História A Thousand Hands - Worth It?

Los Angeles. Noite quente. Fazia tempo que eu não sentia esse vento. Depois de Austin pegar minhas malas e colocar num carrinho junto com uma pequena dele e de Michelle, caminhou pra saída do LAX e parou do lado de um cara de aproximadamente 1,85cm, uma cara fechada, barba bem desenhada porém grande, cabelo na altura do ombro com luzes, e sobrancelhas mal feitas. Vestia um terno preto com gravata da mesma cor e uma camisa social branca por baixo. Ele acompanhou Austin até um carro preto, colocando as malas no veículo enquanto eu aguardava de longe com Michelle ao meu lado. 

 — Está se sentindo bem? — ela puxou assunto.

 — Não, nem um pouco. Mas não tem nada que eu possa fazer. 

 — Eu sinto muito. 

 — Eu com certeza sinto mais. 

 — Eu imagino. Bom, lá vem eles.

 — Esse é Jason. Jason Momoa. Outro segurança. — Austin disse. 

 — Prazer, senhoritas. Vamos pro hotel? 

 — Por favor. 

 — Austin e eu vamos dividir o quarto, as senhoritas se importam de dividir também? 

 — Ahn... Não, eu não me importo. — eu disse. 

 — Ah, eu também não. — Michelle falou. 

 — Ótimo então. Lauren mandou irmos para um dos melhores hotéis daqui. 

 — E qual seria, senhor Momoa? — eu perguntei olhando meu celular. 

(...) 

 — Omni Los Angeles Hotel at California Plaza. — Momoa disse quando estacionamos na frente do hotel. 

Entrei no hotel com Momoa nos meus calcanhares enquanto Austin e Michelle cuidavam das malas. Fiquei sentada no sofá do hotel enquanto Jason fazia o check-in para podermos ir pros quartos. Eu estava exausta da viagem, e exausta psicologicamente depois de tudo que aconteceu nas últimas horas. 

(...) 

Momoa e Michelle conversavam intimamente numa mesa separada da minha e de Austin. Eu comia no restaurante do hotel sem muita vontade. Lauren não havia mandado mensagem e nem nada, isso estava me matando. Levantei o olhar e Austin parecia incomodado em dividir a mesa comigo. 

 — Se quiser ir... 

 — Não, senhorita Cabello. Eu estou bem. 

 — Você não parece à vontade aqui, Austin. 

 — Eu só... Me desculpe. Mas este é meu trabalho. 

 — Tudo bem, Austin. De qualquer maneira, acho que vou subir. 

 — Mas já, senhorita? Vou chamar Michelle. — ele acenou com a cabeça e levantou. 

 — Vamos pro quarto, senhorita Cabello? — Michelle perguntou. 

 — Ahn, vamos sim. Claro. Até mais, Austin. 

 — A senhorita quer alguma coisa? Ahn, Lauren ligou? 

 — Não quero e não. 

 — Quer que eu pare de falar dela? 

 — Tanto faz. 

 — Desculpe, senhorita Cabello. Só queria te ver animada. 

Ela mexeu no celular enquanto esperávamos o elevador, me fazendo olhar rapidamente pra ver se era Lauren. Infelizmente não consegui ver antes que ela bloqueasse o celular quando as portas do elevador finalmente se abriram. Entramos no cubículo metálico em silêncio, cada uma em um canto. O clima estava começando a ficar tenso quando chegamos no nosso andar. Entramos no quarto e eu me sentei na cama, em posição de índio, olhando Michelle se movimentar pelo quarto, até que ela se sentou na cama dela do mesmo jeito que eu, de frente pra mim e ficou me encarando em silêncio. 

 — Não vai falar nada? To ficando incomoda. — eu disse. 

 — Eu estou só pensando. 

 — Pensando no que? 

 — Se vale a pena levar um tapa...

 — Que? 

 — E perder meu emprego. 

 — Por que você perderia seu emprego ou levaria um tapa? — eu ri pela primeira vez depois de horas chorando. 

 — Ah, senhorita Cabello, você é ingênua. 

 — Ah. Você não é a primeira que diz isso. 

 — Imagino. 

 — Mas então, vai me dizer?

 — Não, senhorita. 

 — Você vai descobrir que sou curiosa. 

 — Ah, é? — ela riu e se deitou na cama. 

 — É sim. 

 — Quem sabe um dia eu te conte. No momento, acho que não vale a pena perder meu emprego. 

Ela se virou de costas pra mim e se cobriu, claramente encerrando a conversa pra poder dormir. Respirei fundo e me levantei, caminhando em direção a uma mesinha de bebidas, pegando uma taça e enchendo de vinho. Me sentei na poltrona do lado da janela, que pegava do teto ao chão, assim como na casa da Jauregui, e fiquei admirando a vista. 

