História Aceita ter um filho meu? - Eu vou te apoiar!

Capítulo VII 

Logo pela manhã decidiram sair, tomaram um café da manhã digno de um buffet de hotel e foram conhecer o pequeno vilarejo que ficava no centro da ilha, seriam apenas alguns minutos caminhando e talvez a oportunidade do jovem alfa de tentar se aproximar do rapaz de cachos que emoldurava uma expressão séria desde a noite anterior.

Por falar em noite anterior, Todoroki havia quase não dormido pensando nas palavras da única pessoa que fora capaz de lhe abrir os olhos. Como não havia se dado conta antes? Bem, ele era inexperiente em relacionamentos, nunca havia se apegado bastante a ninguém e muito menos havia cogitado a ideia de filhos com uma pessoa desconhecida. Mas era grato pelas palavras que mudariam seu futuro.

- Midoriya, conseguiu dormir bem? – a voz usualmente baixa chegou por trás lhe causando um frio no ventre e quase, muito por quase, não estremeceu.

- S-sim, a cama era muito confortável, me sinto em um hotel de luxo. – abaixou a vista, não estava conseguindo encarar o outro depois de todos os seus pensamentos egoístas da noite passada.

- Fico feliz em ouvir isso, embora não seja minha casa, é bom saber que está confortável. – pensou um pouco antes de continuar. - Sabe, ontem eu conversei um pouco com a Uraraka-san, ela é uma pessoa legal.

Na sua cabeça, Izuku já imaginava onde o mais alto queria chegar, e por talvez os motivos cogitados antes, aquele assunto o estava deixando desconfortável. Resolveu que o melhor era apoiar os seus amigos.

- Sim, ela é, fico feliz que estejam se dando bem, tenho certeza que poderão conseguir o que desejam juntos, sem mais complicações como me havia dito, se precisar de mim é só falar, ajudarei com o que precisar, afinal somos amigos. – ouviu seu nome ser chamado pelo grupo que caminhava logo a frente e essa era sua deixa para encerrar o assunto.

Sentia seu coração apertado, com as próprias palavras que tinha dito, “amigos” essa foi a mais difícil, afinal não sabia se era isso mesmo que eram. Todoroki, não se sentia diferente, foi um pouco desalentador ouvi-lo falar dessa forma sem ao menos o olhar nos olhos, no entanto já havia tomado uma decisão e se tinha algo que sua família compartilhava em comum, era o fato de nunca desistirem antes da hora.

[...]

Por algum motivo, Tenya pediu para conversar com o amigo, Izuku queria comprar algumas lembrancinhas para sua mãe e a amiga rosada, assim o grupo se dividiu, com os dois alfas indo para algum lugar, e o esverdeado sendo surpreendentemente acompanhado por Jiro, que já havia visitado a ilha e apresentaria o lugar ao ômega, segundo ela, minutos depois que soube, a mãe da moça lhe havia encomendado algumas coisas do local. Sobraram assim, Ochako e Yaoyorozu que resolveram sentar em uma pequena cafeteria.

- Você realmente está interessada em aceitar esse contrato? – a alfa foi direta, logo após seus pedidos chegarem.

- Oh, não, não aceitaria nem mesmo se o Todoroki-kun não estivesse apaixonado pelo Deku-kun. – respondeu de forma descontraída.

- Desculpa. – pediu enquanto limpava a boca de forma elegante enquanto se recuperava do quase engasgo com a resposta da outra. - Como você soube?

- A pergunta certa é: como o próprio Todoroki-kun não sabia? Não vou contar o Deku-kun, ele é... como posso dizer... dificilmente notaria. É um fato.

Experimentou um pouco da torna em seu prato e se deleitou com o creme suave de limão, ainda não entendia bem o motivo dos amigos do alfa nunca terem dito nada ao mesmo. E por isso a conversa que havia tido na tarde anterior tinha sido inicialmente tão estranha, mas estava se divertindo com tudo e isso era o suficiente por hora. Resolveu relatar o dialogo:

- Você já deve estar bem ciente de tudo, Uraraka-san... – a garota se perguntava internamente o que mais poderia ser se não o fato de que não poderiam formar o contrato. - Mas temo que não será possível prosseguir com este acordo. – bingo!

