_ Viu o que fez com ela, Cláudio?
_ Não tenho culpa. Agora tenho que ir.
_ Muito bonito... Fala tanto na cabeça da menina, que até a faz desmaiar. Não tem vergonha? Nós não temos culpa dos seus problemas com o nosso pai.
_ E eu não tenho culpa de o meu pai ter sido um viciado no jogo e ter perdido tudo o que meu tataravô conquistou para o seu avô._ Comecei a rir_ Do que está rindo, garota?
_ Você escutou o que disse? O seu pai fez besteira, perdeu as terras para o meu avô e você vem descontar em nós? Ninguém lá em casa tem culpa.
_ Mas eu quero o que é meu!
_ Aquelas terras nunca foram suas.
O seu pai as perdeu. Nem meu pai tinha culpa disso. E você o matou.
_ E vou te matar se não calar a boca. Quando a bela adormecida acordar, você me chama que eu trago a comida.
_ Tem como trazer um pouco de álcool?
_ Para que?
_ Para a Miranda acordar mais rápido.
_ Deixa ela dormir. Assim, me enche menos o saco... Até mais.
Ele saiu. Estiquei Miranda direito no chão e comecei a chamá -la.
_ Mirandinha... Acorda, mana. Não deixa ele te fazer mal, minha linda.
Ela começou a reagir:
_ M...Maria... O que houve?
_ Você desmaiou.
_ Estou me sentindo mal._ Ela começou a se levantar.
_ Então continua deitada. Eu vou chamar o Cláudio porque estou com muita fome. Você também deve estar.
_ Um pouco.
_ Cláudio! A Miranda acordou! Pode me trazer comida?
_ Está aqui._ Ele passou dois pães pela grade. Depois, passou uma garrafa de água_ Se sobrou água de ontem, podem tomar.
_ Obrigada. Levanta, Miranda. Vem comer.
_ Não quero.
_ Se não quer comer, eu vou pegar esse pão da mão da Maria agora e você só vai poder comer daqui a três horas e um pouquinho.
_ Me dá, Maria. Já que não tem jeito...
Comemos. Havia sobrado um pouco de água do dia anterior, já que dormimos por um bom tempo. Havia ainda meio litro de água que nos ajudaria a nos hidratar um pouco mais. Nossa vida nos próximos três dias, foi basicamente comer e dormir. Até um dia pela manhã, logo cedo.
_ Bom dia, dorminhoca. Quer que o Cláudio te encha o saco?
_ Já vou, Maria._ Miranda espreguiçou_ Quantas horas são?
_ Não faço a mínima ideia...
_ Bom dia... Estão aproveitando bem essa estadia?
_ Olha a minha cara de animada, Cláudio._ Miranda apontou para o rosto.
_ Eu trouxe a comida.
_ Obrigada, Cláudio._ Peguei o pão e a garrafa de água.
_ Não tem como você nos dar outra coisa para comer? Eu estou engordando.
_ Você não vai engordar se não comer, Miranda. Eu já te falei que estou tratando as duas bem demais.
_ Deixa a minha irmã pra lá. Ela é mimada. Não liga.
_ Que seja a última vez, ouviu, Miranda?
_ Sim. Desculpa.
_ É o seguinte: eu vou sair. Não fujam, hein.
_ Pode deixar que com essa hospedagem maravilhosa, nos não vamos nem pensar em fugir, não é, Maria?
_ Eu espero que seja assim, meninas. Até mais tarde. Não vou demorar muito, mas vou deixar um pão para vocês para o caso de eu atrasar.
_ Onde vai?
_ Não é da sua conta, Maria._ Eu e Miranda nos olhamos_ Já vou, meninas.
Ele saiu. Escutamos Cláudio trancando a porta da casa. Depois, escutamos ele acelerando o carro, até que se distanciou tanto, que não conseguimos mais escutar o barulho.
_ A gente tem que conseguir sair daqui!_ Miranda começou a puxar e empurrar a grade.
_ Não vai dar certo, menina, pode parar de gastar seu tempo.
_ Se a gente não tentar, vamos morrer aqui.
_ Pensa positivo que nós vamos sair daqui.
_ Eu quero meu filho Maria.
_ Eu sei, minha linda. Eu também quero a minha._ Eu a abracei.
_ Será que o Manoel vai vir nos buscar?
_ Acho que sim. Mas não fica falando muito porque se o Cláudio descobre que o Manoel sabe, vamos estar os três mortos.
_ Bom saber disso, Maria._ Cláudio apareceu_ Podem ficar tranquilas que terão uma nova companhia. O irmão de vocês virá para proteger as amadas irmãs.
_ Não toca no meu irmão!_ Miranda pulou na grade.
_ E o que você vai fazer?
_ Eu juro que te mato.
_ Como me mata morta, Miranda?
_ O Manoel não tem nada haver com isso.
_ Tem certeza, Maria?
_ Absoluta.
_ Então por que estavam preocupadas com ele?
_ Eu escrevi uma carta para ele onde contava que a Maria tinha sido sequestrada por você e que eu estava indo atrás dela.
_ Você fez o que?_ Cláudio gritou_ Ficou louca, garota? Ah, mais você me paga, desgraçada!
