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História Abstinence - Pardon


Escrita por: repxtation

Notas do Autor


Olá, amores. Como estão? Espero que bem! Mais um capítulo e boa leitura :)

Capítulo 46 - Pardon


Fanfic / Fanfiction Abstinence - Pardon

Detroit, Michigan.

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

Remexi meu cereal, vendo todos em completo silêncio durando o café da manhã. Olhei Henry rapidamente, notando olheiras fundas e a ressaca estampada em sua cara, me fazendo rir. A atenção de todos foi para mim e deixei meus lábios em linha reta.

— Precisa de carona? – Henry perguntou e assenti.

— Vou passar no banco e fazer minha conta, espero que não aconteça um roubo de novo. – Minha mãe engasgou com o suco.

— Roubo? – Assenti. — Você estava no dia?

— Sim, fui pagar suas contas e ver sobre a indenização, quando chegaram armados e matando algumas pessoas. Por sorte saí viva.

— E fala isso com essa naturalidade? – Arqueou a sobrancelha.

— Foi triste, Lucy. E eu só tenho a agradecer por estar viva. – Limpei meus lábios, levantando da cadeira. — Eu vi coisas quando estavam na cadeia, mulheres sendo estupradas e mortas na minha frente, da pior maneira possível. E tudo que eu pude fazer é dar assistência, mas se pudesse, mataria todos que fizeram aquilo.

— Você não é uma assassina.

— Tem razão. Eu não sou. – Dei de ombros. — Mas naquele momento eu poderia ser.

— Julieta! – Levantei as mãos em rendição.

— É a realidade, Lucy. Se estivesse na minha situação teria dito o mesmo. – Desviou o olhar. — Foi naquele momento em que percebi que podia salvar vidas, eu ajudei pessoas o máximo que pude com o pouco que eu sabia. Mas me dói saber que teve de ser daquela maneira que notei isso.

— Sinto muito que teve que passar por isso, querida. – Scott disse e sorri de canto.

— Agora... Se me derem licença, tenho um serviço para arrumar e quero ver se consigo comprar um carro, é horrível ficar pedindo seu carro ou o de Henry. – Bufei e peguei meus documentos em uma pasta, colocando minha bolsa no ombro após escovar meus dentes. Entrei no automóvel de meu irmão, pondo o cinto.

— Está tenso lá dentro.

— Ela sempre foi assim? – Perguntei para ele.

— No primeiro ano de casamento ela falava sempre de você, o tempo todo, depois não tanto e ficava chorando ás vezes. Então, digamos que talvez, ela não aceite que a Julieta dela não existe mais. – Explicou.

— Ah, existe, eu acho. Mas não como antes. – Concordou.

Henry me deixou no centro da cidade e voltou para sua escola, me prometendo que não faltaria desta vez. Andei algumas quadras, antes de achar uma lanchonete e entrar, ouvindo o som de um sino. Não estava muito cheio.

— Olá, em que posso ajudar?

— Um cappuccino, por favor. – Assentiu sorrindo e em poucos minutos me entregou. — Poderia me dizer quem é o gerente?

— Vou chama-lo. – Agradeci e uma mulher entrou, sorridente junto da que me atendeu. — Essa mulher gostaria de falar com a senhora.

— Tudo bem, Kim. Obrigada. – Disse e tomei um gole da bebida, aquecendo-me por dentro.

A cidade não estava ensolarada como nos dias anteriores, mas o tempo estava nublado e a brisa era gélida, de fazer muitos trocarem suas regatas por moletons quentes. As pontas dos meus dedos estavam geladas, mas aos poucos a bebida me aquecia e agradeci mentalmente por isso.

— O que deseja?

— Eu sou Julieta Smith. Soube que uma funcionária estava de licença e precisavam de outra, bom... Eu vim entregar meu currículo. – Abri minha pasta, retirando o papel e entregando para ela, que avaliou rapidamente.

— Entendo... Que tal conversamos a sós? – Assenti, descendo do banco e a seguindo, até um escritório, a gerente apontou para a cadeira na frente sua mesa e sentei, colocando minha mão sobre meu colo. — Como está?

— Muito e a Senhora... – Li seu nome no crachá. — Baker.

— Lisa Baker, prazer. – Estendeu a mão e apertei. — Seu currículo é muito bom para alguém que quer trabalhar em uma lanchonete. É fluente em duas línguas, concluiu cursos de culinária, notas excelentes...

— É.

— Mas foi presa? – Franziu o cenho e soltei um suspiro pesado, percebendo que não garantiria minha vaga.

— Sim, fiquei cinco anos presa por assassinato, mas saí recentemente quando comprovaram a minha inocência. – Assentiu. — Foi errado eu ter vindo, não?