Desde o momento que colocou os pés no carro, não demorou muito para que a jovem percebesse que aquilo jamais daria certo, não que estivesse planejando aceitar, porém agora teve ainda mais certeza de que nunca aconteceria nada, não com o que havia visto.

- Sabe, Todoroki-kun, eu não sei bem o que te levou a chegar nesse ponto, mas não seria mais fácil você simplesmente tentar conquistar o Deku? – indagou pensativa.

- Conquistar? Por que eu faria isso? – que questionamento sem fundamentos essa ômega estava fazendo.

- Oras, você só precisa confessar que está apaixonado para ele e tentar conquista-lo primeiro, ter um relacionamento e tenho certeza que terão quantos filhos quiserem no futuro. O Deku é um pouquinho lento, se não falar diretamente ele nunca notará seus sentimentos. – parou de andar ao notar que o outro garoto estava literalmente congelado no lugar.

Como em um estalo, Ochako pode perceber que havia aberto uma caixinha que nem mesmo o dicromático sabia que existia dentro de si.

- Meu Deus! Você talvez seja mais lento que ele. – ria enquanto se aproximava para olhar o rosto com os olhos arregalados a sua frente.

- Isso é impossível, eu não sinto nada mais que admiração, não mentirei e direi que o meu lobo nunca se agitou perto dele, mas isso é simplesmente porque Midoriya é bonito e tem um bom aroma. – desconversou e voltou a caminhar.

- Não é o seu lobo que está tentando te dizer isso?

- Meu lobo? Mas ele nunca se manifestou com relação a isso, nem mesmo nos meus cios.

- Talvez seja porque você passou a vida inteira aprisionando e negando ele. Agora ele não pode se manter quieto com isso, afinal cada lobo só escolhe um companheiro para a vida toda, ele jamais iria deixar passar o dele sem fazer nada a respeito, ainda que você queira mentir para si mesmo. Não se preocupe, eu vou te apoiar!

- Céus! Nós não havíamos falado nada ainda, porque achávamos que ele deveria perceber sozinho. – Momo batia a mão na testa.

- Pelo que vi, seria praticamente impossível, não é mais rápido e prático ele ir diretamente atrás do que quer, sabendo exatamente o que quer? – indagou ainda sem entender os motivos alheios.

- Não é tão simples no caso do Todoroki-san, tem questões familiares envolvidas e embora nós como seus amigos queremos o ajudar, ainda sabemos que será difícil para que eles fiquem juntos. – explicou como pode sem expor demais o amigo.

- Bem, não sei de todos os detalhes, mas acho bom ele não magoar meu amigo, ele pode ser um lúpus ou rico que ainda assim enfrentará muitas pessoas caso ele faça algo que machuque o Deku-kun.

- Não creio que ela faça, na verdade, Todoroki-san é um dos alfas mais gentis que conheço e foi por isso que eu e Iida-san pensamos nessa viagem para ajuda-lo a se aproximar de Midoriya-san. – ressaltou.

- Se é assim, me considerem mais uma forte aliada.

[...]

O jovem de óculos estava inquieto e certamente aquilo não era de seu feitio, não havia como Todoroki não achar suspeita a atitude do amigo, uma vez que chama-lo para saírem somente os dois parecia demasiadamente suspeito, no entanto, vendo como o alfa um pouco mais alto que si próprio parecia travar uma luta interna, resolveu dar o tempo que fosse necessário para que este falasse. Por sorte não demorou muito e logo que chegaram a uma pequena praça onde umas poucas crianças brincavam despreocupadamente, ele se pôs a falar:

- Talvez isso pareça loucura, mas acho que a Uraraka-san possa ser minha alma gêmea. – foi direto ao ponto.

De todas as possibilidades de assuntos que poderiam vir a tratar, com absoluta certeza nunca lhe passaria na cabeça algo como isso. Tamanha foi a sua surpresa que nada saiu de sua boca, esperou assim que o outro continuasse.

- Eu na verdade não acho, tenho certeza, mas como ela parece não ter tido a mesma sensação, me pergunto se posso estar errado sobre isso. – apoio a cabeça sobre as palmas das mãos que por sua vez eram sustentadas por seus cotovelos sobre suas pernas. - Como foi com você? – ergueu um pouco o olhar para encarar o amigo.

