História A Vingança - O dia do julgamento

_ Como assim, Juliano?

 _ Eu disse que nós íamos nos divorciar. Você fez uma coisa muito errada e agora vai ter teu castigo por isso.

 _ Você não é ninguém para julgar minhas atitudes e muito menos para me castigar!

 _ E você não é ninguém para ficar me traindo desse jeito! Eu te dei todo o meu amor!

 _ E eu não te traí! Quer saber de uma coisa?

 _ O que?

 _ Foda -se esse maldito pedido de divórcio!_ Rasgou o papel_ Quero ver me obrigar a me divorciar agora.

 _ Sabia que esse é um documento judicial?

 _ Sabia, advogadazinha. E...

 _ E isso que você fez foi grave.

 _ E...

 _ Voltaremos com um pedido do juiz para que você se apresente.

 _ Por que você tem tanto interesse que eu me divorcie do Juliano?

 _ Para que eu e ele possamos nos casar._ Aurora beijou Juliano.

 _ Acho que vou vomitar._ Miranda colocou a mão na boca.

 _ Sem graça!_ Juliano a reprimiu.

 _ Não. Eu não estou fazendo graça, Juliano. Eu...

 Antes que terminasse sua frase, Miranda... Vocês sabem... Ela chamou o Raul em cima de Aurora. Para quem não sabe o que é chamar o Raul, é uma expressão que significa vomitar.

 _ Você ficou louca, garota?_ Aurora começou a se limpar.

 _ Juro que não foi por mal.

 _ O que houve com você?_ Juliano perguntou assustado.

 _ É sério, Juliano. Eu não fiz por mal. Te juro_ Abriu as mãos_ Acho que é anemia. E sem falar que eu estou sem comer. E não me sinto muito bem sem comer. Miguel, me leva lá para cima por favor? Não estou bem.

 _ Claro_ Miguel pegou -a no colo e a levou até seu quarto.

 _ O que houve com ela?

 _ O que ela acabou de dizer, Juliano. Está indisposta.

 _ Não minta para mim, Maria.

 _ Não estou mentindo.

 _ E o que é? Já sabem?

 _ Miranda está anêmica. Vomitou porque estava com fome. Não tem nada haver.

 _ Tem certeza?

 _ Absoluta. Agora por favor, saíam daqui. Não sabe o quanto está fazendo mal para a minha irmã, Juliano.

 _ Eu sei que estou. Mas ela também me fez mal.

 _ Os dois erraram, mas foram feitos um para o outro.

 _ Eu estou ouvindo.

 _ Espero que ouça mesmo, Aurora, para ver e repensar sua atitude. Agora, por favor, saiam.

 _ Tudo bem. Bom dia, Maria. Se a Miranda precisar de alguma coisa, me fale. 

 _ Ela só precisa do seu amor_ Fechei a porta.

 Subi as escadas até o quarto de Miranda. Bati na porta e entrei. Miguel estava sentado na cama, ao seu lado.

 _ Foi de propósito, Miranda?

 _ Claro que não, Maninha. Nem planejado eu conseguiria fazer um vômito tão bem feito.

 _ Tinha que ver a cara da Aurora quando saiu. 

 _ Eu daria tudo para ver. Mas não quis ser tão cruel a ponto de rir da cara da pobrezinha.

 _ Você é cruel, Miranda.

 Rimos. Miguel e eu abraçamos minha irmã. Ela realmente precisava de um pouco de carinho.

 Uma semana depois, resolvemos aproveitar a manhã de sol em plena segunda feira para nós divertir. Fui até a piscina de casa. Miranda já estava lá tomando sol.

 _ Já?

 _ Maria, eu tenho que aproveitar enquanto posso usar um biquíni.

 _ Você está ótima._ Tirei a saída que estava usando_ Melhor do que eu.

 _ Eu daria tudo para ter essa cintura que você tem.

 _ Sem graça. Não vai entrar na piscina?

 _ Não gosto muito.

