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História A última virgem de Tesoro - Amor próprio


Escrita por: forbiddenfruit

Notas do Autor


Tenham uma boa leitura gatitas!

Capítulo 14 - Amor próprio


Minutos mais tarde, o eco daquela frase ainda pairava no ar. Não podia ser ignorado. Rafael ajudou-a a descer da mesa. Então, virou-se e caminhou para o outro lado, em direção à sala, tentando pensar em algo para dizer que não a ferisse. Mas não era fácil. A última coisa que queria era decepcionar aquela garota sensacional, mas não podia continuar aquele jogo, pois poderia pôr em risco sua tão importante tranquilidade.

- Isabella – disse, observando o céu escuro do lado de fora da janela -, deixei isso bem claro. Não sou o homem que está procurando.

Rafael notou que ela se aproximara, ao ouvir seus passos roçando o tapete macio. Parou logo atrás dele, que pôde ver o corpo esguio refletido no vidro da janela. Os olhos pareciam mais brilhantes do que nunca, e ele rezou para que não fossem lágrimas.

Se arrependimento matasse, estaria fulminado. Jamais deveria ter deixado o desejo dominá-lo outra vez. Não devia ter permitido que seu corpo se sobrepusesse a sua mente. Deveria tê-la mandado embora no momento em que Isabella entrou naquela cozinha, transformando a fantasia de qualquer homem em realidade. No entanto, para fazer isso, teria de ser santo. E Deus sabia que jamais chegara perto da santidade.

Isabella tocou-lhe o braço, e o calor dos dedos longos o atingiu em cheio. Fazia muito que não sentia algo parecido.

- Relaxe, Vitti. - Ela apoiou a testa em seu ombro nu. - Não estou lhe propondo nada. Não quero pressioná-lo.

- Não quero magoá-la, Isabella. - Porém, sabia que isso seria inevitável. - Está dando muita importância ao que aconteceu está noite. Foi sexo. Delicioso, mas apenas sexo. Volúpia. Não amor.

Ela não disse nada, e Rafael continuou falando. Pela primeira vez em três semanas, Isabella permanecia calada. E aquele silêncio o enervou.

Virando-se de frente, baixou o olhar para fitá-la. Nenhuma lágrima. Isso era um bom sinal.

- Você é virgem e...

- Era.

- Certo. É uma moça romântica. Quero dizer, sou seu primeiro homem, logo, está fantasiando...

Isabella endireitou o roupão e apertou o cinto ao redor da cintura.

- Não comece a me tratar como se eu fosse uma idiota, ou vou me aborrecer de verdade.

- Está bem. A questão é que gosto... Bem... Droga, sinto-me muito atraído por você!

- Ah, sei...

Rafael ignorou o sarcasmo e tentou outra vez:

- É uma mulher divina. Eu a admiro muito. Gosto de passar o tempo ao seu lado. - Segurou-a pelos ombros com firmeza. - Mas amor não está em meus planos.

Isabella o encarou com intensidade. O sentimento de culpa estampado nos lindos olhos castanhos fez algo ruir dentro dela. Mais do que as palavras, isso quebrou o encanto do momento.

A frustração se apoderou de seus sentidos. Por algum estúpido motivo, nutriu a esperança de que, uma vez dizendo que o amava, Rafael admitiria existir mais do que simples desejo entre os dois. Todavia, era óbvio que estava disposto a ignorar as próprias emoções e prosseguir com aquela vida solitária.

Bem, ele poderia fazer o que quisesse. Mas Isabella não permitiria que Rafael sentisse pena dela. Não queria sua compaixão. Queria seu amor. E, se isso não fosse possível, não lhe permitiria saber que a magoara tanto.

Sempre acreditou em honestidade. Mas, às vezes, até mesmo a pessoa mais honesta era obrigada a mentir para manter o pouco de dignidade e amor-próprio que ainda lhe restava.

Respirando fundo, olhou-o no fundo dos olhos e contou a maior mentira de que seria capaz:

- Muito bem, Rafael, não quero forçá-lo a nada. - Erguendo o braço, afagou-lhe o rosto. O peito estava apertado, mas a voz saía com clareza: - Eu te amo, mas vou superar isso.

