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História A vida é Difícil! - O poder que define um herói ou um vilão


Escrita por: HQueenElla

Capítulo 19 - O poder que define um herói ou um vilão


Fanfic / Fanfiction A vida é Difícil! - O poder que define um herói ou um vilão

Hospital Imperial da Província de Osaka – Shouto POV’S ON

Dez dias pós-parto dos gêmeos e Momo ainda estava internada no hospital. Ela acabou perdendo uma quantidade considerável de sangue no parto e isso só aconteceu devido a uma hemorragia externa que teve de ser parada as pressas.

Os gêmeos apenas nasceram com pressa, só que o rompimento de um dos vasos sanguíneos da perna direta da Momo agravou a situação.

Ela sequer pôde pegá-los, enquanto os dois foram pra UTI Neonatal, ela foi pra CTI depois de perder uma quantidade considerável de sangue.

Foi um susto, mas nada que realmente chegasse a ser perigoso de verdade.

O problema foi explicar isso pra Mikan... Depois de seis anos numa briga sigilosa com a Momo, as duas começaram a se entender, e logo agora, ela não pode voltar pra casa por causa da cirurgia e do pós-parto.

Assim como foi na gravidez da Mikan, apenas os pais têm permissão de fazer visita na UTI, isso é compreensível porque os dois já estão passando pelo stress do pós-parto e ainda precisam lidar com a UTI Neonatal, que é um quadro clínico mais delicado.

Como não posso deixar a Mikan sozinha em casa, a trago comigo todos os dias e assim, ela pode ter seu tempo com a mãe.

As enfermeiras estavam mais encantadas com a minha filha do que com os bebês, o que não era novidade; Mikan é adorável em qualquer sentido.

— Mamãe, você já pode levantar? -a mesma pergunta todos os dias, mas Momo nunca deixava de lhe sorrir e ser paciente-

— Ainda não, Panda.

— Então ainda dói?

— Só um pouquinho.

— Mamãe, posso te dar comida?

— Depende, o que você trouxe pra mim? -o sorriso dela aumentou, vendo a empolgação de Mikan-

— “Moango”...

— Sério? Morango é legal!

— O papai falou que a médica te “poibiu” de comer doce.

— É, quando a mamãe melhorar, você pode trazer doces, tudo bem?

— Tá bom! -o sorriso da criança era maior e mais bonito que qualquer coisa no mundo naquele momento. 

Eu sorri observando de longe porque achava incrível a paciência da Momo em educá-la e incentivá-la a ser uma pessoa crítica, porém, elegante e divertida ao mesmo tempo.

Eu sempre fui uma criança cética, então isso não faz parte do meu comportamento, tal como eu não saberia ensinar minha filha a ser mais sociável.

Mikan é uma criança muito culta e com um intelecto extremamente avançado para a idade, apesar disto, ela tem uma preguiça invejável. É tão invejável que essa menina só começou a falar aos quatro anos de idade.

Por pura preguiça de gastar saliva com os outros. É tão preguiçosa que não sente que vale a pena chorar por qualquer dorzinha depois de cair no chão e ralar o joelho ou quando bate a mão em algum lugar. Para ela chorar, precisa ser algo que cause muita dor ou que lhe assuste de verdade.

Ela também não liga muito para quando recebe alguns arranhões da Azayaka por estar brincando com a mesma, desde que não pegue nos olhos, não tem problema.

Mikan é bastante compreensiva e prestativa, nisso, se parece em muito com a mãe, mas sua personalidade é uma mistura completa de Todoroki com Yaoyorozu.

Talvez os gêmeos sejam assim também.

No fundo, eu espero que a Mikan se acostume com os dois, já que aparamente, ela não gostou muito deles.

. . .

— Mikan? -Momo a olhou meio preocupada depois de admirarmos a expressão de terror que tinha em seus olhos- Mikan, o que foi?

— Não...

— “Não” o quê?

— Vai pegar fogo... -ela continuava encarando o nada, sua mão direita estava agarrada na maca e a outra, segurava seu vestido com força. Muita força.

— O que vai pegar fogo?

— O Hospital inteiro... -sua respiração estava ofegante, ela parecia muito assustada e nós não entendemos.

E esse foi o nosso erro:

 

“Não prestar atenção nela da forma devida...”

 

*

*

*

*

 

5 horas mais tarde

Complexo Hospitalar do Distrito de Naniwa

— Shouto, você está bem?! -meus ouvidos estavam com um zumbido irritante, eu me sentia tonto e desorientado, só me lembro de uma explosão acabando com o hospital em que eu estava até então. — Shouto... Shouto!

