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História Ácidos e Bases - O escolhido


Escrita por: Misukisanlover

Capítulo 31 - O escolhido


Fanfic / Fanfiction Ácidos e Bases - O escolhido

 

Capitulo 30 – O escolhido

 

Assim que Josephine se sentiu estável fora da bolha, abri os olhos e firmou os pés no chão. Soltou-se de Sehun o mais rápido que pôde e cruzou os braços. Sentia-se terrível, não conseguia imaginar... “Agora eu entendo porque Luna tinha aqueles pensamentos” Ela pensou enquanto algo a corroia por dentro.

- Josephine... – Sehun falou e ela olhou para o pai. Ela deu dois passos para trás assustada -... Era algo necessário, não precisa ficar se culpando – Ele tentou segurar a mão dela, mas ela se soltou – O que foi? – Sussurrou. Podia sentir a presença de Luhan e não seria bom se ele aparecesse.

- Você esteve mentindo para mim esse tempo inteiro. Não é? – Ela perguntou decidida a saber a verdade – Você fazia um esforço muito grande para bloquear os pensamentos, para alguém que não tem nada a esconder.

- Eu não faço idéia do que você está falando.

- Sabe muito bem do que estou falando, pare de mentir. Krystal falou pra mim. Você vai nos matar.

Sehun suspirou e segurou as bochechas da menina com delicadeza.

- Não seja boba. Porque eu faria isso? Vocês me ajudaram a conseguir o que todos queriam a centenas de anos, vocês merecem ser compensados e não_

Josephine tirou as mãos de Sehun de seu rosto e começou a correr floresta adentro. Sehun semicerrou os olhos e correu atrás dela, tendo dificuldades para correr pela floresta. Os ancestrais não paravam de gritar, mandando ele voltar para a bolha, mas ele tinha que fazer aquilo antes que ela abrisse a boca com Luhan.

Ele podia estragar tudo.

A menina correu pela floresta agilmente. Não queria usar eletricidade porque mesmo com a madeira úmida, ela ainda podia pegar fogo. Não podia correr o risco de iluminar o caminho de Sehun. Ela precisava fazer aquilo sozinha.

A culpa e o medo estavam dominando todo o corpo da menina. Sehun não tinha o direito de tirar a sua vida. Ela colocou as mãos no rosto se sentindo mais perdida do que nunca e só parou quando percebeu que estava na beira do penhasco. O ponto turístico da ilha que ela mais amava. Ela olhou para a árvore que mais gostava e depois para as pedras no fim do precipício.

Ela suspirou e fechou os olhos. Deu um passo para frente e se jogou.

Por um segundo se sentiu aliviada e no outro Sehun segurou a sua mão.

Ela olhou para cima e viu o rosto do pai suplicando para que ela não fizesse aquilo.

- Me solta, Sehun... – Ela sussurrou com a voz falhando -... Me solta...

- Eu não posso fazer isso, não consigo fazer isso... – Ele segurou a mão da menina com mais força – Mesmo se você se jogar, essas pedras não vão te matar.

- Mas o sol vai. Me solta, por favor... Você veio me matar que eu sei! – Ela tentou se soltar com a outra mão, mas Sehun agarrou a mão de Josephine que já segurava com a sua outra mão.

- Josephine! Presta atenção no que eu vou te dizer. Não é nada disso que você está pensando. Eu juro. Você foi a única que confiou em mim esse tempo inteiro e agora faz isso? Eu me sinto terrível quando você faz isso. Eu preciso que confie em mim... Ao menos você.

- Como eu posso fazer isso se você não me fala a verdade? – Ela olhou para baixo – Me solta.

- Eu vou falar, só preciso de três minutos.

A menina ficou pensativa por alguns segundos e assentiu. Sehun puxou o braço da menina e a colocou no colo. Deitou-a no chão e respirou fundo.

- Eu vou te contar o que eu vou fazer – Sehun colocou os lábios no ouvido de Josephine e falou o que pretendia fazer depois que a guerra terminasse.

Josephine arregalou os olhos e olhou assustada para o mais velho. Ele a encarou com o mesmo rosto sem expressão de sempre. Ela sentiu os olhos arderem, mas nenhuma lágrima veio até eles.

- Você vai ter coragem...? – Ela perguntou franzindo a testa, sem acreditar – Porque não nos disse... Porque nos enganou?

- Eu não teria coragem pra fazer se dissesse – Ele deu de ombros – Sinto muito.

- Eu te odeio... – Ela falou sem pensar direito. Sehun a levantou do chão e a carregou até a copa da árvore que ela tinha tido o primeiro beijo com Luhan – Eu confiei em você, o mínimo que podia ter feito era ter me falado a verdade... Ou pelo menos ter deixado eu ouvir.

Sehun sorriu para a menina pela última vez e percebeu que Luhan se aproximava rapidamente. Ele a acomodou como pôde e ficou de pé. Começou a andar para longe dali, sem olhar para trás, porque se olhasse, se arrependeria e não conseguiria.

- Espera. – Ela sussurrou e ele parou de andar – Não tem outro jeito?

- Não – Respondeu secamente e ela abaixou a cabeça.

- Eu te odeio, mas te amo... Tá bom, Appa? – Ela falou da forma mais gentil possível e isso quase fez Sehun desistir. Ele correu sem olhar para trás na direção da bolha.

 

 

***

 

Sehun olhava para o telão, mas só conseguia ver os olhos de Josephine. Não conseguia nem mesmo ver o que acontecia na batalha acirrada entre Tao e JongHyun, aquele olhar de decepção nunca poderia machucar tanto.

“Eu tenho que me acalmar... Ela não podia saber... Mas ao mesmo tempo, ela foi a única que confiou em mim desde o início, mais do que qualquer outro, uma criança que eu consegui amar... Como eu amei a minha irmã um dia” Ele cerrou os punhos e olhou para Taemin.

“Taemin vai querer me matar quando souber... Eu terei que matá-lo primeiro” Ele olhou para o telão novamente e tentou prestar atenção no que acontecia na batalha.

 

***

 

Aquela era a primeira batalha entre armas. JongHyun sabia que estava competindo com seu mestre, mas nem por isso deveria se dar o luxo de ficar nervoso. Era muito difícil lutar com aquele que lhe ensinou todas as técnicas de luta que conhecia, mas não era impossível, ele ainda tinha o poder do teletransporte consigo.

Ele sabia que Tao tinha o poder de controlar tempestades de gelo, mas dificilmente precisava usar seu poder... Com ele era no corpo a corpo.

- Eu tenho certeza que estava pensando no quanto será difícil me vencer – Tao atacou mais uma vez e suas espadas se atritaram com as de JongHyun que entraram na frente bem a tempo de impedir que as lâminas cortassem JongHyun no meio – Eu treinei você, sei exatamente o que vai fazer.

JongHyun sumiu da sua frente e Tao – mesmo sem olhar – bloqueou o ataque que ele tentou fazer por trás.

- Você é uma serpente muito previsível, se esquiva dos meus ataques ao mesmo tempo em que tenta me atacar pelos pontos cegos, eu sei como é, treinei muito com Sulli. Ela me treinou muito bem contra serpentes como você.

Tao lançou a espada contra JongHyun e ele só teve tempo de sumir e aparecer de novo em outro lugar. Foi por muito pouco. A espada de Tao voltou às mãos dele como se fosse um bumerangue.

