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História A Troca - O Aviso


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Oie gente,

Bom, a receptividade do ultimo capítulo foi tão boa que eu resolver postar esse, extra, pra abrandar um pouco a curiosidade de vocês. Espero que vocês fiquem muito felizes com isso e comentem aqui, porque eu quero saber.

Agora vamos ao que interessa!

Capítulo 35 - O Aviso


— Que porra, Ginevra...

Resmunguei, estressado. Se existia uma situação que realmente me deixava irritado era quando alguém mudava as minhas coisas de lugar. Digitei o número da minha irmã no celular. Ela atendeu no terceiro toque.

— Oi, Ron... – Ginny saudou, simpática – Bom dia...

Eu não havia acordado muito educado naquela manhã. E minha cabeça, que estava explodindo desde a noite anterior, não estava ajudando muito para que o meu humor melhorasse.

— Oi... – pulei os cumprimentos – Onde você colocou a minha jaqueta marrom?

— Bom dia pra você também – ela completou, sarcástica – Tá na lavanderia.

— Pra que merda você colocou a minha jaqueta na lavanderia? – indaguei, colérico.

— Pra lavar, talvez?

— Tem dois meses que eu não uso...!

— Ei, calma... – ela pediu, estranhamente plácida – Eu devo ter me esquecido de colocar pra dentro...

Respirei fundo.

— Ok... – fechei os olhos, tentando me controlar – Obrigado...

— De nada – ela respondeu ao agradecimento – Ron...?

O tom que a minha irmã usou para chamar o meu nome indicava que ela ia falar sobre o assunto que eu não queria conversar.

— Eu tenho que ir, Ginny – desviei – Se não eu vou me atrasar pra apresentação do Snape.

— Não, você não vai. O Harry acabou de acordar pra me levar na SeMz. Ele nem começou a se arrumar ainda – ela replicou, esperta.

Acabei sorrindo.

— O que foi? – perguntei.

— Eu quero que você converse comigo... – ela disse. Sua voz parecia um pouco frustrada – Eu não aguento mais te ver desse jeito, calado e triste. Você não é assim.

— Não tem o que conversar, Gin... – eu respondi enquanto andava até a lavanderia – Só acabou.

— E você não vai fazer nada em relação a isso?

— Eu já fiz. Ela não quis me escutar.

— E você por acaso quis mesmo dizer a verdade...? – Ginny questionou novamente – Ron, a Mione quer ouvir da sua boca que você não fez nada.

— A Hermione não acredita em mim... – apoiei o celular entre a orelha e o meu ombro e comecei a vasculhar o cesto de roupa limpa – Se acreditasse, não teria me acusado.

—Você só piorou a situação confirmando tudo – Ginny objetou.

— Agora não faz diferença nenhuma... – dei de ombros, conformado.

Achei a minha jaqueta, nos fundos. Peguei a peça e ergui na minha frente, analisando-a rapidamente.

— Espero que você saiba o que tá fazendo – a minha irmã me advertiu, prudente – Ou melhor, o que não tá fazendo...

— Relaxe... – dei umas batidinhas na jaqueta, desamassando-a – Se passou em Londres, vai passar aqui também.

— Não compare a Mione com a vaca da sua ex-noiva, Ron – Ginny ralhou comigo – São pessoas muito diferentes.

— Eu sei... – concordei, sem tirar a minha irmã da razão – A Hermione é íntegra. Pelo menos isso.

Voltei a segurar o celular com uma das mãos. Sacodi a jaqueta com a outra, pretendendo vesti-la de imediato. Um papel muito amassado caiu do bolso. Franzi o cenho. Demorou alguns segundos até que eu finalmente relacionasse as coisas.

— Ron...? – Ginny me chamou, receosa.

— Polegar, depois a gente se fala... – falei, me abaixando para pegar o papel – Agora eu realmente tenho que desligar...

— Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou, preocupada.