Essa sim era uma pergunta um tanto confusa, embora soubesse parcialmente ao quê o amigo se referia, aquela estava sendo uma conversa cheia de coisas inesperadas.

- O meu caso é completamente diferente, Iida, ainda que pareça semelhante, não foi destino, foi uma escolha do meu lobo. – era a primeira vez que admitia em voz alta aquilo, sim, era, agora, plenamente consciente do que o seu lobo a um bom tempo tentava lhe dizer, porém expô-lo em palavras foi completamente distinto.

- Entendo. – o rapaz de cabelos escuros parecia pensar e Shouto se perguntou se não seria tudo mais fácil para si se caso não fossem também almas gêmeas, afinal elas sempre ficavam juntas, não é mesmo? - Sendo sincero, não sei o que fazer. – admitiu.

- Você poderia tentar falar com ela, talvez assim como você sentiu, porém não demostrou, quem sabe não seja o mesmo? – tentou ajudar.

Realmente era um possível fato, afinal ele próprio havia guardado e agido naturalmente até aquele momento, então talvez, a garota houvesse se comportado da mesma forma. Refletiu e decidiu fazer como o amigo lhe sugerira. Entretanto, ainda havia um porém:

- Mas como fica o seu caso? Afinal, por mais que saiba que não pretende ter nenhum tipo de envolvimento com a Uraraka-san, ainda assim seria uma situação no mínimo constrangedora.

- Quanto a isso, não há o que se preocupar.

O jovem lúpus relatou a conversa ocorrida no dia anterior, explicando que por mais que ela houvesse se oferecido para o ajudar, isso não impedia que Tenya tentasse qualquer relacionamento com a garota, o que visivelmente foi um alívio para o outro alfa, este que suspirou como se uma carga a menos fosse retirada de seus ombros. Agora lhe restava apenas descobrir quando abordaria o tema com a ômega, mas uma coisa ambos os amigos sabiam: Iida seria direto em suas falas.

A conversa que já parecia encerrada, foi definitivamente cortada pelo toque que indicava uma chamada no celular de Todoroki. O número de Momo na tela do aparelho provavelmente indicava que Izuku já havia voltado de suas pequenas compras e que todos deveriam se juntar, por isso não pediu licença ao outro antes que contestar:

- Todoroki-san, onde vocês estão? Precisamos voltar agora! – a voz conturbada da garota, que quase em hipótese alguma perdia a compostura, alarmou o rapaz que se limitou a um simples “estamos indo” antes de encerrar a ligação.

Andaram o mais rápido que conseguiram e de longe podiam avistar o pequeno grupo reunido; Izuku caminhava de um lado para o outro com uma cara aflita, o que fez automaticamente o meio-ruivo associar que o problema era com ele, não demorando muito a confirmar suas suspeitas.

- Deku-kun recebeu uma chamada urgente pedindo para que ele voltasse. – Ochako informou.

- Como assim? O que aconteceu? – Iida havia sido mais rápido em formular e expressar as indagações de ambos recém chegados.

- N-não sei, e-eu ... Ela me ligou e meu celular acabou a bateria antes que pudesse perguntar do quê se tratava. – a confusão de suas palavras não ajudou muito para que eles entendessem.

- Quem te ligou? Sua mãe? – dessa vez foi o lúpus que perguntou.

- Não, foi a Mina, ela parecia desesperada e eu... Eu preciso voltar, estou preocupado. – realmente era visível o quanto aquilo havia abalado o esverdeado.

- Não a tempo a perder. Vamos apenas buscar nossas coisas e partimos em seguida. Já tomei a liberdade de avisar os caseiros para que deixassem tudo pronto, espero que não se importe, Iida-san.

- De forma alguma, vamos! – ele esperava usar o resto da tarde para tentar se aproximar da moça de cabelos castanhos, porém agora não era mais essa a prioridade, no momento, precisava tentar ajudar o seu mais novo amigo. Saíram todos de forma silenciosa, sendo possível assim ouvir apenas o som de seus passos apressados. Precisavam descobrir o quanto antes o que teria acontecido.