História Acho que Amo Meu Melhor Amigo - Quarta Noite

Mordecai ouvindo os sons vindos pela fresta da porta, abriu-a de vez e entrou no quarto bufando de raiva, somente para descobrir que não estava nada, do que ele tinha imaginado, acontecendo. Porém, o impacto alto da porta contra a parede, acordou Rigby e Steven que sonhavam ao mesmo tempo que gemiam e se moviam na direção um do outro.

O azulado procurou razões para permanecer irritado, e encontrou muitas, ao seu ver, além da cama-elástica de Rigby estar fora do lugar, ao invés de estar do outro lado do cômodo. Estava o mais próxima possível de sua cama, e em seu caminho, riscos permaneciam no chão de madeira. Também havia o fato de existir um estranho totalmente róseo deitado em sua cama.

Enquanto Mordecai observava a “joça” que o quarto não estava, talvez com alguns arranhões, – Steven não teve qualquer cuidado ao arrastar a cama-elástica de Rigby no minuto em que ele adormeceu. O inccubus queria ficar o mais próximo possível do guaxinim, somente para não ficar com saudades quando fosse dormir. E invadir o sonho dele logo em seguida.

Rigby e Steven, completamente atordoados e ainda excitados com o que tinha acabado de... Acontecer? Com o que acabaram de sonhar?

O menor levou mais tempo para entender o que estava acontecendo, enquanto que o rosado somente permaneceu deitado, tentando ajeitar o longo cabelo para ficar em um apresentável, no entanto sexy, para Rigby. Enquanto aproveitava a saciedade que sentia após um ótimo sonho como aquele, com música, beijos, e a cama até pegando fogo!! Aquele baixinho fofo era realmente alguém muito criativo... E também um gostoso, tudo de acordo com Steven, claro.

Porém, o inccubus, em suas roupas apertadas e curtas, também estava igualmente irritado com o azulado raivoso à sua frente. Tinham sido interrompidos na melhor parte, bom para o moreno.  Ele faria Rigby ficar sem andar direito por uma semana, todavia se não acontecesse em um sonho, seria, no mínimo, um mês.

Rigby, não sendo uma pessoa que normalmente acorda, do nada, às 4 da matina, nem conseguia enxergar direito, somente via que estava de frente para a porta, o que já era estranho, o que cargas d’água havia acontecido na noite anterior para esse tipo de situação bizarra acontecer? Falando em noite anterior, ou começo de madrugada, o guaxinim começou a se lembrar, de ter conhecido um demônio completamente sensual, e que ainda por cima, demonstrava interesse por ele.

Ah, cara, ele estava alucinando, só podia. Entretanto, conseguia se lembrar bastante bem de quando Mordecai foi embora para os braços de Margaret, apostava que tinham assistido um filme romântico meloso heteronormativo e tinham se beijado bastaaante. As bocas com gosto de pipoca amanteigada e refrigerante de cereja, eca. Apesar de adorar pipoca exageradamente cheia de manteiga e os refrigerantes mais açucarados possíveis, tal cena, deles se beijando horrores, o deixou enjoado e com ciúmes. Mas, parando para pensar em beijos, especificamente... Porque Rigby tinha a impressão que também, de alguma forma, havia beijado horrores no começo da noite?

E então, as imagens do que havia sonhado e acontecido em seus sonhos, voltaram, e principalmente, seu novo começo de relacionamento(??) com Steven! Felizmente, para o rosado, ele somente conseguiu se lembrar das partes finais, com o demônio por sobre ele, quase, quase mesmo, por poucos milésimos de segundo, o penetrando.

Está certo, o que diabos tinha acordado eles logo às 4 da manhã?! O guaxinim esfregou os olhos cobertos de olheiras e conseguiu enxergar uma mancha azul e alta na soleira da porta. Era Mordecai?! Impossível! Rigby achou que nunca mais veria a cara dele!! E ele meio que queria isso também, após ser interrompido no que estava fazendo com Steven... Além de um possível, ou não, início de um relacionamento entre ele e o inccubus...

