[…] -Quim, não é a quantidade que faz um exército bom, mas sim a qualidade dos seus. - O homem de cabelos cor de mel, que agora começavam a ficar brancos devido sua idade, olhou para o companheiro de guarda.
- De quem é essa frase? - O auror negro olhou para ele com dúvida, mas achando o comentário um tanto quanto filosófico e verdadeiro.
- Minha. - Ele deu um leve sorriso e olhou pela enorme janela já sem vidraças. A proteção mágica que estava em volta do castelo se retorcia, soltava faíscas e em poucos minutos iria ceder à enorme quantidade de feitiços feitos pelos comensais da morte.
Som de passos aumentavam a cada instante, logo na escadaria ao lado dos dois, mas parou, e foi substituído por um gritinho exasperado.
- Te achei! - A moça de cabelos cor de abóbora de preocupação sorriu, olhando o homem de mais idade, com vestes remendadas e correu até ele, pulando em seu colo.
- Por Merlim! O que você está fazendo aqui, Dora? Teddy precisa de você. - Ele a abraçava com força, mesmo sabendo que deveria soltá-la e fazê-la voltar para casa.
-Não... - Ela o soltou, mas manteve suas mãos no pescoço do marido. A diferença de idade entre eles era nítida, afinal, ela tinha 26 anos, jovem, e ele, tinha seus 45 anos bem vividos, mas isso não mudava em nada a sua relação. - Teddy está dormindo tranquilamente na sede da ordem com minha mãe, dorme tão tranquilo quanto o pai dele. Hoje, é você quem precisa de mim.
O homem negro, com vestes púrpuras detalhadas em dourado e verde musgo pigarreou ao lado deles e eles se colocaram à postos, um em cada janela, com as varinhas apontadas para o alto.
Lupin e Tonks esticaram as mãos, à ponto de quase entrelaçarem-nas, faltando poucos centímetros para isso. Se olharam e tiveram sua atenção chamada para o estrondo ensurdecedor que encheu o ar de Hogwarts assim que a cúpula de feitiços de proteção se rompeu e uma multidão de dementadores atacou primeiramente todos que entravam em seus caminhos, seguidos por milhares comensais da morte que disparavam várias maldições por onde passavam e por fim, aquele que retornava das trevas poderoso, Lord Voldemort.
No terceiro andar do castelo, pelo corredores, mais especificamente no banheiro das meninas habitado somente pela Murta que Geme, Rony e Hermione abriam a câmara secreta e deslizavam para o subsolo, entrando no antigo esconderijo do basilisco encontrado por Harry há alguns anos atrás. A garota de cabelos castanhos e enrolados carregava o cálice que deveria destruir e o ruivo com vestes de segunda mão analisava toda a extensão dos canos. Chegaram num salão enorme e puderam ver o esqueleto de um réptil do tamanho de um elefante. A arcada dentária do esqueleto estava intacta e o ruivo, com o rosto vermelho de medo arrancou uma presa, enquanto a moça colocava o cálice no chão.
- Vai você, Mione. - Ele estendeu a presa para a menina.
- Não, você deve fazer isso, Ron. - Ela se afastou um passo. Respirando fundo, o ruivo segurou a presa que tinha o tamanho do osso de um braço de uma criança de 5 anos, levantou-a e afundou no cálice.
Nesse momento, o chão começou a estremecer. A menina soltou um gritinho e os dois amigos olharam para a boca da enorme estátua de Salazar Slytherin e saíram correndo. Algo ia acontecer e eles não queriam estar lá para ver. Chegando ao meio do salão, correndo tanto, parecia que não saíam do lugar, e olharam de novo para trás, vendo uma enorme onda se levantar. Sem nada a fazer, sentiram a água gelada os atingir, contudo, foi rápido, e em menos de 4 segundos, sobrou-lhes somente vestes molhadas.
Um olhou para o outro e se agarraram. Beijaram-se como se estivessem esperando por aquele beijo durante anos, e perto de morrerem, conseguissem o maior desejo de suas vidas. Foi assim que os cheiros da amortentia de cada um teve sentido. Naquele momento souberam que deveriam ficar juntos. Mas antes disso, havia uma guerra acontecendo do lado de fora e eles deveriam lutar por Hogwarts, sua casa. Saíram do banheiro e foram para o lado de fora.
Na escada que dava para o saguão principal do castelo, Hermione avistou uma enorme desvantagem nas janelas superiores do castelo e correu até lá, se separando de Rony, trocando um singelo olhar. Subiu as escadarias apressada, com a varinha em punho. Poderia ter aparatado e chegado mais rápido, mas isso não era permitido em Hogwarts, o que ela de fato, odiou naquele momento.