Ele abriu a porta da cela e foi diretamente na direção da Miranda. Agarrou -a pela gola da camisa e a empurrou em direção à parede. Ela chorava compulsivamente.
_ VOCÊ FICOU LOUCA, MIRANDA? QUEM PENSA QUE É PARA ESTRAGAR OS MEUS PLANOS?
Ele continuava a empurrando e a batendo contra a parede. Miranda continuava a chorar, cada vez mais desesperada. Eu não aguentei vê -la naquela situação e fiz algo muito arriscado: pulei no ombro do Cláudio e comecei a enforcá -lo, tentando o fazer cair. Após um longo tempo fazendo muita força, consegui dar um chute vocês sabem aonde e ele caiu.
_ Corre, Miranda! Vai!
Eu a empurrei para fora da cela e saímos correndo em disparada. Entramos no carro. A chave estava na ignição. Rodei e comecei a acelerar, até que escutei o grito da Miranda ao meu lado. Freei. Olhei para ela. Cláudio estava com o revólver na cabeça da minha irmã.
_ Miranda, passa para trás. Maria, você fica aí na frente e dirige até onde eu mandar.
Ele passou para o banco de trás, sempre apontando o revólver para a cabeça da Miranda. Eu fui dirigindo, dirigindo, até que ele me mandou parar. Era o portão pelo qual se entrava para ir até a casa na árvore. Ele trancou a Miranda no porta malas e foi me levando até um local muito na frente dela. Era um barranco muito alto que dava direto para a cachoeira. Me amarrou em uma árvore e foi buscar a Miranda. Ele a trouxe quase que empurrada.
_ Vocês se acham muito valentes! Quero ver a valentia das duas agora!_ Ele a empurrou em direção ao barranco._ Tira a bota, Miranda. Eu quero te ver descer do salto, garota. Quero ver se é tão valente sem maquiagem e sem salto! Vai!
Ele foi até mim e apontou o revólver para a minha cabeça enquanto a Miranda tirava a bota. Cláudio a pegou pela cintura e a levou até a beirada do abismo.
_ Vai me dar a sua parte da fazenda?
_ Não.
_ Então vai morrer.
Ele a empurrou, mas logo a segurou e a puxou pela cintura. E fez a mesma coisa várias vezes, até que fez uma pergunta:
_ Suas últimas palavras?
_ Você não vai me jogar...
Ele a empurrou e a segurou pela cintura. Empurrou seus pés, até que ficasse com mais de 90℅ deles para fora da terra. Após algum tempo a segurando nessa posição, soltou a mão e ela caiu barranco abaixo. Cláudio olhou para baixo. Miranda havia conseguido se segurar em um cipó a mais de 20 metros de altura.
_ Você se acha muito esperta, Miranda. Mas eu sou mais._ Atirou contra o cipó, fazendo com que a Miranda fosse em alta velocidade em direção à cachoeira.
_ Miranda!!!!!_ Gritei desesperada.
Cláudio virou para mim e apontou o revólver para a minha cabeça. Virou -se rapidamente para o barranco e viu algo caindo com força na água. Era a Miranda.
_ Vou o resultado da sua vingança? A Miranda está morta igual ao seu pai.
_ Isso não vai ficar assim.
_ Claro que não. Você também vai morrer agora._ Ele me soltou e me segurou pelo braço até a beirada do barranco_ Vou fazer diferente com você, Maria. Vira para mim. Você vai cair de costas para não se fazer de esperta igual a sua irmã.
Ele foi me empurrando para trás. Eu já sentia o salto saindo da terra. Esperei um momento de distração, me abaixei, passando para trás do Cláudio e consegui segurar o revólver na mão dele. Travamos uma briga. Eu tentava jogá -lo no chão para bater com sua mão no chão até que soltasse o revólver. Todas as minhas tentativas foram inúteis. Acabei conseguindo morder o braço dele e o revólver caiu. Chutei -o para longe, mas sem conseguir que caísse na cachoeira. Cláudio correu para pegá -lo, mas eu fui mais rápida: pulei no chão e peguei o revólver. Cláudio agarrou minha mão antes que eu pudesse levantar. Estávamos na beirada da cachoeira novamente. Dei um tiro para o lado oposto ao que Cláudio estava para gastar balas. Joguei o revólver na mesma direção do tiro para me livrar do Cláudio. Dessa vez eu estava certa: ele foi correndo atrás do brinquedinho. Antes que meu inimigo chegasse ao revólver, peguei o estilete que estava dentro do sutiã e fui correndo atrás dele para que ele não me atacasse quando virasse. Brigamos por um bom tempo, até que em um determinado momento, tanto o estilete quanto o revólver estavam na beirada do barranco. Corri até lá e peguei o revólver. Cláudio conseguiu pegar o estilete. Me levantei e apontei o revólver para sua barriga, que por sua vez, também apontou o estilete para a minha. Começou a me empurrar para trás.
_ Eu matei a sua irmã. E quer saber, Maria? Eu matei o seu pai. Matei o Fernando também e agora, vou te colocar no topo da minha lista._ Miguel, Juliano e Manoel chegaram por trás do Cláudio. Eu já estava chorando_ Eu matei o seu pai! Eu!
Os três olharam incrédulos. Claudio segurava fortemente a minha mão tentando virar a arma para mim. De repente, um tiro.
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