História Aceito... Espere, o quê?! - "Necessito de você"

Para passar o tempo fiquei olhando para o meu celular, não quero pensar nem quero ver Natsu dançando com outra garota.

 

 

-Lucy? Cadê os outros? - Erza chegou perguntando, com Jellal apoiado nos seus ombros, ele já parece melhor, pelo menos está menos pálido.

 

-Estão dançando. - aponto para a pista sem olhar - Jellal, meu filho, está melhor?

 

-Sim. - senta-se pesadamente no banco, suspirando - Muito melhor. - olha para onde apontei e abre os olhos de espanto - Gray dançando? Erza, eu não estou vendo coisas, pois não?

 

-Não, nosso gelinho está tentando ao menos. - a namorada responde, ela mesma está olhando para os outros - Espera, aquela é a garçonete? - mordo a língua - Porque raio está o Natsu dançando com ela? - chuta meu pé por baixo da mesa - Que porra que você fez?

 

-Eu não fiz nada.

 

-O que você não fez então? - mordo a língua com mais força - Porque a garçonete está se esfregando no Salamander?

 

-Ela convidou ele pra dançar. - guardo o celular na bolsa que trouxe e olho para a ruiva, ela me encara séria, de braços cruzados - E ele foi.

 

-Natsu não faria isso. - Jellal argumentou - Ele não deixaria uma garota, especialmente você, sozinha. Você falou para ele ir?

 

-Mhm... - assenti e o azulado bufou abandando a cabeça - Ele queria dançar, não quis que ele não fizesse algo que ele queria fazer só para ficar me fazendo companhia.

 

-Ele queria dançar com você. - apontou como se fosse óbvio - Pensava que estavam a começar a se dar bem.

 

-E estão. - afirmou a ruiva - Por isso que ela mandou ele dançar com a outra, está em negação.

 

-Não estou em negação de nada. - rebato.

 

-Está sim, conhecemos você bem demais loira, você está começando a gostar do Natsu. - me encolho um pouco, apertando minhas mãos uma na outra - E não quer reconhecer isso.

 

-Não... Não é isso... - sussurro.

 

-Então é o quê? - sem resposta continuou - Me responda, e não minta Lucy, como você está se sentido agora? Sem Natsu do seu lado, e com uma vadia se esfregando nele na frente de todo o mundo?

 

-Eu... - aperto mais as mãos - Não gosto. Odeio. - baixo a cabeça - Eu realmente odeio...

 

-E porque acha que odeia? - encolho os ombros - Não sabe o caralho, admita, você caiu.

 

Natsu não me fez cair de propósito. O tempo que passamos juntos, o quão confortável fico perto dele, o jeito que ele me olha, como ele fala, tudo, tudo isso fez com que eu fosse caindo...

 

-Que merda... - rio um pouco, levanto a cabeça, olho o casal na minha frente e sorrio, meio sem jeito, meio envergonhada - Têm razão. Eu caí.

 

Declaro, oficialmente, a minha derrota.

 

-Lucy. - Jellal chama-me - Natsu é complicado, é meio ruim com palavras, por vezes denso, mas de uma coisa eu tenho a certeza... Ele  irá te agradecer muito se você o for salvar daquilo.

 

Ganho coragem. Viro a cabeça, para a pista de dança, e logo meu estômago revira. Aquela... Coisa está realmente se esfregando nele. Natsu não está fazendo nada na verdade, está de costas voltadas então não consigo ver a sua cara, será que ele está gostando?

 

-E se ele estiver gostando? - volto a encarar o casal - Não dá para ver a cara dele, pode ter mudado de ideias.

 

-É do nosso Natsu que estamos falando, ele deve estar se amaldiçoando por ter saído da mesa. - Erza abana a cabeça - Faça o que seu coração mandar, loira.

 

Não aguento mais este mal estar. Minha barriga doi, não do mesmo jeito que a de Jellal, doi porque aquela vadia está a tocar no Natsu, e eu não quero isso.