- Tome cuidado, JongHyun. Se você aparecer no mesmo espaço em que minha espada está atravessando, não terá como se livrar dela, ela fará parte de você e você morrerá.

JongHyun ouviu um som abafado vindo do céu e olhou para ele percebendo que logo uma tempestade de gelo estaria chegando.

- É bom mesmo que serpentes e cobras tenham sangue frio, porque você vai precisar de muito dele para lutar comigo nessa situação – Começou a nevar modestamente – Victoria me ensinou a mudar a temperatura drasticamente, espero que goste – Tao correu na direção de JongHyun e conseguiu cravar a espada na perna direta dele antes que ele se teletransportasse de novo.

JongHyun não conseguiu ir para muito longe por causa da dor, mas quando percebeu com seus reflexos que estava atrás de Tao, agiu rápido para fingir um ataque a barriga dele, Tao segurou e espada de Jong e aproveitando o momento de distração, JongHyun cortou a perna esquerda de Tao – o único lugar que conseguia alcançar.

Tao soltou JongHyun e se afastou.

JongHyun sentiu a temperatura cair, o sangue da ferida estava congelando. Tao e JongHyun pareciam não estar dispostos a atacar naquele momento. Estavam esperando o corpo se regenerar.

“Se ele está usando o poder reserva dele... Vou ter que usar o meu também... mas não sei o quanto pode ser perigoso”

 

***

 

Suho podia ver sofrimento nos olhos de Sehun. Ele estava se segurando muito para não se descontrolar e começar a gritar em desespero, Taemin podia não perceber, mas ele não era idiota, sabia muito bem como ele estava se sentindo. Estava traindo aqueles que confiaram nele, do mesmo jeito que ele havia feito com Krystal não falando do filho que ela estava esperando.

“Eu acho que agora... De certo modo, eu sujei as minhas mãos... Matei alguém com minhas próprias mãos” Ele abaixou a cabeça e depois olhou diretamente para os olhos do único filho que tinha.

Sehun conhecia aquele olhar, Suho sabia exatamente o que ele estava sentindo. Desviou o olhar para não ter que compartilhar com ele nada do que estava passando, não precisava daquilo.

“Você me perdoa?”

 

***

 

Quando Sehun foi deixar Minho na casa, não ficou muito surpreso ao ver Luhan se aproximando rapidamente dela. Ele estava transtornado e provavelmente havia sentido sua presença quando saiu da bolha. Sehun viu ele entrando na sede pela janela do quarto onde estava deixando as estátuas de todos os seus filhos e esperou que Luhan chegasse. Não podia adiar, se ele ficasse ali iria acabar fazendo Kai escapar.

Quando ele entrou dentro do quarto, não precisou ele falar nada para Sehun ficar nervoso. Não demonstraria isso, mas sentia que o próprio corpo se partiria no meio com o olhar que ele lhe lançava.

- Como você teve coragem?! – Ele gritou sem coragem de avançar – Nem mesmo a morte é boa o suficiente para você!

- Cale a boca – Sehun suplicou fechando os olhos.

- Calar a minha boca?! Quando você finalmente resolve me castigar como sempre te pedi... Faz isso usando outra pessoa?! Usando ela?! Como você teve coragem pra fazer algo tão terrível... Ela era a única pessoa que confiava em você. Que acreditava que você iria nos salvar de algum modo. E você nos traiu da pior forma possível. Ela conseguiu vencer a batalha e a troco de quê?

- Ela foi até o penhasco para se matar, Luhan. Ela matou sua oponente de uma forma que ela nem mesma conseguia acreditar. Ela não suportaria.

- Mesmo assim! Ela disse para mim que te odiava, por ter mentido para ela... Você deveria ter sido sincero ao menos uma vez. Do jeito que Jinri dizia.

Sehun ficou calado por um tempo, colocou as mãos na cabeça não suportando mais ouvir aquelas palavras incompreensivas.

- Eu nunca prometi que ela ficaria viva, Luhan – Disse sem olhar para o mais novo – Vou confessar para você uma coisa. Daqueles que lutaram e lutarão na batalha, apenas um será salvo e se tornará humano. E esse alguém é quem vai lutar a última batalha, no caso... Eu.

Luhan se descontrolou e avançou contra o mais velho. Começou a socá-lo com toda a força que tinha, no rosto e na barriga.

- Eu odeio você! Nunca vou conseguir te perdoar, ainda mais agora! Eu tenho nojo... Eu... – Luhan caiu de joelhos no chão e uma única lágrima cristalina escorreu de suas bochechas – Você conseguiu ser mais cruel que eu... Como pode falar em sobreviver depois de ter feito isso? Como conseguiu?

- Eu sou uma raposa, Luhan. A mistura do bem e do mal, do positivo com o negativo em equilíbrio. Não, eu não vejo muita diferença entre praticar os dois, por isso é tão fácil mudar de personalidade. É tão fácil matar e ressuscitar, apaixonar e desprezar, ser fiel e trair.

- Eu confesso que merecia isso. Eu pedi a você por muito tempo que me castigasse... E você se recusou! – Luhan socou as pernas do mais velho sem muita força – Eu sim... Eu merecia todo o castigo do mundo, mas ela... Ela não! – Gritou apontando para a estátua que estava na porta do quarto.

Sehun arregalou os olhos, não tinha notado que ele havia trazido.

- Não devia ter trazido ela aqui – Sussurrou com a voz falha – Olhou para baixo com a respiração pesada e se sentindo tonto.

“Volte para a cúpula, agora!” Os ancestrais gritavam alto em sua cabeça.

- Eu irei por um fim em você agora – Luhan olhou para cima com os olhos confusos – Você queria tanto morrer. Agora eu farei isso. Vai me perdoar?

- Não. Eu nunca farei isso.

- Está vendo? – Sehun perguntou já sabendo que a resposta seria aquela – O perdão não está na morte, sua culpa não irá ter fim com ela – Sehun tirou a segunda adaga de prata que estava no seu cinto além da que mataria seu oponente.

- Então porque_ - Sehun cravou a adaga no peito do mais novo e esperou que o corpo dele virasse pedra também – Por que? – Perguntou uma última vez.

- Estou solucionando problemas, é por isso.

 

***

 

Kai estava se sentindo desesperado fazia alguns minutos.

Pouco tempo antes ele havia escutado uma discussão. Ouviu a voz de Luhan e de Sehun, não dava para ouvir muito, quando mais tempo ele passava sem lua, mais sentia dificuldade de ver e ouvir, por isso não conseguiu ouvir muita coisa, mas conseguiu ouvir quando de repente tudo ficou em silêncio.

Algo de muito ruim estava acontecendo, e mesmo torcendo para estar errado, ele sentia que Luhan já não estava mais ali. Estava morto.

Ele pensou seriamente em se soltar para ver o que estava acontecendo. Olhou para as correntes e pensou por dois segundos no que faria a seguir. “Eu não faço idéia de como possa estar o tempo dentro da bolha, eles podem estar vindo para cá agora, mas eu preciso ver o que está acontecendo”

Kai fechou os olhos e teve que se esforçar muito para parar o tempo por míseros segundos. Só foi o suficiente para ele deslocar os pulsos e se livrar das correntes. Quando o tempo voltou a correr ele sentiu uma dor aguda na cabeça e caiu no chão.

Ele demorou um pouco para se levantar, a visão avermelhada e turva não ajudava, tinha que ter cuidado ao pegar a chave.

