POV LÚCIA
terceira pessoa
Lúcia saiu da clínica as pressas e ainda mais triste quando havia entrado. Ela queria chorar e gritar para aliviar sua dor, mas sabia que muito provavelmente não iria adiantar nada.
Ela foi caminhando mecanicamente, sem se importar com mais nada a sua volta enquanto repetia a conversa na sua cabeça até se dar conta que já havia chegado em casa.
Ela abriu a porta e ao entrar na sala não se sentiu surpresa ao ver que seus pais conversavam com a família Thorne.
- Boa tarde. - Ela cumprimentou rapidamente pretendendo passar direto por ali até que seu pai a chamou, e sem muita alternativa ela deu meia volta e foi se sentar numa poltrona vazia sem dizer mais nada.
- Agora que minha filha finalmente chegou, podemos continuar a conversa. - Disse o senhor Pevensie.
- Sobre qual assunto, papai? - Perguntou Lúcia.
- Sobre o seu casamento com Andrew. - Disse ele. - Os Thorne, assim como nós, estão dispostos a esquecer o escândalo que você os fez passar, e...
- Não foi somente um escândalo, Pevensie. - Disse a senhora Thorne. - Ela humilhou meu filho, ridicularizou a todos nós.
- Mamãe, por favor... - Interviu Andrew. - Lúcia é uma boa moça.
- Claro que sim! - Disse a senhora Pevensie em defesa da filha. - Minha Lúcia não é uma mal caráter.
- Mas não apaga o que ela fez. - Teimou a senhora Thorne.
- Nós sabemos disso, e por isso convidei vocês para conversar. - Falou o senhor Pevensie. - Nossas famílias são amigas há tanto tempo, não podemos deixar que um desentendimento desses dar fim a uma amizade tão antiga. E por isso eu ofereço as mais sinceras desculpas em nome de minha família, especialmente por Lúcia.
- Hum, não sei, Phill. - Ponderou o senhor Thorne. - Que garantias eu tenho que sua filha vai honrar o compromisso? Não posso expor meu Andrew a outra rejeição pública como aquela.
- Eu garanto, senhor Thorne. - Disse Lúcia finalmente. - O que aconteceu naquele jantar não vai se repetir.
Lúcia reiterou e todos na sala permaneceram em silêncio, como se tivessem sido pegos de surpresa diante da fala dela.
- Você tem certeza disso, querida? - Perguntou a senhora Pevensie um pouco receosa.
- Sim, mamãe. Papai, Andrew e Sr. e Sra. Thorne. É o que eu quero. Dou-lhes minha palavra que nada daquilo vai se repetir.
Lúcia respondeu firmemente.
- E você, Andrew. Você quer manter esse compromisso? - Perguntou o Senhor Thorne ao rapaz.
- Sim, é o que eu quero.
Andrew respondeu e daquele momento em diante a conversa tomou um rumo mais ameno.
Lúcia recebeu seu anel de noivado, e em seguida deu uma desculpa qualquer para que pudesse se recolher em seu quarto.
E enquanto seus pais festejavam no andar de baixo ela se sentia cada vez mais desolada.
...
Alguns meses haviam se passado desde o noivado com Andrew na sala de sua casa, e desde esse mesmo dia ela não tinha mais visto ou falado com Caspian. Só tinha notícias dele quando Edmundo, Megan ou Susana as traziam ocasionalmente.
De acordo com a última que recebera ele estava bem e namorando a colega de trabalho. Caspian estava seguindo a vida novamente, sem ela.
Ela sabia que não podia julgá-lo. Afinal, a culpa de tudo aquilo era dela mesma, então ela só poderia mesmo era suportar a saudade e o arrependimento que só fazia aumentar com o passar do tempo.
Ah, se ela pudesse voltar no tempo...
- Lúcia, está me ouvindo querida?
Era a voz de sua mãe lhe chamando a realidade.
- Desculpe, mamãe... o que dizia?
- Você precisa se animar, querida. É o seu casamento que estamos organizando aqui.
