Matteo Balsano
- Delfi... - Essa não! O que a Delfi está fazendo aqui? Agora meus planos vão por água abaixo. Ela e a Emília são amigas e com certeza vou ser dedurado.
- Eu posso saber o que significa isso, Matteo? - Delfi questiona irritada - O que você e essazinha estão fazendo juntos?
- Escuta aqui, garota! - Luna se defende - Você pode até ser filha da minha chefe,mas não tem o direito de me tratar assim!
- Cala a boca, coisinha - Aponta o dedo no rosto de Luna - Eu tenho o direito de fazer o que eu quiser e eu posso agora mesmo denunciar essa pouca vergonha para a tia Juliana!
Olho assustado e não consigo dizer uma só palavra.
- Pouca vergonha? Não sei por que. Nós dois não estamos em horário de trabalho. E até onde eu sei, no Estúdio não existe nenhuma regra que proíba o relacionamento entre funcionários - Luna protesta.
- Delfi, vai embora por favor - Digo apreensivo.
- Como você baixou o nível,primo... - Diz enojada olhando Luna de cima a baixo - Trocar a Emília por uma garota insignificante dessas.
Bufo fechando os olhos. O que eu mais temia aconteceu.
- Que história é essa, Matteo? - Luna pergunta confusa - Você é primo dela?
Delfi dá uma gargalhada antes de responder:
- Então ele não te disse quem é? Querida, ele é Matteo Balsano, filho da sua chefe e namorado da minha prima.
- Ex namorado! - Me defendo - A minha relação com a Emília acabou faz tempo e só ela que não quer aceitar.
Luna me olha incrédula:
- Eu pensei que você era um funcionário do Estúdio - Diz pálida - E ainda por cima tem namorada - Segura as lágrimas.
- Luna,eu posso explicar... - Digo.
- Explicar o que, priminho? - Minha prima me interrompe e diz debochada - Que você escondeu sua verdadeira identidade pra ninguém descobrir que um cara rico como você estava saindo com a bailarina brega do Estúdio? - Olha para Luna sarcástica - Linda, sinto muito acabar com o seu conto de fadas, mas um cara como Matteo Balsano jamais te levaria a sério e outra: Você não chega aos pés da Emília.
- Chega,Delfi! Não fale assim com ela!
Delfi dá de ombros. Olho para Luna e seus lindos olhos estão marejados. Isso me parte o coração. Ela me olha com rancor:
- Você mentiu pra mim, Matteo - Diz com a voz embargada.
- Luna,me escuta por favor - Pego seu braço levemente.
- Me larga! - Grita se desvencilhando bruscamente - Você só queria brincar comigo todo esse tempo! Você tem namorada ainda por cima.
- Não, Luna. Meu namoro com a Emília acabou. Há meses venho tentando terminar.
- Não interessa! - Diz aos soluços - Vocês ainda estão juntos e mesmo assim você veio atrás de mim...
- Luna... - Tento acalma-la.
- Me deixa em paz - Me olha com ódio antes de virar as costas e sair.
- Viu o que você fez? - Brado com Delfi.
- Eu? - Se faz de desentendida - Você é que mentiu para a garota e a culpa é minha? - Ri com deboche.
- Você não tem o direito de se meter na minha vida... - Olho-a com reprovação.
- A Emília me pediu pra te vigiar e é o que eu estou fazendo - Sorri - E me agradeça por não ter filmado essa sua cena nojenta com aquela garota e enviado pra minha prima - Pisca e me joga um beijo de longe se retirando.
Revoltado, urro e dou um soco na parede.
Luna Valente
Como ele pôde me enganar assim?Caminho aos prantos em direção à saída sem me importar com as pessoas que me olham curiosamente. Tento a todo o custo chamar um táxi sem sucesso. De repente ouço o barulho de uma moto parando ao meu lado:
- Luna? - Vejo Nico tirando o capacete e me olhando assustado. Ele desce do veículo rapidamente e pega minhas mãos - Você está chorando...
- Nico, me abraça por favor - Digo aos soluços.
- Vem cá - Ele me puxa para seus braços onde eu choro ainda mais - O que foi, princesa? - Afaga meu cabelo durante o abraço - Alguém te machucou? - Se afasta brevemente apenas para me olhar.
Eu nego com a cabeça antes de dizer:
- Eu preciso sair daqui.
- Eu te levo em casa, vem - Me estende a mão.
- Não, Nico. Eu não quero estragar sua noite. Você acabou de chegar. Eu vou ficar bem - Forço um sorriso.
O loiro meneia a cabeça antes de dizer:
- Não mesmo! Não posso te deixar aqui sozinha - Anda até a moto e retira um capacete na bag me entregando - Toma, coloca esse capacete e vem que eu vou te levar pra casa - Diz me olhando nos olhos.
- Tá bom - Respondo fazendo o que ele pede - Só não sei se quero ir pra minha casa agora. Meus pais devem estar lá e não quero que me vejam assim.
- Tudo bem, posso te levar pra minha casa se você quiser, pelo menos até você se acalmar - Diz compreensivo.
- Se não for incomodar eu aceito - Enxugo as lágrimas.
- Você nunca me incomoda - Sorri acariciando minha mão - Podemos ir?
Assinto e Nico coloca seu capacete. Subimos na moto dando partida logo em seguida.
Realizamos o caminho inteiro em silêncio. Ao chegarmos à república onde os meninos moram, encontramos um rapaz negro acompanhado de uma moça ruiva. Os dois muito bonitos e aparentemente simpáticos, estão bem arrumados e prontos pra sair.