— Não, não... – neguei, mais concentrado no bilhete do que na conversa – Avisa ao Harry que eu já tô saindo.

Ginny assentiu e nós nos despedimos. Pus o celular rapidamente no bolso e retornei ao papel em minhas mãos. Como eu pude ter esquecido daquilo? Já haviam se passado meses desde o dia fatídico que eu consegui aquele papel. Cocei a barba, pensativo, recordando a situação.

 

--- x ---

 

— Calma, Harry... – Hermione tranquiliza-lo ao mesmo tempo em que empurrava outra gaveta, frustrada – Talvez a gente só precise procurar um pouco mais...

— Procurar mais aonde, Mione?! – Harry retrucou.

Ele estava muito irritado.

— Não sei. Tem muita coisa nesse escritório – ela assumiu – A gente não vasculhou nem a metade dos móveis.

Dei a volta na escrivaninha, apressado. Muitas coisas passavam pela minha mente.

— Pode não tá aqui...  – falei, enérgico – Pode ter mais coisa escondida no quarto do Snape...

Harry e eu nos olhamos. Percebi que ele compactuou com a minha ideia quase que automaticamente, esperançoso. Hermione olhou para nós dois, absorvendo o que eu dissera. Ela não fez uma cara muito convidativa, mas preferiu não dizer nada.

— Pode ser... – Harry parecia um pouco mais animado – É melhor a gente ir logo então...

Sem acompanhantes. Eu havia aprendido isso em Londres.

— Não, vocês ficam. Eu vou sozinho... – comuniquei, apontando na direção dos dois.

Como já me foi esperado, eles rapidamente se manifestaram. Mantive a minha decisão, firme. No fim eles concordaram, ambos de contragosto.

— O quarto de Snape fica lá em cima. É último do corredor.

Saí do escritório apressado. Dei alguns passos, avançando, porém antes que eu subisse as escadas, vi uma sombra se avolumando no corredor. Alguém estava subindo.

— Puta que pariu... – reclamei baixinho.

Eu estava sem opções. Se eu retornasse para a sala, seria visto. Se eu corresse até o outro lance de escadas, seria descoberto também. Tive apenas alguns segundos para optar pela solução mais óbvia: entrar no primeiro cômodo destrancado que eu encontrei. Fechei a porta devagar, para não levantar suspeitas. Os passos no corredor se tornaram mais urgentes. Não demorou até que eu escutasse a voz de Snape bradando. Harry e Hermione tinham sido pegos no flagra.

Pensei e voltar e me juntar a eles, mas isso poderia só aumentar as desconfianças de Snape, caso eu aparecesse do nada ali, atrás dele. Me afastei da porta e me virei de frente para o ambiente que eu estava. O cômodo na verdade era um quarto bem amplo. O lugar tinha uma beleza meio sombria. As coisas apesar de arrumadas pareciam intocadas há muito tempo. Andei até a janela nos fundos e olhei para baixo. Era uma altura considerável, mas, apesar de um pouco complicado, dava para eu poder descer. Bastava que eu conseguisse alcançar a árvore ao lado. Eu estava me preparando para sair quando vi, no criado-mudo, ao lado da cama larga, algo que me chamou atenção. Desisti temporariamente da minha fuga.

Uma mulher ruiva segurava um bebê no colo. Ambos possuíam olhos verdes e intensos. Ao lado deles, um homem com uma aparência extremamente conhecida sorria, abraçando os dois. Aquela era uma fotografia típica de família.

— Esse era o quarto dos pais do Harry... – murmurei para mim mesmo, pegando o porta-retratos.

Foi aí que eu percebi que debaixo do objeto havia um envelope, uma carta, na verdade, endereçada ao Snape. Ela datava de um ano atrás e nunca tinha sido aberta, pois ainda estava selada. Isso aguçou a minha curiosidade. Na parte reservada ao remetente não havia nome algum. Pensei em rasgar o envelope e ver o que estava escrito dentro, mas algo despontou na minha mente. Se alguém tinha que ler aquilo ali primeiro, ainda que não fosse nada de importante, esse alguém deveria ser o Harry. Desisti do que eu estava prestes a fazer.