 

Levanto-me, com Erza e Jellal me sorrindo, orgulhosos, e caminho até à pista, lentamente, se for mais rápido tenho a sensação que cairia, não sinto as pernas.

 

Não vejo Gajeel com Levy nem Juvia com Gray, tem muito mais gente agora, não têm ninguém que eu conheça.

 

Tirando Natsu. A sua camisa branca é-me familiar, cheguei atrás dele, pelo jeito ainda não me viu. Vejo as mãos da morena passar nos braços do rosado, e logo baixei a cabeça e puxei de leve a camisa dele.

 

Ao sentir o tecido a ser puxado Natsu vira-se para mim.

 

-Luce? Que foi? - soa preocupado.

 

-Natsu... - não consigo falar, a língua não mexe.

 

-Não consigo ouvir, essa música está muito alta. - diz chegando mais perto - Fale mais alto.

 

-Eu preciso de você, Natsu. - foi o que consegui fazer com que saísse, não é o ideal mas é o melhor que consigo - Por favor... - aperto mais a sua camisa.

 

-Moça ele está dançando comigo, não foi você que falou que estava tudo bem? - levanto a cabeça para encarar a morena, está confiante, vadia.

 

-Natsu... - peço agora olhando para ele, ignorando Zoe - Por favor... - o seu olhar fica mais suave, sorri levemente e coloca a mão no meu rosto, segurando-o e acariciando-o.

 

-Não me vai deixar por essa aí, pois não? - perguntou indignada.

 

-Atenção à língua. - avisou o rosado a olhando de lado, um olhar intimidador que fez ela dar um passo para trás - Luce não é "essa aí", ela é minha esposa.

 

No momento em que ela abre a boca de espanto Natsu pega meu pulso e me puxa dali para fora.

 

Só parou quando já estávamos na rua, agora já está escuro, frio e silencioso. Ele solta o meu pulso e, de costas virada para mim, passa as mãos pelo cabelo bagunçando-o.

 

-Natsu... - chamo-o mas nada, ele apenas coloca as mãos nas ancas e olha para o nada.

 

-Não podia ter me tirado dali mais cedo? - pergunta ainda sem se virar.

 

-Desculpe...

 

E então, tão rapidamente que nem vi como, ele chegou perto de mim, fiquei de costas coladas à parede, e Natsu ficou na minha frente, perto, com as mãos apoiadas na parede, deixando a minha cabeça entre elas.

 

-Repita. - pede, está tão perto que sinto seu hálito fresco quando fala.

 

-O-O quê?

 

-O que me falou lá dentro.

 

-Eu disse... - baixo a cabeça.

 

-Olhe para mim. - neguei com a cabeça, ergueu o meu rosto com uma das suas mãos para que seus olhos pudessem manter contato com os meus - Não irei acreditar senão estiver olhando para mim.

 

Mas que... Porque tenho que olhar mesmo para ele? Estou morrendo com o calor que sinto subir à minha face.

 

-Eu disse que... - mordo o lábio, é difícil falar isso denovo, dessa vez na cara dele - Eu preciso de você... - consigo falar de uma só vez, num sussurro, meu alto de coragem foi realmente lá dentro, agora estou mais ansiosa que um gatinho bebê.

 

-Diga denovo. - pede, beijando a minha testa fazendo-me arrepiar e olha-lo surpresa.

 

-E-Eu preciso de você... - tenho alguma dificuldade a falar, estou nervosa, todo meu corpo treme.

 

-Denovo. - agora beija minha face.

 

-Eu preciso de você... - sinto-me como se estivesse flutuando.

 

-Mais uma vez. - beija o meu queixo.

 

-Preciso de você, Natsu! - quase grito em necessidade.