- Casamento esse que nem deveria acontecer.
Lúcia ouviu Susana resmungar baixo ao lado de Melissa enquanto terminava um bordado.
- O que disse, Susana? - Perguntou a Sra. Pevensie com um olhar reprovador a Susana após Lúcia soltar um suspiro.
- Nada, mamãe.
Respondeu Susana e em seguida a senhora falou algo sobre ir preparar um lanche deixando as moças sozinhas na sala.
- Lúcia, o que você tem? - Perguntou Susana a observando.
- Nada, é só cansaço por causa dos preparativos do casamento. - Desconversou Lúcia.
- Na verdade você me parece triste. - Pontuou Melissa. - Está mais que óbvio que você não quer esse casamento.
- O que vocês querem que eu faça, afinal? - Lúcia perguntou exasperada, largando o bordado que tinha nas mãos.
- Queremos que você desista dessa decisão ridícula de manter esse casamento e vá atrás do homem que você ama de verdade. - Disse Melissa. - E não adianta falar que é melhor assim por quê nós três sabemos que não é.
- Isso mesmo, Lú. - Concordou Susana. - Tenho certeza que Caspian ama você, se não ele não estaria aqui no nosso mundo e se mantendo tão perto de você, para começar.
- Mas ele me afastou, vocês não entendem? - Disse Lúcia para se defender. - Ele está namorando outra moça, e sinceramente eu não o culpo. Já o machuquei demais.
- E, daí? Você também está comprometida e continua louca por ele. Por quê com ele não pode ser assim?
Pontuou Melissa.
- É.. quer saber? Chega desse assunto.
Lúcia decretou nervosa. Voltou a sua atenção aos bordados que faltavam terminar no seu enxoval de casamento e ignorando totalmente os protestos que sua irmã e sua amiga fazia para fazê-la mudar de ideia.
Mas por mais que fosse uma ideia tentadora jogar tudo pro alto novamente ela não poderia fazer isso. Ela havia dado sua palavra aos Thorne, e não poderia bagunçar ainda mais a vida de Caspian.
Então só lhe restava mesmo era seguir adiante com o casamento que ela não podia fazer nada para impedir.
...
Mais algum tempo se passou desde o seu noivado e a "conversa" com Melissa e Susana até este dia chegar.
Hoje era o dia que Finalmente seu casamento iria acontecer, e ao contrário do que pensava há meses Lúcia não estava se sentindo bem. A o misto de sensações ruins plantado dentro de si pesava cada vez.
Era tanta coisa para identificar e processar que até a deixava meio zonza. Então, sem conseguir controlar o caos em sua mente, Lúcia levantou da cadeira onde estava sentada e ficou em frente a um grande espelho de corpo todo, que lhe foi cedido somente para sua produção.
Não podia negar, estava realmente linda como nunca imaginou estar em sua vida. O vestido valorizava as curvas em seu corpo de maneira discreta e a maquiagem dava ao seu rosto um ar de saúde e ingenuidade.
Mas a mulher refletida naquele espelho não era ela. Aquela mulher estava triste, faltava algo essencial que só agora ela se permitiu admitir.
Ainda se encarando diante do espelho Lúcia notou a porta do quarto se abrir revelando seu irmão Edmundo entrando no local. Ele caminhou em silêncio até ficar ao seu lado diante do espelho.
- Você é a noiva mais linda, e a mais triste que eu já vi na vida. - Declarou Edmundo depois de um tempo. - Ainda dá tempo de desistir, Lú.
- Eu não posso...
- Você tem certeza ? - Ele insistiu e Lúcia apenas balançou a cabeça positivamente, mas não conteve as poucas lágrimas que escaparam.
Edmundo rapidamente lhe ofereceu um lenço para que ela pudesse secar seu rosto e assim ela fez.
- Pronta? - Perguntou Edmundo novamente ao lhe oferecer o braço.
- Pronta.
Lúcia concordou e pegou o braço do irmão, respirando fundo um par de vezes até que enfim fosse em direção ao altar.
Era hora de selar seu futuro.
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