— Bom... se o Snape não leu há um ano atrás, não é agora que ele vai querer ler – dei um sorrisinho maléfico e pus a carta no bolso da jaqueta.

Segui o meu plano inicial e saí do quarto pela janela.

 

--- x ---

 

Eu tinha que entregar aquela carta ao Harry, mas não seria naquele dia que eu faria isso. Eu já tinha problema o suficiente para resolver.  Coloquei o papel no bolso da jaqueta outra vez e a joguei dentro do cesto novamente. Eu encontraria outro casaco para vestir antes de sair.

Cheguei à universidade cedo demais. Hermione mandara uma mensagem no grupo avisando que deveríamos nos reunir em uma área mais restrita, para resolvermos algumas coisas antes da apresentação do trabalho. Pensei automaticamente na biblioteca. Lá existiam umas saletas particulares, reservadas para estudo em conjunto. Estacionei a motocicleta no mesmo lugar de sempre e andei até o prédio principal.

— Identificação, por favor? – um garoto me pediu, educado, quando eu me apresentei na entrada da biblioteca.

Entreguei a minha carteira de motorista a ele.

— Sr. Weasley... – o assistente digitou uns números no computador – O senhor nunca pegou livros ou reservou uma sala antes?

— Não... – respondi de prontidão.

— Então o senhor vai ter que fazer um cadastro – ele me comunicou, devolvendo a minha carteira de motorista.

— Vai demorar...? – perguntei, impaciente.

— Não... – ele negou – Cinco minutos, no máximo.

Olhei no meu relógio de pulso, com um pouco de dificuldade. Parecia que remédio que eu tomei antes de sair de casa não fizera muito efeito.

— Certo... – concordei, sacodindo a cabeça. Isso só piorou a minha dor – O que precisa?

— Agora só do comprovante de matrícula.

Respirei fundo. Eu não sabia se tinha levado a merda deste comprovante.

— Vou olhar aqui... – pedi que esperasse e ele concordou com um aceno de cabeça.

Comecei a procurar. Minha mochila estava muito cheia, então pus o caderno e o dossiê da SeMz em cima da bancada, enquanto conferia se estava no classificador o que eu queria. Fui incomodado por uma presença indesejada. Eu deveria estar com muito azar ou aquele realmente não era um bom dia.

— Você pode usar o seu resquício de inteligência e olhar no portal do aluno, Weasley, pelo celular...

Respirei fundo, novamente, apertando a borda do classificador com força.

— Não sei a senha de cor, mas isso não é da sua conta... – respondi, sem me virar – Ainda sim obrigado pelo conselho.

Krum riu, debochado.

— Olha, o ruivo foi domesticado... – ele alfinetou, no mesmo tom desagradável de sempre – Eu tô aqui pra te informar uma coisa.

— Se não for sobre a sua ida pra o inferno, não me interessa – falei, ainda de costas, tentando ignora-lo.

Encontrei o comprovante.

— Aqui... – me virei na direção do garoto. Ele aceitou o papel, sem me olhar.

Krum continuava parado no mesmo lugar, com as mãos nos bolsos. O encarei. Seu olhar estava concentrado nos meus materiais. Joguei tudo de volta na mochila.

— Você se perdeu, por acaso?! – o que ele ainda estava fazendo ali do meu lado?— Não sabe o caminho pra sair da minha frente ou prefere que eu te mostre?!

Ele voltou a rir, dessa vez, mais animado.

— Irracional e impulsivo... – Krum bateu palminhas – Você é patético, Weasley. Eu me pergunto o que a Mione viu em você...

— E o que você tem a ver com isso?! – retruquei, enraivecido.

— Ei, por favor... – o garoto se manifestou, nos olhando – Vocês não podem fazer barulho aqui...

