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História A Terceira Força - O último Jedi.


Escrita por: hotside

Capítulo 6 - O último Jedi.


Fanfic / Fanfiction A Terceira Força - O último Jedi.

Pernas cruzadas, espinha ereta, braços relaxados ao lado do seu corpo. Respirando, inspirando, como seu Mestre havia ensinado.

Rey não sabia há quanto tempo já estava ali meditando sobre a pedra no cume mais alto da ilha, mas foi o suficiente para descansar seu corpo e espírito. Como água sobre uma queimadura. O lado luminoso tinha este poder.

Depois da conversa na noite anterior, Rey não tirava os pensamentos de Kylo Ren. Ela refletia sobre seu sofrimento, em como o lado escuro tinha corrompido sua alma quando ainda era apenas um bebê. Toda sua dor e medo. A solidão que ele também sentia. Toda familiaridade com sua história a fez criar empatia, e empatia é uma coisa perigosa durante uma guerra.

Pensou em contar para Luke. Sobre os sonhos e a conexão entre eles, sobre tudo, mas a ideia de que ele a julgasse pela ligação direta com um assassino revirava seu estômago. Não queria que seu Mestre pensasse que ela poderia ser influenciada por Kylo.

Mas e se fosse? Como ela poderia se proteger?

Luke a esperava para o almoço, sentado na varanda. O rosto fixo no horizonte, como se esculpido em pedra. Parecia preocupado. Será que ele percebeu algo? Rey se questionou.

“Mestre Luke…” a Padawan se aproximou, cuidadosa. “Anakin e Ben eram sensíveis à Força, mas em algum momento se perderam. Como eles poderiam ter evitado a tentação do lado Sombrio?”

Luke deu um longo suspiro, enquanto pensava na estranha pergunta de sua Padawan.

“Depois do massacre, eu me exilei em Ahch-to para estudar os antigos manuscritos Jedi. Precisava de respostas. Só então percebi que, quanto mais Luz existir, mais Sombra haverá. Todo este tempo estava buscando a Luz, quando, na verdade, a salvação é o Equilíbrio. Só o Equilíbrio pode aplacar a Sombra.”

Aquelas palavras chocaram Rey de certa forma. Ela sempre imaginou que a Luz fosse o objetivo maior de qualquer Jedi.

“Mas então… como posso encontrar o Equilíbrio na Força?” ela questionou.

“Esvazie sua mente, não tenha forma, seja flexível, como a água. Se você coloca água numa xícara ela se torna a xícara. Se a coloca num bule, ela se torna o bule. A água pode fluir ou pode esmagar… Seja como a água, Rey.”

*

“Ren traiu a Primeira Ordem”

Hux começou expondo o problema para o Supremo Líder, que escutava tudo do alto de sua plataforma.

O rosto de Snoke se esticou, numa exclamação irritada, sem querer acreditar no que tinha acabado de ouvir “Kylo Ren nos traiu?!”

Hux deu um passo na direção do Líder “Ren deixou a Finalizer esta manhã levando sua shuttle. Nenhum registro de plano de vôo foi feito, nada. Tentamos rastrear sua nave, porém seu localizador estava desligado. Desconfiamos que Ren…”

O velho Lord Sombrio encurvou-se sobre ele. Sua face sombreada por ódio e virulência “Como isso foi permitido, General?”

Hux baixou a cabeça num antecipado pedido de desculpas “Eu assumo total responsabilidade pela falha dos meus soldados que…”

Snoke o interrompeu “Suas desculpas não serão aceitas General. Não temos como mudar seu erro grosseiro, o que importa é o agora. E a realidade é que, agora, Kylo Ren não está sob o domínio da Primeira Ordem.”

Consciente do risco que estava correndo ali, Hux contrapôs visando acalmar os ânimos “Já tomei as medidas necessárias, uma frota saiu em sua busca agora mesmo. Lançaremos mão de todos os recursos para descobrirmos a rota dele o quanto antes.”

Snoke endireitou-se em seu trono, impassível. Suas mãos apoiavam em seu queixo, parecendo analisar a estratégia de Hux.

