História A Última Esperança - Capítulo III

  A Última Esperança

- Inocência

    Se Deus pudesse ouvi-lo naquele momento, ele pedia apenas que esclarecesse as coisas em seu caminho. A carta que Sasuke lhe enviara era para ser uma resposta, mas o que conseguiu foi apenas mais e mais perguntas.

     Mandou de chamasse Shikaku Nara, seu às, na esperança de que ele desvendasse aquele mistério como um simples jogo de tabuleiro como sempre fazia, mas ele também tinha suas dúvidas que seriam sanadas com o tempo e estudo, alegando de que Sasuke deveria ficar mais tempo no País da Água.

        Ao ler a carta que Garuda trouxe de volta com ordens de que devia ficar, Sasuke suspirou cansado e abatido. Não conseguia superar o fato de que a cidade de Sakura fora abalada pela guerra desnecessária que travou.

   Logo ela, Sakura. Ele não conseguia olhá-la nos olhos dignamente. Naquela noite, quando ela ofereceu a própria cama para que ele deitasse a cabeça, ele não conseguiu aceitar nem se Tsunade o fizesse ir a força. Sentia-se culpado e decidiu de que partiria de madrugada quando todos estivessem dormindo, iria para a capital e tentaria descobrir o que aconteceia ali sem envolver Sakura naquilo.

    Mesmo que não quisesse admitir, se passasse mais um segundo com Sakura começaria a se apegar, não seria difícil. Com um sorriso sincero e fácil de provocar, cabelos rosados com cheiro natural de flores que roçavam em seu pescoço que Sasuke daria de tudo para descobrir se era tão cheiroso quanto as mechas.

     Tirou aquele pensamento da cabeça e abriu a porta dos fundos, olhando uma última vez para o interior da humilde casinha de bonecas. Adentrou a floresta sem delongas, passos pequenos como quem não queria se afastar de onde saiu. Mesmo que olhasse para o chão enquanto andava, a luz da lua não o favorecia. Pisou em uma raiz que estalou alto para aquela hora da noite. Ele sentiu algo se aproximar de seu rosto numa velocidade forte, cortando-lhe a bochecha com rapidez. Olhou para trás encontrando uma flecha contra uma árvore, antes que tivesse tempo de olhar para frente algo -ou alguém-, puxou suas pernas o derrubando no chão. Arregalou os olhos tentando reagir, mas a pessoa que o atacou parecia um leopardo movendo-se rapidamente. Sentiu o peso da pessoa em cima de si e colocou a mão na própria espada, mas sentiu algo gelado e pontudo em sua garganta.

— Pisque os olhos e eu te mato.

    Espera, ele reconhecia aquela voz. Ademais aquele cheiro de flores que exalava com a brisa noturna.

— Sasuke?! — Ela tirou a espada do pescoço dele rapidamente, envergonhada. — Oh, céus, me desculpe! Eu vi você todo sorrateiro e pensei que fosse algum bandido! — Ela soltou a espada no chão e jogou o peso do corpo em cima dele.

    Sasuke sentiu ela sentar em cima de seu abdômen e se remexeu. Ele ainda não conseguia raciocinar direito, Sakura havia mesmo o ferido, derrubado e imobilizado? Soltou o ar que não sabia que estava prendendo, Sakura, de 1,60 de altura pesando uns 50 quilos?

— Merda, a flecha pegou em você! Se eu tivesse mirado na sua testa... Não quero nem imaginar! — Levou os dedos trêmulos até a bochecha dele, mas Sasuke segurou o pulso dela rápido impedindo o toque.

— Eu estou bem. — Disse seco. Mais do que queria.

— Você está bravo não é? Tudo bem eu entendo, espero que me perdoe. Que tal eu fazer uma sopa de desculpas?

    Sasuke estreitou os olhos, desde quando Sakura era tão falante? Parece que ela perdeu a timidez, ele sorriu com aquilo.

   Colocou as mãos na cintura dela, sentindo-a tremer levemente com o toque e a ergueu, tirando de cima dele e colocando ao lado no chão. Levantou limpando a roupa e olhando para cima vendo que a lua havia mudado de posição.

   Voltou a caminhar ignorando o olhar confuso de Sakura.

— Onde está indo a essa hora? — Ela o seguiu. — Capital?

— Hm.

— A essa hora? Não é perigoso?

    Ele evitou soltar um sorriso sarcástico. Uma mulher sozinha na floresta àquela hora da noite não parecia perigoso para ela, mas ele viajando sozinho parecia o suficiente?

— Acho melhor você voltar para casa. — Sasuke disse aumentando os passos, mas Sakura o acompanhava mesmo assim. Estava o deixando irritado.

— Eu quero ir contigo. — Ela soltou e ele cessou os passos agora a encarando.

— Tsunade vai ficar preocupada com você.

— Se você conseguir esperar só um pouquinho de nada, eu corro até em casa e deixo um aviso. — Ela gesticulou. — Cinco minutos.

   Ele olhou para o camimho que haviam feito cogitando a ideia, o que achava totalmente errado. Não deveria envolver Sakura e muito menos se envolver com ela.

    Uma ideia brilhante passou pela sua cabeça: enquanto Sakura corria até em casa, ele teria tempo suficiente correr, talvez despitasse ela.

— Tudo bem, cinco minutos.

