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História A Última Alice - A Primeira Alice


Escrita por: Ikarenn

Capítulo 2 - A Primeira Alice


Fanfic / Fanfiction A Última Alice - A Primeira Alice

Eu olhei para a pelúcia atentamente. O símbolo parecia estar brilhando.

“Curioso.” Eu encostei de leve no símbolo, e imagens invadiram a minha mente, tão rápido que eu quase não consegui processar o que acontecia em tais imagens.

Um menino segurando a mesma faca que eu, foi cercado do mesmo jeito pelo mesmo tipo de criaturas. Pelo jeito, ele não foi tão rápido.

“Ele é a primeira Alice?” Eu perguntei para mim mesma, observando o coelho. Se referir a um menino como ‘Alice’ é estranho, mas como todos insistem em me chamar de Alice, devem fazer isso com todos que acabam no País das Maravilhas.

Eu abri o caderno, pena à mão.

‘Okay, como eu faço isso...’ Eu pensei, revirando as folhas. ‘Gato estúpido. Sempre fugindo quando eu preciso dele.’ Eu bufei, frustrada.

De repente, eu cheguei em uma linha que dizia:

“George Liddell – Ruínas Traiçoeiras – Emboscada”

‘Deve ser ele,’ pensei. Era um nome masculino e ele foi emboscado por aquelas... bruaquinhas. Ruína Traiçoeira é um nome muito grande para o meu gosto. Então, peguei a pena.

“Será que funciona sem tinta?” Perguntei para mim mesma após notar que eu não tinha tinta comigo.

Eu testei a pena na ponta da página e ela funcionou. Então, risquei o nome George Liddell da lista.

O símbolo parou de brilhar. Eu me levantei e peguei o coelho nas minhas mãos. Ele era macio, e parecia ser estufado com arroz nas perninhas para o manter sentado. Eu o observei, gentilmente virando-o nas minhas mãos. Quando eu me virei, eu pulei de susto.

Atrás de mim, me observando com uma expressão curiosa, estava um menino, mais ou menos da minha idade, vestido que nem o Coelho Branco, com orelhas e tudo. Ele era igualzinho ao menino que eu vi ser morto por aquelas bruaquinhas. Ele sorriu.

“Olá. Obrigado por me trazer de volta, eu acho.” Ele disse. A voz dele era mansa, um pouco aveludada. Eu olhei para ele e de volta ao coelho.

“Eu acho que isso é seu.” Eu finalmente disse, esticando meu braço e oferecendo o coelho ao menino.

Os olhos dele arregalaram um pouco, mas ele sorriu de novo.

“Sim. Obrigado de novo.” Ele disse, pegando o coelho e o carregando junto ao peito.

“De nada.” Eu olhei para a casa da Duquesa, a poucos metros de distância. “Você vem comigo?” Eu perguntei, olhando atentamente para ele.

Ele concordou com a cabeça, e nós dois continuamos caminhando.

 

“Seu nome é George, né?” Eu comentei. Ele concordou. “Liddell. George Liddell. Qual o seu?” Ele respondeu.

“Gaia Carroll, mas aparentemente aqui eu me chamo Alice.”

Ele riu. “Eles faziam isso comigo também. Me deixava bem confuso.”

“Viu...” Eu disse, olhando para ele. “Você consegue morrer de novo, ou não?”

Ele parecia pensativo. “Não se você estiver viva. Se você morrer, eu vou junto. Eu também tenho o modo espírito, o que é conveniente.”

“O que é o modo espírito?” Eu parei. Nós estávamos na porta da casa da Duquesa.

“Basicamente eu fico invisível e consigo flutuar, mas eu ainda consigo falar com você.” Ele abriu a porta da casa, e o cheiro de pimenta bateu, me fazendo espirrar.

Nós dois entramos a casa cheia de pimenta com as mãos em cima do nariz e boca, tentando não inalar a pimenta.

“Ah, Alice, aí você está! Rápido, pegue esse Moedor de Pimenta e me traga uns focinhos de porco! É só atirar neles e eles virão para cá. Eu te darei uma recompensa depois.” A Duquesa disse, apontando para um moedor de pimenta bem grande. Eu peguei e o testei na parede, funcionava basicamente como uma metralhadora. Era só girar a manivela e pimenta saía voando que nem balas.

Eu olhei para George.

“Quer que eu carregue isso daí para você?” Ele disse, apontando para o moedor nas minhas mãos.

“Obrigada.” Eu respondi, dando para ele. Ele passou o coelho para o braço esquerdo e segurou o moedor com o braço direito. Nós rapidamente saímos da casa pela pequena porta dos fundos, cortesia do poder de diminuir de uma garrafa “Beba-me!” que eu achei, que aparentemente tinha um efeito permanente, e que eu poderia usá-lo quando quisesse.