— Não se preocupe, é só uma surdez temporária por causa da explosão, ele vai voltar ao normal em alguns minutos.

— Mas o que aconteceu?! Eu ainda não consigo entender!

— Não sabemos o que houve também, só fomos alertados de que receberíamos uma carga enorme de pacientes na emergência por causa de um acidente com incêndio no Hospital Imperial. Por agora, só sabemos que boa parte das pessoas que estavam nas alas dos fundos, conseguiram sair ilesas, praticamente, mas quem estava nas alas da frente...

— Droga...

— A maioria dos heróis especializados em resgate estão lá agora, o resto deles está isolando a área e trazendo as vítimas pra cá.

— Isso é péssimo... Péssimo, péssimo, péssimo demais... Minha cunhada estava internada lá e ainda não sabemos nada dela.

— Nem todos os pacientes já internados no Imperial chegaram aqui, sabemos que deles, não houve nenhuma baixa até agora, então pode ser que ela venha depois.

— Pode me dizer o que houve com a ala maternal?

— Pelo que bem sei, ela liga o hospital nas duas pontas, não vou dizer que a ala em si foi salva do incêndio, mas pode ser que sim. Quanto aos bebês, alguns deles já foram mandados pra cá, mas nenhum de caso de UTI Neonatal.

— Com tanto dia pra dar ruim!...

. . .

Era o que eu conseguia entender de acordo com a vibração da mão da pessoa que me chamou até agora. Pelos contornos, parece ser a minha irmã.

Quando comecei a recobrar melhor a consciência, me levantei um pouco assustado e não tardou pra médica me segurar pelos ombros.

— Hey, vá com calma aí, rapaz! -suspirou calmamente- Isso é uma situação atípica, precisa ficar sentado até seus sinais vitais responderem normalmente nos aparelhos.

— Momo...

— Shouto, precisa ficar cal- realmente era a Fuyumi. Então de fato, não era só uma piada de mal gosto.

— Cadê a Momo?!

— ...

— Nee-san... -insisti-

— Ela ainda não foi mandada pra cá.

— ...

— Podem ter mandado para outro hospital também.

— Impossível. -a médica interveio- Este é o único hospital mais próximo do Imperial, ela não deu entrada ainda, só têm duas possibilidades.

— Mikan... Cadê a Mikan?! -lembrei que minha filha estava no meio daquela bagunça toda e eu sequer consegui ir atrás dela depois que a explosão aconteceu. Eu desmaiei no corredor da UTI Neonatal.

— A Mikan estava com você? -Fuyumi ficou branca como papel, para meu desagrado.

— É óbvio que estava! -levantei da maca ficando meio irritado, mas a médica me impediu de novo e eu mal conseguia usar minha individualidade.

— Calma aí, Herói. Eu vou procurar por ela. Você não pode sair daqui ainda.

— Por favor, conto com você. -fiz mesura-

— Diga o nome todo dela.

— Yaoyorozu Mikan.

— Uh... esse nome tem uma fama pesada, não é não? -ironizou- Bem, bem, ao trabalho...

. . .

Quando ela saiu do leito que eu ocupava, Fuyumi me encarou preocupada e eu suspirei cansado e um tanto confuso. Eu lembrava de algumas coisas que aconteceram antes da explosão, mas não de tudo.

Eram pequenos cortes de cena que se repetiam na minha mente.

— Shouto, o que houve?

— Eu não sei... Mas... -bufei- antes da explosão, a Mikan disse que o hospital inteiro pegaria fogo.

— EH?!

— Ela fez uma cara tão assustada que eu fiquei meio chocado quando realmente explodiu tudo.

— ...

— Eu estava na UTI Neonatal quando aconteceu, depois disso, eu vim parar aqui...

— Pelo que disseram, boa parte dos pacientes do Imperial ainda estão sendo encaminhados para cá, e olha que já fazem cinco horas desde a explosão.

— Como as-

— Shouto, a explosão só começou de um lado, agora ela tá engolindo o prédio todo. O bairro inteiro teve que ser evacuado por riscos de explosões em grande escala.

— ...

— A Mikan estava com você na hora da explosão?

— Não... ela foi sozinha até o quarto que a Momo estava.

— Deuses... -Fuyumi botou a mão na testa e respirou fundo- Considerando que a UTI não ficava no mesmo andar que os leitos...

— Ela pode nem ter chegado.

— O que o velho foi fazer?

— Acredite se quiser, ele foi pessoalmente no Imperial.

— O quê?

— Eu sei, fogo não combate fogo, mas de alguma forma, ele ajudou muitas pessoas, já que ele é imune a fogo. Conseguiu entrar no prédio e salvar muita gente.

