História Accident Purikura - Capítulo 20

 

Cho KyuHyun beirava o desespero.

 

Não que fosse difícil explicar a situação à seus pais. Mas pensar que o orgulho pelo garoto de ouro deles, que começara desde seu primeiro ano de vida, poderia ir para o lixo, o enlouquecia.

 

Era difícil sustentar sua família quando a própria, muitas vezes julgava a profissão que pagava o teto da própria. Eles eram carinhosos, ternos, e sempre o acolhia de braços abertos, mas como toda família, havia suas regras, e suas tradições.

 

Um filho homossexual, poderia abala-los.

 

Cho Ahra, entendia a situação que os pais passavam, e ajudava no que podia, para dividir as despesas com seu dongsaeng. Já que possuía sua própria vida, com um belo noivo, um bom emprego, mas viveu até tarde na casa dos pais e assim conhecia eles muito bem para saber, que a sociedade moderna em que viviam, não os interessavam.

 

Suspirou ressentida. Fora difícil para ela preparar-se para contar sobre o pedido de sua mãe e seu pai, mas imaginava que era ainda mais ter que passar por aquilo.

 

– KyuHyun-ah, se quiser, eu volto para casa e conto para eles que você não está pronto para... apresenta-la – A jovem falou baixo, temendo que o irmão começasse a gritar de medo a qualquer momento.

 

SungMin acompanhava tudo em silêncio. Queria fazer inúmeras perguntas à sua... cunhada, mas sabia que seria desrespeitoso, por mais que a situação o envolvesse. Subiu seu olhar para o namorado, que até antes andava de um lado para o outro, em volta da mesa de jantar, mas que agora havia parado com a fala da irmã.

 

– Ahra, eu não vou fugir disso. Eles podem começar a me odiar... – Olhou diretamente para o menor na mesa – Mas isso envolve a pessoa que amo. Não vou deixar de apresenta-lo à eles, mesma que isso possa afasta-los.

 

– Yah! Min-ah, eu vou te dar um prêmio! Olha em quem o Cho, se tornou – Gargalhou, satisfeita, deixando o clima mais ameno. A ruiva levantou-se da cadeira, saindo em seguida para a sala. Ao acompanha-la com o olhar,  percebia que ela preparava-se para pôr-se de saída, quando a mesma apanhara sua bolsa, e seu casaco, e saíra em direção ao corredor.

 

Pôde se escutar a porta da entrada sendo aberta, e alguns segundos depois, a batida dela, como um aviso que agora, apenas a dupla encontrava-se no apartamento.

 

O casal trocou um olhar cúmplice.

 

O mais velho da dupla, também levantou-se da cadeira que ocupava, começando a retirar a louça suja, com ajuda do mais novo. O silêncio indicava para cada um deles que apesar do pânico, talvez tudo aquilo, pudesse dar certo.

 

– Kyunnie... – SungMin chamou, inquieto, enquanto concentrava-se em dar o nó novamente no avental amarelo que antes tirara para almoçar – Tem certeza que não quer recusar o pedido de seus pais? Ou até... Se quiser, eu posso... – Mordeu seu lábio inferior – Sabe... travestir-me, e––

 

– Yah! Está louco? – O maior arregalou os olhos, não esquecendo de rir, após isso. Chegou perto do menor, que havia adquirido um bico nos lábios avermelhados, não resistindo e selando o local – Posso parecer um idiota apaixonado – Riu – Apesar de ser isso. Mas... eu desistiria de tudo por você, SungMinnie. Eu vou apresentar você, à meus pais, como meu namorado. E seja qual for a resposta deles, eu continuarei a te amar, tudo bem? – Sorriu com a afirmação de cabeça do homem à sua frente – Certo, vamos arrumar essa bagunça, e porque depois não ligamos para o Hyukkie, e chamamos ele e seu amigo, para uma sessão de filme? – Perguntou.

 

Os olhos brilhando de alegria, como os de uma criança, do fotógrafo à sua frente, não deixou de também alegra-lo.

 

– Não antes de louça lavada, e casa arrumada, senhor Cho – SungMin falou divertido entregando uma vassoura, e um pano úmido, ao namorado emburrado.
 

Os dois se dispersaram, cada um para seu canto. Horas e horas, e de cômodo em cômodo, limpavam e arrumavam, organizando os móveis, jogando fora o lixo, e tirando o pó dos cantos e frestas escondidas.

 

Até chegarem no último cômodo.
 