Cambaleou até as grades da jaula e estendeu a mão para fora dela, tentando pegar a chave no chaveiro da parede. Não foi fácil, estava mais longe do que parecia e ele teve que se aproximar mais do que seus braços esticavam para conseguir pegar. Resultado? Queimou os braços tentando pegar a chave.

A visão turva fazia ele achar que agarraria a chave quando na verdade ela estava um pouco mais perto ou mais longe. Até que enfim ele conseguiu pegá-la e quase a derrubou antes de trazê-la para dentro da jaula.

Quando finalmente pegou a chave foi rápido em abrir a jaula e sair dela. Teve que se segurar nas paredes para não cair enquanto andava. Ele não conhecia a sede, se conseguisse sentir o cheiro melhor, poderia até saber de quem era cada cômodo, mas aquilo não era possível. Teve que abrir os cômodos um a um. Primeiro no andar que ele estava e depois no andar de baixo.

Só quando finalmente abriu a porta do quarto de Sehun, foi que encontrou o que estava procurando.

- O-o que é isso? – Ele se perguntou sem acreditar no que seus olhos falhos lhe mostravam – Isso... Não pode estar acontecendo... Eles não estão todos mortos... O que...

 

***

 

Quando os dois finalmente ficaram dispostos a atacar novamente, o frio estava fazendo JongHyun tremer dos pés a cabeça. Tao estava diminuindo a temperatura sem medo de ele mesmo congelar.

JongHyun tinha que pensar rápido enquanto ainda conseguia.

Ele atritou as lâminas de suas espadas e correu na direção do mestre. Ainda sentia dor na perna, mas não era mais tão incomoda quanto a que Tao deveria estar sentindo.

Ele desapareceu quando estava a poucos metros de Tao e reapareceu dois segundos depois no mesmo lugar. Aquilo surpreendeu Tao, afinal ele esperava que ele se teletransportasse para um lugar diferente.

Ainda assim o mais velho conseguiu se defender, colocou uma das espadas no caminho do ataque de JongHyun e colocou muita força para manter as espadas de JongHyun longe. Usou a outra espada para contra-atacar, investindo contra a barriga esguia do mais novo.

JongHyun se teletransportou até ficar atrás do mais velho.

 

***

 

Kyungsoo olhava para Taemin sorrindo sarcasticamente, sabia que contra aquele garoto a melhor forma de atacar era psicologicamente. Ele era novo demais para entender coisas de vampiro e ainda tinha dentro de si sentimentos humanos calorosos. Ele poderia agredi-lo sem nem mesmo tocá-lo.

Riu para si mesmo quando percebeu o medo no olhar do menor. Ele não era bobo, sabia que o medo que ele sentia era por saber que não iria conseguir se controlar. “Acho que Sulli fez bem de me fazer ajudá-la a matá-lo

- Droga! – Sehun exclamou razoavelmente baixo. Taemin olhou para ele confuso. 

- O que foi?

- JongHyun está usando poder mortal. Pedi para ele fazer isso só se fosse a última opção.

 

***

 

Assim que os dentes de JongHyun cravaram no pescoço de Tao, ele soltou as duas lâminas e arregalou os olhos querendo gritar de dor.

“Eu quero que me treine para me defender do veneno de serpente” Ele havia dito. Sulli sorriu.

“Não vai precisar. É muito difícil uma serpente usar o veneno em situações extremas, é um dos defeitos do nosso poder mortal. As serpentes não falam pra ninguém, mas é perigoso pra nós usar o veneno, temos que ter um alto controle para que o veneno não se espalhe dentro de nós também. E em uma batalha, esse controle é perdido porque nos movimentamos muito. As únicas serpentes que conseguem usar o veneno sem grandes problemas são aquelas que não são serpentes. Ou seja, as almas que conseguiram sobreviver de sua serpente interior”

JongHyun era uma alma que havia sobrevivido. Ele se perguntava porque não tinha pensado naquilo antes. Olhou para os próprios pés e percebeu que estavam começando a se petrificar, a pele estava rachando, ele era velho demais para continuar sólido depois de morto.

O mais novo lhe soltou completamente tonto e sentindo que o veneno que ainda escapava de seus dentes congelava em sua boca. Era Ácido como ele nunca havia tocado, mas o que lhe incomodava não era ele e sim o frio devastador que estava ficando cada vez pior.

Caiu deitado no chão e a visão começou a ficar turva enquanto ele via o outro agonizar de dor. O veneno corroia a carne do vampiro e quando ela se regenerava, se transformava em pedra. Fora a morte mais dolorosa que ele presenciou...

E o fato de estar deitado sem poder fazer nada, o fez lembrar-se do que em que sua mãe morreu.

 

***

 

- Quinta vitória, JongHyun da tribo Serpente, Ácido – Suho anunciou e correu para ajudar Tao assim que a ponte se formou.

Quando Suho ficou ao lado da estátua de Tao percebeu que não precisava carregá-la para lugar algum. Era uma estátua frágil demais viraria cinzas assim que ele tocasse.

Ele se ajoelhou e fez reverencia ao seu mestre, se curvou por vários segundos e depois tocou na estátua para que ela virasse pó.

JongHyun ainda estava tonto quando Sehun tocou em seus ombros e assentiu positivamente. Ele estava aliviado, mas ao mesmo tempo... Logo teria que fazer algo pior do que já havia feito.

O mais velho lhe guiou para fora da bolha, deixou a que tempestade lhe levasse de volta para o mundo real e quando chegou lá fora tudo parecia na verdade ser ainda mais irreal que o mundo onde ocorriam as batalhas.

- Você já sabe o que fazer. Provavelmente não quer mais fazer, mas sabe que tem que fazer.

JongHyun assentiu e Sehun entrou novamente dentro da bolha.

 

***

 

Assim que Sehun voltou, Taemin já estava desesperado. Só procurava não demonstrar demais esse desespero. Só queria poder pedir socorro e fugir, mas não tinha como escapar, era o que devia acontecer... Mas como ele podia vencer contra ele? E ainda mais com a pressão de todas aquelas mortes em cima de suas costas?

- Quem são os próximos oponentes soberanos? – Suho perguntou e Taemin entrelaçou os dedos.

Sehun não disse nada, pela primeira vez naquela guerra.

Ele simplesmente apontou para Kyungsoo e depois para Taemin.

- O Urso número três e o Urso traidor.

A ponte que ligava os dois até o centro se formou e Kyungsoo andou até ele como se estivesse com pressa de chegar lá. Ou talvez fosse apenas Taemin que não queria que aquele momento passasse nunca.

Ele hesitou, mesmo depois de Kyungsoo já estar no centro esperando seu desafiante, Taemin continuava paralisado. Ele olhou desesperado para Sehun e fez que não com a cabeça.

- Vá Taemin, eu não posso mudar a escolha dos ancestrais.

“Eu não posso...” Ele pensou cerrando os punhos “Não posso me controlar perto dele... Vou perder”

Taemin não era idiota, não precisava ser inteligente para saber que ele não conseguiria se controlar na frente daquele que ajudou a lhe matar. Se ele um dia odiou alguém no mundo, esse alguém foi Kyungsoo, porque Sulli dava até pra entender, ela não tinha alma, não poderia ser considerada um “alguém”, mas ele sim. Ele tinha plena consciência de tudo o que fazia, mas ainda assim não deixava de fazer, ele não tinha piedade. Simplesmente fazia.

