou em meio aquele silêncio perturbador:

    -Ainda acordada? –Ele estava sentado com as pernas esticadas como um boneco de pano jogado no chão por uma criança que enjoou do mesmo.

    -Sim –Respondeu com a voz rouca, pigarreando em seguida. Ela olhou de relance para ele, mas logo desviou o olhar para a parede de sua própria cela. –Não consigo dormir.

    -Me desculpe, moça, pelo meu comportamento estranho! –Ele pronunciava cada palavra com muita cautela, parecia se esforçar para isso –Devo ter te assustado, não foi minha intenção. Foi...-Ele parou por uns dois segundos olhando fixo para um ponto no chão, procurando as palavras certas para completar sua fala. –Eu não sei o que foi. Não sei o que me deu. Eu não sei. Me desculpe.

    Aurora parecia ter encontrado graça nas palavras do homem e ouvia ele se explicar com um sorriso maroto na face e balançando levemente a cabeça como se estivesse entendendo algo.

    -Não precisa me pedir desculpas, senhor Duarte! – Ela coçou a bochecha e deu um ar de riso –Já fiquei bêbada também!

    Ele olhava atentamente para ela enquanto ela falava e também enquanto se calava, ele queria encontrar algo nela que lhe desse a certeza de que não era sua falecida noiva, Lady Laura.

    -Qual o seu nome, moça?

    -Eu me chamo Aurora, senhor... –Ele balançava a cabeça e mordia o lábio inferior desconectado –Mas o senhor me chamou de Lady Laura. –Ela levantou-se apoiando-se na parede e aproximando-se da grade tentando manter a postura, tentando não demonstrar tanta curiosidade –Porque me chamou por esse nome?

    Ele se sentiu na obrigação de também tentar se aproximar mais da jovem levantando-se e caminhando até a grade de sua cela, agora ele podia voltar a olhar na face dela iluminada rapidamente por um facho de luz vindo do final do corredor. Ele abraçou-se na grade que lhe tirava a liberdade.

    -Você me lembra muito uma garota que eu não vejo a muito tempo. –Ele engoliu seco tentando penetrar nos castanhos dos olhos dela, mas parecia impossível com a falta quase completa de luz no ambiente –Ela era...-Sua garganta parece trancar quando pensava em falar de Lady Laura, sua eterna amada –Ela era muito parecida com você!

    Aurora permanece em silêncio, mas não retirava o olhar do homem, pedindo de uma certa forma para que ele prosseguisse:

    -Tinha... –As palavras pesavam em sair de sua boca, há muito tempo ele não sentia tanta dificuldade em relembrar sua garota –Tinha o mesmo cabelo, a mesma pele, os mesmos olhos que você tem. –Uma pausa pequena, para que ele pudesse repetir mentalmente que se controlasse –Eu pensei que você fosse...ela. –Ele coçou a nuca enquanto olhava em direção diferente a que ela estava parada tentando penetrar na mente dele (para ele era isso que ela estava tentando fazer), ele sorriu sem graça como se aquilo pudesse contê-lo, respirou fundo antes de continuar –Mas você não é! –Ele deu as costas e voltou a sentar-se com as pernas estiradas sobre o chão e as costas encostada na parede.

    Aurora continuava colada na grade.

    -Senhor Duarte, eu estava procurando o senhor naquele hotel. Eu precisava falar com o senhor, precisava não –Concertou –Preciso falar com o senhor.

    Ele cruzou as mãos sobre a barriga como quem tinha todo o tempo do mundo para ouvi-la.

    -Eu não sei nem como explicar...bom, como eu disse antes ao senhor...posso lhe chamar pelo primeiro nome? –Indagou interrompendo a si mesma, como se na tentativa de criar uma certa intimidade com o Duarte fosse ajuda-la em algo.

    Ele acenou que sim e em seguida pronunciou seu nome.

