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História A Terra do Céu Cinza - A Volta da Minha Professora de Português


Escrita por: gabbyxx

Capítulo 10 - A Volta da Minha Professora de Português


Fanfic / Fanfiction A Terra do Céu Cinza - A Volta da Minha Professora de Português

“Salve seu inimigo distorcido para talvez ganhar o seu perdão. O mundo inteiro está esperando, então por que você apenas não consegue falar? (...) Eu ainda sou escravo desses mesmos sonhos/ Isso é o fim de tudo? Ou apenas uma nova maneira de sangrar?

NEW WAY TO BLEED, EVANESCENCE

 

-Não, não, é um unicórnio voador, –Ele disse com sarcasmo e então fez uma careta e continuou: –É claro que sou eu. –Ele mal esperou que eu respondesse sua grosseria e começou a me puxar pelo braço dizendo –Vamos logo, temos que salvar Taylor.

Shaun estava com os cabelos compridos preso em um coque samurai mal feito, seus cabelos pareciam estar molhados (ou suados, não sei) e ele estava com a maquiagem que costumava usar em seus olhos fraca, como se tivesse lavado o rosto várias vezes ou dormido assim. Era mais provável que fosse a segunda opção, pois ele vestia uma camiseta larga de manga comprida toda preta e calças jeans rasgadas no joelho e estava de pé descalços.

-Ei, ei. –Disse fazendo-o parar de praticamente me arrastar. Então o encarei enquanto ele soltou um longo suspiro, sem nenhuma paciência. –Onde eu estou, cara? Eu não faço a mínima ideia de como vim parar aqui...

Shaun franziu os lábios, parecia tentar encontrar uma resposta para a pergunta também, e quando falou eu entendi metade das coisas que ele disse:

-Eu creio que estamos no labirinto das sombras. Ele cerca o Castelo da Irmandade para os prisioneiros não escaparem... –Ele então me olha nos olhos e diz a seguir, parecendo até mesmo distraído, esquecendo-se por completo que estava com pressa: -Mas como você veio parar aqui não tenho a mínima ideia. Os Sombras trouxeram eu e Taylor para cá, foram dois dias muito difíceis tentando encontrar uma saída... E quando as encontrávamos... Puff... Elas sumiam da frente de nossos olhos. Uma verdadeira merda. –Ele então gela, e num salto volta a expressão que era uma mistura de preocupação e diversão: -O que me lembra a Taylor. Ela precisa da nossa ajuda! Estávamos perto de achar a saída... Taylor por alguma razão conseguiu certo contato com Sombras não aliados a Irmandade e eles pareciam estar nos ajudando, no entanto, mais alguém sabia que estávamos no labirinto e enviaram a bruxa chefe... E bem, digamos que ela e Taylor estão tendo uma amigável conversa enquanto eu sai correndo para procurar ajuda.

-Que merda. –É a única coisa que consigo dizer, pois ainda estou processando tudo que ele disse. –Onde ela está?

Shaun abre a boca, mas não precisa responder, pois nesse mesmo momento, bem a nossa frente surge ela: tão horrível quanto eu me lembrava, olhos negros, unhas grandes e afiadas, dentes de tubarão exibindo um sorriso cruel, apenas pele e osso. Ela mesma: minha professora bruxa de português.

Ela estava com olheiras fundas nos olhos e vinha acompanhada de dois zumbis de pensamento costurado, no entanto, esses eram diferente dos que já vi antes, eram altos e musculosos, tinham boca costurada e no lugar dos olhos tinham apenas orbitas completamente negras. Suas bochechas estavam manchadas por sangue seco, o que faz eu gelar, a bruxa havia arrancado os olhos deles. Os dois detinham uma garota, segurando-a pelos braços, ela estava de cabeça baixa, mas era bem alta, eu não precisava ver seu rosto para saber que se tratava de Taylor.

Taylor assim como Shaun estava vestida com roupas que pareciam ser seu pijama, ela estava descalça e usava uma regata larga super cavada, de modo que quando estava de lado, eu podia ver parte de seu sutiã preto, a coisa me deixava desconfortável e eu não entendia bem porque, ela vestia uma calça vermelha xadrez e seus cabelos loiros estavam meio despenteados.

