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História Abstinence - Bad At Love


Escrita por: repxtation

Notas do Autor


Nome do capítulo: Ruim no amor

Capítulo 56 - Bad At Love


Fanfic / Fanfiction Abstinence - Bad At Love

Detroit, Michigan.

POINT OF VIEW JUSTIN BIEBER

Sentei no sofá, encarando o seu vestido de noiva no chão, o branco não existia mais, em nenhum lugar. Ele estava coberto de sangue. Eu conseguia ver melhor cada bordado seu quando me aproximei, era longo e cheio. Deveria ter mais de dez camadas, apertei meus olhos, sentindo uma lágrima escorrer ao imaginá-la nele. Eu havia estragado tudo com Julieta, mais uma vez. Conseguia imaginar ela caminhando em minha direção enquanto eu aguardava no altar, tão linda e parecendo tão radiante e toda imaginação escorreu por meus dedos facilmente como areia entre os pés.

Uma das empregadas entrou, olhando assustada e suspirei, sentindo meu peito doer. Conseguia sentir o seu olhar decepcionado em minha direção. Eu havia decepcionado as pessoas que mais amava, as pessoas que me viam como herói mesmo eu sendo o vilão. Julieta e Tristan sempre estiveram ao meu lado, mesmo que eu não merecesse e tudo que fiz foi os magoar da primeira.

— Mande para a lavanderia, por favor. – As palavras saíram cruelmente dos meus lábios, como se tudo doesse. Ela assentiu, se afastando. Subi as escadas, entrando no corredor e parei em frente à porta do quarto do meu filho. Respirei fundo, girando a maçaneta e entrei sem fazer qualquer barulho. Ele dormia tranquilamente, como se alguns minutos atrás eu não tivesse mostrado meu pior lado.

Agachei-me ao lado da cama, acariciando seus cabelos dourados. Tristan, desde o primeiro dia em que o vi, trouxe um sentido para viver quando Julieta partiu. Ele era um garoto adorável, inteligente e amoroso. Ele era tudo que eu nunca fui. Tristan, não importava o que fizesse, sempre me causava orgulho e eu sempre teria orgulho dele, independente de suas escolhas. Meus olhos marejaram e mesmo reprimindo algumas lágrimas, outras foram mais fortes e escorreram. Eu queria buscar uma forma de voltar no passado e nunca ter feito o que fiz, porém estava feito e eu teria que arcar com as consequências.

— Me perdoe. – Sussurrei o olhando. — Sinto muito se te decepcionei, filho. Eu te amo tanto.

Dei a volta pela cama, retirando meus sapatos e deitei ao seu lado, calmamente e Tristan se mexeu, virando em minha direção e me abraçando. Relaxei, não entendendo como eu poderia ter feito algo tão perfeito. Na minha vida, nunca pensei que conseguiria criar algo tão bonito e bom. Ele tinha os meus olhos, meu cabelo e até o sorriso, porém por dentro era completamente diferente. Mesmo não sendo sua mãe biológica, Tristan tinha mais de Julieta do que de Madison e eu. E isso me fez sorrir, quando soube que tinha um filho, pensei no quanto Julieta o amaria tanto e ela amava.

Eu não percebi que cai no sono, até acordar e vi Tristan dormindo em meus braços. Olhei a hora em seu despertador, percebendo que faltava uma hora para ele acordar. Levantei de sua cama com cuidado, ajeitando-o e voltei para o meu quarto, parando subitamente ao ver o vestido de Julieta em um cabide, na frente do closet.

Parei em sua frente e meus dedos tocaram o tecido, ele não tinha mais nenhum vestígio de sangue, era um novo vestido novamente. Dedilhei pelo bordado sorrindo ao perceber que Julieta ficaria linda nele.

— Não posso. – Sussurrei para mim. — Não posso deixa-la.

Peguei meu celular no bolso da calça e disquei o número da decorada, no segundo toque ela atendeu.

— Olá, Sr. Bieber. Eu soube do que aconteceu, sinto muito. Já cancelamos os preparativos.

— Não. Não cancelei, continuem.

— Mas e...

— Não aconteceu nada. – Respondi encarando o seu vestido de noiva. — Apenas aconteceu uma briga e resolvemos tudo.

— Então terá casamento?