George respirou fundo, e eu também. Ninguém disse nada, mas nós dois estávamos pensando a mesma coisa: Que bom que a gente saiu daquele lugar.

“É uma pena que você vai ter que voltar lá para pegar a recompensa!” George disse em um tom zombeteiro, e eu ri levemente.

“É, mas você vem comigo. Vamos sofrer juntos.” Eu respondi, abrindo um sorriso sarcástico. George abriu um sorriso dolorido, e eu ri da cara dele.

 

Depois de achar o maldito porco (que, para sua informação, era um focinho de porco com duas asinhas), metralhá-lo com pimenta até ele espirrar tão forte que ele foi atirado na casa da Duquesa pela janela, voltar lá dentro para pegar a recompensa (que eram mais dentes) e voltar para fora, nós dois estávamos meio exaustos.

Eu apontei para um canto do gramado. “Aquele lugar parece bom para nós descansarmos. Que tal?” Eu olhei para ele, esperançosa.

“Tudo bem por mim.”

Nós dois sentamos no canto, e eu bocejei.

“Hey, descansa um pouco. Eu fico de vigia.” George disse numa voz baixa.

Eu concordei com a cabeça, e encostei-a nos joelhos, abraçando as pernas. Eu conseguia sentir os olhos azuis do menino me observando atentamente, mas eu me sentia segura. Então, eu dormi.

 

Eu acordei sentindo alguém me chacoalhar de leve. Levantei a cabeça, desfazendo a minha posição, e George sorriu.

“Bom dia flor do dia!” Ele riu.

“Você está parecendo a minha mãe.” Eu disse, o empurrando de leve e levantando.

“Bom dia, Alices.” Cheshire apareceu, assustando nós dois. “Vocês dois estão quase no Portão do Chapeleiro. É só seguir em frente.” Ele disse, antes de desaparecer.

Nós olhamos um para o outro.

“Hey, George?” Eu perguntei. “Quando eu sair desse lugar, você continua comigo, ou...?”

Ele sorriu e passou a mão no meu cabelo. “Eu continuo com você, obviamente!”

Eu corei ao gesto do menino e me virei de costas para ele para que ele não visse. “Vamos?”

“Vamos.”

 

Nós estávamos andando calmamente quando, ao quebrar uma concha a procura de dentes, uma lesma preta saiu.

“Que porra é essa?” Eu gritei, pulando para trás.

“Eca.” George murmurou, encarando o bicho que lentamente se dirigia a nossa direção.

De repente, aquela lesma SE ATIROU EM MIM. Eu cortei-a no ar e ela morreu, deixando uns dentes.

“Parece que você descobriu a Ruína Deslizante. Parabéns, Alice.” Cheshire apareceu por um momento e desapareceu de novo.

“Nem a pau que eu vou chamar essa ameba de ‘Ruína Deslizante’.” Eu disse, enojada, e George riu.

“Ameba? Nós já temos a bruaquinha, agora temos a ameba também?” Ele sorriu.

Eu o encarei. “Sim.” Eu pensei por um pouco. “Eu não tenho nenhum nome para aqueles mosquitos que parecem parafusos, o que é uma pena.”

Ele concordou.

 

Eu tremi. “Que ótimo que agora está tudo vermelho.” George concordou, andando perto de mim.

“Eu tenho um pressentimento ruim.” George disse, enquanto nós passávamos por debaixo de um túnel.

No mesmo momento em que ele disse isso, a entrada do túnel quebrou, impedindo a gente de voltar. Ótimo.

Continuamos nosso caminho, e quando chegamos num lugar que parecia uma pequena vila, uma criatura saiu das sombras e tentou me bater com uma colher gigante. Eu já parei de tentar entender.

Eu desviei e rapidamente esfaqueei aquela criatura. Depois que estava morta, eu percebi alguns detalhes. Ela parecia um humano, só que pequeno e feio, e a pele era meio verde. Ele usava uma xícara de chá enorme como chapéu.

“Cuidado, tem mais Chapéus Loucos à frente.” Cheshire disse. Eu concordei com a cabeça, segurando a Lâmina Vorpal com força. “Alice, alguns deles estão segurando garfos. Você terá que desviar da estocada deles e atacá-los quando o garfo penetrar e ficar preso no chão.” O gato complementou. Eu sorri e cheguei perto dele.

“Obrigada, Cheshire.” Eu fiz carinho na cabeça dele. Ele pareceu surpreso, mas logo fechou os olhos em contentamento e o sorriso dele abriu mais ainda. Eu juro que ouvi ele ronronar.

Eu me afastei dele, e ele desapareceu. Quando eu me virei, George estava me encarando com uma cara estranha. Eu ri da cara dele. “Eu gosto de gatos.” Eu disse, encolhendo os ombros e continuando meu caminho. George me seguiu.