SungMin, limpou com as costas das mãos, sua testa, onde achava-se algumas poucas gotas de suor, antes de abrir a porta, prevendo ser o quarto do mais novo.

 

Levou a mão à maçaneta, girando e abrindo ela.

 

Deu-se de cara com um aposento embora bastante sujo, hospitaleiro. O quarto apesar de ter sido pintado em um vermelho não muito claro, combinava muito bem com a luminosidade que provinha da janela. A cama de casal, com colchas brancas desorganizadas, parecia o chamar, para tirar um belo cochilo agarrado ao seu Kyunnie. A decoração com personagens – que chutava ser de algum dos jogos que não conhecia – espalhava-se por todo o quarto, o decorando de forma que fosse a cara, de KyuHyun.

 

Riu, observando em volta, encantado com a diferenciação dos outros locais no imóvel. Até finalmente chegar perto do pequeno bidê de madeira, ao lado da cama, onde além de um abajur, encontrava-se dois porta retratos. Os dois continham fotos suas.

 

Suas bochechas enrubesceram.

 

Tentou-se virar, para ir pegar os materiais necessários para a limpeza, mas foi impedido por um corpo atrás do seu.

 

– O que está vendo, mocinho? – A voz foi dita mais rouca do que o normal. Sentiu uma mão em sua coxa, apertando-a em seguida, fazendo-o arfar em resposta.

 

– Kyunnie? – Admirou o pequeno sorriso maléfico que se formava no lábios finos, de KyuHyun. Uma risada ecoou no quarto, vindo em seguida, um beijo em sua bochecha.

 

– Estou brincando. Parece que encontrou meus baús do tesouro – Gracejou passando os braços em volta do corpo do menor, encostando sua cabeça no ombro do mesmo – Vamos continuar a limpeza, huh? – Puxou-o pela mão até a entrada do quarto, buscando os produtos de limpeza.

 

Alguns minutos enquanto riam e brincavam ao mesmo tempo que trabalhavam, e o aposento, encontrava-se limpo e organizado. Exaustos caíram abraçados na cama arrumada, sorriam, e olhavam em volta orgulhosos da tarefa concluída.

 

– Kyunnie, – Chamou-o sussurrado, olhando para o mais alto que estava com seus olhos fechados, devido o cansaço – Você acha que seus pais, irão gostar de mim? – Perguntou. Havia preocupação em sua voz trêmula.

 

– Se gostarem, ou não, eu continuarei do seu lado, te amando. Certo?

 

(. . .)

 

A semana passou-se corrida, e apesar de não se falarem muito, por motivos do trabalho os ocupando, trocavam mensagens com novidades, ou com simples "eu te amo", quando continham algum misero tempo livre.

 

KyuHyun trabalhava à todo vapor, em qual área que fosse na empresa. Os seus dias eram normais, tirando os suspiros apaixonados por SungMin, ou quando recebia e respondia as mensagens do mesmo.

 

Já SungMin ao descobrir que o melhor amigo agora também namorava, ficara feliz por ele. Era uma conquista para DongHae, que sem dúvidas estava satisfeito com namoro, já que passava o dia, se não falando sobre ele, fazendo perguntas, de isso ou aquilo, sobre o caso, à SungMin,
 

As sessões fotográficas repentinamente começaram a dobrar os seus horários, ocupando assim, os dois amigos, que eram as poucas horas que paravam em casa.

 

Até chegar a sexta-feira a noite daquele resto de semana, Recebeu uma última mensagem naquela noite de KyuHyun, desejando boa noite, e falando o horário que iria passar para busca-lo para almoçar na casa de seus pais.

 

Estava nervoso. Muitíssimo nervoso. No momento invejava DongHae, que havia contado sobre sua sogra, e como havia sido muito bem recebido na família de HyukJae.
 

Repassou os contatos em sua mente, perguntando-se se ligava ou não para KyuHyun. Mas supôs que este estava dormindo, já que o gamer trabalhara arduamente a semana inteira, pelo que falava nos recados instantâneos.

 

Deslizou o dedo levemente sobre a tela sensível do aparelho celular, mirando as pessoas que estavam em sua lista telefônica. Parou ao ver o nome, Sung-Hye, na tela.

 

Desejava realmente contar à ela, que finalmente havia encontrado alguém em sua vida, desejava perguntar sobre o que fazer no dia seguinte, no almoço, e queria pedir dicas, para conquistar cada vez mais seu namorado.

 

Fora sempre seu sonho.