— Eu não ligo para o seu passado, portanto que não destrua o nome do meu negócio. – Deu de ombros, a esperança acendeu em mim. — Porém, confesso que não é algo muito bom, isso suja todo o currículo ótimo que tem, além de não ter finalizado seu ensino médio.

Assenti, mexendo em minhas mãos.

— Vou te fazer umas perguntas e depois, quando analisar melhor, se conseguir... Eu te ligo. – Concordei, respondendo cada questão sua, tanto pessoal quanto profissional.

Peguei meu copo descartável, passando em mais alguns estabelecimentos para entregar meu currículo. Vi um homem o jogando no lixo assim que saí de sua loja, o que me desanimou completamente. Entrei no banco, procurando pelo novo gerente, me dava calafrios passar pelo mesmo local que dois homens morreram nas mãos de Bieber. O que ele fez foi imperdoável e só mostrava que ele nunca mudaria, eu me perguntava como eu conseguia ama-lo ainda.

Não demorou muito para fazer minha conta e depositar todo o 82 mil em minha conta, o cartão sairia alguns dias e seria entregue em minha casa, eu apenas precisava guardar os documentos. Sentei em um banco, perto do parque observando crianças brincando e mães conversando entre si, talvez revelando as loucuras que seus filhos faziam. Olhei na direção do campo, vendo meninos rodearam outro, ele era gordinho e tinha os olhos dourados familiares.

O empurram fortemente, fazendo cair e arqueei a sobrancelha, não entendendo. Até ver um dos meninos, talvez o maior, jogar uma lata de refrigerante no menino, acertando seu rosto e cortando. Fiquei de pé, caminhando rapidamente e os afastei.

— Ei, que droga estão fazendo? – Ficaram em silêncio. — Por que jogou isso nele?

— Ele é um idiota!

— E por que é um idiota? – Agachei-me ao lado, o ajudando a se levantar. — Sabia que o que estão fazendo é agressão física e verbal? Seus pais podem ser presos por causa disso!

Os olhares de cada um transformaram em pavor.

— Vocês não são melhores que ele por ser maior. – O abracei de lado. — Não quero ver mais nenhum de vocês fazendo isso com outra pessoa, saiam daqui antes que eu chute a bunda de vocês.

— Você não pode dizer isso! – Um deles disse. — Eu sou menor de idade.

— Ah! Mas fazer bullying e agredir alguém pode? – Ficou quieto. — Deveriam se envergonhar do que fizeram, rapazes desse tamanho agindo como crianças idiotas. Não me façam contar até três, vão!

E não precisei, reforcei meu olhar e correram na direção contrária. Ajudei o menino a caminhar para perto do banco que eu estava sentada, procurando um lenço em minha bunda e coloquei sobre o seu corte.

— Obrigado. – Sussurrou.

— Sem problemas. – Sorri. — Sou Julieta e você?

Franziu o cenho, avaliando meu rosto e vi seus olhos cheios de lágrima, aquilo partiu meu coração. Ele tinha as bochechas rosadas e rechonchudas, deveria ter cerca de sete ou oito anos, calçava uma típica roupa para jogar futebol e seus cabelos castanhos claros grudavam na testa, talvez pelo suor. Entreguei minha garrafa d’água.

— Tristan.

— Prazer Tristan. – Estendi minha mão e mesmo receoso, apertou. — Onde está sua mãe?

— Eu vim sozinho. – Desviou o olhar. — Meu pai não tem tempo para mim e minha mãe morreu.

— E-Eu sinto muito... – Respirei fundo. — Quer que eu te leve para casa?

— Acho que te conheço de algum lugar.

Ri disso.

— Talvez. – Dei de ombros. — Seu pai nunca te avisou que não pode falar com estranhos.

— Você não é uma estranha. – Arqueou a sobrancelha. — Seu nome é Julieta e você me salvou de levar uma surra.

Gargalhei.

— Ok, tem razão. – Ele bebeu minha água. — Pode confiar em mim, não faria nada de ruim para você, mas acho que precisa ir para casa, está quase anoitecendo e acho que vai chover.

— Queria comer algo.

— Estou começando achar que você fugiu de casa. – Murmurei, ficando de pé.

— Não, fugi da minha avó, é diferente. – Verifiquei seu corte, vendo que havia parado de sangrar e estendi minha mão.

— Vamos comer algo e você me explica isso.

— Não vai me envenenar ou algo assim? – Arqueei a sobrancelha, ele não era uma criança normal.

— Talvez eu vá. – Riu, revelando suas covinhas. — Mas seria desperdício de comida. Prefiro comer, conversar e te levar para casa, é um bom plano de devolução.

