História A vida é um sonho - A bebedeira

                               Luna Valente

- Fala Luna! - Matteo diz irritado - Porque você não me contou que estava investigando o seu passado?

-  Matteo,eu posso explicar - Digo tentando acalma-lo - É um assunto um pouco delicado. Eu não queria contar até ter alguma informação concreta.

- Você não queria contar ou não queria contar pra mim? Por que pelo jeito é só o palhaço aqui que não sabe de nada - Altera a voz batendo no próprio peito - O que o baixista te pediu em troca desse favor? Hein?

- Matteo, pára. Você está me ofendendo! - Digo irritada.

- Você é que me ofendeu,Luna - Me olha com reprovação - Eu sou o seu namorado e merecia ser o primeiro a saber de algo tão importante. Estou decepcionado com você - Após dizer isso, ele se retira da lanchonete.

Emília me olha debochada antes de comentar:

- Poxa, queridinha. Se eu puder te dar um conselho, pare de esconder as coisas do seu namorado. É feio - Pisca e dá uma sonora gargalhada acompanhada de Delfi.

Com os olhos marejados, me retiro tentando ir atrás do Matteo e me explicar.

Corro até o estacionamento e o encontro prestes a dar partida no carro:

- Matteo! Espera!

Ele suspira impaciente antes de dizer:

- O que você quer?

- Matteo, me escuta. Eu não fiz por mal. Era uma investigação sigilosa.

- Sigilosa? Até a Emília e a Delfi sabem!

- Eu não sei como elas descobriram, mas esse era um segredo entre o meu irmão, o Nico e eu. Quando chegasse o momento eu te contaria...

- Sabe o que mais me machuca, Luna? - Matteo me interrompe - Você ter pedido ajuda do Nico e não a minha. Imagino quantas vezes vocês se encontraram pra realizar essa investigação. E eu aqui igual a um idiota sem saber de nada.

- Matteo...

-  Luna , me esquece, vai - Dizendo isso, ele dá partida no carro e me deixa falando sozinha.

Ele nem quis me ouvir. Me ajoelho no chão e desabo em lágrimas. Choro como se não houvesse amanhã.

De repente sinto uma mão no meu ombro e vejo Nico me olhando comovido.

-  Oh, Luna. Eu vi o que aconteceu. Sinto muito - O loiro diz enxugando minhas lágrimas.

- Ele nem quis me ouvir,Nico - Digo aos soluços.

- Vem cá. Vamos entrar - Me pega pela mão e me leva até a recepção do estúdio me fazendo sentar em um sofá ao seu lado e me abraçando.

- Me desculpe. Eu não queria te fazer brigar com o seu namorado - Diz.

- Você não teve culpa. Ele é que não deixou eu me explicar - Digo chorando.

- Você quer que eu fale com ele ? - Se oferece.

- Não,Nico - Digo meneando a cabeça - Não precisa. Eu ... Tenho que ir dar a minha próxima aula - Me levanto.

- Tá bom, mas se você precisar conversar,eu estou aqui - Nico diz .

- Obrigada, Nico - Forço um sorriso e entro no estúdio.

Tento me distrair dando as minhas aulas e o período da tarde passa se arrastando.

Pego o celular com a esperança de que tenha alguma mensagem do Matteo e suspiro desanimada ao ver que não.

Resolvo ir embora sem esperar pelo Simón. Preciso ficar sozinha.

Ao chegar em casa, tomo um banho quente e demorado e vou para o meu quarto onde choro até ser vencida pelo sono.

                                    Emília Benson

Depois de assistir o espetáculo que foi a briga do Matteo com a cafona da Luna, é hora de comemorar. Ela foi atrás dele, mas tenho certeza que ele nem vai querer escuta-la.

Se eu conheço o Matteo, vai levar um bom tempo para ele perdoar a namoradinha.Se perdoar...

Agora é o momento de colocar o meu plano em prática.

Delfi vai para a universidade dar as suas aulas e eu me dirijo até a grife.

Trabalho o resto da tarde pensando em como me aproximar do Matteo até que tenho uma ideia.

Ligo para o seu celular e depois vários toques,ele atende.

-  O que foi, Emília? - Responde seco. 

- Eu liguei pra saber como você está . Fiquei preocupada.

- E por que você quer saber? - Questiona.

- Porque mesmo que não sejamos mais namorados, eu me preocupo com você. Somos primos postiços e eu achei um absurdo o que a Luna te fez - Retruco.

- Desculpa, Emília - Suspira - Eu não queria ter sido grosso com você.

- Relaxa - Sorrio - Você quer conversar? Vai ser bom desabafar.

- Agora eu não posso. Estou cheio de trabalho - Matteo diz.

- Sem problemas. Eu espero você sair. Estou livre hoje a noite - Digo - A gente podia ir para um barzinho.

-  Tudo bem, te encontro às 18:00 naquele barzinho que fomos no aniversário do Ramiro - Ele diz. 

- Fechou - Respondo.

Desligo o telefone e sorrio .  Agora o Matteo não me escapa.

                                Matteo Balsano

Chego furioso no Vídea. Como a Luna pôde fazer isso comigo?Agora eu entendi o porquê dela estar estranha todos esses dias.

Me tranco em minha sala e peço à Yam que não deixe ninguém me incomodar.

Com o intuito de esquecer a decepção que tive hoje, me jogo de cabeça no trabalho.

Por volta das 15 horas, Emília me liga e eu acabo tratando-a com grosseria.

Rapidamente me desculpo afinal ela não tem culpa do que a Luna me fez. Pelo contrário foi graças à Emília que eu descobri tudo. 

Como preciso muito me distrair, aceito tomar um drink com ela depois do trabalho.

No horário marcado,nos encontramos no barzinho.

Pedimos nossas bebidas enquanto eu desabafo sobre o que aconteceu.

- Essa Luna nunca me enganou - Emília diz.

- Não fale assim dela - Peço.

- Como assim? Essa garota te engana e você ainda tem coragem de defender? - A loira responde indignada.

- A Luna errou sim. Mas é uma boa pessoa. E eu a amo - Suspiro.

- Matteo, eu entendo. Mas acho que você precisa colocar na balança o que é melhor pra relação de vocês - Pousa sua mão sobre a minha - Mentira é uma coisa séria. Faz com que percamos totalmente a confiança e o respeito.

- Eu sei - Digo de cabeça baixa.

- Bebe mais um pouco, vai - Diz esvaziando uma garrafa de Whisky no meu copo - Olha,eu não quero te ver triste. O que você acha da gente mudar de assunto? - Sorri fraco - Me conta como andam as coisas no Vídea.

Então eu começo a falar sobre os projetos da empresa e os meus futuros shows.  Quando percebo, estou bebendo mais do que deveria. Mas não consigo parar pois sinto que a bebida está tirando o foco dos meus problemas.

Depois de doses e mais doses de Whisky, vejo quem eu menos imaginava em minha frente:

_ Luna? - Digo com a voz embolada enquanto ela sorri ternamente.

_ Você está mal, hein? - A mexicana ri.

_ O que você está fazendo aqui? - Pergunto.

_ Vem, eu vou te levar pra casa. Você bebeu demais - Me puxa pela mão e saímos do bar. Quando eu entro no carro, não vejo mais nada.