- Taemin. Vá – Sehun disse sério e ele teve vontade de se jogar para fora da bolha e morrer logo de uma vez, mas pensou que não podia desistir, Kai estava acreditando nele, e ele quase podia ouvir a voz das pessoas que morreram para aquela batalha acontecer, clamando por justiça – Você vai conseguir, é muito mais forte do que pensa.

Taemin deu um passo à frente e seguiu para o centro da bolha devagar. Não gostava nem de pensar na idéia de chegar perto de Kyungsoo, mas tinha que fazer. Quando ficou frente a frente com ele, respirou fundo e começou.

- Eu o desafio.

- Eu aceito – Kyungsoo disse com aquele sorriso sínico no rosto e fez o estômago do mais novo embrulhar mais uma vez antes que os dois fossem levados até o campo de batalha.

 

***

 

Apesar de Sehun ter explicado o processo centenas de vezes para ele, ele não podia dizer que concordava com tudo aquilo. Havia acabado de sair da bolha e tinha uma duvida cruel, vidas estavam em jogo e ele nem mesmo sabia se Taemin venceria para dar uma chance de Sehun vencer. Era complicado demais pensar que algo poderia dar errado, porque se desse...

Ele procurou não pensar nisso. Segurou nas bainhas das espadas e caminhou em linha reta até a sede, onde com certeza Kai estaria preso, pronto para ser sua primeira vítima fatal.

Quando Sehun disse para ele, pela primeira vez, que teria a oportunidade de matar Kai com a próprias mãos e se vingar, ele havia ficado muito feliz. Iria poder fazer justiça com as próprias mãos, mas depois de um tempo, aquela idéia foi se tornando tola, e ele foi percebendo o quanto foi cego ao aceitar se tornar um vampiro só por vingança. “Minha mãe me odiaria agora” Ele pensou rindo sem humor.

Ele pensava de verdade que Kai mentia sobre o lobo, que tudo que ele dizia sobre não ter controle na noite da lua cheia fosse mentira. Tudo isso mudou quando ele chicoteou o lobo com toda a sua raiva até que ele se tornasse Kai novamente. Depois que o corpo de Kai voltou ao normal...

“Obrigado...” Kai havia sussurrado depois da surra que ele dera, quando o lobo entregou a noite de lua cheia para ele pela primeira vez.

Ele percebeu que era tudo porque ele queria que houvesse alguém para se ter raiva pela morte repentina da mãe. Era insuportável pensar que alguém tirou a vida da sua amada mãe “sem querer”.

- Por mais inteligente que eu fosse... – JongHyun tirou as espadas da bainha -... A razão jamais falaria mais alto que o meu coração endurecido.

Ele começou a subir as escadas da sede vazia e logo entrou no quarto que Kai estava preso. O moreno não estava ali, havia fugido da jaula. Ele procurou se acalmar e caminhou rapidamente até o quarto de Sehun, onde ele falou que deixaria os corpos dos outros.

Ele não ficou surpreso quando viu Kai ajoelhado no chão sem acreditar no que via.

- Quem está ai? – Ele perguntou com a voz trêmula – Não consigo ver direito... Mas... Eu acho que posso ver os meus amigos mortos... JongHyun? O que está acontecendo... Porque estão todos... Perdemos?

- Josephine e eu vencemos a luta. Os outros perderam e Taemin está lutando agora.

Kai engoliu em seco e olhou semicerrando os olhos para a estátua que se parecia com a menina.

- Mas... Aquela ali não é Josephine? – Apontou para a estátua e JongHyun assentiu.

- Sim. E do lado dela está a estátua de Luhan.

Kai ficou em silêncio por um tempo. Já sabia o que aquilo significava.

- Sehun os matou, não foi? – Perguntou sem fazer esforço para tentar se levantar.

- Sim.

- E você veio me matar, não foi?

- Sim.

Kai se virou para olhar nos olhos do mais novo e viu o quanto a expressão dele estava confusa com tudo o que estava acontecendo.

- Está decidido a se vingar? Não vai mesmo me perdoar? Mesmo que eu nem mesmo soubesse o que estava fazendo.

- Não fala isso... – JongHyun fechou os olhos como se fosse insuportável ouvir aquilo -... Me faz sentir que a morte da minha mãe não significou nada nem para o próprio assassino. A única coisa que eu aprendi sobre esse assunto é que eu nem mesmo tenho a quem ter raiva.

JongHyun se ajoelhou na frente do lobo que não se mexia, olhava nos olhos do menor com dificuldade porque a visão ficava cada vez pior.

- Eu não vou te perdoar, Kai, porque não tem nada a ser perdoado. Eu não estou fazendo isso para me vingar, estou fazendo isso porque Sehun mandou – Kai abaixou o olhar quase sentindo que lágrimas podiam cair de seus olhos – Não adianta, nós dois vamos morrer aqui.

 

Cada espada atravessou um lado do peito de Kai.

Kai sentia os dois pulmões começarem a sangrar com o sangue que não era dele. Quando JongHyun retirou as lâminas de seu corpo Kai colocou as mãos sobre as duas feridas e caiu deitado no chão ainda mais imóvel do que antes.

JongHyun deixou as espadas de lado e colocou a cabeça de Kai em cima de seu braço.

- JongHyun... – Ele falou com o olhar perdido, já não conseguia ver mais nada -... Agora que você me matou... – Os pés do vampiro começaram a se petrificar -... Eu me lembrei de uma coisa.

“ – Elric... – A esposa de Kai segurava a mão dele com delicadeza – Eu não queria ter que dar essa notícia... – Ela engoliu em seco, estava com os olhos mais inchados de chorar do que ele que havia perdido os movimentos das pernas – Nosso filho... – Ela tampou a boca e começou a chorar dolorosamente”

- Eu não precisava que ela falasse tudo – Kai se lembrou enquanto suas pernas se petrificavam – Eu já sabia que nosso filho havia morrido, assim como o resto da nossa família... Acredita que eu nem me lembrava do meu nome verdadeiro? Agora eu lembro... Elric – Ele fechou os olhos e esperou a morte chegasse ao seu rosto.

Assim que Kai morreu, JongHyun colocou sua estátua do lado da estátua de Luhan e deixou o quarto fechado.

Ele foi até o próprio quarto e soltou as espadas assim que entrou nele. O sangue de Kai estava fresco em suas roupas, ele retirou a camiseta e jogou no mesmo canto que estavam as espadas. Pegou o galão de gasolina que havia deixado no canto do quarto já pensando no que iria fazer e o levou consigo para fora da casa. Não foi muito longe, apenas até as escadas da entrada da sede. Não poderia ficar muito longe porque Sehun teria que lhe encontrar quando chegasse.

Ele tirou a caixa de fósforos do bolso, colocou no corrimão da escada, abriu o galão de gasolina e começou a jogar o líquido inflamável em cima do próprio corpo. Quando todo o líquido saiu do recipiente, JongHyun o deixou de lado e pegou a caixa de fósforo. Demorou um pouco pra ascender porque a caixa ficou molhada, mas assim que a chama se ascendeu JongHyun soltou o palito no chão e as chamas avançaram rapidamente para cima dele.

JongHyun olhou pela última vez para a cede sorriu.

- Não vou sentir sua falta.

 

***

 

Taemin não acreditou quando viu que o campo de sua batalha era o Himalaia.