Pensando mais profundamente sobre esse possível relacionamento, e esquecendo completamente o bufante e irritadiço Mordecai na porta. Procurou o inccubus pelo quarto, o encontrando facilmente deitado de lado, confortavelmente, na cama do gaio-azul. Como se já estivesse o observando há tempos, e realmente estava. Steven focou seus olhos amarelos nos de Rigby, e sorriu, fechando-os enquanto mostrava seus caninos.

O menor se lembrando de lobisomens e vampiros, com dentes tão grandes em um rosto tão bonito, acabou rindo com o contraste, se perguntando se os chupões que recebeu no ombro não era o rosado tentando beber seu sangue. Bem. Ele realmente conseguiu... Além de demônio ele também era um vampiro?!

Mordecai percebendo a intimidade entre eles, além da distância pequena demais, decidiu transmitir o que estava sentindo dentro do coraçãozinho dele. Exteriorizar a falta que Rigby fez na noite fria e dolorosa em que passou na casa da Margaret (e da Eileen)? Decidir admitir que somente estava se vangloriando por ter tentado esquecer as merdas que tinha feito? Expressar os sentimentos conflituosos – mas, nos quais, terminaram no mesmo lugar –, que sentiu na noite em que o menor se declarou para ele? Ou tentar revelar o tanto de arrependimento e remorso que sentiu, depois que palavras tão duras saíram de sua boca, e tudo que ele conseguiu fazer, foi fugir como um covarde, com as penas entre as pernas?

Claro que não. Ele decidiu botar para fora a quantidade de raiva e indignação, baseada em todos esses sentimentos, além do clássico ciúmes. Logo, explodiu de vez:

–E ESSA AQUI POR ACASO É A CASA DA MÃE JOANA?!

Os dois deitados, viraram a cabeça com o susto, que o berro do azulado, lhes trouxe. Em seguida, entrelheoraram-se, tentando entender o que estava acontecendo naquela situação, e principalmente, como não criar caos na Casa, logo de manhã cedinho.

Mordecai percebendo que, além de ter sido completamente ignorado, a interação entre eles, uma conversa íntima entre olhares. Na qual, Rigby nunca conseguiu entender suas mensagens, mesmo com mímica e gestos, às vezes até desenhos. Estava lá, o pequeno, conversando e entendendo o que quer que seja que aquele... Ser... Rosa, bem mais musculoso e alto que ele, estavam falando.

E com tal constatação, que Rigby tinha mais intimidade com aquela criatura rosada que com ele, seu melhor amigo de anos, da vida inteira, Mordecai gritou mais uma vez, enquanto entrava totalmente no quarto:

–OU EU TEREI DE DIZER QUARTO CINZA DA DONA JOANA MAGENTA?!! Por que diabos vocês dois estavam gemendo como se estivessem no cio, ou... Transando?!!!

Steven, ignorando completamente o surto de raiva que Mordecai estava tendo, entendeu a referência do filme, 50 Tons de Rosa Pink, aonde Cristiano Magenta, tinha um quarto especial para suas práticas de BDSM.

Quando foi comentar sobre como a mistura de 50 Tons de Rosa Pink, com a expressão tão comum, mas sem qualquer sentido, sobre a casa dessa tal de "Mãe Joana". O inccubus se viu sendo arrancado da pequena cama de solteiro que pegou emprestado pela noite, ou pelo mês, gostava de planejar o futuro.

Sendo puxado pelos pés, pelas asas, surpreendentemente, fortes do pássaro, o rosado se viu com metade seu corpo para fora da cama, seu quadril estava erguido, pois estava exatamente sob o pé da cama. E com a queda do grosso cobertor – ao contrário do que precisou usar na noite anterior –. Mordecai conseguiu ver o volume bem mal escondido pelo pequeno short de couro do inccubus, que somente deu de ombros e soltou:

–É totalmente natural isso acontecer, cara... De manhã cedo, sendo acordado no susto e ainda mais depois de um sonho ótimo... Totalmente natural.