Um murmúrio de aprovação soou pelo salão. “Ótimo... Sempre um passo à frente, General. Supervisione as buscas, quero um retorno assim que possível.”

“Sim senhor” Hux agradeceu com uma leve reverência, claramente orgulhoso de si.

*

Mestre e Padawan começavam sua segunda rotina de treinos do dia.

Rey estava de olhos vendados, seu sabre erguido, esperando qualquer sinal de deslocamento do ar. Luke arremessava pedras com a Força e Rey as bloqueava, com a sua costumeira rapidez. Uma, duas, três vezes. Uma quarta e quinta pedra a atingiu bem no ombro a fazendo gritar num misto de dor e frustração. Sentiu sua paciência ir embora junto com a última pedra “Mestre Luke, isso é realmente necessário?”

Luke foi franco “Você tem muito que aprender menina” enquanto acionava o seu sabre de luz, incitando-a para um duelo “Venha!”

Rey investiu com sede de luta, mas Luke a surpreendeu bloqueando seu golpe no meio do caminho. A Padawan rebateu com um movimento vindo de baixo e mais dois movimentos curtos em zigue-zague. Luke desviou no terceiro a deixando no vácuo, fazendo-a golpear o ar cegamente.

Antes mesmo de conseguir se virar, o seu Mestre já estava com o sabre ameaçadoramente em seu pescoço.

“Controle suas emoções” Luke disse firmemente.

Rey rosnou dando mais um golpe, e depois outro e outro. Luke desviou de todos com um movimento ágil e elegante, deixando-a cada vez mais irritada. A Padawan então o golpeou usando a Força, fazendo-o escorregar sobre a grama.

Sentindo-se mais confiante, Rey usou a Força novamente para atacá-lo, empurrando-o desta vez com mais energia. Um sorriso de satisfação a fez correr na direção de seu Mestre com o sabre em punho, os dentes cerrados de raiva.

Mas Luke conhecia aquele olhar.

O Mestre ergueu sua mão, usando a Força para cessar a investida de Rey, deixando-a ainda mais furiosa com o bloqueio. “A Força tem que ser usada sem emoção. Por isso você está falhando!” em seguida, tomou seu sabre de luz, jogando-o para longe. “Vá buscar seu sabre, e então pense nas emoções que a impedem de alcançar a paz necessária no seu treino.”

Ainda com a respiração turbulenta, Rey confirmou com um gesto positivo, afastando-se em silêncio. Seguiu de cabeça baixa até onde o punho de sua espada tinha caído. “Controlar as emoções…” ela resmungou, incomodada. Era quase impossível fazer isso com Kylo dentro de sua cabeça.

Seu sabre estava entre uns arbustos, ela podia perceber sua vibração familiar ali. Procurou-o entre os ramos, esticando o braço até sentir o metal frio, mas sua mão esbarrou em outra coisa. Um pequeno papel dobrado em quatro, já meio carcomido com a chuva e o sol. Provavelmente tinha sido levado pelo vento depois da tempestade do outro dia.

Assim que apanhou o papel, ela pode perceber que era uma carta escrita à mão, mas o que fisgou sua atenção foi reconhecer o seu nome ali. Por um momento pensou que era alguma mensagem recente do Mestre, mas as datas não batiam.

Foi exatamente o ano que ela foi deixada pelos seus pais, mas, espere. Luke conhecia seus pais?

Rey virou-se, para ter certeza que Luke não estava olhando, e leu a carta:

“Aldeia de Tuanil – Jakku, 20 DBY.”

“Caro Skywalker. A pequena Rey foi deixada esta manhã no local combinado. Apesar do risco que estamos correndo, penso que foi a decisão mais acertada. Não podemos permitir que…”

Um rasgo no papel deixou a frase incompleta. Droga! Ela continuou.

“… então ficaremos vigilantes para um possível despertar da Força.”

“No mais, como estão os treinos de Ben? Diga a Leia que irei até D’Qar no início do Outono.”

Rey balançou a cabeça desacreditada. Sentiu um misto de alívio por finalmente ter qualquer informação sobre seu passado, e revolta, por Luke ter escondido a verdade dela todo este tempo.