— É, tem razão. – Pegou na minha mão, ficando de pé.

Tristan tinha apenas oito anos de idade, morava com a avó em Detroit, mas seu pai estava em Los Angeles para tratar de negócios, não passava muito tempo com ele. E segundo o menino, sua avó o enlouquecia às vezes com tanta superproteção. Entramos em um shopping e Tristan escolheu uma mesa na praça de alimentação, entreguei para ele sua bandeja com fritas e hambúrguer, além do seu refrigerante.  Molhei minha batata no ketchup, o ouvindo falar que brigou com seu pai de manhã e saiu de casa cerca de meia dia, quando sua avó dava lições de que não podia sair. 

— Ela me trata como se eu fosse criança.

— Tristan, desculpe te decepcionar. – Bebi meu milk-shake. — Mas você é uma criança.

— Eu sei. – Bufou. Aquilo o deixou extremamente fofo, era impressionante sua semelhança com alguém que eu deveria esquecer, mas talvez fosse apenas coincidência. O filho de Justin deveria ser um bebê de poucos anos ainda.

— Deveria falar para ela pegar leve, senão essa superproteção vai te afastar dela. E sobre o seu pai... Não sei o que dizer, tente conversar com ele. Você precisa de atenção, quando está nessa fase de quase pré-adolescência.

— Por que adultos acham que tudo se resolve com conversar?

— Por que se resolve, geralmente. – Ri. — É a nossa forma de fazer as coisas.

— Ele não vai me escutar, papai nunca escuta. – Terminou de comer.

— Quanto pessimismo... – Deixei no ar. — Tente, seu pai não poderá te ignorar para sempre. Ele não é um péssimo pai, só ocupado demais e está tentando manter um futuro para você.

— Tem razão. – Sorriu. — Obrigada, Julieta.

— Deseja comer algo a mais ou podemos ir embora?

— Você tem quantos anos?

— Vou fazer 24 anos.

— Meu pai é um pouco mais velho que você. – Segurou minha mão. — Ele tem 30 anos.

— Ah, agora entendi por que é tão ranzinza. – Tristan gargalhou. — Gente adulta costuma ser assim, é a vida.

— Você é muito bonita. – Sorri.

— Obrigada. Você também é muito bonito.

— Acho que não. – Fez uma expressão triste.

— Acredite em mim, não é opinião de pais ou família, você é muito bonito. – Sorriu envergonhado. — Droga!

— O que foi?

— Eu tinha que comprar meu carro. – Disse um palavrão baixinho. — Porra!

— Que coisa feia... – Balançou a cabeça.

— Nunca repita isso. – O adverti. — Apenas quando for adulto.

— Meu pai vive falando isso. – Revirou os olhos. — Se quiser podemos ir ver seu carro, depois você me leva para casa.

Olhei para o céu, vendo que já estava de noite e fitei Tristan, pensando no quanto aquilo soava ruim.

— Sua avó vai achar que te sequestrei, melhor não. – Fomos caminhando enquanto ele me dizia em quais ruas entrar, paramos na frente da minha casa e meu coração parou quando Tristan tocou a campainha da casa de Justin, que agora era de Pattie. Isso não poderia ser verdade. Quando a porta abriu, revelou a mãe de Justin com o rosto inchado de tanto chorar e seus olhos arregalaram-se, mostrando alivio. Ela abraçou Tristan fortemente, o fazendo resmungar. Tristan não poderia ser filho de Bieber, eu achava que não, tinha apenas oito anos. Esperava que fosse um bebê, mas...

— Eu quase morri do coração! – Ela o repreendeu. — Vá tomar um banho e troque de roupa, teremos uma conversa séria depois!

— Qual é, vó? – O olhar dela o calou completamente, me fazendo rir.

— Julieta?

Sorri.

— Oi, Pattie. – A abracei rapidamente. — Eu o encontrei no centro, com alguns meninos e... Não sabia que era o seu neto.

A minha expressão ainda era de choque por mais que eu estivesse sorrindo. Tristan tinha os mesmos olhos de Justin, cada mínimo detalhe como o menino, além de ter a idade que Tristan disse que seu pai tinha. Aquilo me deixou fora de órbita por alguns segundos, até ouvir a voz de Pattie me chamar.

— Que saudades, querida! Obrigada por tudo. Quer entrar? – Neguei, mas era tarde demais, quando vi estava sentada em seu sofá comendo um pedaço de bolo. — Como está? Faz tanto tempo que não nos vimos! Puxa vida, está linda!