Rafael piscou várias vezes e mudou de posição. Por incrível que pudesse parecer, aquelo a fez sentir-se melhor.

Isabella prosseguiu:

- A realidade é que tenho de admitir que você foi de grande valia. Agora que não sou mais virgem, tenho certeza de que será mais fácil encontrar outra pessoa.

O cenho dele ficou carregado, ou era impressão sua? Erguendo-se na ponta dos pés, ela lhe deu um beijo rápido.

- Posso garantir que, quando começar a desfrutar da liberdade dos solteiros, eu o esquecerei.

Céus, mentir estava ficando mais fácil do que imaginara! Aquilo não era nada bom. Se Hollywood a descobrisse, poderia até ganhar um Oscar.

Isabella estava pasma consigo mesma. Será que Rafaael acreditara mesmo que ela teria coragem de procurar outra pessoa, depois do que viveram juntos naquela noite? Jamais conseguiria esquecer o toque daquelas mãos fortes em sua pele, a magia que encontrou naqueles braços. Como outro alguém poderia tocá-la como ele fizera?

Mas Rafael não precisava saber disso, não é mesmo?

- Liberdade dos solteiros? - indagou, numa entonação firme, contraindo a mandíbula.

- Ora, sabe o que quero dizer... - Isabella ajeitou os cabelos. - Nós dois sabíamos que isto era temporário. Você cumpriu sua parte no acordo, ajudando-me a livrar-me de algo incômodo. Agora, creio que terei de procurar minha cara-metade por aí, porque não é uma boa idéia ficarmos perdendo tempo juntos. Ou seja... você... tem sua vida própria, e eu não me encaixo em seus planos.

- Está balbuciando outra vez! - Rafael a enlaçou.

Isabella se moldou àquele corpo delicioso e desejou com ardor que aquela não fosse a última vez. Seus olhares se encontraram.

- Se as coisas fossem diferentes...

- As coisas são diferentes! - Isabella afirmou, enfática. - Eu não sou a Vicky.

- Seu muito bem disso. Mas também imaginei que daria certo com ela, e não deu. Não posso arriscar a felicidade de Emily.

“Ah, quem se importa com a ex-esposa dele?!” Vicky se fora, mas havia deixado um terrível legado. Desiludira Rafael de tal forma que ele estava disposto a fechar para sempre seu coração, com medo de tornar a errar.

- Não estou lhe pedindo nada, Rafael.

- Está, sim. Pede algo que não posso lhe dar.

Sim, o que Isabella queria era seu amor, mas ele não estava pronto ou disposto a permitir-se se apaixonar. Desse modo, tentando não demonstrar sua frustração, disfarçou:

- Quem sabe outro beijo? O último?

- Isabella...

- Não diga mais nada. Beije-me, caubói.

Rafael começou devagar e depois aprofundou a carícia. Hipnotizada, Isabella se entregou à magia daquele momento. E, quando os braços fortes a carregaram de volta para o quarto, tentou não pensar no fato de que era muito provável que aquela seria a última vez.

°♡°

Ao acordar, na manhã do dia seguinte, após uma noite de amor, Rafael constatou que estava só.

Isabella  se fora.

°♡°

Isabella se entregou de corpo e alma ao trabalho.

Pela primeira vez, desde que se conhecia por gente, não tinha apetite, nem para provar suas tortas.

Os últimos dias foram muito longos, as horas se arrastavam, mas prometera a si mesma que tudo iria melhorar. O que precisava fazer era esquecer Rafael.

Sem problema. Não deveria ser mais difícil do que esquecer como respirar.

A panificação mantinha-a ocupada durante o dia, mas à noite, sozinha em casa, era atormentada pelas recordações. Seu corpo ansiava pelo toque de Rafael e, sem que soubesse como, flagrava-se tentando escutar o barulho do motor da caminhonete dele estacionando a sua porta. Pensou em lhe telefonar, mas recusou-se a fazer aquele papel patético.

Contudo, não se tornaria uma mulher cheia de queixumes, necessitada. Afinal, sobrevivera por vinte e oito anos sem um homem, e era capaz de lidar com isso.

- Embora... - murmurou, tirando outro tabuleiro de biscoitos de canela do forno - ...seja fácil viver sem algo que nunca experimentamos. Mas, uma vez experimentado, sentimos falta quando o perdemos.