— Sim, o casamento continua. Porém quero que seja uma surpresa para a minha noiva.

— Primeira vez que vejo isso, nunca um noivo planejou o casamento. É lindo, Sr. Bieber.

— Eu sei, quero tudo extremamente bonito. Quero que seja o dia mais feliz da vida da minha mulher.

— Pode deixar.

— E, quero que liste o nome dos melhores estilistas que tiver. O vestido de Julieta será feito unicamente á ela.

— Céus, isso é lindo. Mando à tarde, sua noiva é uma mulher de sorte.

— Não, eu é quem sou. O vestido também será surpresa, ela verá no dia. Junto da joia.

— Que joia?

— Não sei se minha noiva lhe contou, mas quando ela fez 18 anos, eu dei uma coroa de esmeraldas com diamantes para ela. No nosso casamento darei outra. – Ouço a mulher de o outro lado engasgar e franzo o cenho.

Ela nunca me disse isso.

— Agora sabe. E não se esqueça: Surpresa. – Encerrei a ligação.  Eu mostraria para Julieta que ela poderia me perdoar, eu nunca desistiria dela, nem que isso seja a última coisa que eu faça.

Dois meses depois…

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

— CHEGA! – Gritei, respirando fundo em seguida e ajeitei meus cabelos, ficando de costas e fechando meus olhos, tentando manter a calma. Ele não pronunciou nada, continuou em completo silêncio e agradeci mentalmente por isso.

— Eu não mandei cancelar nada do casamento, tecnicamente, tudo está funcionando. – Virei-me para ele, sem acreditar. — E nem vou, se é isso que quer saber. Eu te amo e vamos nos casar.

— Você não tinha o direito de fazer isso.

— E por quê? Que eu saiba, o casamento é para nós dois e não apenas você.

— Você consegue ver algo estável aqui, Justin? – Perguntei exausta de tanta discussão. Ele avaliava cada movimento meu, como se me estudasse antes de fazer as perguntas, eu me sentia desgastada com o tempo. Estávamos á semanas em constantes brigas, por cada mínimo detalhe ele explodia ou eu perdia a cabeça. Aquilo não estava certa e ele sabia que eu me cansaria uma hora, e essa hora, havia chegado. — Eu não aguento mais!

— O que quer dizer com isso?

— As brigas. Eu não aguento mais. Você está distante de Tristan e algo aconteceu em seu emprego, por que sempre volta irritado do galpão e desconta nele.

— Se tivesse aqui talvez isso fosse diferente.

— Não! – Neguei. — Não me culpe por suas merdas, você fez tudo isso sozinho. Você matou cinco pessoas na frente de Tristan e simplesmente chamou Kayla para te ajudar a relaxar quando eu estava com você.

— Estava? Você ainda está. Você é minha! – Ficou de pé. — E se pensa que vou permitir que fique com outro, está enganada.

— Inacreditável. – Ri. — Acha que não sei o que dizem? Você está de volta na pista, hein? Afinal, é só eu virar as costas que o velho Bieber retorna.

— Não é verdade. Eu nunca dormi ou fiquei com qualquer outra mulher desde que decidiu estabelecer a droga do tempo. – Grunhiu. — Acredite em mim.

— Posso perguntar algo? – Me aproximei, deixando apenas sua mesa entre nós. Ele assentiu. — Por que quer casar comigo? Por que quer casar se ama sua vida de solteiro?

Justin bufou, passando a mão por sua cabeça e cobriu seu rosto, respirando fundo e então ficou de pé, dando a volta e ficando tão perto de mim que nossa respiração se tornou uma só.

— Eu bebi, todos os dias desde que você se recusou a entrar nessa casa. Eu bebi, todos os dias desde que não consegue mais olhar para mim. E não é sua culpa, é minha. Eu agi errado, eu exagerei, eu fiz coisas que me arrependo e não posso voltar atrás. Eu! Ok? Eu! Desde que você se entregou para mim, tudo que mais quero é passar a vida ao seu lado. Duvide de mim, duvide da minha confiança e foda o meu orgulho, mas nunca duvide que eu te amo, nunca.

— É difícil não duvidar quando você mostra totalmente o contrário. – Dei de ombros, recolhendo minha bolsa na poltrona que estava em frente a sua mesa de escritório. — E por favor, fale com Tristan.