Entrou num corredor que tinha janelas gigantescas ao fim, que miravam para a entrada do castelo. À medida que se aproximava as janelas, ouvia ruídos de feitiços, concreto caindo ao chão, urros de dor, e a imagem de uma guerra terrível na parte de fora, com claridades multicoloridas tomando conta da escuridão do céu noturno, seus companheiros de casa e de outras casas também lutavam no saguão, ao lado de professores, contra comensais e dementadores. Patronos atravessavam o céu. Pensou em seu amigo Harry, que deveria estar longe, lutando arduamente com Voldemort.
Despertada de seu rápido devaneio, olhou para o lado e viu Quim, o auror da guarda da Ordem da Fênix estirado ao chão, e seu ex-professor de Defesa Contra As Artes das Trevas, Lupin, abraçado com a auror da Ordem da Fêniz também, Tonks. Ambos com as varinhas apontadas para uma figura negra, de cabelos emaranhados e grossos, e uma risada diabólica. Bellatrix Lestrange. Aquela que torturou Hermione alguns dias antes. Uma raiva descomunal subiu às veias de Hermione.
A garota, num ato heroico, pulou na frente de Lupin e Tonks, no mesmo instante que Bellatrix lançou a maldição.
-AVADA KEDAVRA! - Grunhiu bruxa comensal da morte.
-CRUCCIO! - Hermione apontou a varinha na defensiva, mas isso não impediu de levar a maldição irreversível. Bellatrix, por um lado, se retorcia ao chão de dor, esperneava, gritava, e tudo o mais. Mas Hermione, para ela, em um instante tudo parecia calmo, sem som, parado. Ela havia protegido Tonks e Lupin da morte, mas assim que seu corpo forneceu um baque abafado ao chão quando caiu, sentiu a vida, sua alma se esvair de seu corpo. Tonks, com a boca aberta num grito que Hermione já não ouvia mais, via a alma prateada da menina que a salvou ser sugada por um pontinho que a levava para outra dimensão.
Lupin tratou de matar Bellatrix, mas Tonks estava um tanto quanto chocada.
No andar debaixo, enquanto isso, a família Weasley estava dispersa, cada um lutando com um bruxo seguidor de Voldemort ou espantando Dementadores.
Ginny e Ron guiavam os seus patronos para as centenas de Dementadores que apareciam, enquanto levava as crianças do primeiro ano da Corvinal para um lugar seguro. Molly travava uma árdua briga com Amico Carrow, Arthur descontava toda sua humilhação de anos em Lucio Malfoy, Fred e George cercavam Walden MacNair, Bill e Fleur foram com o professor Flitwick para o lado de fora, nas escadarias onde chegavam mais bruxos poderosos e com magia negra.
Walden estava imóvel por alguns segundos, e os gêmeos quase cantaram vitória, preparando-se para matarem o bruxo, mas este foi mais rápido e apontou para cima, numa coluna de concreto do castelo, fazendo-a partir-se em vários e pesados pedaços. Calculado anteriormente, nos segundos parado, Walden iria acertar em cheio a cabeça de Fred, e este morreria com certeza, se não fosse pela audácia da irmã mais nova deles entrando no caminho e recebendo a pedrada pelo irmão.
Na mesma hora, o corpo mirrado de Ginny caiu ao chão e o seu sangue puro de bruxa escorria pelo chão. A pedra caiu logo depois, ao seu lado, com um pedaço de couro cabeludo da ruiva enroscado na superfície porosa. Fred e Jorge não perderam tempo e mataram todos os bruxos que estavam no saguão, distribuindo raivosamente “Avadas Kedavras”, porém com cuidado para acertarem o alvo correto.
A família Weasley se descuidou por uns minutos e rodearam o corpo de Ginny.
Harry estava no último andar do castelo com Lord Voldemort, numa batalha que deveria ser travada somente entre eles dois.
-Porque não luta justamente, Tom? - Harry o provocou e o bruxo das trevas avançou sobre ele, fazendo ambos caírem pela janela e voarem pelo céu até atingirem o chão.
A gigantesca entrada do castelo, agora decorada por vários corpos de alunos, professores e comensais da morte jogados ao chão, mortos, virara palco para a batalha que poria um fim à Segunda Guerra Bruxa. Harry e Lord Voldemort. O bruxo das trevas era poderoso, mas tinha em mãos a varinha mais poderosa do mundo, a varinha de Sabugueiro do conto dos Três Irmãos, que corresponderia somente aquele que tivesse usado-a por último para matar alguém. Os minutos de briga foram longos e estava sugando a energia de ambos os bruxos, até o momento em que um grosso fio de luz vermelha prateada saiu da varinha de Harry, e um fio de luz verde e dourada saiu da varinha que estava com Voldemort. Um feitiço poderoso resistia ao outro.
OS fios oscilavam no meio do caminho entre uma varinha e outra, o que aumentava a insatisfação de Voldemort e a coragem de Harry para se vingar de tudo que aquele trasgo horrível das montanhas tinha feito para sua família e amigos. Voldemort recuou sorrindo e Harry sabia o que ele ia fazer, recuando a varinha também. O menino com os olhos da mãe sorriu.
- Cruccio. - E apontou para o bruxo.