Seu Mestre pôde ver sua Padawan vindo de longe. Seus passos duros denotavam um aborrecimento gradual. Provavelmente não refletiu sobre suas emoções, Luke presumiu.

Ela ainda não tinha se aproximado o bastante, quando questionou Luke “Diga-me, onde estão meus pais?”

Luke não entendeu a razão da pergunta. Por que entrar neste assunto logo agora? Ela ainda não estava preparada para… Rey esticou seu braço, mostrado um papel rasgado, meio sujo de terra.

“Conte-me tudo, Mestre. Onde estão meus pais?!”

Luke a olhou com seus olhos azuis leitosos pela idade, como se estivesse avaliando cada palavra do que estava prestes a dizer.

*

Kylo já voava por horas pelo hiperespaço desde que deixou a Finalizer.

A maioria dos pilotos usaria este tempo ocioso para fazer alguma manutenção simples, exercícios de alongamento, ou até mesmo dormir. Mas Kylo não se atreveria a baixar a guarda. Ir até às Regiões Desconhecidas não era tão simples quanto ir até o Núcleo. Era um trajeto perigoso e toda atenção era necessária. Ele tinha que estar pronto para qualquer coisa.

Apesar de cansado, ele se divertia imaginando a reação do detestável Hux assim que soubesse que ele escapou. Com seu rastreador desabilitado seria impossível que a Primeira Ordem o localizasse.

Nada o deteria desta vez.

Kylo Ren pressionou os dedos em suas têmporas na tentativa de aliviar a tensão. Além de todo esforço que tinha feito para aprofundar a conexão na noite anterior, estava se sentindo exausto com todo o sedativo que recebeu depois que perdeu a consciência. Sua ansiedade brilhava sobre ele como um holofote, mas a antecipação do reencontro com aquela Garota depois da desonra que ele sofreu na Starkiller o fazia manter o foco.

O Cavaleiro mordeu o interior da sua boca, baixando os olhos. O painel de comando espocava luzes e números, fazendo pequenos bips ocasionais.

Ahch-to já começava a apontar em seu radar…

*

“Sua família está morta.”

Luke começou, sem rodeios “Quem me escreveu esta carta foi Lor San Tekka.”

Aquele nome não era de todo estranho para Rey, que já ouvira todo tipo de história no entreposto Niima “San Tekka... o monge?”

“Sim. Antes de se aposentar em Jakku, San Tekka foi um explorador e caçador de relíquias, assim como seus pais. Em algum ponto eles foram perseguidos e ameaçados pela Primeira Ordem por estarem em posse de algo valioso. Eles fugiram para sua proteção, mas infelizmente não retornaram.”

Luke sentiu a confusão tomar conta de Rey. Seus pensamentos eram como redemoinhos, cada um competindo por sua atenção.

“Com a morte da sua família você estava à mercê do lado Sombrio. Não restava outra escolha senão permiti-la continuar como uma anônima em Jakku.”

“Não!” Rey estava revoltada. “Por que escondeu isso de mim? Eu tinha o direito de saber!”

“Nem todos estão preparados para conhecer a verdade, Rey. O motivo para que você fosse…” Luke interrompeu-se como se um relâmpago o tivesse atravessado. Percebeu um distúrbio na Força, seus olhos miravam o céu com apreensão. “Kylo Ren” Luke enfim sentenciou.

“Kylo Ren?” Rey repetiu, confusa “Eu não estou entendendo.”

“Você não está sentindo isso?” o Mestre gesticulou em volta dele com os olhos fechados “Kylo está vindo para cá.”

Sua mão voou direto para a boca num pânico crescente. Era mais informação do que seu cérebro era capaz de processar. “Isso não deveria estar acontecendo” ela pensou “O que ele está fazendo aqui? Era culpa de sua conexão?” Um calafrio rastejou como raízes entre suas costelas.

Numa tentativa inútil de tentar consertar as coisas Rey desandou a falar “Mestre Luke, acho que é tudo culpa minha! Acredito que Kylo chegou até aqui através do nosso vínculo! Eu o sinto na minha cabeça. Eu, eu… Eu deveria ter dito antes. Desculpe-me!”