Eu saí daquele escritório sabendo que deixei algo de mim para trás. Suas palavras haviam mexido com cada átomo meu. Meus pés imploravam para voltar, porém o painel de controle era a minha cabeça e no momento, meu coração e ele não estavam de acordo e no momento, eu preferiria ouvir a cabeça.

Entrei em minha picape, dando a partida e olho o relógio, vendo a hora. Passo em uma cafeteria comprando um cappuccino e volto. A minha carta de uma das faculdades não havia chegado, o que era estranho, já que passou quase sete desde que Josh entregou, eu esperava deles pele menos uma rejeição escrita, mas essa era bem pior. Estacionei em frente ao colégio de Tristan e desci, caminhando para dentro e mostrando meu cartão de visitação.

— Ei! – Sentei ao seu lado, tomando um gole da minha bebida. A escola permitia que parentes pudessem ver os alunos ou almoçar durante a hora do lanche com eles. Ultimamente eu vinha fazer isso com Tristan. — Como está?

— Bem. – Deu de ombros, ele parecia cabisbaixo e eu temia ser o porquê.

— Não, não está. O que houve?

— Você não vai ser mais a minha mãe? – Ergueu o olhar e meu coração ficou pequeno, larguei o copo descartável e segurei suas mãos. — Por que eu sei que você e meu pai estão brigando, eu ouvi.

— Sinto muito por isso. Não queria que tivesse ouvido. Eu não sei como funciona as coisas como quando eu não sou casada com o seu pai e tenho qualquer vinculo biológico com você, mas eu te prometo, se quiser que eu seja sua mãe, eu sempre vou ser.

— Eu quero. Você é a minha mãe. – Sorri, o abraçando de lado.

— Então eu sou e jamais deixarei de ser. Ninguém deixa de ser mãe de alguém, não importa se for de sangue ou de coração. Tudo bem?

— Ok.

— Agora me conte, como está sendo seu dia? – Acariciei seus cabelos. — Onde está Melanie?

— Ela não venho hoje, está gripada e não estava muito a fim de ficar com os meus amigos. – Deu de ombros.

— Tristan, seu pai e eu somos adultos, vamos resolver isso da melhor maneira possível. Apenas tenha paciência. Coisas assim acontecem com muitos pais o tempo todo.

— Não quero mais ver você chorando, me deixa triste.

— Eu te amo muito, sabia? – Assentiu e fiz cócegas nele, o abraçando. — Muito, muito, muito.

— Eu também te amo, mamãe. – Meus olhos marejaram ao escuta-lo me chamar de mamãe, nunca o forcei á dizer, precisava ser no seu tempo e ouvir aquilo era simplesmente a coisa mais assustadora e linda do mundo. Sentia como se meu coração houvesse dobrado de tamanho, como se estivesse fraco e forte ao mesmo tempo. Não tinha palavras ao certo para descrever isso. Tristan não era sangue do meu sangue, mas eu não me importava nenhum um pouco, além de todo DNA, ele era o meu filho e o meu coração sabia disso, ele sabia disso e isso que importava.

[...]

Sorri entregando as cervejas para um grupo de garotas e entrei na multidão, passando com dificuldade e chego até o bar, ficando atrás do balcão e limpo o mesmo, colocando algumas bebidas que preparava na bandeja.

— Quer que eu vá desta vez? – Jason, o novo barman, perguntou.

— Não, eu preciso ir ao banheiro. Está quente demais.

— Beleza, eu tomo conta de tudo. – Agradeci e caminhei em direção ao banheiro feminino. Entrei no mesmo, lavando meu rosto e passando um pouco de água em minha nuca, respirando fundo. Eu ouvia a música abafada dentro do banheiro e entrei em uma das cabines, sentando sobre a tampa do vaso e fechei meus olhos. A minha vida estava de cabeça para baixo.

Eu não aguentava mais ficar longe de Justin, porém não conseguia esquecer que ele havia chamado Kayla para só Deus sabe. Bieber mantinha-se afastado de todos, víamos apenas quando eu passava um tempo com Tristan e sabia que isso estava fazendo mal ao nosso menino. Tudo estava indo tão bem, então de uma hora para outra explodiu pelos ares. Justin sabia que eu sempre suportaria ele ser uma bomba relógio, aquilo nunca seria um problema para mim, portanto que nossos estilhaços não ferissem nosso filho.