Não, não era só parecido, como o cenário de Onew e Victoria... Era o Himalaia sem dúvida alguma. Ele olhou para todos os lados e só conseguia ver rochas e montanhas cobertas de neve. Ele procurou Kyungsoo por todos os cantos, mas não o encontrou. “Ele deve estar aprontando alguma coisa...” Ele sentiu o chão tremer e quando olhou para trás uma avalanche se aproximava tão rápido quanto qualquer vampiro.

Ele não teve tempo de se desviar da onda. Ficou submerso de neve por alguns minutos, só saiu quando finalmente Kyungsoo fez a neve se dissipar.

Taemin tossiu a camada fina de neve que havia entrado pela boca e nariz.

- Olha só que está aqui... Se não é o namoradinho do Lobo.  Sulli achou de verdade que se livraria de você te matando... Mas não era bem assim, você é o escolhido do Sehun, ele jamais deixaria você morrer.

Taemin cerrou os punhos tentando se controlar, mesmo que a neve abaixo de si já começasse a flutuar e o céu já demonstrasse nuvens de tempestade.

- Você está irritado. Calma. Não precisa disso, não temos pressa, não é verdade? – Ele sorriu – Só vou te perguntar uma coisa Taemin... Acha mesmo que Josephine vai viver?

Taemin achou que precisava calar a boca daquele idiota. Arrastou as duas mãos no chão rapidamente, e foi como se ele empurrasse as estacas de gelo formadas pela neve do chão na direção de Kyungsoo.

O mais velho conseguiu desviar e contra atacou com outra repentina e enorme avalanche.

Taemin não conseguia se mexer, a neve cobria todo o seu corpo e a superfície parecia estar muito acima dele. O controle já estava escapando das mãos dele, mas continuava tentando se controlar.

- Será um prazer matar você também, acho que estarei fazendo um favor, uma hora dessas... Sua prima já deve estar morta. Ou vai me dizer que não sabia que todos os que participam da batalha, exceto o líder vencedor, morrem em vinte e quatro horas?

“Ele está blefando, cerrou os punhos já não conseguindo se controlar”

- Pena que pra ganhar, você vai ter que matar seu namoradinho, não é? – Taemin colocou o punho para fora da neve e agarrou o pescoço de Kyungsoo.

O segundo seguinte foi confuso, ele não conseguia ver direito, só sentir. Sentir a energia entrando e saindo de seu corpo em um fluxo continuo. Quando sentiu que seus pés não tocavam mais o chão. Algo se tornou vazio, e nada mais ele pôde sentir, ouvir ou ver.

 

Quando Taemin abriu os olhos novamente, estava em um lugar desconhecido.

Era como se fosse uma floresta, uma vastidão verde de árvores que brilhavam como luzes neon no natal. Ele não conseguia identificar para que lado deveria ir, porque tudo parecia ser igual. Ele podia ouvir uma música lenta e calma tocar, eram vozes mutuas, cantando juntas uma melodia sincronizada, como um dia ele imaginou que seriam sereias cantando.

- Que som é esse? – Se perguntou tentando saber de onde vinha, mas parecia vir de todos os lugares – Onde eu estou?

- Está dentro de si mesmo – Ele escutou uma voz atrás de si e olhou para a direção dela.

Havia um espectro esverdeado a sua frente. Tinha uma aparência bela de uma garota de doze anos com um sorriso doce nos lábios. Brilhava assim como as árvores.

- O que está acontecendo? – Ele escolheu a primeira pergunta mesmo que estivesse com várias duvidas.

- Você entrou no estado Urso. Está descontrolado como da última vez, por isso veio pra cá, sempre vem até aqui quando está descontrolado e sempre vem até mim – Ela sorriu – Estou começando a achar que gosta de mim.

Taemin não sabia o que falar, o que perguntar primeiro, estava tudo confuso. Quem era aquela garota? Onde ele estava? Estava descontrolado?

- Você tem um poder muito especial, lembra quando você perguntou a Kai, qual era o seu poder mortal? – Ela arqueou a sobrancelha e ele assentiu.

- Sim, mas... O que isso tem a ver com esse lugar?

- O seu poder mortal... Bem, eu não chamaria ele de mortal – Ela falou rindo – Ele é extraordinário, nenhum vampiro no mundo vivo, tem o poder que você tem.

- E qual é ele? – Taemin se aproximou mais um pouco como se fosse escutar uma estória.

- Você consegue conversar com todas as almas, das quais, você já se alimentou. Não são muitas, você não se alimentou de tantas quanto esses vampiros que andam por ai. Que já beberam sangue de milhares de pessoas. Porque você só era um humano e a partir do momento que você se tornou um vampiro você só se alimentou de uma alma, mas você tem esse poder extraordinário de conseguir conversar... E pedir ajuda a elas – Ela sussurrou a última frase – Está vendo essas árvores cintilantes? Elas são como eu, se você quiser chamar qualquer uma delas para conversar, elas virão até você. Nós vamos te ajudar, você não é só você, você é todos nós juntos, você é o nosso corpo e nós somos o seu sangue. Você já veio aqui uma vez. Você lembra?

- Não.

- Bom, eu lembro. Você veio aqui na primeira vez em que entrou no estado Urso. Que é o nome que deram para esse tipo de estado espiritual, você só é capaz de falar com a gente quando entra nesse estado, é um estado muito poderoso, do qual você pode pedir ajuda, mas também muito vulnerável. Se você morrer nesse estado, não tem como voltar, ficará aqui para sempre. Quando veio aqui, na primeira vez, você se descontrolou e talvez o impacto emocional tenha sido tão grande que você não se lembra, mas você veio e conversou comigo, como está conversando agora.

- Espera... Mas se meu poder é esse... Porque Suho não consegue conversar com as almas que ele se alimentou?

- Porque os ancestrais já são porta-voz do mundo espiritual para ele, eles meio que tiraram esse poder dele, para que ele não desviasse do caminho de ser rei... Os pais de Suho estão presos no mundo espiritual há muito tempo, e provavelmente, jamais vão sair. Ele mesmo já não tem mais esperanças de salvá-los.

- Se eu soubesse disso, eu teria treinado mais.

- Não é tão difícil, Taemin – O espectro sorriu.

- Então... Como eu venço essa batalha?

- Para você ganhar essa batalha, você precisa controlar os seus poderes de urso e pra fazer isso, você tem que tirar o ódio do seu coração, você não pode continuar assim, o poder de Kyungsoo se alimenta do ódio de seus oponentes para transformar em avalanches terríveis, e com o ódio que você está agora, você pode destruir a ele e a você também. Provavelmente ele vai ganhar se não se controlar, e para controlar seus poderes, vai ter que perdoá-lo.

- Eu... – Taemin sussurrou com a voz cansada e os olhos cheios de lágrimas –... Não posso fazer o que está me pedindo. Simplesmente... Não posso... Ele... Ele tentou me matar e conseguiu. Ele ajudou a fazer maldades contra as pessoas que eu amo. Ele... Ajudou a Sulli a fazer o que ela fez comigo, machucou todas aquelas pessoas, sem sentir nenhum... Remorso. Eu não consigo perdoá-lo. Ele tem a face daqueles que sempre me machucaram desde que eu era criança, por ser diferente...