 – Fique tranquilo, Jacob – Krum acalmou o assistente da bibliotecária – O que eu tenho pra falar com o ele é breve...

— Eu não tenho nada pra falar com você... – disparei, inflamado – Então sinta-se a vontade pra ir embora...

Apontei para a saída da recepção. Krum não moveu um músculo do lugar.

— Eu só vim te avisar que a Hermione caiu em si, e que nós estamos bem de novo. Como éramos antes de você aparecer por aqui.

Engoli a seco, mesmo não querendo. Foi muito ruim escutar aquilo.

— E o que eu tenho a ver com isso? – tentei manter a mesma postura inabalável de antes – Se ela resolveu repetir a idiotice de voltar com você, o problema é seu e dela, não meu.

— Espero mesmo... – ele avisou, tentando me intimidar – Não tente se intrometer no nosso caminho novamente.

Dessa vez fui eu que ri de forma debochada. Quem era Viktor Krum para achar que eu iria ter medo dele?

— E você vai fazer o que, caso eu não te obedeça? – o provoquei, chegando mais perto – Me processar por ela gostar mais de mim do que de você?

Ele não recuou.

— Não tente me amedrontar, Krum. Eu já conheci gente mil vezes pior que você.

— Por isso mesmo que você deveria pisar devagar, Weasley...

Havia uma entonação diferente naquela constatação. Permaneci o encarando por mais alguns segundos, tentando descobri qual era a dele de fato. Em meio a isso, Jacob me devolveu o comprovante, assustado.

— Bom... – Krum proferiu, impassível – Eu já disse tudo o que eu tinha pra dizer.

— Seu recado foi dado – devolvi, também irresoluto – Agora é melhor você ir latir em outro lugar...

Dei as costas para o idiota e entrei de vez na biblioteca.

Nesta ordem, Harry e Hermione chegaram à universidade, cerca de uma hora depois. Debatemos um pouco sobre como seria apresentado o trabalho. Chegamos ao acordo de não tocar no nome da SeMz e evitar ao máximo demonstrar que sabíamos de algo a mais do que aquilo que deveria ser passado. Toda aquela tensão sobre o trabalho e, agora por último, o fatídico encontro com o Krum, fizeram a minha cabeça resolver explodir de vez. Eu não tinha mais condição nenhuma de ficar na aula por mais duas horas. Como havíamos sido o primeiro grupo a apresentar, me ousei em pedir autorização a Snape para ir embora.

— E por que eu deveria te liberar? – ele questionou, chato como de costume – É indecoroso não assistir a apresentação dos seus outros colegas.

— Eu gostaria de ir descansar – respondi a verdade – Não tô me sentindo muito bem desde ontem...

— E...? – Snape não estava dando à mínima.

— E creio que o senhor entenda bastante o que isso significa... – objetei, com um sorrisinho, deixando claro que eu tinha conhecimento do real motivo do afastamento dele das aulas.

Snape crispou os lábios.

— Vá pra casa, Weasley... – ele finalmente resolveu me liberar, de contragosto.

Mas não antes de soltar o seu veneno, ácido.

— E tome cuidado. Alguns males são súbitos.

Franzi o cenho, me assustando com a frase por alguns segundos. Snape, no entanto, já não me fitava mais. Não esperei que ele mudasse sua decisão. Me despedi do Harry com um aceno de cabeça. Ele já estava com a Hermione nos fundos da sala. Ela me olhou, num misto de preocupação e curiosidade, porém eu preferi ignorar. Era uma questão de autopreservação. Saí da sala logo em seguida. Me bati com a Luna no corredor.

— Ronald... – ela me cumprimentou, flutuante.

— Luna... – repeti a saudação, no mesmo tom avoado.

A loira riu.

— Você não tá com uma cara muito boa... – ela comentou, me analisando.

— Ah, nem vem você também... – chega de falar da Hermione, por favor.

— Não, é sério – ela negou enquanto andávamos em direção à saída – Você me parece, sei lá, meio doente...