Nosso filho.

Você viu quem estava na festa semana passada?

— Justin gostoso Bieber. – Ouvi vozes femininas e elas estavam rindo. Os comentários sobre Bieber me embrulhava o estômago, era difícil engolir que ele estava gostando da vida de solteiro, uma ponta de ciúmes gritou em mim, mas ao invés de ficar irritada, me deixou magoada.

— Aquele cara sabe foder como ninguém.

— E finalmente está solteiro! – Comemoraram.

— Estávamos na festa de um amigo dele e então ele me chamou para a área VIP, não é Andy?

— É verdade, nem eu acreditei.

— Transamos a noite toda. – Riram e senti meu coração se partir.

Abri a porta da cabine, atraindo sua atenção e sorri para elas, a cumprimentando e sai do banheiro. Voltei para o meu serviço, tentando me distrair e esquecer o que ouvi dentro daquele banheiro. Eu tinha decidido dar um tempo, contudo eu esperava que Justin não ficasse com ninguém assim como eu. No entanto, erámos diferentes em muitas razões. Após as quatro da manhã, sai para a rua e fiquei na calçada. Traguei o cigarro, soprando a fumaça para o lado e meu celular vibrou no bolso da calça jeans, tirei o mesmo vendo o nome de Pattie brilhar nele, franzi o cenho sem entender e atendi.

— Oi, Pattie. Aconteceu algo?

— Querida... V-Você... Desculpe incomodar, estava dormindo? – Sua voz estava embargada.

— Não, não. – Afastei-me do bar. — Estou saindo do serviço, o que houve?

— Pode vir buscar Tristan?

— O que aconteceu com ele? Tristan está bem? Pattie, me diga algo, por favor.

— Ele está bem, mas não quero que veja mais uma vez seu pai brigando. Acho que Tristan ficaria melhor com você, por enquanto. Consegue fazer isso?

— Claro... Claro que sim. O que Justin fez?

— Eu não sei o que está acontecendo com o meu filho, Julieta. Talvez você possa conversar com ele? Sei que é pedir muito, mas eu não sei mais o que fazer. Por favor. – Implorou chorando e mordi meus lábios, não aguentando o seu tom angustiado.

— Converso, pode deixar.

— Tristan está te esperando, ele concorda em ficar com você.

— Tudo bem, logo estarei aí.

— Obrigado, querida.

Traguei o cigarro uma última vez, antes de pisar encima e jogar no lixo. Peguei minha bolsa dentro do bar, vendo alguns seguranças recolherem homens bêbados. Dei partida na caminhonete, dirigindo em direção à mansão de Bieber. Cheguei alguns minutos depois e entrei na casa, vendo Tristan dormindo no sofá enquanto Pattie estava ao seu lado, pensativa.

 — Oi. – Disse baixo, sentando ao seu lado e a abraçando de lado. — Vai ficar tudo bem, Pattie. Justin apenas está passando por algo difícil.

— Eu sei. – Sorriu, segurando minha mão. Ela parecia exausta. — Ele se afasta daqueles que mais ama quando está em problemas.

— Sim.

— Eu vou viajar por uns dias e Tristan ficará com você, até Justin decidir que somos sua família e não seus inimigos.

— Entendo e espero que descanse, sei que precisa. Tristan é tudo para mim, sempre cuidarei dele.

— Nem sei o que faria sem você. – Me abraçou. — Deus trouxe você para essa família.

Peguei meu filho no colo, ele dormiu com a cabeça em meu ombro e carreguei sua mala, colocando no carro e Tristan deitado no banco. Despedi-me da mãe de Justin e segui para o meu apartamento, hoje era sexta e não sabia se meu bebê estava bem para ir á escola. O deixei dormindo enquanto tomava uma xícara de café.

— Fico imaginando quantas mais vão aparecer falando de você. – Desviei o olhar. — Ela me olhou como se eu fosse apenas mais uma na sua vida.

— Mas você não é! – Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Você é minha namorada, minha quase noiva e a mulher que eu quero na minha vida.

— Quase noiva?

— Sim. – Fitou meus lábios.

— Começamos a namorar ontem. – Dei risada.