— Obrigada, Pattie. Você também está maravilhosa. – Sorriu envergonhada. — O tempo realmente não passa para você.

— Gentileza sua... – Riu. — Sinto muito por Tristan, espero que ele não tenha incomodado.

— Não incomodou, é um menino ótimo, conversamos e desculpe pela demora, eu não sabia que era o seu neto e além do mais, ele parecia com fome.

— É, não almoçou. – Seu sorriso sumiu. — Ele é o filho de Justin.

Desviei o olhar, vendo um porta retrato de Bieber com Tristan, parecia ser o seu aniversário e ambos sorriam, era uma imagem linda e meu coração quebrou os únicos pedaços que pareciam restar. Mesmo querendo distância de Justin, tudo sempre nos atraia de volta. Eu desejei por segundos ter sido a mãe de Tristan, ele era uma criança engraçada e linda, aqueceu meu coração em questões de segundos.

— Agora eu sei.

— Sinto muito por vocês dois. – Murmurou com uma expressão sombria. — Justin ainda te ama, Julieta.

— Ama mesmo? – Não a deixei responder. — Desculpa Pattie, mas acho que você se enganou.

— Justin é meu filho, eu nunca me enganaria. – Sorriu de canto. — Sei que está magoada, sempre pensei que fossem se casar, ainda te vejo como a minha nora.

— É...

— Desculpa, te chateei? – Neguei, tentando sorrir. — Diga-me, como está sua vida?

— Tentando. – Dei de ombros. — Estou à procura de emprego, contudo, pelo visto, ninguém quer uma ex-presidiária.

O olhar azul de Pattie iluminou-se e não entendi sua reação. Ela se aproximou, com um grande sorriso e segurou minhas mãos.

— Sei que pode parecer estranho, mas... Você precisa de emprego e acho que Tristan adorou você! – Riu. — Não gostaria de ser babá dele?

— O-O que? – Engasguei-me.

A mãe de Bieber estava esperançosa, eu via isso em seu olhar e não sabia como negar, além de que não tinha como recusar, eu precisava mesmo de um emprego.

— Não sei se Tristan gostaria de ter uma babá. – Respondi. — Ele é bem maduro para sua idade.

— Babá? – Ouço sua voz e olho para vê-lo descer as escadas, secando os cabelos e com outra roupa mais confortável. — Quem seria minha babá?

— Eu. – Ergui a mão, abrindo um sorriso nervoso.

Tristan sorriu, correndo em nossa direção e jogando-se no sofá ao meu lado.

— Você é bonita e não é como as babás chatas que eu tive. Então ok, aceito.

Pattie soltou um gritinho, esperando minha resposta ansiosamente.

— Seu salário não será pequeno, juro.

— Não me preocupo com isso. É que... Justin, talvez, não vá gostar disso.

— Relaxa, meu pai não passa muito tempo em casa. Eu mal o vejo. – Deu de ombros.

— Tristan tem razão. E não seria nenhum problema para o meu filho. Quer que eu o avise?

— Não! – A parei. — Ele não precisa saber. Eu aceito.

— Fantástico! – Pattie comemorou. — Você pode ficar com Tristan das sete até as cinco, depois à noite eu tomo conta.

— Tudo bem.

— Venha aqui amanhã, iremos organizar tudo. – Fiquei de pé, recolhendo minha bolsa e sinto seus braços me rodearem. — Você é um anjo, querida. Obrigada por aceitar.

— Eu quem agradeço. – Sorri para ela, olhei para Tristan e o abracei. — Até amanhã, campeão.

Quando sai da casa de Pattie, pude respirar novamente e o frio fez um choque de realidade se espalhar por meu corpo aquecido. Eu era a babá do filho de Justin. Tudo que pedi foi ficar longe e tudo que ganhei foi ficar ainda mais perto.

[...]

Um mês depois...

Era estranho que quando eu queria emprego não tinha algum para me receber, porém agora eu tinha dois. De dia ficava com Tristan e a noite era garçonete no bar de Luke. Ele havia me oferecido semanas atrás e aceitei, afinal, eu não fazia nada e mesmo que tivesse dinheiro, precisaria o máximo que for para pagar o professor particular e minha futura faculdade.

— Eu acho bailes à coisa mais idiota do mundo. – Tristan resmungou, chutando uma pedrinha.

— Você acha idiota por que é idiota ou acha idiota por que não tem acompanhante? – Arqueei a sobrancelha e ele me encarou bravo, confirmando ser a segunda opção.

— Vai dar tudo certo, ainda tem tempo para chamar uma menina. Leslie! – Disse e ele fez uma careta. — Ela parece gostar de você.

— Ela vai ir com o August, um menino do último ano. Ele tem 15 anos.