Luke virou-se para Rey, os olhos arregalados numa clara expressão de horror – ela nunca tinha visto seu Mestre assim – “Menina, qualquer vínculo que você tenha com ele não pode acabar bem. Não pode acabar bem!”

Um som pesado e inconfundível deslocou-se pelo ar, atravessando a atmosfera.

A nave de Kylo Ren.

A shuttle deslizou pelo horizonte feito uma ave de rapina, refletindo sua fuselagem negra contra o céu cinza. Rey podia sentir a forte presença de Kylo dentro dela, aquela Força violenta que a fazia querer avançar e lutar.

Ela segurou seu sabre firmemente, já se posicionando para uma inevitável batalha, mas Luke a deteve, as mãos sobre a dela “Eu preciso saber que você está preparada para isso, Rey.”

“Estou preparada Mestre! Lutarei ao seu lado!”

Ainda com as mãos sobre a dela Luke gritou “Não! Você precisa ir! Agora!”

A Padawan não podia aceitar a ideia de abandonar seu mestre. “Mas Mestre Luke, eu não posso ir, eu…”

Luke ativou seu sabre “Não é a mim que eles procuram. Eles querem você! Você é o último Jedi!”

“O quê?”

Rey mal teve tempo de digerir a informação, quando a nave de Kylo Ren passou por cima deles, cobrindo-os com sua sombra. Ele fez uma manobra desleixada e parou. Pousou tão perto de onde estavam, que por um momento parecia que ia bater contra a montanha.

Seu coração descompassado parecia querer sair pela boca, como um pássaro preso na gaiola.

Ela não estava pronta para vê-lo.

Rey disse a si mesma que estava preparada. Disse ao seu Mestre que estava preparada, mas a verdade é que não estava. Tantos treinos ao lado de Luke, mas nenhum que a tinha preparado o suficiente para encarar a frieza nos olhos de Kylo.

Luke virou-se para Rey, antes de partir. Sua túnica e cabelos esvoaçando ao vento.

“Que a Força esteja com você.”

A Padawan subiu o declive rumo ao topo da ilha. Ela tentou manter a calma, mas sabia que um passo em falso e Kylo poderia alcançá-la.

Chegou ao topo tão rápido, que ela mesma não podia acreditar. Ainda sem fôlego se dirigiu até o pequeno hangar, onde uma nave sucateada do tempo da velha República descansava sob uma fina camada de poeira e excremento de aves.

“Tomara que este ferro velho esteja funcionando” Rey ansiou. Só de pensar na ideia de não ter como fugir de Kylo, suas pernas travavam.

Por muitas vezes ela resistiu, pensando em retornar e lutar ao lado de seu Mestre, mas as palavras de Luke ainda repetiam dentro dela.

“Você é o último Jedi.”

Rey se jogou no assento do piloto, tentando se orientar e entender cada um dos botões do painel de comando. Suas mãos tremiam e suavam, deixando qualquer gesto simples parecer dez vezes mais difícil.

“Vamos, vamos” repetia para si entre cliques e bips. A nave tinha uma tecnologia antiga, e foram necessários alguns pensamentos rápidos, e dedos mais rápidos ainda, para conseguir dar a partida. Os motores soltaram um ruído agudo, fazendo areia e poeira formar um pequeno turbilhão para fora do estacionamento. Rey manobrou aos trancos até conseguir decolar. Ela não sabia para onde estava indo, só sabia que tinha que fugir.

A nave voou num ângulo tão veloz e íngreme, que os compensadores de aceleração não conseguiram impedir que o estômago dela se embrulhasse com o impulso. Ou talvez também fosse devido ao medo.

Já no ar, ela ainda teve o cuidado de olhar para baixo, mas não conseguiu ver mais nada entre as nuvens. Logo as estrelas se esticaram como lanças arremessadas, através do infinito cosmo, conforme a nave avançava pelo hiperespaço.


Notas Finais


Ufa, este capítulo foi grande, mas necessário! Kylo Ren e Rey vão se encontrar. Agora o bicho vai pegar! Muah-ah-ah! >:-D


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