— Uma hora você será minha esposa.

— Mamãe? – Ergo a cabeça, vendo Tristan coçando os olhos, com uma carinha de sono e sorri.

— Dormiu bem? – Assentiu se aproximando. — Quer ir á escola?

— Quero. Eu gosto da escola.

— Ok. – Ele sentou-se em minha perna e encostou-se em meu peito, ainda sonolento. Ficamos em silêncio por muito tempo, quando fui preparar o seu café da manhã e depois Tristan tomou banho, trocando de roupa e ajeitando seus cadernos. — O que acha de me contar o que aconteceu?

— O papai estava bravo. Como sempre. – Suspirou pesado, amarrando seu sapato. — Eu o ouvi dizer sobre alguém chamado West e uma mulher venho na nossa casa, ela e o papai brigaram muito. Ele ficou muito irritado com ela.

— Qual é o nome dela?

— Kelly, Kelsey... – Ficou confuso e entendi quem era.

— Kayla?

— Isso! Ele disse que não queria vê-la nunca mais. – Tristan se aproximou, sussurrando. — Ou mataria ela.

— Tenho certeza que foi da boca pra fora.

— Parecia sério e eu o vi matando aqueles homens. – Desviou o olhar.

— Isso é um assunto que o seu pai vai falar com você quando for à hora, mas... – Segurei em suas mãos. — Confie nele, acredite nele, seu pai te ama mais do que qualquer coisa no mundo, entendeu?

— Eu sei. – Sorriu de canto.

— Não quero que fique pensando naquele dia, já passou. Jamais se repetirá. E sabe que pode falar comigo com qualquer coisa, estou aqui por você. – O abracei.

Deixei Tristan na escola e esperei entrar para dar partida e dirigir até o galpão. A estrada foi longa, demorou cerca de quase uma hora e meia quando estacionei em frente ao casarão e entrei, vendo alguns homens me encararem.

— Seu chefe está?

— Ele saiu, mas disse que logo voltaria. Algum problema?

— Preciso falar com ele. Posso esperar no seu escritório? – Perguntei á um dos seus seguranças.

— Você é a chefe também, faça o que quiser. – Franzi o cenho. — Palavras do Senhor Bieber.

— Obrigado. – Sorri e subi pelas escadas de metal, entrei em seu escritório e fechei a porta. Fiquei esperando, sentada na poltrona e depois de longos minutos, levantei caminhando por sua sala, mexendo em alguns livros e vendo o porta retrato que estava sobre sua mesa, meu e de Tristan, da noite em que me pediu em casamento. Joguei-me na poltrona de couro de Bieber, riscando uns papéis em branco.

Esperei por cerca de uma hora inteira, mexendo em meu celular para distrair e mandei mensagem para Justin, que não respondeu. Abri uma de suas gavetas, fechando imediatamente ao ver algumas munições de armas e puxei a terceira, mostrando alguns documentos. Retirei um envelope branco.

— Universidade Stanford. – Li o nome, relendo outras vezes para ter certeza e vi que estava aberto. Abri o papel rapidamente, sentindo minhas mãos tremerem.

“Julieta Smith, é com grande honra em dizer que você foi aceita na Universidade Stanford da Califórnia...”.

Lágrimas escorreram assim que vi que a carta de aceitação da faculdade havia chegado três meses após Josh manda-la. O ar me faltou quando levantei brutalmente da cadeira de Bieber, não entendendo como ele pôde esconder isso de mim. Justin sabia que era o meu sonho entrar na faculdade e fazer medicina, era o meu sonho! Sai de sua sala correndo, ignorando um dos seus homens me chamar e paro alguns metros longe do galpão, me sentindo perdida mesmo estando em um lugar conhecido. Eu me sentia traída, por todos esses meses Bieber escondeu que eu fui aceita na faculdade e com o tempo que passou, talvez eles nem me aceitem mais. Reli aquela carta, não conseguindo aguentar a dor em meu coração.

