História A suposição equacional do amor - Como em um filme

Nicholas

Me acordo um pouco mais cansado que o normal. Sinto um peso sobre mim. Abaixo o olhar e foco em uma Alice serena, mergulhada em sonhos. Os cabelos estão soltos e espalhados. Alguns em meu peito, outros em suas costas. Seu semblante é o mais calmo que já vi. Ela respira devagar e silencioso, quase que não escuto. Suas mãos estão me apertando de leve. Sem coragem para acorda-la, me encosto novamente no sofá e tento dormir novamente.

Depois de algum tempo, a sinto remexer e me soltar pouco a pouco. Finjo que também acordei naquele momento.

-Bom dia –eu lhe comprimento quando abro os olhos. Ela me cumprimenta de volta em uma voz manhosa. Eu a solto completamente e então ela se levanta. Continuo sentado acompanhando com o olhar os seus passos. Ela pega uma bolsinha pequena e vai para o banheiro. Finalmente arrumo coragem e começo a forrar os lençóis.

Depois de coloca-los em seu devido lugar, Alice sai do banheiro e eu entro em seguida. Começo a escovar os dentes. Até quando ela vai ficar aqui? Não que eu não esteja gostando de sua companhia mas gostaria de saber pois tenho que me preparar psicologicamente para estudos cansativos durante o tempo que ela ficara.

Depois de terminar minha higiene, saio do quarto e me deparo com o quarto arrumado e limpo. Alice não está nele. Eu demoro tanto assim no banheiro que deu tempo até para ela arrumar o quarto? Com certa incerteza, desço para a cozinha com uma vontade absurda de comer panquecas. Olho para o relógio. Oito e quarenta e cinco. Minha mãe não vai acordar agora. Não porque é cedo mas sim por cansaço da festa maluca que Beatrice deu. Tendo direito a festa do pijama e tudo. Como eu vou fazer panquecas? Nem um ovo eu sei fritar. Começo a procurar um tutorial na internet mas fecho a aba quando vejo que Alice já está fazendo algo na cozinha. Dou graças ao céus, Alice cozinha feito um anjo. É hoje que eu engordo vinte quilos.

-O que você está fazendo? –pergunto já me sentando perto de onde ela está.

-O café da manhã, não é obvio? –ela responde com um sorriso. Reviro os olhos e começo a ver o que já está pronto. Alice está fazendo comida para um batalhão. Tem de tudo na mesa. Ovos na frigideira, frutas separadas, laranjas para o suco e a cafeteira já está trabalhando. Tento ver o que ela está fazendo agora. Como ela faz questão de esconder, me levanto e olho por cima de seu ombro. Panquecas. Minha boca começa a salivar. Ela deixa a massa na mesa e vai atrás de algo no armário de cima. Vou ajuda-la já que ela não alcança. Ela aponta o que quer e eu pego. Cereais rosas e uma tigela grande. Entroncho a cara para o cereal, ela sorri e tira da minha mão. Colo a tigela sobre a mesa. Me sento novamente, dessa vez bem atrás dela.

Ela deve fazer tudo em casa. Não tem uma comida que Alice não saiba fazer. Pelo menos eu que acho. Os irmãos dela tem motivo para serem preguiçosos e para morrer de ciúmes dela. Ela já está pronta para casar. Pego uma panqueca sem que ela perceba e começo a comer. É definitivamente essa mulher já pode casar. Quando percebo que ela vai se virar para as panquecas, corro de volta para o quarto. Entrando lá a única coisa que faço é ir tomar banho já que Alice resolver dar uma geral no meu quarto.

Após tomar um banho, me troco e desço antes que as pessoas acordem e comam tudo. Quando desço, vejo uma mesa incrivelmente posta. Cereais, suco de laranja, torradas, bacon, bolo, leite, café, ovos mexidos e panquecas. Minha boca começa a salivar.

-Nick, você pode terminar a salada de frutas? Eu quero tomar um banho –Alice me pergunta enquanto coloca mais torradas. Afirmo com a com a cabeça e me posiciono ao seu lado. Ela explica quais frutas eu devo cortar e como. Tento não me distrair com a bela visão que tenho dela. Maldita blusa justa. Eu quase que me hipnotizei por ver aquela cintura fina. Ela termina de explicar e sobe.

Corto as frutas já notando que algumas amigas de Beatrice também estão acordando. Algumas deitam novamente, já outras vem para a mesa do café e se servem de cereais rosas. Ridículo. Minha mãe e meu pai também já acordaram e logo vem a mesa. Posso ver que a primeira está com dúvidas de quem fez tudo aquilo, mas depois cai em si e, presumo eu, que tenha se lembrado que Alice está aqui. Termino a salada e logo ponho na mesa. Finalmente começo a me servir. Podia ouvir minha barriga roncando e implorando por panquecas. Formo minha torre e coloco a calda.

Enquanto como, Alice desce e vem tomar café. Meu garfo não chega a boca porque estou impressionado. Alice está de shorts. Eu pensei que morreria e não veria essa menina de shorts. E ainda mais com uma blusa justa. Ela se senta ao meu lado e começa a se servir de suco e torradas. Todos na mesa agradecem por ela ter feito o café. Ela apenas sorri e continua a comer.

Chega uma mensagem no meu celular, mas eu ignoro. A melhor refeição é o café e não pode ser atrapalhada. Toca de novo. E de novo. E de novo. Me irrito e abro logo. Quem foi o corno que me enviou esta merda de mensagem?

                “Nick, avisa para a Alice que a data do concurso, aquele da viagem ao Havaí, foi adiada para essa segunda-feira. Comecem a estudar. Será na nossa escola as sete e meia da manhã. Avise logo porque eu quero essa viagem.

                                                        Com urgência, Karen”

Quase cuspo toda a comida que estava na boca. Como assim adiada? Era para ser na próxima semana. Eu iria ter uma semana espetacular na calma. Agora Alice vai me matar de estudar. Estou meio receoso em contar pois quero terminar de comer. Mas se eu não contar ela vai me crucificar por isso. Termino em tempo recorde minhas panquecas. Alice ficou um pouco assustada, assim como o resto do pessoal. Ignorando os olhares, me viro para Alice e a vejo que ela está em dúvida com o meu comportamento.

-Foi adiada Alice, é nessa segunda –nem preciso anunciar do que se trata, ela reconhece do que se trata.

-Vamos estudar agora mesmo. Eu vou ligar para minha mãe e avisar que vou ficar o dia inteiro aqui. Temos que revisar tudo –ela já se levanta e não liga para os meus protestos. Posso ver que em cada olhar dos que estão presentes está um semblante de pena. Vai ser um longo dia.