- Falando com seus botões de novo?

Isabella dirigiu o olhar para a entrada e esboçou um leve sorriso ao ver Victória.

- Olá.

- Nossa! Que saudação mais calorosa para fazer uma pessoa sentir-se bem-vinda!

- Quer uma torrada quentinha? - Isabella apontou para uma bandeja. - Sirva-se.

Victoria meneou a cabeça, pegou uma cadeira e a arrastou para a frente da bancada, onde Isabella fatiava um roço de massa de biscoito.

- Ei! Como está quente aqui! Sinto-me em meio ao deserto do Saara.

- É por causa do forno.

Seus tops e short ajudavam-na a driblar a alta temperatura dentro da cozinha, mas de algum modo estava achando aquele calor reconfortante.

- Você anda sumida, Bells.

- Não estou sumida, Vic. Apenas muito ocupada.

- Nem me telefonou para contar como foi aquela noite com o Vitti. Ah, já sei, não foi tão boa assim...

Isabella ergueu os olhos para fitar o rosto da amiga.

- Na verdade, foi... - Isabella parou, posando a extremidade da faca sobre a massa. - ...estupenda!

- Meus parabéns! Trato cumprido.

- E muito bem. Várias vezes.

- Oh! - exclamou Victória, surpresa.

- Tudo estava perfeito. - Suspirou fundo. - Até eu dizer que o amava.

- Ai!

- E isso resume toda a história.

Como convinha a uma amiga leal e verdadeira, Victória disse a coisa certa:

- Ele é um idiota!

- Concordo. - Isabella terminou de fatiar a massa. Em seguida, colocou as fatias sobre um tabuleiro untado. - Mas é meu idiota.

- Hum... E o que pretende fazer?

- Estou deixando que Rafael sinta minha falta.

- E está dando certo?

- Eu sinto falta dele. Isso conta?

Victória tomou um pedacinho de massa, levou-o à boca e falou, pensativa:

- Tenho um palpite. Se sente saudade dele, então Rafael também deve estar sentindo de você.

"Que grande consolo!" pensou Isabella, deslizando o tabuleiro no forno. Rafael não estava sentindo falta dela o suficiente para vir à cidade. Não o vira nos últimos três dias, nem tampouco Emily.

Endireitou o corpo, virou-se e encarou Vic.

- O amor não é para os covardes, é?

Victória meneou a cabeça.

- Não. Por isso vale a pena persegui-lo.

- Não sei...

Isabella se sentou em frente à amiga, apoiou os cotovelos na bancada, sentindo o contato do mármore frio em sua pele e desejou que aquilo ajudasse a esfriar o fogo que ainda ardia em seu interior.

- Enfim, conheci o amor... com um homem que não me quer.

Isso era algo difícil de admitir. Suas irmãs estava furiosas com Rafael, Dona Ana voltara a ler os classificados sentimentais e seus clientes sussurravam sempre que ela aparecia no salão da frente. Todos em Tesoro comentavam sobre seu relacionamento com Rafael Vitti.

Porém, isso não a preocupava. O que importava era que seu trabalho não tinha graça se não pudesse contar a Rafael sobre seu dia. As tardes pareciam intermináveis porque não podia ir para a fazenda ajudá-lo a excercitar os cavalos. As noites vazias porque não podia ler histórias de dormir para Emily.

Sozinha na escuridão, revivia tudo o que experimentara nos braços de Rafael. Recordava o beijo, o toque... Tudo parecia tão real, que sentia o cheiro da pele dele, as batidas de seu coração, os braços fortes a envolvê-la e o corpo másculo e potente deitado ao lado do seu.

Victória permaneceu calada, e Isabella l piscou, enxugando as lágrimas, que insistiam em descer pelo rosto delicado.

- Ele me fez tão feliz, Vic! Poderíamos ter tudo, se Rafael estivesse disposto a ser feliz comigo.


Notas Finais


A gente tarda mais não falha. Espero que tenham gostado do capítulo e vou tentar postar o mais rápido possível pra finalizar aqui e voltar pra Operação Alfa.
Beijinhos na ponta do nariz 😚


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