— Ela tem apenas nove anos.

— Exatamente! Obrigada por me entender. – Reprimi uma risada, respeitando que sua crush era afim de um rapaz no qual era sete anos mais velho que ele. — Será que é por causa da minha aparência?

— Não tem nada de errado com a sua aparência. Talvez ela goste de rapazes mais velhos. – Estranhei dizer isso, pelo fato de se tratar de uma menina de apenas oito anos. — Ele chegou primeiro.

— Não! – Disse revoltado. — Eu dava cola para ela nas provas, ajudava a estudar, elogiava-a quando estava triste. Já até dei flores! E só por que ele é mais velho a conquistou? Isso é injustiça!

— A vida é injustiça, querido. – Segurei sua mão para atravessar a rua. — Já parou para pensar que seja mais que isso? Ele pode realmente gostar dela e ela dele.

— Você não está ajudando.

— Ok, me desculpe. – Caminhamos pela calçada de sua casa, abri a porta da mansão de Pattie, após ser recebida pelos seguranças e o ajudei a se trocar. — Nada de vídeo game, vá fazer seu dever.

— Julieta. – Fez bico.

— Tristan. – Cruzei os braços e entrou no banheiro, larguei sua mochila na poltrona do seu quarto e desci as escadas, preparando um lanche para Tristan.

Balancei os quadris, quando começou tocar em meu celular a música de Britney, Toxic, e passei a manteiga de amendoim em seu sanduiche, cortando ao meio em triângulos e colocando no prato.

Ouço a gargalhada de Tristan e viro-me, o vendo rir da minha dança. Refiz novamente, mas pior e isso o fez fazer uma expressão engraçada.

— Isso não é legal. – Ri.

— Não seja ranzinza, balance o corpinho que a mamãe deu. – Bufou e fui atrás dele, balançando seus braços.  — Vamos lá, garotão.

— With the taste your lips, I'm on a ride... – Cantarolei, movendo meus quadris e ele desceu da cadeira, pegando uma colher, me acompanhando.

— You're toxic, I'm splipping under... – Deslizou pela parede e gargalhei, perdendo o fôlego. — With the taste of a poison, I'm in paradise...

Fiz uma expressão sexy, arrancando risadas e Tristan me acompanhou na dança, ficamos de costas uma para o outro, completando o verso de cada um.

— I'm addicted to you... – Apontei para ele, dando as costas e virando para o balcão, comendo um pouco da manteiga de amendoim. E roubei sua colher, fingindo ser um microfone. — Don't you know that you're toxic?

Quando terminamos nossa dança, ele comeu seu sanduiche e sentei ao seu lado no carpete, cuidando o horário que deveria ir para o bar de Luke.

— Você é doida. – Disse Tristan. — Queria que a minha mãe tivesse sido assim.

— Sente falta dela? – Mordi um pedaço do seu lanche.

— Ás vezes, quando vou dormir. – Parou de escrever.  — Tinha vezes em que ela ficava estranha, parecia doente e eu a via entrar no meu quarto, e dizendo coisas.

— Que coisas?

— Coisas como: Eu queria ser uma mãe melhor, eu te amo. – Seu olhar pousou em mim. — Eu tenho medo de esquecer ela, por que quando tento pensar na minha mamãe, parece tão distante o rosto dela.

— Te entendo. – Pousei minha cabeça no sofá. — Meu pai morreu quando eu tinha doze anos e tenho poucas memórias dele, ás vezes esqueço como era o seu rosto e procuro ver fotos dele. Mas... Você nunca vai esquecer, sua mãe sempre estará aí.

Toquei em seu peito, apontando para o coração.

— Ela te ama muito. – Sorriu.

— Sente falta do seu papai?

— Muita. – Meus olhos marejaram. — Ele era um homem incrível, doce e muito amoroso. Ninguém é para sempre, Tristan. Todos iremos morrer um dia, mas meu pai viveu cada segundo e sei que tanto meu pai quanto sua mãe estão em um lugar melhor. Devemos viver cada segundo como ele.

— Tem razão. Obrigada, Julie. – Me abraçou fortemente. — Eu amo você.

Sorri, deixando algumas lágrimas caírem.

— Eu também te amo, champs. – Devolvi o abraço.

Quando Pattie chegou, me despedi de Tristan e corri para a minha casa, tomando um banho rápido e trocando de roupa. Coloquei uma calça jeans preta, minha bota coturno e uma regata branca, por cima um casaco de couro. Fiz um lanche, antes de me despedir de Henry e Scott, minha mãe não estava em casa e fui até o ponto de ônibus, pegando um que me deixou próximo ao bar de Luke. A música era alta quando entrei.