Sentei sobre uma pedra quando minhas pernas vacilaram. Desviei o olhar da carta, sentindo o sol bater em meu rosto e abaixei a cabeça. Eu tinha esperanças que quando voltássemos, poderíamos resolver tudo, mas Bieber sempre conseguia destruir. Ele tinha a capacidade de destruir qualquer coisa que estivesse ao seu alcance. Como eu, como os meus sonhos. Eu havia batalhado, estudando no chão do bar quando não pediam para eu atender e mesmo com a música alta, conseguia continuar estudando. Justin havia acompanhado isso, ele sabia o quanto eu queria fazer medicina.

— Julieta? – Levanto a cabeça, limpando as lágrimas que insistiam em cair e vejo Ryan me encarando. O soluço não me deixava falar e ele sentou-se ao meu lado, lendo a carta. — Então você descobriu.

— Sabia disso?

— Eu sempre sei o que Justin faz. Avisei para ele que você não gostaria, que não era o certo, mas conhece o Bieber.

— Não sei agora se queria ter conhecido. – Sussurrei e me arrependi de dizer isso.

— Tudo bem, muitos falamos isso depois de um tempo. Ele é... – Soltou um suspiro. — Um cara difícil de lidar.

— Eu sei. – Riu. — Daríamos um jeito, eu avisei para Justin centenas de vezes. Estávamos tão bem e agora eu não sei o que vai acontecer. Eu saí daquela prisão querendo mais do que tudo retomar os meus estudos, me tornar uma médica e ajudar as pessoas como ajudei lá dentro. A sensação de salvar a vida de alguém é lindo. Justin sabia disso, sabia dos meus sonhos e dois meses perto do nosso casamento, ele consegue destruir tudo. E-Eu... Eu não sei se consigo suportar, Ryan. Nunca me senti tão magoada.

— A única coisa que posso lhe dizer é que Justin te ama, Julieta. Ele é meu ruim no amor, mas te ama. E sei que ele erra e vai errar muito, Justin tem uma forma meio errada de demonstrar isso, porém ele só precisa de um empurrão. Não falo como amigo dele apenas, convivi com Bieber a minha vida inteira e ele errou com todos nós, mas muitas vezes Justin salvou nossas vidas e estamos juntos nessa. Vamos errar e muito, assim como eu, assim como você, assim como ele. É a droga da natureza humana. – Bufou e eu ri, limpando minhas lágrimas.

— Entendo que ele tenha medo que eu vá embora, mas poderíamos ter conversado.

— Bieber é impulsivo, talvez tenha uma explicação para isso e tudo mais que esteja acontecendo. Ele anda irritado e tem seus motivos. Justin, geralmente, prefere que todos o odeiam do que perder todos. Ele faz coisas por nós de um jeito torto, mas é a forma dele de amar.

— O que está acontecendo com ele?

— Isso é com ele. – Riu. — O amor, para nós quatro, pode ser estranho, Julieta. Já gostamos de alguém e saímos perdendo nessa. Eu, Christian, Justin e Charles. Todos nós já gostamos de uma pessoa e não foi como pensávamos. Pensam no dinheiro, no status, na fama, menos em nós. E Justin te encontrou, ele prometeu jamais perder você, alguém que amasse ele do jeito torto que ele é.

— Você já gostou de alguém, Butler? – Limpei minhas lágrimas.

— Claro que já, que tipo de criminoso você acha que eu sou? – Ri.

— Eu não sei.

— Uns anos atrás, eu me apaixonei por uma garota. Ela estava em uma cafeteria, lendo o livro Orgulho e Preconceito de Jane Austen, tomando cappuccino e concentrada. – Ele encarava o horizonte. — Depois a vi em uma festa, o amigo dela estava usando drogas e ela ficou irada com aquilo. Eu achei ela linda, mesmo com raiva e também achei engraçado, por que suas bochechas ficaram vermelhas e aquilo a deixou fofa.

O olhei, respirando mais rápido ao ouvir que a garota por quem Ryan se apaixonou poderia ser eu. Era um dos meus livros preferidos e eu jamais me esqueceria daquela noite, àquela noite eu conheci Justin.

— Mas ela se apaixonou por outra pessoa. – Me encarou e sorriu.

— Eu... Eu... Eu sinto muito, Ryan.

— Tudo bem, Julieta. Fiquei feliz por Justin ter encontrado a mulher mais bonita do mundo e quanto mais te conhecia, mais sabia que o meu melhor amigo se apaixonaria. Nunca competiria com Justin, você faz bem á ele, então apenas coloquei na minha cabeça que aquilo não era para mim.