Terminou sua fala movendo seus olhos amarelos famintos em direção à Rigby, que observava tudo de perto, sentado em sua cama-elástica. Em choque que, Mordecai tenha entrado no quarto como se fosse o dono da razão, gritado mais um pouco e ainda estivesse puxando Steven da cama. Aonde havia parar o quase-sempre calmo Mordo?!

O azulado percebeu (viu mais uma vez), a olhada descarada que Steven deu à Rigby, e isso o causou uma segunda explosão de ira. Onde arranjou mais forças para puxar o resto do corpo do rosado para fora de sua cama, fazendo-o bater a cabeça.

Rigby observou a cena passar em câmera lenta, o rosto irritado de Mordecai, a expressão de surpresa e em seguida dor, de Steven. E tal dor, infligida pelo pássaro propositalmente, expressa em seu belo rosto rosado, foi a gota d'água para ele.

–MORDECAI!! QUEM VOCÊ PENSA QUE VOCÊ É PRA SAIR CHEGANDO BERRANDO DESSE JEITO DE MADRUGADA E AINDA TACANDO O STEVEN COM TUDO NO CHÃO?!!!

O azulado soltou os pés do inccubus, que somente se ajeitou de forma mais confortável no chão, observando o barraco começar à sua frente.

–E QUEM VOCÊ PENSA QUE VOCÊ É PRA DEIXAR UMA PUTA COMO ESSA DORMIR NA MINHA CAMA??!! – Perguntou Mordecai irado.

Steven soltou um baixo "Iiiihhh" quando ouviu ser chamado de puta, e olhou em direção ao guaxinim, que em pé em cima de sua cama-elástica, ofegava bastante, quase espumando pela boca. Os gritos dali para frente ficariam ainda mais altos.

–MORDECAI!!! VOCÊ NÃO TEM O MENOR DIREITO DE CHAMAR O STEVEN DE PUTA, VOCÊ É O CARALHO DE UM HOMOFÓBICO DA PORRA. VOCÊ ME MAGOOU COMO NINGUÉM NUNCA TINHA FEITO. E VOCÊ AINDA SE ACHA NO DIREITO DE VIR BERRAR E BRIGAR COMIGO SOBRE QUEM EU TRAGO PRO QUARTO QUANDO VOCÊ NÃO ESTÁ POR AQUI??!!

O azulado ficou surpreso e ainda mais arrependido ao ouvir pelo próprio Rigby que o tinha realmente o magoado tanto, mais que ninguém antes. Quase deu para trás e foi embora e esperar Benson debaixo da árvore. Contudo, olhou para baixo, e viu o sorrisinho presunçoso do rosado em sua direção, como quem dissesse “Vá, pode ir embora, ninguém te quer aqui. Principalmente... O Rigbone!”. A raiva de Mordecai voltou com tudo, junto com a amargura de saber que já havia alguém mais aceitável que ele, interessado no moreno.

Quando o azulado abriu o bico para brandir mais algumas palavras de baixo calão, para cima de Rigby, sua fonte de sentimentos tão intensos, Steven decidiu intervir. Se levantando do chão com total calma e graciosidade, bateu palmas como uma professora (ou professor) do maternal e disse, com seriedade:

–Vamos parar agora, se não vocês vão acordar a cidade inteira com seus berros. Primeiro – Levantou um indicador na face de Mordecai – Não se chega gritando dessa forma em lugar nenhum, principalmente dentro de sua própria casa.

–Mas... E quem é você!? – Começou o azulado, porém Steven já tinha se virado na direção de Rigby.

–Rigbone, querido, eu não me importo como as pessoas me chamam, eu sei o que eu sou... Um inccubus sintético criado em um laboratório e que adora filmes musicais americanos como Camp Pop e Teen Plazza Movie, mas enfim... Não se irrite com coisas bobas assim.

Disse enquanto passava uma mão sob o cabelo, tentando mantê-lo fora de seu rosto, e falhando, mais uma vez, em deixar o cabelo sedoso jogado para trás. Todavia, sua voz calma e suave, conseguiu acalmar Rigby, e sua tentativa de ajeitar seu cabelo, fez o guaxinim corar um pouco. E ele no fim de sua fala, assentiu silenciosamente com a cabeça, evitando olhar na direção de Mordecai.