- Eu sei... Mas você tem que fazer isso, Taemin. Não é só por você e sim por todos que se machucaram para que você chegasse até aqui. Eu posso sentir o que está sentindo, estou dentro de você, sinto sua raiva, sinto o quanto acha que isso não pode acontecer, mas você só precisa acreditar... Eu... Talvez, possa ajudar, mas você tem que permitir, tem que abrir a sua mente. Se você não é capaz de perdoá-lo tem que ao menos controlar a sua raiva e conversar com ele. Se ele não quiser conversar, terá que fazer o que eu falei. Se ele acabar conversando, você fará o seguinte.

- Sim...

- Você irá até ele e falará sobre o passado dele , ninguém gosta de relembrar águas passadas, nem mesmo seu líder, Sehun, você deve ter percebido isso. Kyungsoo também não é diferente, ele pode ser um tipo diferente de pessoa nos pensamentos, mas ainda assim sente sentimentos consigo mesmo. É nisso que você deve atacá-lo. Ele provavelmente é mais solitário do que qualquer outra pessoa, está batalhando, mas não sabe pelo quê está fazendo isso, se vencer... Bem. E se não vencer... Não tem ninguém para chorar por ele. E mais, ele não vai chorar por ninguém, não tem ninguém com quem se preocupar. Ele é sozinho, você tem que falar com ele sobre isso.

- Vou tentar.

 

***

 

Kyungsoo usou o gelo para se proteger de Taemin. Ele estava descontrolado, exatamente como Suho ficava quando ia atacar inimigos fortes. Era o estado Urso. Taemin ainda não sabia controlá-lo e pelo que Suho havia lhe dito, não tinha como ele se controlar. Seria preciso ele se livrar de qualquer sentimento ou ressentimento de seu oponente para conseguir controlar.

Taemin ficou alguns minutos naquele estado, depois a energia se dissipou e ele caiu no chão desacordado. Kyungsoo derrubou o gelo que lhe protegia e andou devagar até o menor.

Quando estava próximo, Taemin começou a se levantar, ele sorriu e esperou que o oponente se recompusesse.

- Falou com os espíritos dos seus amiguinhos? – Kyungsoo sorriu e Taemin se controlou.

- Pelo menos eu tenho amigos para falar, mesmo depois de mortos... Agora você... – Taemin sorriu ao perceber que Kyungsoo havia hesitado. Fez movimentos circulares com as mãos e estacas de gelo começaram a rodopiar próximo de onde suas mãos passavam. Jogou as estacas na direção de Kyungsoo e ele levantou uma parede de neve para se defender do ataque de Taemin.

- Não vai adiantar tentar me provocar, você está em desvantagem.

- Será mesmo? – Taemin inclinou a cabeça – Você diz que eu perdi vários amigos, mas você não tem nenhum para perder. Eu acredito que sua situação seja pior, você não tem ninguém para lembrar.

Kyungsoo puxou uma avalanche forte com a neve que havia atrás de si e lanchou contra Taemin.

“Espera... Eu também tenho esse poder” Taemin movimentou as mãos para frente e ‘empurrou’ a onda contra Kyungsoo. O maior não teve tempo de desviar do próprio ataque e acabou sendo engolido por ele.

- Não se preocupe Kyungsoo, apenas estou desfrutando do seu próprio ataque, ou achou que só você tinha direito a ele? – Taemin semicerrou os olhos – Eu tinha raiva de você, aliás, eu ainda tenho, só que essa raiva se mistura com minha pena.

- Não preciso da sua piedade – Kyungsoo atacou novamente, dessa vez a avalanche veio um pouco menor. Taemin conseguiu voar por cima dela e aterrissou na frente de Kyunsoo.

- Você é fraco justamente por aquilo que se considera forte. Ser sozinho só te faz ainda mais fraco do que já é, Kyungsoo.

Kyungso explodiu de raiva e começou a atacar Taemin com as próprias mãos, começou puxando os cabelos do menor e tentando chutá-lo enquanto Taemin fazia de tudo para se desviar do ataque repentino do mais velho.

 

***

 

- O que diabos ele está fazendo? – Suho perguntou mal acreditando no que estava vendo.

- Perdendo a cabeça – Sehun disse olhando para o telão – Literalmente.

 

***

 

- Seu idiota! Eu devia ter queimado o seu corpo e urinado nas suas cinzas, pra me livrar de você de uma vez por todas! – Kyungsoo gritou e socou Taemin quase que de surpresa no rosto.

O menor foi empurrado dois passos para trás com a força do golpe, mas se manteve em pé, sentiu as mãos tremerem, estava se descontrolando de novo.

- Quer falar verdades na cara um do outro? Então eu vou falar, fale também, quero saber quem é que suporta mais verdade, se é eu ou você. Porque eu tenho certeza que você não vai se controlar – Taemin não falou nada, apenas tentou fazer as mãos pararem de tremer enquanto uma delas cobria a parte do rosto que foi atingida – Eu prefiro andar sozinho do mal acompanhado. Durante toda a minha vida, eu fui desprezado, sorte minha que não ligava para isso, não precisei ser uma criança deprimida, eu não conseguia sentir apatia, para ser feliz, eu fazia algumas brincadeiras nada interessantes para os humanos e não me arrependo de nada.

- Tem certeza? – Taemin perguntou tirando as mãos do rosto – Me parece irritado demais para alguém que não liga.

- Sabia que uma hora dessas todos os seus amigos estão mortos? Eu já falei, não é? Que quando você voltar, nenhum deles estará vivo e que não vai demorar muito pra você também bater as botas para sempre... Isso se você me vencer – Kyungsoo atacou.

Os dois começaram a brigar como se fosse dois humanos comuns, sem utilizar poderes, era um tentando se controlar mais do que o outro, aquilo resultava em vários tremores no chão. Taemin tentava controlar todos os seus poderes de uma só vez, incluindo o poder idêntico ao de Kyungsoo que também estava tentando não derrubar a neve inteira sobre eles.

- Amber matou Sulli! – Taemin ficou desconcentrado por alguns segundos e ganhou um soco, conseguiu devolver, mas só deixou o maior ainda mais irritado – Mas Sulli foi esperta, arrancou o filhinho dela antes de morrer. Ela deve estar morrendo em algum hospital vagabundo por ai_

- CALA A BOCA SEU FILHO DA PUTA! – Taemin socou Kyungsoo com tanta força que ele foi parar a metros de distancia. Só ao ver o buraco no rosto do mais velho, foi que Taemin percebeu que as juntas de seus dedos haviam se transformado em pontudas escadas de gelo, não teve tempo para pensar muito naquilo, correu na direção do maior sentindo a neve e o tempo se descontrolando, a tempestade se aproximava, mas ele não tinha tempo para medir forças. Precisava matá-lo, precisava impedir que ele falasse tanta merda – EU TE ODEIO! MORRE DESGRAÇADO!

 

***

 

Sehun só conseguiu ver uma explosão antes que Taemin conseguisse chegar a Kyungsoo. Ele não sabia dizer o que era, a explosão não tinha fogo, ele só conseguia ver um cogumelo formado de gelo e ar.

Se ele não estivesse enganado, Taemin havia conseguido se descontrolar tão completamente que seus poderes entraram em conflito e atacaram um ao outro, fazendo a explosão acontecer.

E no caso de Sehun estar certo... Não dava para saber quem havia morrido primeiro com a explosão.