 A bruxa sorriu olhando diretamente em meus olhos, Taylor lutava para se soltar se debatendo um pouco, mas os zumbis eram muito mais fortes que ela que estava com uma mordaça na boca, no entanto, de tanto se debater, a mordaça se soltava aos poucos de sua boca, quase saindo.

-Alex, enfim nos vemos novamente. –A bruxa disse quebrando o silencio que reinava naquele sombrio lugar.

Fiz uma careta e disse, tentando soar confiante quando na verdade estava me borrando de tanto medo:

-Você não mudou nada, não é? Continua tão feia quanto eu me lembrava.-Dou um sorrisinho. -Ninguém nunca lhe disse que o Halloween é só em outubro?

 A bruxa rosnou. E se preparou para me atacar, eu sentia que ela viria na minha direção e me faria em pedaços, no entanto, nesse mesmo momento Taylor conseguiu finalmente se livrar da mordaça em sua boca e com isso ela mordei a mão de um dos zumbis que gritou. Os dois zumbis arremessaram Taylor no chão bem a minha frente e isso foi o suficiente para tirar a atenção da bruxa de mim e voltar-se para Taylor que estava agora de cabeça baixa, tão quieta que me perguntei se ela estava respirando ainda. Devido sua proximidade, agachei-me a seu lado e perguntei a ela baixinho:

-Você esta bem?

A garota loura assentiu e levantou seu rosto lentamente, nele ela estampava o seu mesmo sorriso insano e sinistro que nunca demonstrava alegria e que naquele momento me causou arrepios.

Arregalei os olhos. A boca dela estava coberta de sangue, tanto que parecia que o sangue era dela e que saia de sua gengiva para pingar naquela quantidade tão grande. Porém, aquele sangue nitidamente não era dela, nunca havia notado que seus dentes eram tão pontudos, mas eles se assemelhavam a pequenos dentes de tubarões, não tão finos como o das bruxas, os dela eram mais achatados e estavam completamente cobertos de sangue, o sangue dos zumbis. Ela havia arrancado um pedaço do braço de um deles e isso parece ter a deixado satisfeita, pois ela não conseguia parar de sorrir de forma insana.

 Eu não sabia o que fazer. Taylor estava completamente maluca, seus olhos eram os olhos de alguém louco, até mesmo psicopata, que havia perdido completamente sua sanidade. Antes que eu encontrasse uma respostas para minhas perguntas (e me livrasse do meu estado de choque) os olhos dela de repente mudaram, ficando completamente pretos como os da bruxa, e uma nuvem negra e muito densa começou a se formar no céu acima de nossas cabeças, como se de uma hora pra outra o tempo fechasse,ao nosso redor a neblina aumentava ainda mais e as sombras das árvores e de nós mesmos começaram a se movimentar de uma forma estranha, como se fossem seres distintos e tivessem vida própria, e talvez de fato fosse outros seres, seres completamente de trevas e escuridão.

O ar ao nosso redor ficou ainda mais frio e arrepios percorriam pelo meu corpo, eu afagava meus braços e provavelmente estava com meus olhos arregalados tanto pelo medo quanto pela curiosidade que pairava em minha mente tentando entender o que diabos estava acontecendo ali naquele maldito lugar.

Oh, oh, isso não é nada bom. Nightmare sussurrou também extasiada, mas dentro da minha mente.

“O que esta acontecendo?” Perguntei, esperando que pelo menos ela soubesse o que estava havendo, mas não tive nenhuma resposta de volta. Legal.

As sombras ao nosso redor aumentavam e agora tinham forma mais nítida, pareciam pessoas sem rostos e completamente pretas, mais escuras que a própria escuridão e sem matéria física, eram apenas siluetas estranhas que dançavam e se agitavam ao nosso redor, como se dançassem e fizessem algum ritual macabro, tudo a nossa volta ficava mais escuro e ventava muito, os galhos das árvores do labirinto pareciam que seriam arrancadas e meu cabelo açoitava-me o rosto a todo o momento.

-Taylor! Pare! –Shaun gritou.

-Não! –Ela disse com uma voz que parecia não ser a dela, era mais grossa, chegava até mesmo ser demoníaca, de modo que arregalo os olhos com isso.

As sombras continuavam a aumentar e se aproximavam mais de todos nós, de modo que eu tive a impressão de que elas estivessem dançando ao nosso redor.