— ... -bufei, não estava com paciência para esperar a médica trazer respostas, porém eu não estava no meu melhor. Eu sentia náuseas e ainda estava um pouco tonto.

Tudo o que dava para fazer, era esperar e evitar deixar a minha irmã mais desesperada ainda.


*

*

*


Somente depois de doze horas, tivemos a confirmação que das duas mil pessoas que estavam no Hospital Imperial, apenas sete morreram no local e mais duas que morreram a caminho do Hospital de Naniwa.

99% dos pacientes foram resgatados e muitos funcionários também acabaram precisando de atendimento médico.

Para alívio meu e de todo mundo, Momo estava bem, assim como os gêmeos, mas o nosso problema de verdade só havia começado quando soubemos da Mikan.

. . .

— Vocês são os pais da Yaoyorozu Mikan, não são? -um dos médicos de Naniwa nos olhava serenamente, porém, nossa cara não era a mesma que a dele.

— Sim. -eu estava com a Momo no leito dela, acho que naquele momento, a gente esperava a pior notícia possível.

— Sou o Psicopediatra do hospital de Naniwa, me chamo Higarashi. -fez mesura- Primeiramente, ela não sofreu nada com o incidente no Hospital Imperial.

— Ficamos o dia inteiro esperando notícias dela... -vi as mãos da minha esposa, tremendo, só que senti o mesmo que ela... o sumiço do peso nas costas.

— Momo-san, mesmo estando restringida por conta do resguardo, vamos levar você e seu marido até a Psicopediatria, vocês precisam ver uma coisa.

. . .

Nós acompanhamos os passos dele, Momo precisou ser levada numa cadeira de rodas, já que ainda não podia andar. Mesmo cansado e um tanto abatido pela situação, antes de mais nada, eu queria ver a minha filha; eu não estava entendendo direito tudo o que aconteceu até agora.

A cabeça doía, o corpo doía e o medo de ficar sem saber o que houve com ela foi o pior de tudo.

A ala da Pediatria era muito famosa em Naniwa porque os médicos daqui são considerados os melhores da Província, senão forem de toda a Honshu.

Paramos em frente a uma sala grande e toda colorida por dentro, mas sua maior parte, era branca. Na maca, estava Mikan, chorando como nunca. As lágrimas de sangue não nos chocava, Momo queria poder pegá-la, mas não podia, então fiz o obséquio.

— Hey, Panda, você se machucou? -seu corpinho pequeno não parecia estar ferido, tinha um arranhão ou outro, mas nada que fosse sério- Está tudo bem...

Tive que me agachar para que ela pudesse se recostar na mãe, já que a Momo não pode pegar peso e nem se mexer muito, o máximo que conseguiu fazer, foi lhe afagar a cabeça com toda calma do mundo.

Por mais que eu estivesse desesperado mais cedo, demonstrar esse sentimento teria piorado as coisas.

Segurei o stress, a ansiedade, o medo... tudo isso apenas porque eu lembrava de algo muito importante que me ensinaram na Yuuei:

Se um herói não demonstrar calma, ele não vai conseguir acalmar a vítima.

Aprendi com a Momo...

Mikan só parou de chorar quando começou a sentir sono e bocejar absurdamente, o médico teve a Santa Paciência de esperá-la dormir. Não foi um intervalo muito grande, porém, considerável.

— Vocês já parecem saber da hemolacria dela.

— Sim. -assentimos-

— Mas não sabem dos exames feitos quando ela deu entrada neste hospital. -Dr. Higarashi suspirou ameno, nos olhando sério- Não sei se isso será algo bom ou ruim para vocês, mas esta criança acabou de ativar suas individualidades.

— Eh?!

— Estou dizendo isso porque no caso dela, é algo bem sério.

— ...

— Mikan foi diagnosticada com três tipos diferentes de poder; Fogo, Gelo e Criação.

— Wau... -ficamos realmente sem reação, sabemos que os filhos herdam os poderes dos pais, mas três de uma vez só?

— De acordo com a sua ficha médica, Momo-san, você é quem possui a capacidade da Criação, correto?

— Sim.

— No caso da Mikan, ela não cria objetos como você faz.

— Uh?

— Mikan consegue criar moléculas de elementos químicos a partir de sua sensibilidade ao toque das coisas.

— ...

— ...

— E-Então... -nosso chão desabou- Significa que...

— Sinto muito em dizer, mas foi ela quem causou o incêndio no hospital.

Se já era ruim carregar o sentimento de culpa por não tê-la protegido durante o incidente, agora ela aumentou por saber que a minha filha foi a causadora da morte de nove pessoas. 

 

 

 

 



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