— Ah, fico grata! Espere exatamente aqui, sim?

    Sasuke acenou com a cabeça vendo-a partir. Sabia que a escolha "certa" era dar as costas e abandonar o trato feito, mas não conseguiu. Não se moveu um passo sequer, muito pelo contrário, esperou pacientemente a mulher de cabelos rosados.



× × ×

    O dia estava amanhecendo quando eles entraram em um estabelecimento para alugar quartos. Sakura estava morrendo de sono por ter passado a noite em claro e caminhando, seus pés doíam, ela só queria se banhar e deitar para dormir.

— O casal teve sorte! — A mulher baixinha com um coque no topo da cabeça disse. — Acabei de limpar a última suíte!

   Sakura bocejou, não escutava o que a mulher dizia apenas concordava, estava odiando usar os próprios pés.

   Já Sasuke por outro lado estava com a testa franzida encarando a mulher com cara de poucos amigos.

— Nós queremos quartos separados. — Disse seco.

— Ora, não sejam tímidos! Odeio ver casais se contendo. — Ela viu a carranca de Sasuke. — Oh, vocês estão brigados? Espero que se acertem.

— Quartos separados. — Repetiu.

— É uma pena, todos os quartos já estão ocupados, meu jovem.

   Sasuke suspirou tentando não perder a paciência, iria procurar outro lugar, mas quando olhou para Sakura, ela estava cochilando em pé.

— Tudo bem. — Murmurou colocando as moedas na mão da senhora e pegando as chaves.

   Pegou Sakura nos braços sem esforço notando o quanto ela era leve, e mesmo com aquele peso ela o havia derrubado, se fosse um inimigo ele não teria mais história para contar.

      Entrou no quarto e colocou a rosada em cima da cama, tirando as botas dela com cuidado.

    Quando Sakura abriu os olhos, viu que já não estava mais em pé conversando com a mulher baixinha e sim deitada em uma cama confortável. Não sabia como havia chego lá, apenas aproveitou a maciez do travesseiro.

   Quando ouviu uma porta abrir fechou os olhos inconscientemente, mas abriu um apenas para espiar quem era. Sasuke surgiu de algum lugar usando apenas uma calça, seu peitoral e braços fortes estavam a mostra e isso fez Sakura abrir a boca e ficar vermelha por um instante. O observou abrir um armário e pegar alguens lençóis e almofadas, cobriu o chão e deitou de costas para ela. Virou as costas também tentando não encarar o corpo de Sasuke sentindo-se uma pecadora por fazer aquilo e desejar tocar a pele para saber se era tão máscula quando aparentava.

        Depois de um tempo dormindo e acordando abruptamente por sonhar com os gominhos de Sasuke e pedir perdão a Deus, Sakura finalmente levantou da cama. O moreno não estava mais lá, mas algumas coisas dele estavam espalhadas pelo chão. Tomou um banho rápido e penteou o longo cabelo com os dedos, virou rapidamente quando a porta abriu mas relaxou vendo Sasuke surgir devidamente vestido.

   Sasuke se divertia com a situação, Sakura estava sempre em alerta e parecia uma gata quando arqueava as costas sempre que ouvia um barulho fora do comum. Ele havia aprendido muito sobre ela apenas no curto tempo em que passaram juntos, como a forma que ela falava muito quando estava nervosa, ou como ela jogava o cabelo para trás quando estava impaciente. E bem, a última coisa fora dormir em pé. Sakura era muito diferente das mulheres que conheceu, diferente das outras ela não o olhava com olhares cobiçadores, -apesar de perceber as olhadas que ela o dava de vez em quando que não eram tão inocentes assim-, ela não olhava com desespero por atenção e muito menos oferecia serviços pecaminosos.

     Sakura tinha uma aura angelical e ingênua, apesar de não ser. Exalava tudo o que um homem viria a desejar, além de ter belas curvas e um sorriso que passava por cima de tudo.

    Parou de pensar quando percebeu que já havia ido longe demais, ficar desejando algo que nunca seria seu não o levaria a lugar nenhum.

— Sasuke?

   Ela o olhava com um sorriso contido, franziu a testa para ela.

— Você está no mundo da lua.

    Ela estava certa, estava muito aéreo, precisava de concentrar no que realmente importava, mas era difícil não encarar Sakura penteando as madeixas rosadas.

— Tem algo te preocupando?

— Não. — Começou a pegar as coisas espalhadas pelo chão.

— Sabe, minha mãe me dizia que se tem algo me preocupando ou me deixando ansiosa, ficar pensando nessa coisa só vai me deixar pior. 

    Ele a ignorava, estava juntando suas coisas e guardando o que pegou de volta no armário.

— Mas parar de pensar no que nos incomoda não é fácil, não é? — Ela começou a arrumar a cama em que dormiu. — Por isso ela sempre me dizia para substituir meus pensamentos por algo mais interessante.

     Sasuke parou abruptamente e a olhou de esguelha. Talvez ele estivesse pensando demais naquilo, mas tinha certeza de que ela tinha dito aquilo com um tom sugestivo e nada inocente.

— Vamos logo, vai ficar aí parado? — Perguntou agora com a voz inocente de sempre. — Temos um mistério para resolver!

     Naquele momento ele teve certeza de que aquela mulher certamente o enlouqueceria.