-Pare! Taylor! Pare com isso! –Shaun continuava gritando, mas ela não ouvia, apenas permanecia ali no chão ajoelhada e de cabeça baixa

Eu olhei pra Shaun e gritei pra que ele pudesse me ouvir, pois o vento estava realmente muito forte:

-O que ela esta fazendo?!

-Ela está atraindo espíritos das trevas, demônios, Alex! Demônios! São os Sombras que não se aliaram a Irmandade do Anjo Caído, ela deve pensar que por eles não estarem aliados a Irmandade e estarem com raiva da mesma por seduzir seus semelhantes irão nos ajudar como antes... –Shaun explica. -Mas eles são demônios! Eles apenas querem a alma dela, Alex! E se der certo... –Ele então pensa por algum tempo, e quando percebe algo arregala os olhos e declara com sua voz quase falhando, era a primeira vez que eu de fato via medo nos olhos dele: -Eles... Eles irão ceifar nossas almas também.

-Meu Deus. –É tudo que eu consigo dizer.

Ajoelho-me ao lado de Taylor novamente e pego seu rosto em minhas mãos, ela parecia realmente muito abatida e pálida, suas olheiras estavam profundas e sua boca ainda estava machada de sangue, mas agora ele estava seco. Ignoro o enjoo que sinto pelo cheiro do sangue e olho bem em seus olhos, ainda negros e digo tentando transmitir tranquilidade:

-Taylor, pare... Por favor, pare com isso.

-Não posso. –Sua boca mal se mexe ao pronunciar as palavras que quase não ouço.

Então as sombras pareceram vir todas em direção a Taylor, como se fossem sugadas para dentro dela, ela gritou de dor por um longo tempo e as sombras pareciam estar entrando em seu corpo e era isso que a causava tanta dor, e assim foi por um longo tempo, até que o vento parou, as nuvens foram embora e nenhuma sombra restou, todas haviam entrado dentro de Taylor que caiu desmaiada em meus braços.

Eu sabia que ela não estava me ouvindo, mas sussurrei mesmo assim em seu ouvido:

-Tudo vai ficar bem, vou pedir a Shaun que tire você daqui, ok?

Ela pareceu fazer que sim com a cabeça, não tenho certeza. Mas não importa, o que importa é que olhei para Shaun, meus olhos e os olhos dele estavam cheios d’água, estávamos quase chorando e quando falei com ele as palavras mal saíram de minha boca, mas eu sei que ele as ouviu.

-Tire-a daqui. –Foi o que eu disse.

Shaun assentiu e pegou Taylor no colo, enquanto ele a tomava em seus braços uma lagrima escorreu por suas faces cortando seu rosto em dois e toda imagem de durão que ele tinha para mim.

-Para onde devo levá-la? –Ele disse as palavras, olhando para o céu e respirando, em busca de esperança.

Pensei por um instante e disse por fim:

-Leve-a pra Hayley, os outros estão com problemas na Casa das Três Bruxas perto da plantação de milho.

Ele levantou uma sobrancelha, como se dissesse “Por que você não me avisou antes?”, mas no fim apenas assentiu e uma porta surgiu bem a frente dele. Shaun ficou surpreso e eu também, não compreendendo muito bem a coisa, mas então apenas aceitamos, cada segundo era precioso e poderia custar a vida de Taylor, ele estava correndo contra o tempo e desse onde desse aquela porta, era melhor arriscar e passar por ela em busca de ajuda. Ele quase hesitou em abri-la, mais uma prova de que não estava bem e que realmente se importava com Taylor, ele então se voltou pra mim antes de atravessá-la por completo e disse:

-Você deveria ir conosco, sabe... Fugir da bruxa. –Ele então faz uma pausa ponderando, mas não há um jeito fácil de dizer o que ele quer dizer: -Você sabe que ela irá matá-la, não?

Eu fiz que sim, e hesitei, mas por alguma razão tinha a sensação estranha que devia permanecer ali, então digo:

-Eu sei... Mas preciso fazer isso, não sei se me entende. –Eu olho de relance para a bruxa que gritava com os zumbis, tentando costurar os rasgos feitos em suas peles pelos dentes de Taylor.

-Mais ou menos. –Ele diz. –Mas acho que você é completamente maluca.

Sorrio, um sorriso ferido.