(...) 

Um zunindo chato perturbava meu ouvido sem parar, relutando muito, abri meus olhos, sendo invadida pela luz solar que entrava pela janela. Olhei em volta procurando a fonte do zunindo e reparei que estava sozinha no quarto. Peguei meu celular na cabeceira e vi que era uma chamada de vídeo. 

 — Bom dia. — eu disse. 

 — Ei, Camila. Como foi a viagem? Você está bem? 

 — Bem fisicamente. 

 — Ahn, que bom, eu acho. Jason já se encontrou com você? — Lauren olhava pro outro lado ao invés de olhar pra tela. 

 — Encontrou ontem no aeroporto. 

 — Ótimo, ótimo. 

 — E como você está? Eu to morrendo de saudade. — vi Lauren finalmente olhar pra mim — Eu queria você aqui. 

 — Olha Camila... Eu também. Queria muito estar com você, mas infelizmente... — ela suspirou. 

 — Infelizmente o que? 

 — Eu tenho que cuidar de tudo aqui. Camz, eu vou desligar. Só liguei pra saber se tinha chegado bem. — ela fechou os olhos. 

 — Okay. 

 — Tchau. 

 — Tchau, meu amor. — eu disse antes dela desligar. 

Me levantei da cama e comecei a revirar uma mala, procurando por alguma roupa boa. Escutei barulho na porta e logo Michelle estava do meu lado. Peguei uma blusa branca, um shorts da mesma cor, uma jaqueta amarela e fui pro banho. 

(...) 

Estava numa Mercedes com Austin, indo pra uma filial da Jauregui Enterprises, ele ia fazer uma videoconferência com ela. Entramos no prédio e estava cheio de engomadinhos, eu os odiava. Fui pra sala de reuniões com Austin, fazendo todos olharem pra mim quando me sentei na mesa. 

 — Bom dia. — todos disseram ao Austin. 

 — Bom dia, senhores. Lauren já está pronta. 

 — Sabe sobre o que é essa videoconferência? — um dos engomadinhos perguntou. 

 — Creio que sim. 

 — E então...? — o loiro perguntou. 

 — Lauren vai lhes dizer, Liam. 

 — Tudo bem. Desculpe. 

 — Certo. — Austin começou a videoconderência — Bom dia, senhora Jauregui. — disse quando Lauren apareceu. 

 — Bom dia, Austin. Bom dia, senhores. 

 — Bom dia, senhora Jauregui. — todos disseram em coro. 

 — Bom dia. — eu disse. 

 — Senhorita Cabello. — ela acenou. 

 — Pra que estamos aqui? — um dos caras perguntou. 

 — Bom, além de um projeto novo que vou lhes passar logo mais, estou aqui para pedir que ajudem Austin a montar uma forte guarda de segurança pra senhorita Cabello, a bela mulher que está no fundo dessa sala. Parsons, está com passe livre pra liberar quaisquer dinheiro ou necessidade que ela peça. Dê seu número a ela e a leve com Austin ao banco da minha conta bancária em Los Angeles. Agora, Austin, se puder retirar a senhorita Cabello da sala, eu agradeço. 

 — Mas Lauren... — comecei. 

 — Senhorita. 

 — Pare de me trata formalmente, por favor, Jauregui. — eu disse. 

 — Camila, eu logo falo com você, está bem? — ela me olhou feroz. 

 — Okay. — me levantei na mesma hora e sai pisando fundo. 

Austin conversava com o tal do Parsons na sala dele, e eu mexia no celular sentada num sofá na frente dos dois, sem nem prestar atenção neles. Tentei pesquisar algo sobre Shawn ou Lauren, mas não encontrei nada. Os rapazes terminaram de conversar e Austin me levou pra uma cafeteria. Clifton's Republic. Me sentei no balcão com o motorista ao meu lado. Ele chamou um atendente e pediu dois expressos, apesar de não gostar muito, era o que eu precisava agora. 

 — Açúcar, senhora? — o rapaz perguntou. 

 — Sim, por favor. 

 — Aqui está. — ele colocou um pote na minha frente. 

 — Obrigada, senhor. 

 — Ahn... — Austin me chamou atenção. 

 — Sim? Pode falar. 

 — Bom, a senhora Jauregui mandou lhe avisar que... 

 — Que o que? Achou Shawn? Ou a Ally? — perguntei ansiosa. 

 — Não, infelizmente não. 

 — Então...? 

 — Que ela vem pra Los Angeles.