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História Abuse Me - O rastejar de um anêmico


Escrita por: LoboBebado

Capítulo 3 - O rastejar de um anêmico


      Atrevi-me à sorrir desacreditado.Definitivamente o destino estava à testar-me.
Girei meus calcanhares e caminhei rumoroso até a poltrona ocupada pelo mais velho.Era-me uma grande surpresa ter a ocasional visita de um amigo tão distante ao meu âmbito de trabalho.Torci meus lábios com determinado pensamento,era óbvio que o moreno não estava li por minha causa.Meu local de trabalho era um local deveras renomado,e,a roupagem do maior provara sua condição social.
O esboçar nostálgico abrira um enorme vácuo em minha mente vaga,a melodia abafada era substituída pelos ruídos suscitados por aqueles naquela sala.
Vi-me preso aos olhos apertados de Sung Joo,e,ao descontinuar os passo,quando rente ao corpo sentado,pus-me à sorrir amarelo.Pouco me faltou para notar que o mesmo também estava num soro peculiar,estopim para um contínuo crescimento de uma curiosidade já desmedida.
Sorri soprado ao assistir os globos rolarem por todo o meu corpo,como se estivesse a fazer uma anatomia almejada.O fio de reminiscência ainda me era vívido,e agora,pulsava como nunca antes.Minhas íris correram,não pelo corpo despojado sobre o couro colorido,mas sim sobre o soro qual o maior ingeria.

—Uma noite agitada?. —Questionei simplista,prensando a cesta de plástico sobre o tronco,enquanto apertava cuidadosamente a grande bolsa de soro contra os dedos da canhota.

—Uma bebedeira digna. —Seu tom era brincalhão;sua risada soprada continuara com si.

Finquei os dentes superiores ao lábio inferior,atrevendo-me à esboçar um sorriso pequeno,sobretudo,forçado.

—Uma boa festa,diga-se de passagem?. —Interpelei atrevido.Agora,mirava-o petulante,tendo uma das sobrancelhas arqueadas.

—Hmmm.. —Ponderou elevando sua visão.Uma despedida de solteiro,diga-se de passagem.

Ambos talvez não desejássemos entrar em detalhes,eu menos ainda.Senti uma não desejada calmaria tomar meu peito,tudo aquilo seria uma exorbitante frustração?.Por Deus!.Eu era alguém casado!.

 Sorri uma vez mais,a fim de abanar todo aquele clima indesejado que subira junto à sua resposta.

—Bom,seu soro já está quase no fim.Só mais alguns minutos e você estará livre dessa,maravilhosamente,confortável poltrona. —Brinquei desejando desabar.

Eu estava em trabalho,não podia simplesmente cuspir meus assuntos pessoais para àqueles quais conheciam-me apenas por crachá.
Senti-me inundar por dentro,mas afinal,o que era aquilo tudo?.
 Ascendi ao ter o privilégio de contemplar os lábios retorcerem-se em um novo sorriso,só assim tive a certeza de que,mas sortudo que eu,por poder reencontrá-lo,era sua suposta esposa,qual desfrutaria de toda a sublimidade e ternura que compusera o,tão benévolo,Sung Joo.
 Apertei a cesta contra mim um pouco mais,para que,só assim,pudesse tentar iniciar uma partida;esta que não me fora concedida.

—Não aja como se não me conhecesse,Seung Yeon. —Seu timbre ainda brincalhão desencadeara uma transcendência de múltiplos sentimentos.
Sung Joo sorrira,Sung Joo apertava-me o pulso,fazendo-me,assim,rodar nos calcanhares novamente. —Eu sei de seu nome todo,e,sobretudo,aonde moras.. —Fuzilou-me oblíquo.

Contive-me para não gargalhar,sua coragem era extrema ao ponto de fazê-lo remoer até mesmos as infantis ameaças à uma possível quebra de promessa.

—Não sei se aqui é um bom lugar para conversarmos,além do que,eu preciso trabalhar e você necessita de descanso. Justifiquei vendo o outro tentar gesticular,quando sonido nenhum deixava seus lábios,apenas suas mãos balançavam-se repetidas vezes.
Foram duas longas horas de descanso.Minha língua está entorpecida!.Articulou por fim.


 Sentei-me à um dos degraus que faziam parte da curta escadaria que levava à entrada do hospital.Ora ou outra pegava-me olhando para trás;meus dígitos tremiam,eu não negava notório temor.

—Sabe que isto pode custar meu emprego,certo?.Indaguei vendo-o sorrir novamente.Definitivamente seu espírito zombeteiro não fora apagado.

—Seria ótimo.Sem emprego,sem tempo tomado;sem tempo tomado,significa mais tempo para divertir-se.Logo,seriam infinitos minutos ao meu lado,em qualquer festa que você quisesse estar.Garanto-lhe,até em uma beneficente. Rolei os olhos não contendo um verídico sorriso.

Tão fácil como pensas..Irônico vir de você.Voltei a arquear uma das sobrancelhas.

—Irônico é um juiz atravessar as portas do primeiro hospital à vista,com suspeitas de um possível coma alcoólico. —Expandi meus olhos em puro espanto.

A mais velho parecia levar tudo numa módica brincadeira.De sobrolho arqueado e sorriso ladino,Sung Joo avizinhou-se de mim por meio de movimentos furtivos,não perceptíveis.

—Surpreso?. —Tombara sua cabeça para o lado.Estava ele ainda não sóbrio ou apenas a brincar comigo?.

—Em reencontrá-lo,devo admitir. —Segredei simplista,não vendo mal algum numa amistosa aproximação.