Às vezes eu me assustava com essa capacidade sobrenatural que a Luna possuía para perceber as coisas.

— É só uma dor de cabeça – falei, a tranquilizando.

— Você deveria ir descansar – ela me aconselhou.

— É isso que eu tô indo fazer. E você?

— Eu tô indo lanchar com o Neville e com a Parvati. Quer ir junto?

— Acho melhor eu ir pra casa direto... – recusei a saída educadamente – Mas obrigado pelo convite.

Luna pôs o braço por dentro do meu. Assim, ao meu lado, ficava evidente a nossa absurda diferença de altura.

— Não tem problema. Eu te acompanho até o estacionamento então... – ela disse, insistente.

— Eu não vou mesmo conseguir me livrar de você? – brinquei, me deixando levar.

— De jeito nenhum – a loira balançou a cabeça, negando.

Atravessamos todo o corredor lentamente, conversando sobre trivialidades. Eu percebi que, mesmo com o fim da semana tecnológica, a universidade continuava repleta de gente, mais do que o de costume. Muitas pessoas que eu nunca tinha visto antes circulavam de um lado para o outro, entretidas com alguma coisa.

— Isso aqui ainda tá bem cheio... – comentei, quando chegamos ao pátio.

— McGonagall autorizou que algumas empresas deixassem alguns dos seus projetos à mostra nessa ultima semana de aula – Luna me explicou – Eles estão instalados no terceiro piso do pavilhão principal.

— Ah... Não sabia – sorri anasalado – Interessante até...

— Bastante... – Luna olhou para cima, na minha direção – Por falar em não saber, como a Angelina está lidando com esse posto novo de amiga fura olho?

A pergunta me pegou de surpresa.

— Bom, pra ser sincero, ela não me disse nada sobre.

— Nada?

— Nada de mais. Só que tinha ficado mal com a situação.

— Hmm... – Luna mordeu o canto interno da boca – Talvez a sua mentira também seja conveniente pra ela...

Eu não havia pensado por aquela perspectiva.

— Eu não vejo o que a Angel ganharia com isso... – questionei, duvidoso.

— Não...? – Luna levantou as sobrancelhas claras.

— Não... – insisti na resposta.

— Então eu também não vejo...

Luna sorriu, dissimulada. Franzi a testa sem entender, mas achando graça. Chegamos ao estacionamento logo depois.

— Enfim, eu só acho que você deveria pensar melhor sobre a sua decisão de permanecer calado – a loira advertiu – Olhe ao seu redor. Veja a situação onde essa briga com a Mione te colocou. Será que vale mesmo a pena você se castigar por algo que não cometeu?

— Eu não tô me castigando porque eu quero, pelo contrário, ela escolheu me castigar... – refutei, inconformado – Eu fui até a casa da Hermione, na sexta, e ela decidiu, outra vez, me rejeitar. O que é que eu iria fazer?!

— Falar a verdade.

— Pra quê, Lu?! Eu tô cansado de ter que justificar pra todo mundo que eu fiz a coisa certa. Eu voltei da Inglaterra por causa disso... – assumi, cansado – Se você espera que eu vá correr atrás da Hermione pra tentar me explicar, desculpa, mas eu não vejo motivos pra isso.

— Pelo amor de Deus, Ronald! Danem-se os motivos!– ela disse, me fitando diretamente nos olhos – Até porque só existe uma razão: ser justo consigo mesmo!

Passei as mãos pelos cabelos, exasperado. Esse era um dos motivos pelos quais eu não queria conversar com mais ninguém sobre essa maldita briga.

— Eu sei que você deve estar me vendo como um idiota e eu não te julgo por isso... – eu disse, sem encara-la – Talvez eu seja mesmo, mas eu só sei ser assim.

A loira segurou minha mão.

— Não, eu não te vejo como idiota. Eu só vejo alguém constantemente se protegendo do passado, apenas isso... – sua voz era suave – Você fala tanto de confiança, Ronald, mas desde o momento que você chegou, você não deu a Hermione nenhuma oportunidade de acreditar em quem você realmente é...