- Avada Kedavra. - Voldemort lançou para Harry, e o mesmo, ao invés de desviar do feitiço, entrou em sua frente. Sabia que ele mesmo era uma horcrux e assim, morrendo, enfraqueceria aquele que estava em sua frente. Minerva apareceu correndo e acabou com Voldemort por Harry, quebrando logo em seguida a varinha das varinhas.
Enganando-se, Harry não estava morto, ainda. A horcrux lhe dava algo como uma segunda vida, e com o feitiço irreversível, a horcrux tinha sido corrompida, mas sua vida não. Sua cicatriz sumiu, era verdade, mas ele continuava o mesmo Harry Potter, embora muito mais fraco do que jamais estivera.
O dia clareou, ainda um pouco cinzento e a guerra havia chegado ao fim. Os últimos comensais fora levados para Azkaban, junto com os dementadores, pelo ministério da Magia, e agora, Hogwarts em meio aos destroços, cuidava de seus feridos.
A enfermaria coletiva estava no salão comunal do castelo, e podia-se ver vários corpos deitados ao chão, com ferimentos graves, leves, ou até sem vida. Aqueles que estão sãos o bastante cuidavam de seus colegas. Minerva entrou pelo corredor, arrastando Harry com um feitiço e pousou-o em uma maca vazia.
Ron estava debruçado em cima do corpo da irmã e soluçava alto, assim como Molly e Fred. Arthur, George, Bill e Charlie estavam arrasados também, mas não choravam tanto. Ficaram juntos, velando o corpo frágil e agora inabitado da pequena irmã. Harry desobedeceu a professora McGonnagall e se levantou, arrastando-se para a concentração da família de ruivos que mais gostava. Não entendia o porquê de todos estarem chorando, olhando para um corpo, e estranhou não ver Ginny, sua namorada, mas pensou que ela pudesse estar ajudando os outros, como sempre fazia. Ao se aproximar o bastante para reconhece-la morta, caiu de joelhos, os olhos já marejados, e agarrou a mão da garota. Tudo o que achou que lhe daria uma família lhe foi tirado novamente. Harry simplesmente não entendia o porquê.
Alguns instantes depois, ouviram o choro de Tonks acompanhar a chegada de Lupin e um corpo feminino no colo. Lupin pousou o corpo na maca vazia ao lado da maca de Ginny, e todos os olhares foram para a face gélida, pálida e tranquila de Hermione. Ron esbugalhou os olhos e todo o seu rosto parecia ter a mesma cor que os cabelos. Imaginara que depois da guerra ia ficar finalmente com Hermione, mas se enganara. Debruçou sobre o corpo da garota com dentes da frente um pouco maiores que o normal e cabelos castanhos enrolados, enquanto mantinha a mão sobre a cabeça de Ginny.
Uma semana depois, o castelo já estava sendo reestruturado e restaurado, e a diretora Minerva McGonagall enviara os alunos para casa, claro, mesmo antes do fim do ano letivo. Ela organizara uma pequena cerimônia em honra àqueles que haviam falecido heroicamente em nome dos colegas, de Hogwarts e pela paz do universo bruxo. Os alunos do sexto e sétimo ano apareceram em peso, assim como aurores, ministros da Magia, familiares bruxos, elfos e criaturas mágicas que estavam no jardim sem cores de Hogwarts.
Os elfos estavam bastante abatidos, afinal, mesmo que contraditoriamente à sua natureza, reconheciam o trabalho de Hermione para ajuda-los e estavam muito infelizes com o fim da menininha sabichona. Rony e Harry estavam sem chão. O ruivo perdera a irmã e a garota que mais gostara nos últimos seis anos, Harry perdera a melhor amiga desde que entrara em Hogwarts e a namorada que mais havia amado. Os Weasley não se conformavam em ver o nome de sua filha caçula na lista de mortes. Fred era o que mais se sentia mal e com culpa, porque sua irmãzinha havia morrido por ele, e isso jamais o deixaria dormir em paz.
Tonks, de cabelos azuis-marinhos,estava com Teddy, com cabelos verdes, no colo, sentindo a mesma culpa que Fred, multiplicada por mil, já que Hermione era apenas uma amiga deles, mas mesmo assim, deu sua vida por eles. Lupin abraçava o ombro de Tonks, com os olhos vermelhos.
Mas houveram as partes boas também. Harry conseguira matar e livrar o mundo de Voldemort, sabia que seu afilhado Teddy estava com os pais sãos e salvos, recebera a notícia de que os pais de Neville, Franco e Alice Longbottom, com a morte de Bellatrix vinham melhorando a cada dia no St. Mungus. Fleur estava grávida, e Fred fizera a promessa de colocar o nome de sua filha, se um dia viesse a ser pai, seria Ginny. Os nomes de todos os falecidos estavam eternizados em livros de história atualizados, e suas memórias felizes estavam profundamente guardadas nas mentes de familiares e amigos.
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