— Me desculpe, eu não sabia disso. Minha intenção nunca foi magoa-la. – Sussurrei, segurando sua mão e a culpa me corroeu.

— Passou cinco anos, Julieta. Eu superei. – Deu de ombros.

— Briana. – Sussurrei o nome dela e ele me encarou confuso. Mostrei um sorrisinho o fazendo rir.

— JULIETA! – Levanto rapidamente, olhei para trás vendo Bieber correr em minha direção e fito Butler sem jeito. Ele acena, antes de se afastar.

— Por favor, me deixa em paz. – Recuo quando Justin se aproxima, ofegante. — Eu já descobri da carta.

— Eu sei, mas me deixe explicar.

— Eu estou cansada das suas explicações, Bieber. – Seu olhar mostrava arrependimento. Justin me encarava, não sabendo o que dizer e estava inquieto, seus olhos marejaram. — Tenho que ir buscar Tristan. Acabou, definitivamente.

— Não! – Me barrou, ficando em minha frente. — Não, eu posso dizer o que aconteceu? Não faz isso, por favor. Eu te amo.

— É, eu soube que você é ruim no amor. – Ri, sentindo o bolo na minha garganta. Engoli o choro, desviando dele e respiro fundo, retirando a aliança e estendendo para Justin. O mesmo não pega, por isso deixo sobre a pedra que estava sentada e caminho em direção à caminhonete, entrando e dando partida, largando a carta da faculdade no banco passageiro. Ouço seus gritos, me chamando, porém ignoro e não olho para trás.

[...]

— And I build a home, for you, for me... – Acariciei seus cabelos, chorando silenciosamente enquanto meu filho dormia. — Until it disappeared, from me, from you...

(Por que eu construí uma casa, para você, para mim. Até que desapareceu, de mim, de você...).

— And now, it’s time to leave and turn to dust…

(E agora, é hora de sair e virar pó...).

Levantei cuidadosamente, o cobrindo e dando um beijo em sua bochecha. Limpei meu rosto, respirando fundo e ajeitando meus cabelos. Encostei a porta do meu quarto, entrando na cozinho e tomo um copo d’água.

Ouço a campainha tocar e vejo o relógio da parede, percebendo que era tarde. Deixo o copo na pia e caminho pela sala, abrindo a porta e minha boca cai ao ver Bieber parado em frente. As palavras fogem de mim e perguntas simples não conseguem sair. Cruzo meus braços, ele tinha o braço encostado no batente da porta e usava a mesma roupa de hoje de manhã, estava com uma expressão nervosa e endireitou-se, se aproximando. Estava tenso, seus passos eram precisos.

— O que está fazendo? – Perguntei ao vê-lo fechar a porta. — Justin?

— Você vai me ouvir.

— Está tarde.

— Não me importo. – Olhou ao redor. — Onde está Tristan?

— Dormindo.

— Espero que eu consiga fazer silêncio. – Concordei e fiquei de pé, recuando para manter uma distância equilibrada. Eu sentia falta de Justin, de acordar ao seu lado, do seu toque, dos seus beijos e de tudo. Sentia-me inquieta estando tão perto e não o tocando.

— Não chamei Kayla por que queria transar com ela, chamei Kayla por que ela descobri que ela já foi namorada de West. – Franzi o cenho. — Aquela vadia poderia ter passado informações minhas, suas ou até de Tristan para ele. Naquele dia, em que me encontrou naquelas situações, West havia vindo em minha casa e mandando seus homens fazerem algo comigo e com qualquer um que estivesse comigo. Isso incluía Tristan. Eu fiquei furioso, cego de ódio, não poupei minha fúria naquele momento e perdi o controle. Quando tentaram o pegar, eu me tornei irracional, não conseguia ouvir nada, tudo que eu queria era matar. – Rosnou, seus olhos se tornaram negros novamente e vi quando apertou as mãos em punho. — Quando West falou que iria atrás de você, perdi os sentidos. E aí percebi, tinha matado aqueles homens e estava coberto de sangue.

— Justin, e-eu...