— Oi, doçura! – Luke me abraçou fortemente, me tirando do chão. — Como está?

— Bem e você? – Tomou um gole da cerveja. — E Heather?

— Está bem, preferiu ficar em casa hoje. – Assenti. — Não precisa se esforçar muito, descanse quando quiser.

— Obrigada. – Dei um beijo em sua bochecha e sentei atrás do bar, arrumando algumas garrafas.

Peguei a bandeja, segurando com uma mão e coloquei cinco cervejas, entregando para um grupo de casais. Não era difícil trabalhar como garçonete, porém não era a melhor coisa do mundo. Eu recebia todos os dias, menos domingo, comentários sobre meu corpo e perguntas vulgares. Eu ignorava e saia de perto, ás vezes era inevitável responder.

A música alta encheu meus ouvidos quando se passava das duas da manhã, larguei a bandeja na mesa e peguei um pano úmido, limpando o balcão e entregando um copo de vodca para uma menina. O calor fazia meu corpo incendiar, retirei minha jaqueta, colocando no armário atrás de mim e coloquei bebidas diferenciadas na bandeja, entrando na multidão enquanto pessoas iam retirando o copo.

— Ei, gostosa? Traga seu corpo aqui. – Um homem disse e passei entre as pessoas, precisando me espremer para chegar até ele e vi que tinha outros dois homens consigo.

— O que deseja?

Seu olhar vagou por meu corpo e seus amigos começaram a rir, soltando piadas maliciosas.

— Você. O que acha?

— Desculpe, isso não está na lista. – Abriu um sorriso. — Então, o que quer?

— Talvez que você me chupe. – Deu de ombros. — Isso me parece bom, acho que meus amigos vão querer também.

— Nem se você fosse o último homem do planeta. – Parou de rir. — Vai deixar de ser idiota para fazer seus amigos palhaços rirem ou vai pedir a merda da bebida?

— Vadiazinha! Você sabe quem eu sou? – Ficou de pé e bufei, abaixando a bandeja.

— E você sabe quem eu sou? – Arqueei a sobrancelha. — Olha... Eu só estou tentando fazer o meu trabalho e você não está ajudando.

— Desde quando ser vadia é trabalho? – Gargalhou e respirei fundo, tentando me controlar.

— Você deve ser aqueles homens que precisam usar a força para se sentir superiores, não é? Já que é um sem pau. – Disse e desta vez um dos seus amigos caiu da cadeira de tanto rir. Reforcei meu olhar, vendo seu rosto ficar avermelhado e sua veia do pescoço saltar de tanta raiva. — O que foi? A vadia perdeu a língua?

— Sua...

— Ouse me chamar disso novamente e eu vou mostrar com que você está falando. – Riu, desviando o olhar e passando a língua entre os lábios. Sua mão fechou em punho e ele virou em meu rosto, fazendo-me cair sobre uma mesa e quebrar. Gemi de dor, sentindo o sangue escorrer e acertei um chute em seu pênis, o fazendo cair de joelhos. Fiquei de pé, o puxando pelo colarinho da camiseta e joguei minha cabeça na direção do seu nariz, quebrando. Meu punho virou o rosto dele, fazendo cuspir sangue e sou jogada no chão.

— Seu filho da puta! – Grunhi de raiva, ao sentir um soco em meu rosto.

Pessoas se formaram ao nosso redor e troquei as posições, atingindo meu punho em seu olho. Ele tinha cerca de quase 1,80, ombros largos e forte, mas mesmo assim eu não chorei quando certou um soco em mim. Nunca mais eu deixaria alguém me derrubar, era a minha promessa quando estava na cadeia e continuaria sendo fora dela. Ele é jogado para longe de mim e sou puxada pela cintura, me debato, gritando.

— Eu vou matar essa vadia! – Ele gritou enfurecido e seu rosto é atingido com uma garrafa de cerveja, tiro meus cabelos vermelhos do rosto, vendo que Bieber havia batido nele, o homem apagou em questões de segundos.

— Nunca mais toque na minha mulher, porra! – Chutou seu rosto. — Nunca mais!

Relaxei, vendo que quem me segurava era Luke. Dei um tranco em meus braços, o fazendo me soltar.

— Eu estou bem, estou bem. – Me soltei.

— Mesmo, pequena? – Verificou meu rosto e assenti.

— Desculpe mesmo por isso, Luke. Pode descontar do meu salário.

— Relaxe, ele mereceu.

— Que porra você tinha na cabeça de entrar em uma briga? – Justin me puxou pelo braço, gritando, seus olhos estavam escuros e eu podia sentir sua raiva queimar minha pele. — Ele podia ter acabado com você!