-Você não é o primeiro a me dizer isso. –Digo.

Ele dá de ombros.

-Que seja. Se não fosse, de fato, não estaria aqui.

Franzo a testa, e questiono:

-O que quer dizer com isso.

-Ah, todos aqui tem que ser um pouco loucos para manter sua sanidade diante dessa merda toda. –Ele diz e isso me deixa ainda mais confusa, mas não pergunto novamente, ele tem que ir, ele tem que salvar Taylor.

-Acho que sim. –É o que digo, e ele sorri, antes de desaparecer completamente passando pela porta.

Assim que Shaun atravessa a porta, ela some da mesma maneira que surgiu e novamente eu me vejo sozinha com meus medos em um labirinto sombrio e sem saída.

“Não ter medo, não ter medo” fico repetindo para mim mesma mentalmente. Então tomo tudo que posso das minhas ultimas dozes de coragem daquela noite e me viro para bruxa, que já me encarava com seus olhos negros e astutos.

-Oh, que coisa comovente, pena que você não vai durar para contar essa história aos outros. –Ela diz, sínica.

Dou de ombros, fingindo não dar grande importância para suas palavras.

-Vamos fazer uma luta justa, -É o que digo, pretensiosa, tentando soar confiante. -sem zumbis, apenas eu e você,-então estampo um sorriso amarelo e termino: -como se eu fosse a única da turma que rodou e ficou de recuperação em português.

Ela estava sorrindo, parecia divertida.

-Um pouco ambicioso demais pra seu pouco tamanho. –Ela pensa um pouco. –Mas me parece interessante.

A bruxa então estala os dedos e os zumbis desaparecem, agora estamos sozinhas, apenas eu e ela, e eu vejo nuvens de chuva começando a se formar no céu, de modo que tenho certeza que iremos nos molhar, mas eu não ligava. A ansiedade e o nervosismo tomavam conta de meu corpo, eu estava sozinha ali, era apenas eu e ela, um contra um e probabilidade de minha morte era relativamente bem grande.

Respiro fundo, tomando coragem e pego em minha cintura a faca de prata que Sever havia me dado. Era uma bela arma, rica em detalhes, mas uma faquinha contra uma bruxa que se quisesse apenas estalando os dedos poderia me fazer em pedaços não parecia uma boa ideia. Suas garras afiadas estavam sedentas de sangue, o desejo por minha morte era evidente em seus olhos. Lutar contra ela armada apenas como uma faca como eu estava era suicídio na certa, no entanto, talvez eu não estivesse com medo de morrer, mas sim com medo de passar minha vida inteira apenas fugindo dela sem a enfrentar.

Coragem, todos nós temos um tempo e um lugar para morrer, mas a sua hora ainda não chegou, garota... É breve, no entanto, a vela da sua vida ainda arde com a chama bem acesa... Mantenha-se aquecida, pobre Alex, mantenha-se verdadeiramente viva. Ela ri e continua, provocativa: Se bem que você está fazendo tudo errado... É como se colocasse um ventilador na frente da vela e esperasse que ela continuasse brilhando. Ela faz alguns ruídos de satisfação, se deliciando com o efeito que suas palavras me causam. A insegurança. É tão bom ver você seguir caminhos tão escuros sem nem se dar conta que sua chama está se apagando aos poucos...

“O que você quer dizer com ‘é breve’?” Pergunto a Nightmare.

Ela fica quieta por um tempo, e eu penso que ela irá me ignorar, mas então ela diz: Apenas não estrague tudo morrendo antes da hora, praga.

“Nossa como você me dá força Nightmare” Eu disse sarcástica pela conversa nada motivadora e ela riu, satisfeita.

Eu sei, outros-eus psicopatas que falam bobagem em sua cabeça o tempo todo são pra isso mesmo. Então riu de novo. Ela era terrivelmente insuportável.

Obriguei-me a deixá-la de lado me concentrar na bruxa, que estava me encarando com seus olhos semicerrados sedentos por sangue, o meu sangue.

-Pronta para ser reprovada? –Ela disse com um sorriso de escárnio.

Semisserrei os olhos e a encarei enquanto soltei a frase:

-Nunca gostei de suas aulas mesmo.

Ela soltou uma espécie de rosnado e então partiu rumo a minha direção cheia de fúria.