 _ Anda, Miranda. Sem graça.

 _ Não quero entrar na piscina.

 _ Tá. Então nós duas vamos tomar sol.

 _ É isso que vamos fazer.

 Deitamos em espreguiçadeiras de madeira que ficavam perto para a piscina, de costas para um muro coberto por plantas. Uma das empregadas nos trouxe um suco de laranja geladinho. Karla, que nos olhava pela janela de seu quarto, foi correndo colocar o biquíni.

 A campainha tocou. Era Juliano. As segundas feiras não eram mais as mesmas desde que as brigas entre Miranda e Juliano começaram. O mordomo foi atendê -lo. Ele estava acompanhado por Aurora e foram levados até a piscina.

 Quando nos avisaram pela porta de vidro, Juliano ficou admirando Miranda, que estava virando de bruços. Ele reparou naquele corpo lindo daquela mulher que ele tanto amava e pensou "será que é realmente isso que eu quero fazer?".

 O mordomo nos chamou. Nos levantamos para ver quem era. A feição de Miranda mudou completamente.

 _ Você aqui de novo?_ Ela perguntou_ Não cansa de estragar minhas segundas?

 _ Te Garanto que não queria estar aqui.

 _ Então Vaza, Juliano.

 _ Para continuar casado com você, aguentando as suas graças? De jeito nenhum.

 _ O que quer?_ Ela levantou os óculos escuros.

 _ Te entregar o pedido do juiz.

 _ E a piriguete tinha que vir junto?

 _ Eu sou a advogada dele.

 _ E eu a esposa. Muito prazer.

 _ Não vim discutir. Vim aqui xomo advogada do Juliano entregar um pedido do juiz para que você se apresente.

 _ Peraí. Só vou tomar uma chuveirada e já vou atender ao pedido do ilustre juiz.

 Ela foi até o chuveiro se molhar um pouco. Eu fui até a piscina mesmo. Minha irmã deve ser a única pessoa que prefere se refrescar em um chuveiro do que em uma piscina. Nos secamos, colocamos nossas saídas e fomos até o escritório, onde Juliano e Aurora nos aguardavam ansiosos. No caminho passamos por Karla. Tadinha... Deu até dó ver a animação em que ela estava para tomar sol ir embora quando passamos para o escritório.

 _ O que houve?_ Perguntou intrigada.

 _ O Juliano está aqui._ Respondi baixo.

 _ Aa. Vou para o meu quarto então. Do jeito que essas visitas são animadas, tenho medo que sobre para mim. Tchau.

  Ela subiu as escadas. Miranda e eu fomos até o escritório.

 _ Então... Miranda começou_ Sejam breves. O sol hoje está perfeito. E eu ainda quero levar o Sérgio para a piscina um pouquinho. É maldade não deixar o menino aproveitar.

 _ Prometo ser rápido. Não quero prolongar esse sofrimento, Miranda.

 _ Se é um sofrimento tão grande, não faça isso.

 _ Eu preciso fazer._ Os dois se olharam fixamente.

 _ Então..._ Aurora interrompeu_ Os papéis estão aqui. É uma ordem do juiz para que você se apresente.

 _ Ta._ Miranda pegou o papel_ E vai ser que dia?

 _ Leia.

 _ Estou com preguiça. Pode me falar?

 _ Sou advogada. Não sua empregada.

 _ Não mando a minha empregada ler para mim. 

 _ Então não me mande.

 _ Você não é minha empregada.

 _ E nem obrigada a ler para você.

 _ Você está na minha casa. É obrigada a fazer o que eu te obrigar a fazer. Agora me fale.

 _ Eu não vou ler.

 _ Não quero que leia. Você sabe de cor.

 _ Não sou mensageira.

 _ Você pode ser tudo o que quiser.

 Dei um sorrisinho. Juliano olhou bravo para mim e depois interviu.

 _ Será na sexta se não tiver problemas para você. Senão será na próxima segunda.