—Eu prometi-lhe que retornaria,certo?. —Fora minha vez de tombar,não a cabeça,mas sim o coração. —Eu não me distanciei por escolha,Seung Yeon. —Seu timbre extasiante camuflara a rouquidão de maneira ostensiva.

—Seung. —Forcei um distanciamento,contragosto. —Apenas Seung,por favor. —Pedi no intuito de findar todo o clima que o moreno criara.

Eu não tinha ciência de que as palavras eram sinceras.E,por mais que o maior não costumasse ser tirano,toda aquela aproximação era digna de estranheza.
Me doía cogitar em retomar os assuntos passados,retornar ao exato momento qual fui deixado pelo mesmo.
Colei as pálpebras em um profundo ponderar.E,em conjunto à um longo suspiro,levantei-me sem rodeios.

—É difícil acreditar que não somos nós à nos pendurar naquele duvidoso playground. A rouquidão retorna,meus olhos se abriram.

—É inusitado assistir à todas aquelas pequeninas crianças,e não avistar quaisquer uma delas perderem-se de seu responsável,despencar do brinquedo ferroso,entrar em desespero por um exíguo corte-

—Ser consolado aos risos por um amigo que mais lhe assustava do que lhe ajudava. —Interrompi-o absorto.

O silêncio pairou sobre nossas cabeças.Meus dedos compelidos contra a pele das mãos demonstravam,sem de fato evidenciar,meu desconforto diante toda a situação.

—Eu sempre ajudei-o à levantar-se.

—Mas jamais me auxiliou em uma devida recuperação.

Engoli um rosnado.O timbre alheio era calmo;como tão calmo perante a determinado assunto?.

—Você jamais precisara de mim.Sempre tão independente.

—Eu preciso de você.

Eu queimava por dentro.A simplicidade ilusória em minhas palavras cooperava para um deterioramento de uma alma já gasta.Mordiscava meus lábios,tendo meus olhos cansados colados à cena familiar que era todos aqueles pequeninos e desconhecidos seres à pendurarem-se sobre as barras de ferro de um brinquedo antigo e pouco divertido.

—Se sou tão autônomo,por que levantou-me em todas minhas costumeiras quedas?. —Complementei após longos minutos de puro e maçante silêncio.

A quietude do outro gerou-me um suspiro fadigoso.

—Foi o que pensei. —Comentei em toda minha seriedade.
Não que me fosse uma deixa,contudo,eu precisava mesmo voltar ao trabalho.Virei-me em direção à entrada e afastei-me gradativamente do maior,que permanecera introvertido em uma cena provavelmente pouco presenciada em sua hipotética vida corrida.

—Para marcar um espaço em sua longa linha do tempo. —Pousei minha canhota sobre a maçaneta de vidro. —Nunca quis ser lembrado como aquele guri que lhe dava “bom dia”,”boa tarde” e “boa noite”.Não vi outra escolha a não ser ajudar-lhe sem que,de fato,necessitasse de ajuda;fora a única forma de promover um marco em sua vida de tamanha autonomia.

Rangi os dentes,e cogitei sim em socar-lhe a face.Entretanto,apenas voltei ao interior gélido da clínica particular.Deixando para trás não só uma casca orgânica,como um passado apagado,ou pelo menos almejado à ser.

 Não vi quando o mais velho deixara o local,e tampouco me importava.
  Eu estaria à mentir se dissesse que minha atitude infantil não viera à tona horas depois,martelando-me,machucando-me.
 Sung Joo,assim como eu,era um homem.Detinha seus princípios,sua história,sua respectiva classe social;ele possuía,mais que tudo,uma vida.Sung Joo não era obrigado à me parabenizar por um casamento não ponderado,além do que,eu mal sabia se este admitira tal conjúgio ou não.Porém,sua ausência fora algo extremamente questionável,era o que mais causava-me ira,era o pivô de parte de minha cólera.
 Fora um dia de demasiada afasia.E,mesmo que este passara-se diante meus olhos,eu estava à contar nos dedos os minutos restantes para fugir daquele lugar, como nunca antes.
 A viagem até minha a residência foi marcada por uma desmedida calmaria.Atravessei a porta desejando afogar-me nas águas rasas de uma banheira,pois lutava contra a ideia de ser imergido por um copo de bebida.
Lancei minha mochila contra o sofá e alarmei-me ao vislumbrar Yibo,que,sentado à mesa,parecia ter sua atenção voltada apenas para a tela de seu laptop;aquilo já não me era nenhuma surpresa.

 Em passos lentos encaminhei-me à cozinha,e,dispensando qualquer espavento,nenhuma palavra sequer fora trocada entre mim e o chinês aloirado.Arrastei-me até a pia,a fim de jogar o alumínio responsável por conservar o iogurte fora.Ao meter a colher no produto opaco,eis que me surge um impasse.

—Eu sugeria um salada.Por isto está tão mais carnudo. —Tudo o que fiz fora repensar todas as ações até chegar ali.Mirei por longos minutos o conteúdo espesso,posteriormente o jogando contra o interior da lixeira.
Os comentários de Yibo deixara-me completamente sem apetite,por mais que eu não houvesse posto qualquer alimento na boca.
Rastejei até as escadas,quase engatinhando os degraus.Tinha ciência de que poderia desmaiar à qualquer instante,porém tal fato pouco importavara-me.
 Um dia recheado para uma alma fraca.Eu só ansiava retornar à murmurar minha maldita escolha sobre os lençóis frios,talvez até espalmar o vácuo outrora preenchido.
 



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