Começamos a lutar e tudo que eu posso dizer sobre essa batalha é que sem duvida de todas as que enfrentara desde que cheguei a essa estranha terra fora a pior, pois além de não saber o que estava fazendo e estar em completa desvantagem, o tempo todo Nightmare falava em minha cabeça, me deixando completamente confusa e cansada.

Eu estava perdendo feio, a maior parte do tempo estava tentando desviar dos golpes violentos da bruxa que ela tentava dar-me com suas enormes garras afiadas, unhas que mais se assemelhavam a laminas de titânio de tão resistente que eram, eram poucas as vezes que eu conseguia atacá-la, quem diga então acertá-la com aquela pequena faca de prata.

Ai, meu santo orgulho que você ferre com essa merda toda. Nightmare fala parecendo horrorizada em minha mente, a frase a seguir soa como se ela mais estivesse falando consigo mesma do que comigo, eu mal a compreendo, mas sei que ela disse: Quando eu disser que minha humana é Alex Parker, o que vão pensar? “Nossa que orgulho, é a garota que acreditavam que salvaria a Terra do Céu Cinza”... Não! É claro que não! Eles vão lembrar direto da vergonha que ela era em combate. Ah por favor! Agora ela já está falando comigo, e soa irritada quando fala: Você está fazendo tudo errado, praga. Vai acabar se matando. Eu não digo nada, apenas reviro os olhos, e levo mais um golpe em minha testa, arfo e tenho a certeza de que há um corte ali porque está ardendo. Estou ofegante e pronta para investir contra a bruxa, quando Nightmare fala, quase implorando: Pelo amor ou pelo ódio dos santos e dos demônios e do cara*** a quatro, escute o que eu estou falando se você quer viver.

Reviro os olhos novamente pela dramaticidade dela, mas no fim como acabo levando outro golpe, dessa vez no ombro esquerdo e ele dói pra caramba, apenas digo de má vontade a ela enquanto vejo o ódio que há nos olhos da bruxa: “Está bem... Fale”. Faça exatamente o que disser, vou lhe ajudar a saber quando deve atacá-la ou quando se defender... Apenas preste atenção e obedeça sem questionar, ok? Ela sussurrou imediatamente, pela primeira vez soando gentil. “Como vou saber se você não está mentindo e vai me ferrar depois?” Digo.

Não vai. É a única resposta que tenho por um longo tempo, até que ela suspira e fala: Eu não gosto disso tanto quanto você, mas é o único jeito de fazer as coisas se cumprirem da maneira que meu mestre arquitetou... “Seu mestre?” pergunto, desconfiada, ela podia muito bem estar falando do Grande Líder... Mas nada tenho em resposta, então sou eu quem fala, já que vejo que não terei escolha sobre: “Está bem”.

Senti um sorriso surgir em sua voz, quando ela disse: Vamos! De direita! Ela disse e foi o que fiz, conseguindo acertar a bruxa pela direita em seu ombro. Ela rosnou e me encarou furiosa, era como se toda a raiva que guardara dentro de si em todos os anos congelados dessa terra cinza estavam sendo descontados em mim nesse momento, e isso ficou ainda mais evidente quando ela investiu contra mim, tentando me acertar.

Abaixa! Abaixa! Novamente a escutei, e bruxa não acertou o golpe que iria me dar na cabeça, o que a deixou ainda mais irritada, as eu estava absorta demais em meus pensamentos para prestar atenção nela, eu estava escutando Nightmare e era isso o que estava me mantendo viva no momento, isso era estranho e fazia todas as minhas convicções entrarem em choque e uma duvida surgir em minha mente. Será que ela era realmente tão terrível como eu sempre achei que ela era?

Vamos! Vamos! Ela disse animada e eu consegui acertar a bruxa de novo.

Lutei por mais alguns segundos que mais pareceram uma eternidade com a bruxa, eu ataquei, ela atacou, nós duas erramos, nós duas atacamos, nós duas desviamos uma do golpe da outra, a luta estava intensa e eu estava ficando tonta pela quantidade de movimentos e sequencias e até mesmo pela velocidade que os realizava, eu mal podia acreditar que quem estava fazendo tudo aquilo era eu.