No qual, observava os dois com inveja, por mais uma vez demonstrarem uma intimidade, que ele e seu melhor amigo, digo, ex-amigo, não tinham.

–E terceiro, – Continuou o mais alto, olhando para ambos seguidamente - que tal se fizermos uma competição para ver quem vai ter a chance de ficar com o Rigbone no fim? – Focou o olhar no menor e disse – Claro, que isso só vai acontecer se você aceitar tudo, inclusive a recompensa e a "prenda".

Rigby observou Steven atentamente, e em seguida olhou para Mordecai, o analisando de cima a baixo, deixando o azulado até um pouco constrangido. Rigby nunca o tinha observado daquele jeito... Não que ele soubesse ou percebesse. E o guaxinim disse, olhando para ambos:

–Sim, eu aceito. O vencedor terá a chance de ficar comigo, e o perdedor terá de sair do Parque e nunca mais tentar se aproximar de mim. Sacaram?

Mordecai ficou aterrorizado com a prenda, era algo muito sério, ele ainda queria tentar fazer as pazes com Rigby, tinha esperanças que o guaxinim fosse o perdoar, mesmo que ele tenha sido um palhaço, e não só naquele momento, mas sim todos os anos em que passaram juntos, a quantidade de vezes que o socou e zoou da cara dele, sem qualquer motivo ou necessidade. Ele sabia que tudo aquilo era fudido. E ele também sabia que estava dando uma de Mordecai, na noite anterior aonde fugiu e ainda disse que iria para o cinema com Margaret (acompanhados de Eileen, também, talvez, se lembrassem dela), e dando uma explosão daquela magnitude logo cedo enquanto ainda estavam adormecidos.

Contudo, era tudo ou nada, logo teve que aceitar, cheio de relutância, assentiu silenciosamente com a cabeça. Ele não estava no lugar de reclamar sobre o que Rigby decidia, não tinha o direito. Ele tinha sido um amigo horrível por tantos anos, quase que ignorando a presença dele, e nunca imaginando que o moreno poderia ter sentimentos por ele.

Steven enquanto isso, continuava a arquitetar seu plano em sua mente, enquanto observava as expressões cômicas e conflituosas do pássaro. Emoções como choque, terror, nervosismo e preocupação, perpassavam seu rosto.

Então arrependimento, como ele esperava, não havia como não se apaixonar por Rigby, mesmo com sua personalidade instável e a raiva constante, havia um charme grandioso sob a pele dele, no entanto, escondida tão profundamente.

Steven não sabia sobre o passado dos dois juntos, nem como se comportavam juntos um com o outro antes de tudo acontecer, provavelmente não conseguiria manter uma conversa sem antes socar o rosto do gaio-azul, e perguntaria por que ele tinha sido um amigo tão péssimo para alguém tão gentil e desmerecedor de tanto desprezo, como Rigby.

E enfim, Mordecai concordou. Em seguida, o rosado disse com certa submissão:

–Eu aceito tudo que você me pedir, Rigbone. Mas... Então, qual será o desafio dessa batalha?

O guaxinim os observou mais uma vez, focando em seus rostos e expressões, confiança e alegria, preocupação e medo. Tão opostos, teria de provocá-los, levá-los ao limite para lhes fazer provar, para ele, quem era digno de seu amor.

Soltou um sorriso doce e disse:

–Lap dance. Com vocês dançando.

Steven deu alguns pulinhos, totalmente excitado pelo que estava por vir. Mordecai enquanto isso, viu sua vida e seus sonhos. Junto com o fio de esperança que tinha de ter uma última chance de poder se resolver com Rigby, e realmente tentarem algo juntos, claro que somente depois dele implorar pelo perdão do menor. E, voltando ao desafio, além de sua expectativa de ter ser algo relacionado à jogos e vídeo games, ruir completamente.