— Eu não preciso de ninguém para me defender.

Justin riu, passando a mão pela cabeça em sinal de nervoso.

— Olhe para o seu rosto. – Balançou a cabeça, me puxando entre as pessoas que nos observava e forcei minhas pernas a conseguir acompanha-lo. Luke abriu a porta do seu escritório e deu um sorriso de boa sorte, saindo rapidamente antes que eu o chamasse. — Sente aí.

— Você não manda em mim, Bieber.

— Coloque sua bunda logo ali. – Rosnou. — Deixe de ser teimosa.

— Vá para o inferno! – Gritei.

Após a minha briga, eu sentia a adrenalina passando e a dor começando a aparecer, meu rosto latejava e sabia não deveria estar sendo boa coisa. Sentei na poltrona e Justin caiu de joelhos em minha frente, fazendo-me afastar-se.

— Não vou enfiar meu rosto nas suas coxas e te foder com a minha língua. – Grunhiu. — Por mais que eu queira.

— Não toque em mim. – Acertei um tapa em sua mão e sua mandíbula contraiu-se. — Já disse que não preciso de ajuda, principalmente a sua. Sei me cuidar muito bem.

— Claro que sabe, bonita. – Debochou e reprimi a vontade de rasgar sua garganta.

Ele molhou um gaze, segurando meu rosto com delicadeza e gemi de dor ao sentir em contato com meu hematoma.

— Droga! – Apertei com força seu ombro, fechando os olhos. — Isso dói!

— Pensasse isso antes de virar um gancho de direita em um cara.

— Já pensou em ir foder hoje?

— Todos os dias, com você. – Engoli á seco. — Todos os dias quero invadir sua casa, abrir suas pernas e te fazer gemer gostoso, querida.

— Não sabe o que diz.

Ele riu, limpando meu ferimento. Estávamos tão próximos, suas palavras haviam causado agitação em meu corpo. Meus pensamentos foram além do limite quando imaginei o que Justin disse, evitei cruzar as pernas perante a minha excitação. Sua respiração ricocheteava minha pele, por debaixo da minha mão podia sentir o calor da sua pele mesmo com a camiseta preta. Justin tinha seus olhos em mim, admirando cada detalhe e fitei sua boca, ainda lembrando-me do gosto e querendo sentir mais uma vez. Meu corpo estava tão quente que acho que ele farejava isso, pois se aproximou e sua mão cravou em meu quadril, apertando a carne e Bieber soltou um grunhindo, limpando o ferimento no canto dos meus lábios.

— Não sei se te repreendendo ou te beijo. – Sussurrou.

— De preferência nenhum dos dois. – Devolvi.

— Não sente a minha falta? – Se aproximou, ficando a poucos centímetros do meu rosto. — Nenhum um pouco? Das minhas mãos em seu corpo e como eu te deixava excitada? Não sente falta da minha boca em seu pescoço e da nossas línguas juntas? Mesmo?! Não sente falta de quando coloquei meus dedos em você e te fiz gozar tão fortemente que você pensou estar no paraíso?

Eu fiquei sem palavras, me lembrando de cada toque, de como ele me fazia enlouquecer e isso disparou meu coração. Maldito seja. Sim, fodidamente eu sentia falta e não sabia o que meu corpo estava querendo dizer, mas gritava para pular nele e atacar seus lábios tão convidativos. Abri meus lábios, fechando imediatamente.

— Por que eu sinto falta. – Encarou meus lábios. — Lembro quando dançou sensualmente e toquei em você como nenhum homem vai ser capaz de tocar. Lembro-me de ouvir seus gemidos e você dizer exatamente, que é minha.

— Eu era. – Sussurrei. — Eu era sua.

— Não, doçura. – Bieber prendeu meus lábios entre seus dentes, puxando e arfei. — Você ainda é e sempre vai ser.

Afastei-me brutalmente dele, como se o seu toque me ferisse. Fiquei de pé, caminhando para longe de Bieber e tocando meus lábios. Respirei fundo, controlando o traidor do meu coração.

— Você ainda é meu, Bieber? – Ele ficou de pé, caminhando em minha direção como um predador.

— Sempre serei, baby.

— Mas eu não. – Sorri. — Durante a prisão eu não fiquei tão triste quanto pensa, já que deixei outro homem me tocar.

Sua expressão ficou sombria e foi como se injetasse veneno em sua veia, pois seus olhos ganharam um tom escuro, ficando negro rapidamente. Ele ficou sem vida, na escuridão e pela primeira vez temi estar tão perto de Justin.