 _ Vocês querem estragar as minhas segundas.

 _ Então vai preferir na sexta ou na segunda?_ Ele já estava impaciente.

 _ Calma! Qual a diferença?

 _ A diferença é o tempo que você vai gastar para conseguir um advogado. Eu já tenho a minha.

 _ E deve estar sendo muito bem paga._ Miranda olhou com sarcasmo para Aurora.

 _  Sem graça, Miranda. Quero estar divorciado de você o mais rápido possível.

 _ Posso pensar?

 _ Até que dia me dá a resposta?

 _ Hoje. Espera um minuto. Pensamento!_ Olhou para mim e eu estalou o dedo_ Vem comigo até a minha sala.

 _ Que sala?

 _ Vem e não pergunta.

 _ Já vou.

 Fomos até a varanda do escritório.

 _ Então... Que dia?

 _ Não sei.

 _ Eu acho que ele só está fazendo isso para me castigar. Ele quer me torturar com essa história de divórcio até o dia do julgamento e depois falar que era mentira.

 _ Tem certeza?

 _ Ele quer me fazer sofrer. Mas se acha que eu estou sofrendo, não estou.

 _ Tomara que seja Isso.

 _ Tenho certeza. Então quanto mais rápido acabar isso, melhor. Estou com saudades dele na minha cama, ao meu lado.

 _ E acha que ele está ficando com a Aurora?

 _ Acho que não.

 _ Como tem certeza?

 _ Maria, não me pergunte tanto. Ele me ama desde que éramos pequenos. Desde antes de surgir o meu amor pelo Miguel. É claro que ele vai continuar me amando.

 _ É verdade.

 _ Mas a questão é: quem vai ser o meu advogado...

 Pensamos...

 _ Miguel!_ Falamos juntas.

 _ Como não pensei nisso antes?

 _ Ele não trabalha muito como advogado, mas parece ser bom.

 _ Tomara que esteja certa. E eu confio no meu marido. Vamos? Eles estão esperando sua resposta.

 _ Ta.

 Voltamos até o escritório. Estávamos esperando que eles não tivessem escutado nada. Sentamos nas cadeiras que nos correspondiam.

 _ E então?_ Aurora perguntou estalando os dedos.

 _ Eu conversei com a minha consciência_ Ela olhou para mim e riu_ e decidi que seria melhor te segurar comigo por mais tempo.

 _ Então na segunda?_ Juliano perguntou.

 _ Me deixe terminar. Então... Mas eu vou preferir na sexta para acabar com esse sofrimento.

 _ Então posso marcar para sexta?_ Juliano se levantou.

 _ Sim.

 _ Então até sexta.

 _ Até sexta._ Apertaram as mãos.

 Aurora e Juliano foram embora. Miranda e eu fomos até o quarto dos bebês buscá -los.

 _ Ai, Serginho... A mamãe está com tanta vontade de apresentar o seu irmãozinho para você..._ Ela colocou Sérgio bem perto de sua barriga_ E o seu Papai vai estar aqui conosco para ver esse milagre acontecer mais uma vez...

 Sexta -feira chegou. Foi um sacrifício convencer Miguel a ser o advogado de Miranda, mas ele aceitou.

 Acordamos cedo para estarmos prontos na hora certa. Combinamos de estarmos todos prontos na sala de casa cerca de uma hora antes do julgamento. Eu sei que não era tecnicamente um julgamento, mas resolvemos chamá -lo assim.

 Fomos até o fórum. Juliano já estava lá, acompanhado por Aurora.

 A Sessão demorou bastante. Para quem estava do lado de fora, como eu, demorou uma eternidade. 

 Depois de muita discussão, nada havia se resolvido e Juliano usou sua última arma:

 _ Senhor juiz, já que não entramos em um acordo, eu tenho medo do que a Miranda pode tentar fazer para me prender a ela. Por isso, gostaria de pedir a guarda do meu filho, o menor Sérgio Soares Martins.