— Me deixe explicar. – Assenti. — Mandei entregar todos os corpos em sua casa, quando acordei do meu ódio, apenas restava os seus homens e West já não se encontrava na minha sala. Descobri semanas antes daquele dia que Kayla namorou com ele por três anos, foram noivos e ela já trabalhava como garota de programa. Descobri que alguém dentro da minha equipe passava informações e esse alguém, acho que era ela. Sumiram milhões da minha conta e tenho certeza que foi ambos.

— Ai meu Deus.

— Eu nunca chamaria outra mulher enquanto estivesse com você. Tudo que eu quero está na minha frente. – Grunhiu, me avaliando de maneira quente. — Jamais uma mulher me enlouqueceu com você, e jamais alguma vai. Você é minha e eu sou seu. Meu coração, minha alma, meu corpo, tudo. Tudo de mim ama você. Até o meu lado mais sombrio te deseja, Julieta. Você me mantem em equilíbrio e me faz querer te abraçar, mas também me faz ficar louco e querer te foder até o amanhecer. Eu te amo, doçura.

— E a carta de faculdade? Isso me magoou, Bieber. Muito.

— Fui em seu apartamento no dia em que encontrei ela. Eu li, não pude resistir e não sabia como lidaríamos com isso. Eu não tenho uma explicação para isso, me arrependi pelo o que eu fiz. Apenas estava pensando em mim, com medo de te perder, de você encontrar alguém melhor na faculdade e ver que eu sou uma bagunça total. Sei que está magoada e me perdoe, eu sinto muito.

— Entende mesmo? – Arqueei a sobrancelha.

— Não. – Ri. — Tem chances de você bater na minha cara. – Murmurou, dizendo mais para si mesmo e seu olhar desceu por minhas pernas e parou ali. Em segundos, Justin me jogou pelos ombros como um saco de batata e bati em suas costas.

— Me solta, Bieber!

— Vai acordar nosso filho. – Bateu em minha bunda e arfei.

— Vai... – Seus lábios esmagaram os meus quando Bieber me largou no sofá e ficou por cima de mim, prendendo meus pulsos com suas mãos e colocando uma perna de cada lado sobre meu corpo. Parei de lutar, entregando-me aquele beijo e lembrando-me de como senti saudades dele, do seu cheiro, do seu jeito, do seu toque. Arfei, passando meus braços ao redor do seu pescoço e me afastei, o olhando de maneira ofegante. — Nunca mais faça isso.

— Não farei.

— E minha faculdade?

— Conheço uma pessoa de Stanford, ele conseguiu uma reunião para você. Fica na Califórnia, antes de voltar para Detroit eu morava em Los Angeles, podemos morar lá e você fazer sua faculdade. – Sorri.

— Mesmo?

— Sim, bonita.

— Obrigado.

— Me agradeça rebolando gostoso para mim, baby. – Sua voz saiu grossa contra os meus lábios e ri, o beijando.

Justin tinha o dom de por alguém no topo e derrubar seu apoio, como também tinha o dom de me agarrar antes que eu me quebrasse por completo. Ele era definitivamente ruim no amor, como eu. Mas aprenderíamos juntos. Eu amava cada diferença nossa. Eu amava como tínhamos opiniões contrárias e como isso apenas deixava tudo interessante. Por que, afinal, um quebra-cabeça não se completava com peças iguais. 


Notas Finais


Continuo ou paro? Espero que tenham gostado. Foi realmente bom escrever esse capítulo, cheio de revelações, de emoções, brigas, amor e tudo que Abstinence é feito. Sim, Ryan já foi apaixonado pela Julieta. Sim, Kayla já foi noiva de um dos maiores inimigos de Justin e sim, Justin faz muita merda quando quer. Bom, o casamento será no próximo capítulo, vocês estão prontos? FINALMENTE ISSO VAI ACONTECER. Não aguentava mais esperar e terá mais uma surpresa no próximo, talvez mais de uma, mas okay. Obrigado por cada comentário, vocês me incentivam a cada dia e é uma honra escrever e compartilhar essa história com cada um. Amo todos vocês e que Deus abençoe a todos.

LINK DO GRUPO: https://chat.whatsapp.com/8WiFKLmuvFs4YBpqky2PRI
Para quem quiser me perguntar algo: https://curiouscat.me/hailsystem
Outras histórias minhas: https://www.spiritfanfiction.com/perfil/smile_bieber_/historias

Com amor, Nikolle.


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