Ele sentiu uma pontada forte na barriga, Taemin não podia ter se descontrolado... Se ele perdesse... Tudo estaria perdido, todos os esforços, não teriam valido de nada, e todas aquelas vidas...

Sehun olhou apreensivo para os dois corpos no centro. As almas voltaram para seus respectivos corpos e ligeiramente o corpo de Kyungsoo se petrificou. Ele nem podia explicar o quanto ficou aliviado quando viu que Taemin havia vencido.

A ponte começou a se formar entre os líderes e o centro mais uma vez e Sehun correu para ajudar Taemin.

- Eu falhei, não consegui me controlar – Taemin falou olhando para baixo e Sehun sorriu.

- Eu achei que você até pegou leve, se controlou mais do que eu achei que se controlaria, você foi muito bem, só não faça isso na vida real se quiser continuar vivendo – Sehun segurou a mão de Taemin e o levou para fora da bolha.

A sensação de ser sugado pelos ventos não era nem um pouco menos desagradável mesmo que já fosse a segunda vez que aquilo acontecesse. Quando seu corpo voltou para o frio desagradável de Goyang se sentiu aliviado.

- Estou de volta... Finalmente, não aguentava mais aquele branco, posso soltar meu namorado agora? – Taemin perguntou arqueando a sobrancelha e Sehun sorriu.

- Sim, vocês estão todos livres, fizeram a parte de vocês, agora eu tenho que fazer a minha para que todos nós consigamos sair daqui inteiros se quisermos – Sehun piscou o olhou e foi levado pelos ventos novamente.

Taemin franziu a testa.

Não teve oportunidade de perguntar a ele se o Kyungsoo dizia era verdade. Parou de pensar nisso por dois segundos, precisava acreditar nele pelo menos naquele momento, mesmo que tivesse muito medo do que veria quando voltasse pra sede.

 

*** 

 

Quando Sehun finalmente voltou para a bolha Suho já estava esperando, ele sabia que o único que estava vivo naquele momento era Taemin e que antes de morrer, ele veria todos que amava mortos. Ele se perguntava, sobre a coragem de Sehun. Como ele podia ter coragem pra levar aquilo até o fim? Era algo que ele não conseguiria fazer. Ele admirava, mas ainda assim não se via fazendo algo parecido.

Ele não achava necessário perguntar aos ancestrais quem seriam os próximos oponentes, mas precisava porque era uma regra.

- Soberanos... Quem são os próximos oponentes?

Sehun abriu os olhos negros e disse:

- Os dois líderes, agora se enfrentarão, a última batalha, a batalha que decidirá qual vai ser o lado vencedor. Se o lado Urso vencer, tudo voltará a ser como era apenas as vidas que foram perdidas não serão reparadas. E se o lado dos Ácidos e Bases vencer, todos os vampiros do mundo se tornarão humanos em um prazo de um dia. Aqueles que já são velhos demais para viver uma vida humana, morrerão. E aqueles que batalharam e sobreviveram, morrerão também. O único que ganhará uma segunda chance será o líder vencedor. Ele pode fazer o que com sua vida depois de voltar.

A plataforma começou a se formar, a última plataforma, todas as outras começaram a se destruir e só ficou a dos dois lideres e a ponte que ligava ao centro. Sehun olhou para Suho nervoso, estava com a sua arma na cintura e nem sabia como usá-la direito. Suho tinha poder suficiente para matá-lo em um segundo.

Talvez não tivesse sido uma boa idéia, precisaria ser muito rápido.  

Tentou não pensar naquilo, fechou os olhos, respirou fundo e engoliu em seco. Começou a marchar para o centro da plataforma.

Suho fez o mesmo, sabia que Sehun não tinha nenhuma chance, mas queria saber como ele lutaria.

- Eu o desafio – Sehun falou olhando nos olhos do mais velho.

- Eu aceito – Suho respondeu.

 

Sehun quase podia escutar uma música erudita ao fundo quando sentiu que estava estável em algum lugar no espaço. Podia sentir a brisa, balançando seus cabelos e acariciando levemente seu rosto, o ar era frio, mas não um frio cortante e sim refrescante, ele se sentia confortável naquele lugar. Quase não tinha coragem de abrir os olhos, porque poderia dar de cara com uma paisagem totalmente desfavorável a ele, mas precisava abrir os olhos, e quando abriu, teve uma surpresa.

Suho também sentiu aquilo, o frio não o surpreendia, porque ele sabia que se lutasse, teria que haver frio, afinal era o poder dele, mas o que surpreendeu foi a calmaria, os ventos, o cheirinho de terra molhada, era tão confortável que dava vontade de sentar deitar e nunca mais se levantar.

Ele abriu os olhos devagar, com medo do que poderia ver, olhou para o céu primeiro e viu um céu claro. Era dia, uma manhã que ele nunca tinha visto, apesar do remédio que os ursos tomavam ajudar a proteger do sol, não garantia tanta proteção e eles geralmente não podiam olhar para o céu e ali, ele podia ver.

O sol iluminando modestamente, todo o horizonte.

Ele olhou ao redor e viu vastos campos verdes, de uma grama verde e alcatifada de flores. Era tudo muito bonito para ser verdade, nem parecia que a neve caia lentamente pelo céu. Era como se estivesse nevando na primavera.

Sehun também se surpreendeu. Era uma paisagem calma demais, ele nunca mais tinha olhado para o sol... Nem uma única vez, ele teve vontade de não voltar, porque era onde ele queria estar o tempo inteiro, desde quando fora transformado. Ele sabia que ganhando ou perdendo, jamais veria o sol novamente.

Os dois escutaram vozes, vozes que sorriam e eram familiares, vozes de duas mulheres, uma que corria e sorria como se alguém que ela amasse corresse atrás dela, brincando do lado em que Suho estava, abraçando e girando uma linda criança no colo, sempre brincando com ela para que ficasse mais feliz ainda.

Do lado de Sehun, havia uma jovem moça, que brincava sozinha, mas que ainda assim tentava se divertir como podia. Não era muita coisa, mas ela sentia falta de alguém.

Eram Karenina e Kristin.

As duas pararam de se divertir de repente os dois se assustaram porque não sabiam o que estava acontecendo e elas olharam uma para outra, um olhar diferente que eles de primeira não conseguiram identificar, porém logo descobriram, era o mesmo olhar que eles dois lançavam um para o outro sempre que se viam.

- Chegou a hora... – Suho respirou fundo e uma tempestade começou a se aproximar.

Karenina pegou a criança no colo e correu para dentro da pequena cabana que havia perto do campo que ela corria. Kristin fez o mesmo, correu para os portões do castelo com medo da tempestade. Sehun lançou o último olhar até que ela entrasse no castelo e se preparou para o ataque.

Retirou as duas adagas da bainha e deixou a mão direita segurando a lâmina negra. Os ancestrais sussurravam em seus ouvidos o que provavelmente Suho faria e ele achou que talvez aquilo pudesse lhe ajudar.

Suho ficou invisível.

Sehun arregalou os olhos “Atrás de você” ele ouviu e conseguiu desviar das dezenas de estacas de gelo que vinham como uma brisa forte “A sua esquerda” ele pulou e avançou alguns metros para ficar longe do maior, precisava arrumar um jeito de poder vê-lo. Embainhou as espadas e pensou.

Ele olhou para o chão molhado e sorriu “Na sua frente” Sehun agarrou a lama com as mãos e jogou na direção que os ancestrais lhe indicaram.

