História A.A. (Sasusaku) - Cabelos Cor-de-rosa

Era mais um dia comum na delegacia onde Sasuke trabalhava, sua sala estava escura e silenciosa, apenas o barulho lento de um ventilador de teto, as janelas e portas fechadas mal permitiam que os sons da rua ou dos colegas de trabalho o perturbassem.

Não que os casos em que estava trabalhando não fossem capazes de tirar o seu sossêgo, mas nesse momento algo muito mais importante estava o tirando do sério. Onde já se viu um homem do meu tamanho, ficar ansioso por um encontro? Tsc...

Tentava desesperadamente se concentrar no arquivo do último caso em que estava trabalhando no dia, mas era em vão. Soltou a caneta sobre a mesa e passou a mão nos cabelos desalinhando todos os fios, negros como a noite, em desespero. Suspirou e fechou os olhos. Aquela voz encheu seus ouvidos. Seu tom, sua risada. Todos os pelos de sua nuca se arrepiaram. Queria muito conhecê-la, mas estava nervoso com a possibilidade de passar por tudo aquilo de novo.

Precisava dar um rosto aquela doce voz, que estava em sua cabeça desde a noite passada. Mas não queria ver aquele olhar mais uma vez. Não sabia se poderia suportar. Respirou fundo recolhendo a caneta e tentando mais uma vez se concentrar. Quando ouviu uma batida em sua porta.

- Entre. - Falou seco, já imaginando de quem se tratava, e sua paciência já dava sinais de que o iria abandonar muito cedo naquele dia.

Quando viu a cabeleira loira atravessar a porta, teve suas suspeitas confirmadas.

Naruto passou pela porta entrando como um furacão, já soltando mil palavras em uma velocidade que seria considerada difícil de assossiar para algumas pessoas.

Depois do incidente ele ficou pior. Tenho certeza.

Naruto falava sobre o relatório que recebera sobre o suspeito que estavam investigando a semanas, depositando uma pasta em cima da mesa de Sasuke, que não poderia estar mais desinteressado sobre o caso.

O loiro se virou pra sair, para o alívio do detetive, que geralmente não tinha tanta sorte em voltar a ficar sozinho quando se tratava do Uzumaki. Mas quando este chegou a porta, parou se lembrando de algo.

- Já ia me esquecendo, hoje a noite, cerveja no clube com os caras, todos vão. Sai, Nara e parece que até o chato do Hyuga vai aparecer por lá. Você vai também, dessa vez não aceito desculpa cara.

- Hoje não vai dar. Tenho compromisso.

- Qual é Sasuke, você sempre fala isso, quando eu sei que na verdade você vai pra casa tomar cerveja sozinho e ficar sentindo pena de si mesmo.

- Não é nada disso. - Apesar das patentes, e de todo estresse que causava, Naruto era seu melhor amigo, e o conhecia melhor que ninguém. Era difícil mentir para o loiro, e esconder algo dele seria impossível.

- Ok, e que compromisso é esse? - O loiro já arqueava uma das sobrancelhas descrente.

Derrotado e, ao mesmo tempo desesperado, Sasuke não viu outra solução a não ser falar a verdade.

- Tenho um encontro hoje a noite. - Falou baixo e emburrado, para tentar disfarçar sua ansiedade.

Naruto parou no meio da porta, estático. Olhou para um lado e para outro no corredor do lado de fora, entrou fechando a porta atrás de si. É agora que ele não vai embora mesmo. Droga!

- De verdade? Não está falando isso só pra não ir pro bar com a gente? - Seus olhos se apertavam em suspeita, estudando a cara do moreno, que começava a suar.

- Sim cara eu tenho um encontro de verdade, com uma mulher de verdade, algum problema com isso? Adeus paciência!

Compreendendo mais que ninguém a situação do amigo, Naruto puxou a cadeira e se sentou, preocupado.

- Quem é ela? Onde você a conheceu? Ela é bonita? Loira ou morena? Peitos? - Naruto metralhava perguntas fazendo um sinal com suas mãos em frente ao corpo como se ele mesmo tivesse seios.

Sasuke revirou os olhos impaciente. Idiota. - O nome dela é Sakura e eu não a conheço, só sei que tem os cabelos cor-de-rosa, e não sei o tamanho dos peitos dela seu idiota. Tsc.

- Cara, você vai num encontro as cegas? Tem certeza que isso vai dar certo? - Seu tom agora era de preocupação. Sabia que Sasuke não lidava bem com a primeira impressão que as pessoas tinham quando o conheciam.

Sasuke suspirou fundo, e contou ao amigo como tinha "conhecido" Sakura. E como sua amiga intrometida teve mais coragem que ele pra marcar um encontro para os dois. Como ele tinha medo de sua reação quando o visse pela primeira vez, mas ao mesmo tempo desejava loucamente conhecê-la de verdade. O quanto tinha gostado de conversar com ela, sem ao menos ver as horas passarem...

- Cara, você tá fudido. Você nem viu ela e fala como um cara apaixonado. - Naruto balança a cabeça indignado. - Que horas é o encontro?

- As oito.

- Já que é assim, boa sorte companheiro. Espero que ela seja muito bonita. E que você tenha uma boa foda hoje a noite, que é pra ver se assim você para de ser tão cuzão. - Naruto falou caindo na gargalhada.

A caneta que estava na mão de Sasuke passou voando ao lado do ouvido do loiro que desviou por um tris.

Sorte que não peguei o grampeador.

- Precisa de ajuda no seu encontro cara? O Uzumaki falou se levantando e indo mais um vez até a porta.

- Preciso que você volte a trabalhar e me deixe em paz. - Falou já arremessando o grampeador, que fez o Uzumaki fechar a porta e sair correndo.

Fechou os olhos suspirando, tentando recuperar a paciência perdida. E dessa vez no lugar da doce voz, um barulho enorme de batida invadiu sua mente.

***

- Sasuke, acho que eles descobriram que eu sou policial, eles vão me matar.

- Calma Naruto, me fala onde você está?

- ...

- Naruto? Naruto, responde caralho!

- ...

Droga o sinal ficou vermelho.

Boom!

***

Não importava quanto tempo havia passado, Naruto continuava se sentindo culpado. Tsc.

Acordando de seus devaneios e tentando se concentrar no trabalho, sem muito sucesso, percebeu que já eram 19:30. Merda!

Saiu em disparada do escritório. Queria ir em casa tomar um banho antes de se encontrar com ela. Ia ter que dar tempo.

Dentro de meia hora, chegava ao Bistrô, estava ansioso demais nervoso demais, travado em frente a porta, não sabia se entrava ou se ía embora. Talvez ele devesse ir para o bar, encontrar os caras e ficar bêbado. Talvez devesse voltar pra casa e permanecer na sua tentativa de se isolar de todo o mundo. Mas talvez... Só talvez, ele encontrasse a felicidade do outro lado da porta.

Porta esta que se abriu quando um dos clientes saiu, dando a ele o vislumbre de uma mulher de cabelos rosados e lisos. Era alta, linda e sorria animada com alguma coisa que via no celular. Trajava um vestido branco estampado com pequenas flores. Que permitia ver o seu corpo perfeito. Ela era perfeita.

A mais perfeita mulher que já havia visto.

Porra!

Quando a porta do bistrô se fechou em sua cara ele deu meia volta e foi embora.