— Eu o deixei me tocar, me beijar onde você beijou, tocar onde nunca tocou e me foder, maravilhosamente. – Sussurrei. — Gemi como você jamais vai ouvir.

— Cale a boca.

— Eu me abri para ele, entreguei á ele o que guardava para você e foi incrível, me fez vir tão rápido como você jamais fez. – Mordi meus lábios, mesmo machucados. — E foi tão quente, ainda posso sentir o toque dele queimar minha pele e lembro como gritei seu nome quando ele me agarrou.

Bieber soltou um grito, vindo em minha direção e fechei meus olhos com força, quando acerta um soco ao meu lado, tão próximo e engoli á seco. Ele prendeu meu corpo na parede, bufando como um animal selvagem. Eu havia cutucado a fera e parecia que provaria das consequências.

— Desculpe te decepcionar. – Sussurrei em seu ouvido. — Você não me esperou e eu também não.

Justin foi incapaz de responder e me soltei com brutalidade, abrindo a porta e descendo os degraus rapidamente, ouvindo seus passos cavarem o chão. Despedi-me de Luke e sai do bar, agarrando minha bolsa e dando passos maiores que minhas pernas. Eu olhei para trás quando passei duas quadras, vendo que Bieber não me seguia mais e pude respirar, voltando a dar passos normais e meu coração doeu.

Eu sabia que havia sido uma vadia com ele, mas não resisti. Justin dizia que eu era sua, quando teve um filho e dormiu com muitas mulheres, ele não poderia me culpar por seguir em frente quando não me deu outra opção. As lágrimas cobriram meus olhos, causando-me um nevoeiro e tentei engolir o bolo que se formava em minha garganta, não identificando tamanha dor.

Ouço o som de um carro ao meu lado e olho, vendo que é Bieber.

— Babe... – Sua voz é mansa. — Entre no carro, está frio.

— Me deixe em paz, Justin. – Odiei que minha voz saiu sôfrega. — Por favor. Uma vez, faça o que eu digo.

— Não falarei mais nada se aceitar a minha carona. – Insistiu, sua voz me fez querer chorar ainda mais. — Me deixe cuidar de você, amor.

Abaixei a cabeça, sentindo a chuva cair em meu corpo e apertei a jaqueta ao redor do meu corpo. Apressei meus passos, meus cabelos pingando e apertei meus lábios em linha reta, deixando as lágrimas se misturarem com a chuva. Eu corria pela calçada, ouvindo seu carro ao meu lado e suas frases, que me quebravam ainda mais. Eu odiava que chegamos a essa situação. Eu sentia malditamente sua falta e isso me deixava pior. Quando apenas um amava. Meu coração gritava que ele sentia o mesmo, porém eu escutei uma vez o coração e ele me fez cair várias vezes, não podia escutar mais.

— Amor...

Soltei um soluço, parando de apertar minha jaqueta e corri, tentando enxergar pela chuva forte que caia. Ouço o som de um trovão e meu coração acelerou. As lágrimas cegaram minha vista, a dor se tornou física quanto mais eu chorava. Eu amava Justin, incondicionalmente, mas era tão difícil perdoar. Perdão. Uma palavra tão pequena. Queria correr desesperadamente para os seus braços, porém eu conhecia essa história. Eu sabia como acabava.

Em todas os contos.

Eu era a que acabava machucada.

— Julieta! Olhe para mim, baby. Deixe-me te ajudar.

— Eu te amo. – Ele disse.

Vi minha casa e abri a porta, ouvindo a voz de Justin mais uma vez e fechei com força, escorregando até o chão e sentindo a roupa grudar em meu corpo, enquanto os pingos deslizavam do meu corpo. Coloquei as mãos em meu rosto, não conseguindo evitar meus soluços. Eu estava chorando por amar Justin. Eu estava chorando por querer ele. Eu estava chorando por desejar alguém que nunca me procurou. Nem o tempo me fez esquecer que um dia meu coração pertenceu a Justin Bieber.

E que, talvez, tudo de mim sempre pertencerá a ele.

 


Notas Finais


Continuo ou paro? O que acharam? Espero que tenham gostado. Obrigada por cada lindo comentário, mesmo eu não respondendo, saibam que eu leio e todos e me encanto com cada um. Obrigada pela paciência e pelo apoio. Me digam o que acharam, o que posso melhorar... Eu amo vocês. Deus abençoe a todos.

LINK DO GRUPO (Eu dou alguns spoilers através dele): https://chat.whatsapp.com/8WiFKLmuvFs4YBpqky2PRI
Quem quiser me fazer perguntas (Tanto pessoais como da história): https://curiouscat.me/hailsystem

Com amor, Nikolle.


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