Ele conseguiu sujar Suho de lama nos pés, foi o suficiente para ele saber onde estava a cabeça dele. Pegou mais lama e jogou no peito do mais velho. Não tinha mais segredo, ele sabia onde Suho estava.

Suho voltou a ficar visível e começou a jogar estacas de gelo na direção de Sehun, todas as direções. Sehun correu na direção de Suho, colocou os braços na frente do rosto para se proteger e continuou avançando.

As estacas feriram seus braços e suas pernas, mas elas logo começaram a se curar – aquilo era o poder dele agindo.

A batalha continuou, não foi nada fácil desviar dos ataques do rei, mas Sehun fez o que pôde, desviou como pôde.

Quando finalmente ficou frente a frente com Suho não perdeu oportunidade, tirou a adaga da bainha e a enfiou no coração do mais velho.

Os olho de Suho ficaram confusos.

 

***

 

Tudo parecia acontecer em câmera lenta para Taemin. Ele andava e não respirava, não só por não haver necessidade, mas também porque tinha medo dos cheiros que poderia ‘não’ sentir. Ele procurou todos por todos os quartos da sede. Um a um.

Abriu a porta do quarto que Kai estava preso devagar, tinha medo do que podia encontrar por isso foi com calma, a sensação de que algo estava extremamente errado só aumentava.

Ele continuou verificando todos os quartos, mesmo que soubesse que encontraria todos vazios.

JongHyun, Josephine, nem mesmo Luhan estavam ali para contar alguma história.

Quando ele saiu do quarto de Josephine seguiu pelo corredor sem querer mais abrir nenhuma porta além da do quarto de Sehun, foi devagar, sem pressa... Ele preferiu adiar o momento o quanto podia.

Respirou fundo antes de abrir a porta do quarto de Sehun e puxou a maçaneta.

Só queria estar morto quando entrou naquele quarto.

 

***

 

Suho cravou uma estaca de gelo na barriga de Sehun, quando percebeu que ele estava hesitando.

O rei não entendeu nada quando percebeu que a adaga que Sehun havia usado para lhe atingir não era a que ele havia lhe dado, e sim uma simples adaga de prata.

- Sabe que isso não vai me matar – Suho o empurrou e saiu cambaleando até cair no chão. Era uma dor insuportável, mas ele sabia que não lhe mataria.

- Eu... – Sehun tirou a estaca de gelo da própria barriga e gritou de dor -... Não sei se consigo fazer isso, Tobias – Ele colocou a mão sobre o ferimento e começou a soluçar desesperado.

Suho olhou com desprezo para o mais velho.

 - É sério isso? Você fez tudo o que fez para no final ter coragem de olhar na minha cara e me dizer que não tem coragem de me matar? Você é idiota ou o que? – Suho gritava olhando nos olhos do maior.

Sehun se aproximou e ficou do lado do mais velho.

- É que... – A voz dele falou e ele engoliu em seco -... Eu vejo nos seus olhos... O mesmo olhar que Karenina me lançou quando eu a matei.

Sehun se calou, o rosto ficou inexpressível, era inacreditável.

- Acontece, Joseph, que essa é a única solução, ou quer mesmo ter matado todos eles em vão? Taemin vai te matar quando souber.

- Não. Eu conheço, Taemin. Ele vai pedir para que eu o mate. É uma opção, a outra seria ele me matar e depois se suicidar – Sehun pegou a espada negra e olhou para a lâmina.

Suho lançou um olhar doloroso para ela.

- Você os odeia não é? – Sehun perguntou e Suho assentiu – Eles infernizaram a sua vida por séculos. Tiraram os seus pais de você, não paravam de falar para você fazer coisas que não queria... Agora eu posso acabar com isso, mas ao mesmo tempo estarei realizando o seu maior pesadelo, vai ficar a par deles.

- Eu não me importo. Todos nós seremos destruídos, será melhor do que ficar ouvindo a voz infernal desses idiotas.

Sehun sorriu.

- Sempre querendo fazer piada, não é?

Suho ficou calado por alguns segundos. Sehun se preparou para dar o golpe final.

- Espera... – Suho chamou atenção -... Antes eu preciso pedir uma coisa. Eu sempre te culpei por ter matado a minha mulher e meu filho... Mas quando Krystal morreu, eu percebi que havia feito a mesma coisa por conta própria... Por favor... Não faça isso acontecer de novo. Eu prometi a ela que tentaria salvar ela e o filho...

Sehun abaixou a cabeça.

- Se restar forças... Por favor.

Sehun assentiu.

- Tudo bem, eu farei.

Suho sorriu.

- Você salvou o pedaçinho da minha alma agora – Ele fechou os olhos – Posso morrer em paz.

 

***

 

Taemin escutou uma explosão vinda do centro da cidade quando caiu de joelhos no chão do quarto. Um vento forte passou por ele, como se fosse uma alma atravessando o seu corpo. Sentiu a energia se distanciando, ele podia sentir que ela se espalharia pelo mundo inteiro.

Não tinha mais forças para se levantar... Não tinha coragem... Não queria... Queria morrer ali.

Todos os esforços, tudo o que fizeram... Não havia valido de nada. Fora tudo jogado fora, ele nem mesmo conseguiu proteger a família que tinha como havia prometido ao jogar os primeiros grãos de terra no enterro de seus pais.

Ele olhou para as próprias mãos, a vista embaçada por conta das lágrimas “Kyungsoo devia estar certo... Amber também já deve estar morta” Ele sabia que era verdade o que ele dizia, mas no momento da batalha, só precisava pensar em se concentrar... E tentar pensar positivo.

Ele via pela janela que aos poucos o tempo e o clima da ilha estavam voltando ao normal. Ouviu gritos vindos de mais longe.

Seriam Ursos gritando? Estariam eles morrendo? Sehun vencido ou... Estariam gritando ao rei por não ter falhado mais uma vez?

A resposta veio segundos depois. Quando ouviu passos atrás de si.

Taemin suspirou e abraçou o próprio corpo.

- Veio me matar? – Perguntou sentindo tanta dor que chorar jamais demonstraria o que estava sentindo. Não ouviu nenhuma resposta, mas não precisava.

Ele se levantou e andou manco até o corpo de Kai. Sentou-se ao lado da estátua serena e encostou as costas na parede.

Sehun se aproximou dele devagar.

- Quer saber Sehun... Depois tudo o que você fez... Você estaria me fazendo um favor enorme me matando agora. Vai, pode completar o seu serviço. Está louco para fazer isso desde o começo, não é? Você conseguiu acabar literalmente com a minha vida e provavelmente, com a vida de todos que viviam nessa ilha e sobreviveram... – Taemin encostou a cabeça na parede, sem ter mais nada o que dizer, mais nada a sentir – Coloca um ponto final nisso.

Sehun arqueou a sobrancelha e olhou para a adaga na mão direita. Direcionou o olhar para Taemin e se ajoelhou na frente dele.

- Você foi o escolhido, deveria se sentir honrado, o único que saberá toda a verdade – Sehun colocou a mão sobre a testa do menor e este fechou os olhos esperando que ele colocasse logo um fim naquilo – você vai descobrir que a morte pode ser tão gentil quanto a vida.

Taemin abriu os olhos.

- Adeus, Lee Taemin.

Ele fechou os olhos novamente e ficou tenso, segundos antes da lâmina cortar a carne do seu coração paralisado. 

 



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