Olha a rasteira! Nightmare avisou, mas eu não consegui pensar rápido o suficiente para obedecê-la, então a bruxa acabou me acertando e eu cai no chão. O impacto de meu corpo no chão me deixou atordoada, havia caído por cima do meu braço direito, o qual eu segurava a faca, foi como se levasse um imenso choque e a dor se espalhou por meu braço inteiro até chegar na mão e fazer-me soltar a faca. Mal havia conseguido me recompor quando a bruxa saltou em cima de mim golpeava-me com suas unhas que mais pareciam laminas envenenadas, pois cada um de seus cortes ardiam tanto que eu sentia minha pele queimando.

Vamos garota! Levante-se sua molenga! Nightmare gritava em minha cabeça o tempo todo, tentando me colocar de volta na luta, mas não importava o que eu fazia, eu simplesmente não conseguia me livrar da bruxa, que apenas continuava me machucando.

“Você quer calar a boca? Está me atrapalhando!” Digo a Nightmare em pensamento, de saco cheio de suas reclamações.

Atrapalhando?! Eu lhe mantive viva até agora! Ela disse, soando quase ofendida. Escute, eu tenho uma ideia. É um jeito clichê, mas o mais fácil de se acabar com um feiticeiro/bruxo. Lembra de quando matou Kilik no trem? Faço que sim, “Tirando o brinco dele”. Pois bem, todo o bruxo algum amuleto onde está a sua magia... Sem ele eles se tornam completamente humanos, e no caso da maioria por serem muito velhos, morrem, pois sem o amuleto seu corpo recebe de volta toda a verdadeira idade que eles tem e assim, viram pó. Ela revira os olhos. Mas pulando essa parte completamente nerd... está vendo o brinco na orelha esquerda dela? Avistei uma obra completamente trabalhada que ficava deslocada na bruxa, era um brinco dourado rico em detalhes que envolvia desde o topo da orelha até a ponta onde colocamos os brincos normais, ele tinha várias pedrinhas vermelhas que pareciam rubis e se espalhavam como pequenas amoras em ganhos de árvores dourados. Faço que sim mentalmente a Nightmare. Arranque dela. Boa sorte.

“Espero que você esteja certa Nightmare, lembre-se, se eu morrer, você morre também” é a única coisa que digo em resposta.

Não necessariamente. Ela está rindo, o que me dá raiva.

Mas resolvo ignorá-la e apenas fazer aquilo que tenho que fazer.

De repente bruxa avançou em minha direção furiosa, lutamos mais um tempo, eu escutava Nightmare, abaixava, desviava e acertava a bruxa conforme suas dicas, estava me saindo bem, tentava a todo o momento (completamente em vão) tomar o brinco dela e acabar de vez com tudo isso, mas então Nightmare me deu uma coordenada errada e a bruxa acertou sua garra em mim.

Claro, como eu fui idiota! Se eu morresse, Nightmare assumiria o controle, por isso ela estava fazendo esse maldito joguinho idiota comigo! Como não percebi isso antes? Me sinto lerda e tonta, nos dois sentidos. A bruxa havia fincado suas unhas (que pareciam facas) em meu peito, eu gritava de dor, agonizada, mal conseguindo pensar em outra coisa além da dor insuportável e em meu ódio. Meu ódio por ela, meu ódio por Nightmare, meu ódio pela vida. A sensação das unhas da bruxa era insuportável, suas garras pareciam me queimar, provavelmente tinham algum tipo de veneno que fazia eu me sentir em chamas. Para piorar a situação e me torturar, ela girava a garra, aumentando a ferida e minha dor enquanto estampava em seu rosto um largo sorriso de satisfação.

-Pare! Pare! –Gritei.

A bruxa rugiu, ainda sorrindo com aquele sorriso cruel típico seu e apertou ainda mais forte suas unhas, eu sentia meu peito sendo dilacerado por dentro e por fora e isso me deixava com falta de ar, uma dor indescritível tomava conta de mim cada vez mais.

-Pare! –Gritei novamente, quase sem ar, minha voz falhando.

A bruxa gargalhou, eu gritei novamente de dor com o pouco ar que ainda tinha, ela pressionou a ferida ainda mais.

-Você nunca ganhará essa guerra. –Ela disse e riu de novo. –Você é apenas uma garotinha, o que acha que pode fazer?