Não me senti apto o suficiente para discordar do que Luna me dissera. Ela, porém, não insistiu nos seus argumentos. Nós nos despedimos logo em seguida. Vi Luna retornar a cantina, saltitante, pelo lateral do visor do capacete, enquanto guardava a minha mochila no case da motocicleta. Pouco tempo depois, acelerei a moto e saí da universidade. Fui boa parte do caminho pensando no que eu havia escutado. Seria possível que eu estivesse sendo egoísta a esse ponto? Talvez sim, talvez não. Eram muitas variáveis quando se tratava desse assunto. Maldita hora que eu encontrei a Luna também. Às vezes ela bagunçava a minha mente e me obrigava a pensar de uma forma extremamente insuportável.

Senti outra fisgada. Minha dor de cabeça estava ficando mais intensa. Talvez fosse interessante comprar outro analgésico mais forte, antes de ir para casa. Dei seta para a esquerda e retornei, voltando em direção a farmácia mais próxima, que eu conhecia. Dei uma olhada no retrovisor antes de fazer uma ultrapassagem. Percebi que um carro atrás de mim fizera o mesmo movimento que eu.

     Normal, até então...

Estávamos no trânsito, afinal. Os veículos se movimentavam para todos os lados. Ainda sim, semicerrei os olhos, desconfiado. Fiz outro retorno secundário e subi em direção à Via do Penhasco. O caminho recebera esse nome porque um braço do rio Jabuticaba passava por baixo, enquanto um extenso viaduto corria por cima, apoiado nas rochas de um dos vários morros da cidade. Era o mesmo caminho que eu costumava usar para ir à casa do Harry e da Hermione, quando eu saia direto da universidade, por ser mais rápido. Mione não aprovava muito quando eu escolhia aquela rota. Ela costumava dizer que era uma alternativa insegura demais até mesmo para a engenharia de trânsito mais avançada.

Sorri de canto, com a lembrança, e peguei o túnel direto, em direção ao viaduto. Em menos de cinco minutos eu chegaria à rua da farmácia. No final da passagem conferi o retrovisor novamente. Fiz isso no momento certo, pois, dessa vez, o carro que eu avistei, momentos atrás, agora estava bem mais próximo. O automóvel acelerou, ultrapassando o ônibus ao meu lado e mudou de faixa de maneira brusca, praticamente me obrigando a jogar a motocicleta na direção da parede do rochedo. Buzinei, irritado. O motorista do ônibus também.

Continuei seguindo. Me encaixei na lateral da via e ali permaneci. Eu estava praticamente no final do viaduto até que, quando eu menos esperava, novamente o veículo mudou de faixa, dessa vez se colocando na frente do ônibus. Pretendendo evitar uma colisão com o carro, o motorista do ônibus freou de súbito. Eu vinha atrás, praticamente colado. Como não estava nos meus planos se encaixado no fundo do coletivo e transformado em uma lata de sardinha amassada, meu primeiro impulso foi jogar a motocicleta com tudo para o lado esquerdo. Para o meu azar, o viaduto não havia chegado ao fim. Eu caí direto na ribanceira.

Daí em diante tudo aconteceu muito rápido. De início, senti a lateral do meu corpo colidir fortemente com uma pedra quando fui arremessado para longe da moto. Uma dor lancinante me acometeu, quase que automaticamente. Continuei escorregando por entre as rochas, sem controle. Parecia que eu estava caindo eternamente para o nada. Alguns segundos depois, outro impacto forte, dessa vez na cabeça, e eu caí no rio.

A última coisa que eu notei antes de perder os sentidos foi a água gelada percorrendo o meu corpo rapidamente, me puxando para o fundo.


Notas Finais


E aí? O que acharam? Me contem aqui nos comentários!

Estarei de volta dia 14, como sem falta. Beijos!


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