 

-Boa garota. - sorri satisfeito, seus olhos estão mais escuros, assim como os meus acredito, e por fim leva os seus lábios aos meus num selinho rápido - Desculpe eu ter saído do seu lado, Luce... - suspira e apoia a testa no meu ombro.

 

Sorrindo, passo os meus braços por baixo dos seus, para que o possa abraçar, afago as suas costas, puxando-o mais para mim.

 

Não tenho mais frio.

 

-Podemos ir embora? - meu pedido saí abafado por estar falando contra o seu peito.

 

-Não quer esperar os outros?

 

-Realmente não quero voltar ali para dentro. - afasto-me e encaro-o - Não é o meu ambiente.

 

-Te levo a casa. - coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, sorrindo.

 

-Não tenho a chave, Levy que trouxe. - ele ri um pouco do meu descuido, juro que não fiz de propósito.

 

-Eu vou lá buscar então. - seguro o seu pulso antes que se pudesse afastar.

 

-Não. Não me deixe sozinha. - peço e ele assente, segurando a minha mão, não o quero longe, não agora.

 

-Nunca mais. - beija o topo da minha cabeça e puxa-me pela mão - Fica lá em casa, pelo menos até Levy voltar.

 

Aceitei em silêncio e deixei Natsu me guiar pelo caminho até ao nosso prédio.

 

Nunca entrei no apartamento dos garotos, imagino que seja igual ao meu e de Levy, ainda assim estou curiosa. Um pouco receosa, acho que nunca fiquei em casa sozinha com Natsu.

 

Como pensei, o apartamento é igual ao nosso, só muda a decoração e mobília, é bem mais simples e básica comparada à nossa.

 

-Entra.

 

Ainda com a mão na sua adentro.

 

-Ainda não tinha vindo cá? - indagou ao notar o meu olhar curioso, neguei com a cabeça - Realmente, se pensar nisso eu e Gajeel é que passamos muito tempo na vossa casa.

 

-É. - rio um pouco.

 

-Aqui. - me leva até a um quarto, ao que coincide com o meu - Esse é o meu quarto. - liga o candeeiro encima do criado-mudo, é simples, uma cama, um armário, uma cômoda, uma secretária, não vejo fotos dele ou da sua família - Pode ficar aqui, eu fico esperando eles voltarem no sofá.

 

Larga a minha mão para se retirar do quarto e o meu peito aperta, procuro reestabelecer o contacto entre as nossas mãos para que o aperto desapareça.

 

-Fique comigo. - alcanço a sua mão, o aperto transformou-se agora em batimentos rápidos.

 

-Tem certeza? - assinto e agarro-me a ele, rodeando-o com os meus braços - Não vou a lado nenhum.

 

-Eu realmente odiei ver ela se esfregando em você... - confesso meio chorosa - Meu sangue nunca ferveu tanto...

 

-Então porque falou para eu ir? - abraça-me também, descansando a cabeça no topo da minha.

 

-Eu não... - enterrei mais a cabeça no seu peito - Eu não queria acreditar que estava caindo, mas Erza me abriu os olhos.

 

-E agora já acredita? - assenti e ele me apertou mais forte - Isso é bom...

 

Afasto-me e admiro o seu rosto robusto, e delicado ao mesmo tempo, pedindo:

 

-Me beije.

 

Sorrindo daquele jeito que só ele sorri, Natsu me puxou para ele e acariciou os meus lábios com os seus. Leve, doce, e gostoso, logo o carinho subiu de intensidade, se tornou mais quente e necessitado.

 

Seguro seu rosto, não deixando que se separe de mim nem pela falta de ar, seus braços passavam agora pela minha cintura, pressionando nossos corpos o mais fisicamente possível.

 

Separei os meus lábios dos seus, contra minha vontade, e respirei, estou ofegante, corada e de lábios encarnados e inchados, Natsu está igual, ainda tem os olhos verdes fixos nos meus.