Gritei de novo, a dor era insuportável e tomava meu corpo por completo.

Consegue mexer o braço com a faca garota? Nightmare sussurrou em minha mente. Tentei mexer o braço em que segurava a faca, mas não consegui, ele ficou ainda mais ferrado do que antes já estava com meu tombo agora com o ultimo ataque da bruxa. De repente uma dor ainda maior invadiu meu corpo me impedindo de respirar por quase um segundo, tão forte que novamente gritei de dor.

“Não” Disse finalmente a Nightmare em pensamento.

Muito bem, então acho que eu terei que salvar sua pele. Relaxe, será apenas por alguns segundos que farei isso, mas provavelmente será bem doloroso.

“O que você vai fazer?” Sussurrei a ela mentalmente, mas ela não pode responder, a bruxa a interrompeu dizendo:

-Pronta pra morrer? Você não pode fazer nada, nunca pode. –A bruxa disse rindo. –O que acha que pode fazer? –Ela diz, as palavras ecoando em minha mente.

-Posso fazer isso! –Disse, mas a voz não era a minha, era mais grossa, cortante e sibilante, era a voz de Nightmare.

Fechei então meus olhos e mergulhei no interior de minha consciência. Uma dor tomou conta do meu corpo inteiro, era como se eu estivesse queimando por completo, eu achava que o veneno da bruxa fazia eu queimar, mas o que estava acontecendo em meu interior me deixava literalmente em chamas. Era um explosão de uma luz clara que eu não sabia de onde vinha, mas aos poucos eu perdia o controle de meu corpo, o estava transferindo para Nightmare. A dor era insuportável, era quase como se sentisse cada centímetro da minha pele sendo arrancado brutamente de mim e todos os meus tecidos nervosos recebessem milhões que choquesinhos.

Então de repente a dor sumiu e as chamas também, eu não a estava mais sentindo dor, Nightmare estava, pois quem estava no comando agora era ela.

Minha aparência havia mudado um pouco, porque eu não era mais eu, eu era ela. Minha pele embranqueceu, ficando realmente muito pálida e com algumas rachaduras que davam a impressão de que ela era feito de gesso quebrado, meu cabelo se tornou ainda mais preto, assemelhando-se a penas de corvos, meus olhos ficaram quase brancos, e com contorno preto, eram olheiras muito, muito profundas (me fazendo senti-me um zumbi) e minhas unhas cresceram, ficando semelhantes a garras completamente pretas e pontudas, passando um pouco dos dedos.

Nightmare era mais forte que eu, então ela conseguiu mover a mão em que seguramos à faca, cortando fora a garra da bruxa que estava gravada em meu peito, a bruxa gritou de dor e caiu no chão contorcendo-se de dor em um grito de agonia, como se a faca estivesse envenenada ou coisa do tipo. Seu braço pareceu estar queimando, pois saia fumaça dele e o mais curioso é que ela não sangrava, sua carne já estava completamente morta. A mão dela ainda permanecia cravada ao peito de Nightmare que devia estar sentindo muita dor, mas que se mantinha firme.

Os outros cortes que eu havia feito na bruxa durante a batalha agora pareciam queimar também e no ar podia-se sentir o cheiro nojento de carne podre sendo frita, a bruxa ardia, saindo fumaça e berrando por sua própria dor, dor essa que antes ela mesma havia me causado.

Nightmare quase não tinha mais forças, mas conseguiu arrancar de seu peito a garra horrenda da bruxa, fazendo uma longa careta de dor, mas não soltando nenhum grito. Ela então se recompôs e conseguiu se levantar, caminhando mancando até a bruxa, que se arrastava e murmurava meio fora de si em certo pânico:

-Por favor, por favor, fique longe. –Eu podia ver medo nos seus olhos, medo do demônio que estava em meu corpo.

Mas Nightmare não deu a mínima para as palavras imploradas pela bruxa, o demônio apenas sorriu e se abaixou tirando o brinco da orelha da bruxa que a encarava atônita, incrédula demais para fazer qualquer coisa além de continuar implorando para seu medo não ser concretizado:

-Por favor, por favor, não faça isso, irei queimar nas profundezas do inferno, por favor, não faça isso. –A bruxa suplicava, sua voz falhando em algumas palavras, o pavor evidente em sua voz. No fim das contas mesmo sabendo seu trágico destino desde que escolheu seguir aqueles caminhos, ela tinha medo do mesmo.