    -Então, Bernardo. Todos nós cometemos erros e fazemos coisas que não queríamos de verdade! Eu só tenho dezoito anos, sou muito jovem ainda e admito que talvez um pouco imatura –Ela não pensava assim –Fiz uma coisa muito errada de que me arrependo muito –Ela cerrava os olhos, nessas últimas palavras havia veracidade –Eu me arrependo muito, eu sou apenas uma garota...senhor Duarte me ajude.

    -Não estou entendendo nada, como eu posso lhe ajudar? O que você fez? –Ele tinha uma leve ruga de preocupação em seu rosto como se realmente se importasse com a garota.

    -Fui eu quem roubei sua loja –Ela baixou os olhos e encostou a cabeça na grade gelada pelo frio da madrugada. Ela estava realmente muito envergonhada, se sentia uma idiota daquele modo, confessando seu erro e pedindo desculpas como uma criança de cindo anos que falou o que não deveria falar. –Eu e meus amigos, estávamos bêbados. Desculpe, por favor –O silêncio de Bernardo a fazia temer, ela sentia suas mãos tremerem mesmo estando agarradas ao ferro da grade –Eu estou com medo, eu não quero ser presa nem nada do tipo, estou realmente arrependida...-Ela apertou os lábios para que nenhuma palavra mais saísse, pois ela sentia que iria chorar se pronunciasse algo a mais. Infelizmente era preciso dizer mais coisas –Estamos com o dinheiro, nós devolvemos para o senhor. –Continuou sentindo-se ridícula por estar chorando e não conseguir parar -Nós não queremos o dinheiro de verdade, só estávamos bêbados. Mas eu juro que não volta a acontecer... –Os soluços dela em meio ao choro baixo não convenceram Bernardo.

    -Eu ainda não fui comunicado sobre esse assalto. Certamente o gerente da loja é quem está cuidando desse assunto –Ele tinha uma dureza na voz, ele se sentia enganado, então ela realmente era uma ladra! –Deveria conversar com ele, ele quem cuida da filial da sua cidade. Se não me engano ele se chama...

    -Fernando! E ele nos odeia. A mim e a meus amigos!

    -Você me roubou de uma maneira indireta. Você roubou porque precisa? Sua família está passando por necessidade? –Ele queria ouvir uma boa justificativa, não queria acreditar que havia sido apenas uma aventura adolescente. –Por que fez isso?

    -Não, na verdade...-Ela continha o choro, mas não escondia as lágrimas –Estávamos bêbados.

    -Eu não posso lhe ajudar. –Foi direto e cruel –Quer dizer, posso, mas não quero. Você tem que pagar pelo seu erro, não é mesmo?

    Aurora não podia acreditar no que ouvia, ele não demonstrava ser o tipo de homem que estava sendo naquele momento, ele não demonstrava ser impiedoso. Talvez, ele não fosse cruel, apenas justo. As esperanças de Aurora desabaram sobre seus pés, a boca e os olhos dela estavam abertos em choque, apesar de parecer impossível que confessar o crime ao dono da joalheria fosse ajudar em algo, ela estava cheia de esperanças, porque o Duarte parecia ser um cara diferente dos outros empresários. Ela acreditou que estava enganada.

    -Senhor Duarte, o senhor é minha única esperança!

    -Você é uma ladra –A voz dele ecoou sutil e venenosa em seus ouvidos –Você está onde deve estar e estou aqui como um idiota por tentar defender quem você realmente é, eu me enganei desastrosamente, primeiro pensando que você era uma pessoa que –Ele riu de lateral –Uma pessoa que jamais você poderia ser! –Ela sentia as lagrimas quentes formando-se em seus olhos enquanto ele a julgava – Desculpe, mas eu não vou te ajudar!

    -Toda essa ruindade por causa de seu maldito dinheiro? –Ela sentiu uma raiva tomar conta de seu ser, que já nem podia sentir o frio – Eu devolvo ele para você!

    -Claro que vai devolver –Ele tinha uma voz calma que infernizava a alma de Aurora naquele momento –A polícia vai cuidar disso.

    Aurora cuspiu o mais longe que conseguiu em direção ao Duarte, mas sua saliva grudou na grade da cela, o homem pareceu se divertir com o ato, antes de virar as costas para a garota e fingir dormir.



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