 

Assim que me sinto capaz volto a tomar a sua boca com a minha, o rosado levanta-me no ar e eu enrolo as pernas à volta da sua cintura, para que pudesse ficar à sua altura. Pediu permissão com a língua, cedi-lha de imediato, tanto ele tanto eu queriamos mais.

 

Entre os beijos mordíamos os lábios um do outro, para que tivessemos tempo de respirar. Inclino a cabeça de Natsu ligeiramente para trás e beijo o seu pescoço, fazendo-o soltar resmungos roucos que eram como música para os meus ouvidos. Gosto desde lado dele em contacto com o meu, ambos carentes, desejosos um pelo outro.

 

-Cama. - digo com alguma dificuldade durante o beijo, como resposta Natsu caminha até à dita e cai de costas nela, acabo ficando sentada encima do seu quadril.

 

Com o rosado deitado passei a mão pelos botões da sua camisa, abrindo-os um a um, sendo atentamente observada em silêncio.

 

Ao abrir o último botão afasto os dois lados da camisa, para que pudesse ver todo o seu peito e quadril, é lindo, moreno, definido, podia olhar para Natsu assim, deitado, meio pelado, de cabelos bagunçados, de mãos nas minhas coxas, para o resto da noite que não iria cansar.

 

Ia começar a retirar meu vestido quando as mãos de Natsu me pararam.

 

-O que foi? - perguntei desentendida.

 

-Deite comigo. - o pedido foi feito num tom de voz tão suave e meigo que foi impossível não atender, saí de cima dele e sentei do seu lado, ele permaneceu me olhando - Deite.

 

-Foi algo que eu fiz? - saiu sem que pudesse evitar, será que estou indo depressa demais agora? Já não sei o que pensar. Ainda à pouquinho não estava pensando em nada, meu corpo agia sozinho, mas agora estou pensando demais.

 

-Não, idiota. - acaricia o meu braço enquanto nega com a cabeça - Você não fez nada de errado, Luce. Só quero que deite aqui, comigo.

 

Deitei-me a seu lado, e coloquei a cabeça no seu peito, o seu braço logo me rodeou os ombros, mantendo-me perto.

 

Definitivamente fiz algo de errado. Porque ele me pararia justo agora? Ele não queria isso? Não queriamos os dois?

 

Talvez eu tenha esquecido como seduzir e cativar um homem, faz muito tempo que estive numa situação dessas, ou será que ele não me acha gostosa? Será que não sou do agrado dele?

 

Ergui um pouco a cabeça, está de olhos fechados, parece tranquilo, o que será que vai na cabeça dele?

 

-Tem medo de mim? - pergunta de olhos cerrados.

 

-O quê? Claro que não. - nego prontamente.

 

-Então porque está tremendo?

 

Fecho o meu punho sobre o seu peito, para tentar fazer com que pare de tremer, sem muuto resultado.

 

-Porque casou comigo?

 

-Lhe falei antes, você viu em mim o que mais ninguém viu. - sorri - E porque você é bonita.

 

-O que eu vi então? - coro com o último comentário.

 

-Me viu pelo que eu sou, e não pelo que eu aparento ser. - abre, finalmente, os olhos e encara o teto - Com você eu pude ser eu mesmo, você me julgou na cara e não nas costas como os outros. Nunca me senti tão bem na minha própria pele como quando estou com você.

 

-Porque eles te julgavam?

 

-Podemos... Não falar sobre isso agora? - me encara e pede sorrindo, tristemente, assinto, não quero fazer ele se sentir desconfortável - Ainda quer que eu fique aqui? - assinto novamente - Que bom. - sorri, agora um sorriso dos dele, gentil.

 

Não sei porque me parou. Talvez tivesse notado que eu estava tremendo e achou que não era o momento para mais.

 

Não sei de muita coisa, mas sei que o conforto que senti ao fechar os olhos, rodeada pelo calor de Natsu, é a melhor sensação que me podia ser proporcionada nesse momento.

 

 

 

 

Eu gosto dele.