Nightmare sorriu com crueldade, olhando-a de cima, como se quisesse passar certa superioridade a ela.

-Você não sabe nada sobre o inferno. –Disse com uma expressão fria e largou o brinco no chão, pisando em seguida em cima da peça delicada e mágica que se fez em pedaços no mesmo instante.

A bruxa explodiu em um grito ensurdecedor e inumano, ela estava se dissolvendo, virando pó como aconteceu com Kilik e a medida que ela desaparecia, seu berro ia aumentando e era a única coisa que ecoava por todo o labirinto sombrio e escuro, até que por fim ela desapareceu por completo sem deixar ali nenhum rastro sequer de sua existência.

Então uma dor atravessou meu corpo novamente, Nightmare e eu caímos de joelho e gritamos de dor, eu recuperei o controle de meu corpo e apenas cai de impacto ao chão duro do labirinto, senti meu rosto encostar com força no concreto gelado e ali permaneceu, a dor era devastadora, eu mal conseguia me mexer. Meu corpo inteiro queimava de novo com a mesma dor já conhecida que ainda mais cedo parecia uma dor nova, mas que ainda assim era devastadora, pois eu ainda sentia as garras da bruxa em mim.

Com o pouco de força que ainda tinha peguei a faca que Sever me dera, ela me salvou muitas vezes, e era apenas uma faca simples, uma adaga de prata como qualquer outra, em nada especial, mas que pareceu tão poderosa usada por Nightmare que pode fazer a bruxa arder e provar uma previa da dor que sentiria pela eternidade ardendo no temido fogo do inferno.

Um sorriso me escapa e surge em meu rosto, parecendo completamente deslocado a toda aquela situação, eu estava sangrando muito, minha blusa estava completamente ensopada de sangue e havia cortes e hematomas por todo o meu corpo.

Não sei por que sorria. Apenas sei que sorria. Eu iria morrer, estava perdendo muito sangue, qualquer especialista diria que pra mim não havia mais chance alguma. Estava acabado, no fim das contas era aqui que tudo terminava.

Rick tinha razão, eu deveria ter dado o fora daqui enquanto podia.

No entanto, eu não podia abandonar o barco até de ver aonde ele iria antes de afundar em águas escuras e desconhecidas. A morte é um mistério por qual todos é temido, mas que ninguém nunca achou nenhuma resposta. Esse era meu destino agora.

Oh, Deus, o que fiz eu? Em minhas ultimas horas de vida nunca estive mais distante de ti quando disse que era perto de ti que eu deveria estar para não ter medo. Agora estou com medo, dancei com demônios o dia inteiro e afastei-me de tua presença... Como posso eu ser perdoada depois disso? Paguei o mal na mesma moeda, e quando fazemos isso, nos tornamos tão ruim quanto àqueles que odiamos. Se ao menos eu pudesse lhe ouvir agora...

Mas eu não podia. Eu mesmo o havia afastado.

Estava sozinha, abandonada em mim mesma novamente e minha dor apenas aumentava, quase me consumindo por completo.

É, parece que esse é o nosso fim. Nightmare disse em um sussurro cansado na minha cabeça.

“Você não disse que você não precisa morrer comigo?” Perguntei a ela.

Isso foi antes de eu lutar também. Quando eu me tornei você, assumi seus ferimentos, sua dor, sua culpa, sua morte. Compartilhamos tudo agora, sou parte de você mais do que nunca. Mas de que isso adianta se iremos morrer? Ela parece frustrada, quase a ponto de chorar, mas estou com dor demais para ficar em choque.

“Não entendo, porque fez isso? Você poderia ter me deixado morrer e assumir o controle...” Digo.

Mas então ela parou de falar e minha visão começou a escurecer, antes de apagar completamente, eu pude ver a sombra de alguém se aproximando com passos largos em minha direção, alguém havia me encontrado. Ao que parece nem tudo estava perdido, seja quem fosse essa pessoa ela seria meu salvador, pelo menos naquele momento.

Quem eras o estranho a se aproximar de mim?

Não consegui descobrir, de repente tudo ficou escuro e eu não vi mais nada. Eu havia apagado completamente e mergulhado no mar escuro que era meu destino.



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