- Boa noite - Nico diz.
- Boa noite - O casal responde em uníssono sorrindo e ao mesmo tempo me olhando curiosamente.
- Luna, deixa eu apresentar. Esse é o Broduey, um dos moradores da república e essa é a Camila namorada dele. Galera, a Luna é a irmã do Simón.
- Muito prazer, Luna - Broduey me cumprimenta com um beijo no rosto e é imitado pela namorada.
- Como vai, Luna? - Camila sorri cordialmente e eu sorrio de volta - O Simón falou muito de você.
- E os outros onde estão? - Nico pergunta.
- O Max foi dormir na casa da Naty. O André e o Braco foram à festa de uns amigos da faculdade - Broduey explica.
- Nós estávamos de saída também, mas se vcs quiserem, podemos fazer companhia - Camila diz me olhando com compaixão. Acho que ela percebeu pelo meu semblante que eu chorei.
- Não, não se preocupem - Nico diz sorrindo - Eu e a Luna vamos ficar bem - Me abraça pelo ombro.
- É verdade - Digo sorrindo - Divirtam-se por nós.
- Pode deixar - Broduey sorri.
- Se vocês sentirem fome, tem empanadas e suco na geladeira - Camila diz - Foi um prazer te conhecer,Luna. Depois vamos combinar de fazer algo juntos - Sorri.
- Tá bom - Respondo.
- Tchau Luna - Broduey acena.
- Tchau - aceno de volta.
Nico se despede do casal que em seguida se retira.
- Luna, fica a vontade. Eu vou preparar alguma coisa pra gente comer - Nico sorri e eu apenas assinto sorrindo levemente. Enquanto ele se dirige à cozinha, eu observo a sala. É bem grande e extremamente organizada pra ser uma república de rapazes. O ambiente possui um grande sofá azul marinho com móveis e decorações coloridos por toda a parte. Em frente ao sofá um móvel com uma grande TV e livros separados por cores. Sorrio ao ver uma foto do meu irmão com os amigos.
- Luna? - Olho para o lado e vejo Nico sorrindo enquanto segura uma bandeja - Eu esquentei as empanadas e fiz uns sanduíches pra gente - Coloca a bandeja em uma mesinha de centro - Espero que goste.
- Obrigada, Nico - Sorrio - Essa casa é uma graça. Por ser uma república só de garotos, eu pensava que era mais desorganizada.
Nico ri meneando a cabeça antes de dizer:
- Eu também pensava isso antes de me mudar, mas pra minha sorte consegui companheiros tão chatos com organização quanto eu - Me serve enquanto fala - A Camila e a Naty também nos ajudam muito. Sempre que vêm, elas fazem questão de limpar a casa e cozinhar.
- Mulheres... - Digo e rimos juntos. A Naty é namorada do Max?
- Sim, ela e a Camila moram em uma república de garotas aqui perto.
- E você mora aqui há muito tempo?
- Sete anos - Dá uma mordida no sanduíche - Eu me mudei pra cá um pouco antes do Simón. O Benício veio há alguns meses. Ele morava em outra república aqui do Campus e pediu transferência pra cá. Acho que da galera de agora, o Pedro é o mais antigo. Ele chegou dois anos antes de mim.
- E sua família? É daqui de Buenos Aires mesmo?
- Sim. Meus pais são diplomatas e vivem viajando, só nos vemos nas férias. Então praticamente fui criado pelo meu tio Gary, irmão da minha mãe. Ele sempre foi como um segundo pai pra mim e me deu a maior força quando optei pela carreira musical. Pagou meus estudos e me deu uma função na revista como crítico de música.
- Meus pais dizem mesmo que ele é muito bom - Sorrio.
- Ele é sim - Nico sorri de volta - Um pouco exigente, perfeccionista e genioso, mas tem um coração enorme.
- E você morava com ele?
- Quando meus pais estavam fora sim. Quando vinham nas férias, eu ficava com eles. Mas logo que terminei o colégio resolvi que era hora de me virar sozinho . Mesmo a contragosto, o meu tio decidiu me ajudar a procurar um lugar pra morar. Foi então que o Senhor Alfredo sugeriu que eu viesse para cá, visto que eu era aluno da universidade na época. Quando nos formamos, a ideia era que o Pedro, o Simón e eu, nos mudássemos, porém a Tamara nos contratou e estendeu o alojamento na república para funcionários também e na mesma época o Benício veio.
- Entendi... - Digo antes de tomar um gole do meu suco. Um silêncio se faz presente.
- Luna... - Nico diz chamando minha atenção.
- Sim? - Respondo.
- Agora que você está mais calma, quer me contar o que aconteceu? Quem te deixou tão mal assim?
- Foi o Matteo - Digo de cabeça baixa.
- Matteo Balsano? - Ele pergunta se mexendo inquieto no sofá e eu assinto - O que aquele cara te fez? - Olho para ele e vejo seu maxilar tenso.
Conto tudo o que aconteceu desde o dia em que conheci o Matteo. Nico me escuta atentamente e fica indignado com o fato do filho da Juliana ter me enganado. Ele me conforta e em seguida resolvemos assistir um filme para nos distrairmos. Nico me abraça e afaga meu cabelo enquanto prestamos atenção na tela da TV. Não sei se é pelo horário, pelo cansaço ou pelo carinho dele. Só sei que instantes depois adormeço com a cabeça aninhada sobre o seu peito.
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