 

Um sonho sendo impedido pelo orgulho familiar.

 

Formou um bico, fechando os olhos em um ato fofo. Ao abrir, clicou no botão verde para mensagens, antes que desistisse da ideia.

 

Calmamente digitou na tela touchscreen, uma mensagem simples, mas que resumisse tudo.

 

Ao terminar, sem esperar para revisar, clicou no botão que enviaria seu recado.

 

Deixou o celular próximo ao seu travesseiro, e por fim fechou os olhos, sendo levado pelo sono após curtos minutos.

 

 

"Eu e KyuHyun estamos juntos. Estou feliz. Amanhã conhecerei seus pais. Estou preocupado. DongHae também está com a pessoa que ama. Cuide bem de sua saúde"

 

 

(. . .)

 

Abriu os olhos quando sentiu um peso em seu corpo. Murmurou algo impossível de se entender, até encontrar com os olhos e sorriso animado de DongHae.

 

– Hyung, hoje é o grande dia, levante, já são nove e meia – Levantou-se de cima do corpo, para começar a pular no colchão macio. Algo que sempre irritava, SungMin.

 

– Já vou levantar Hae, já vou – Reclamou sentando, esfregando os olhos com as mãos fechadas em um punho – Anda! Saia de meu quarto, já irei fazer seu café da manhã – Empurrou o maior para fora do quarto, para enfim voltar a sentar no colchão.

 

Foi até o pequeno closet separando uma muda de roupa, que agradasse não só ele mas também KyuHyun. E talvez seus pais.

 

Enfim, voltando-se para seu celular no chão, onde piscava a tela informando novas mensagens. Catou-o, e desbloqueou a tela, reclamando pela claridade do aparelho afetando sua visão.
 

"3 novas mensagens"

 

Arqueou uma das sobrancelhas. Deu-se de ombro, e clicou para ler a primeira, que dava número desconhecido.

 

"De: Número desconhecido

SungMin-ah, aqui é a Ahra, salve meu número, huh?

Preparado para hoje?

Não se sinta nervoso, yah. ㅜ ㅜ

Desejo toda a sorte do mundo, que eu puder lhe dar. ㅎ

Ah coloque uma calça bem apertada, acho que o Cho, vai gostar. ㅎㅎ"

 

Riu, e agradeceu mentalmente, por tal feito da irmã de KyuHyun.

 

Clicou para ler sua segunda mensagem.

 

"De: KyuHyun

Bom dia, Minnie-ah, dormiu bem?

Espero que sim.

Não estranhe se receber alguma ligação de Ahra.

A maldita me pediu seu número.

Até as onze. Saranghae."

 

Pensava em como era sortudo por ter KyuHyun em sua vida. Suspirou feliz, clicando enfim na terceira e última mensagem.

 

"De: Sung-Hye

Espero que tudo dê certo."

 

Tentara ignorar a mensagem, jogando o celular longe. Mesmo que houvesse começado com aquilo, não pensava que isto o afetaria tanto. Tentou ignorar o acontecido, levantando e saindo do quarto para preparar o café da manhã na casa.

 

(. . .)

 

E como falara, poucos minutos depois das onze horas, KyuHyun já encontrava-se na frente do prédio onde o namorado morava.

 

Arrumado, e com um sorriso estampado do rosto, sorriu, ao ver SungMin no mesmo estado, só que ao seus olhos, ainda mais bonito, como sempre fora.

 

O caminho passou-se silencioso, trocando poucas palavras, e muitos olhares. Uma música qualquer tocava na rádio que estava ligada, ocupando o vácuo sonoro, que não fosse vindo do carro.

 

Poucos minutos, e já percorriam em uma bairro de classe média, que SungMin ainda não conhecia. Olhava curioso para as bonitas casinhas, que normalmente seriam ocupadas por enormes prédios. KyuHyun observava tudo, com um sorriso no rosto, maravilhado – como sempre – com as atitudes fofas e infantis do companheiro.

 

Estacionou o carro próximo à uma casa pintada de amarelo, onde um pequeno mas bem cuidado jardim enfeitava a fachada do imóvel. Desligou o automóvel, e sem enrolações saiu, indo em direção à porta ao lado a do motorista. Abriu para SungMin, puxando-o para fora, e rapidamente fechando o carro.

 

– Não esqueça – Aproximou-se do rosto do mais velho – Eu te amo – Beijou-lhe a testa, para enfim puxa-lo para a entrada, tocando em seguida a campainha.