Nós caminhamos por um bom tempo, eliminando todos os inimigos, fazendo focinhos de porco voadores espirrarem, uma rotina normal. Eu eventualmente achei o louco do garfo e, graças à ajuda do gato de Cheshire, eu o assassinei facilmente. George me seguiu o caminho todo, desaparecendo e me seguindo no modo espírito se eu estivesse pulando de plataforma em plataforma, apenas para aparecer no mesmo segundo que eu colocasse os meus pés em terra firme.

De repente, nós viramos uma esquina e eu fiquei sem ar.

O Domínio do Chapeleiro era visível, e sinceramente, era impressionante. De longe dava para ver as engrenagens e relógios funcionando, fumaça saindo, como uma grande máquina. Eu olhei ao lado e achei a sirene que chamava o teleférico que nos levaria ao Portão do Chapeleiro. George me lançou um olhar tranquilizante, e eu acionei a sirene. O barulho foi tão alto que eu senti a terra tremer. O teleférico apareceu não muito tempo depois, e nós dois subimos.

“Preparada?” George perguntou.

“Olha, sinceramente, não, mas eu não tenho escolha, né?” Eu disse, exasperada, e me encolhi no banco do teleférico. Ele riu.

“Se você estiver cansada, agora é uma boa hora para você descansar.” Ele comentou, observando o Domínio do Chapeleiro, que chegava mais perto a cada instante.

“Eu estou bem, por enquanto.” Eu respondi, me espreguiçando.

“Ótimo. Então eu vou dormir, okay?” Ele perguntou, e eu acenei com a cabeça.

“Vá em frente.” Ele encostou a cabeça na parede do teleférico e fechou os olhos, dormindo instantemente.

Eu aproveitei para perceber as feições dele. Ele era bonito, eu não podia negar. Muito bonito. O cabelo dele era preto como piche, quase desaparecendo embaixo da cartola escura. Ele ainda segurava o coelho firmemente, o moedor descansava no seu colo. Mas uma coisa que me perturbava era o seu sobrenome: Liddell. Eu tinha certeza que havia ouvido esse sobrenome na Casa Houndsditch, em algum momento. Talvez fosse alguma coincidência, já que eu jurava que o sobrenome era acompanhado por um nome feminino. Um parente, talvez.

O pensamento desapareceu rapidamente quando eu percebi que estávamos chegando. Quando o teleférico parou, eu acordei o menino, e nós pulamos para fora. Eu olhei para baixo e percebi que o meu vestido tinha mudado: De um vestido azul simples com um avental, tinha transformado em um vestido cinza escuro listrado, no estilo steampunk. Não muito meu estilo, mas tudo bem. Pelo menos as luvas sem dedo eram legais.

Nós continuamos nosso caminho. O Portão do Chapeleiro era uma área cheia de plataformas, mas de resto era fácil. Não demorou muito até nós chegarmos na próxima área. Cheshire apareceu, de novo.

“Cuidado com os Bolhos de chá.” Ele disse, e desapareceu.

“Bolho?” George comentou.

Eu encolhi os ombros. George me passou o moedor, só por precaução. Continuei andando, até ouvir um chiado estranho. Eu parei, tentando identificar o barulho. George parou na minha frente, virado para mim. De repente, a cara dele mudou de concentração, para compreensão e depois urgência. Com a mão livre, o menino agarrou o meu braço e me puxou com força. Eu caí em cima dele, e no mesmo momento eu ouvi algo espirrando no chão. Eu me virei para ver uma poça fumegante do que parecia ser chá bem no lugar onde eu estava parada. Eu me separei dele e segurei o moedor, pronta para atirar. Alguns metros de distância, havia um bule de chá com pernas.

Era feito de metal, com três pernas afiadas como espadas. No meio, ele tinha um olho vermelho brilhante.

“Ah. Bolho de chá. Bule. Olho. Bolho.” George murmurou e eu suspirei internamente.

Eu mirei no olho do bule e atirei. Ele silvou e caiu no chão, o olho entreaberto. Eu corri e apunhalei o olho, rachando-o. Ele ficou de pé e tentou pisar em mim, mas eu rolei para o lado. Se aquilo pisasse em mim, eu viraria espetinho.

Eu repeti o processo mais uma vez, atirando no olho dele e apunhalando-o. Ele morreu, deixando uns dentes. Eu peguei-os, e George colocou a mão no meu ombro.

“Gaia, olha.” Ele apontou para o canto onde o bule apareceu. Havia uma pena branca, bem grande, largada no chão. Eu aproximei dela e vi o símbolo “♄”, brilhando, como o símbolo do coelho de George estava antes de eu revivê-lo.

“É a segunda Alice.” Eu murmurei.

“Você vai revivê-la?” Ele perguntou, e eu confirmei com a cabeça.

Eu parei ao lado da pena e me agachei.


Notas Finais


tem duas mil palavras nesse treco alguém me ajuda


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