1. Spirit Fanfics >
  2. Acrisolar >
  3. Capítulo 3

História Acrisolar - Capítulo 3


Escrita por: Cerymor

Notas do Autor


Apreciem a leitura!

Capítulo 3 - Capítulo 3


CAPITULO 3

SAKURA

Alguns meses atrás, minha rotina se resumia a chegar em meu apartamento apenas para dormir. Não usava com muita frequência os outros cômodos, em particular minha cozinha. Usava somente quando era para fazer café ou esquentar comidas congeladas que eu comprava no supermercado próximo de casa. É uma cozinha muito bem montada, com os mais diversos aparelhos e moveis, porém parece ser desperdiçada por não ser usada. Um ponto a ser ressaltado é que eu não sei cozinhar. Parece que o mesmo dom que eu tenho para ser médica eu tenho para queimar comida.

A maneira como eu estava me alimentando era preocupante então passei a comer frutas no café com mais frequência e correr no final do dia após chegar do hospital. Claro que tem dias em que eu chego bastante cansada e não como nada e nem corro, e de manhã antes de ir para o trabalho eu saio tão apressada que acabo me esquecendo de comer ou levar uma fruta.

Desde que comprei esse apartamento eu tenho feito o possível para ser positiva. E tem dado certo, mas tem dias em que me sinto nostálgica.

Todos os dias quando chego ao hospital, meu foco é completamente em meu trabalho. Aquelas crianças me fazem feliz, eu sinto em meu interior que nelas encontro um pouco do que procuro. Elas preenchem, mesmo que mínimo, o vazio em meu peito.

O hospital particular de Osaka é conhecido em todo o país por seus tratamentos para o câncer e na área de cardiologia, contando com equipes de médicos de renome e aqueles que estão ainda construindo sua carreira. Além de ser um hospital que financia pesquisas nas mais diversas áreas da medicina.

Para que eu conseguisse entrar nesse hospital não foi fácil, tive que estudar bastante e doar meu pouco tempo de lazer para me focar e apresentar minhas habilidades enquanto eu fazia residência, conseguindo me destacar e alcançando a vaga que eu desejava.

Hoje quando acordei, reparei no despertador que estava atrasada e, consequentemente, não dava tempo de lembrar muita coisa, pois minha cabeça estava nublada pela palavra que eu repetia diversas vezes enquanto levantava da cama em um pulo e corria para o banheiro: —Merda, merda, merda...

Quando cheguei ao hospital apressada, logo na entrada pude ver Yamato junto com Shizune saindo de seu plantão e indo para casa, não antes de me cumprimentarem.

—Parece que alguém está atrasada. —, brincou Yamato enquanto apertava a mão de sua esposa e companheira de trabalho, Shizune. —Estava pensando em fazer um churrasco lá em casa para comemorar a mesa que consegui, por fim, terminar de construir. Se eu quiser largar medicina, consigo ser um bom marceneiro.

—Por Deus, não brinca com isso. Se tirarmos base nessa mesa que você construiu e você virar marceneiro, eu que terei que sustentar a casa. —, zombou Shizune do marido. Vê-los sorrindo tão felizes fazia parecer que eram recém-casados, mesmo que já tivessem completado 10 anos de união. —Sakura querida, eu te mando um email depois falando a data do almoço, ok?

—Sim, por favor. — Disse, enquanto a abraçava para logo me despedir. —Se não se importam, eu tenho que entrar. Estou realmente atrasada.

Quando eu já estava apertando o botão do elevador, ouvi Shizune falando ao longe. —Ah sim, Sakura, Tsunade quer conversar com você, passe na sala dela no final da tarde.

Concordei com a cabeça e subi direto para a ala de pediatria. Fiz uma anotação mental de que não poderia me esquecer de ir até minha madrinha. Quando encontrei Konohamaru agradeci aos céus e pedi a ele que me lembrasse.

Enquanto andávamos, Konohamaru me passava todas as informações sobre os pacientes e o quadro deles que ele havia pegado com o médico de plantão na noite anterior. Quando estava chegando perto do corredor que ficava os leitos escutamos muitos risos, o que estava sendo frequente durante esses quatros dias em que Naruto e Sasuke foram escalados para a ala.

—Naruto é mais animado. Sempre deixa o trabalho na metade para Sasuke terminar e vai brincar com as crianças. — Comentou Konohamaru. —Até por que Sasuke não brinca tanto, sempre fica no canto observando.

Mas ao entrarmos, Sasuke estava sentando lendo alguma historia para umas sete meninas enquanto Naruto deixava que o pequeno Yugi pintasse seu rosto fazendo bigodes em suas bochechas. Enquanto chegava perto de Sasuke, percebi que ele terminava a historia e Naruto gritava que era uma raposa.

Durante esses dias em que os dois ficaram com a ala para limpar, Sasuke e eu temos conversado dos mais diversos assuntos. Tem sido agradável fazer amizade com ele e com Naruto.

—Fazia bastante tempo que não ouvia as crianças rirem desse jeito como vejo esses últimos dias. — Sorri, lembrando como é difícil para cada uma dessas crianças ficar no leito de um hospital; poder ter um momento de felicidade é satisfatório para elas.

—Naruto se empolga fácil demais. E como terminamos mais cedo o serviço, decidimos ficar mais um pouco. — Sasuke comentou enquanto desviava seu olhar do meu para encarava Naruto.

—Naruto parece ser alguém cheio de energia. — Comentei pensando que ainda é tão cedo e ele já pula com total disposição.

—Ate agora pouco ele reclamava do cansaço e de fome.

—Fome. É isso! — Céus, esqueci novamente. —Lembrei agora que não jantei ontem de novo e nem tomei café da manhã e agora estou com fome. — Irei à cantina quando Ino aparecer.

—Não acho que isso seja saudável, mas a médica aqui é você, então você sabe do que estou falando... — Sasuke me repreendeu e me senti envergonhada. E eu não podia rebater por saber que ele estava certo.

 —Sakura-chan, bom dia! — Gritou Naruto vindo ao nosso encontro e não pude deixar de rir da maneira alegre e descontraída dele.

—Bom dia, senhor raposa!— Zombei de seus bigodes.

—Espero que não seja caneta permanente o que as crianças têm aqui. — Sasuke disse entrando na brincadeira.

—Por sorte, não damos mais as permanentes. Elas pintavam o quarto todo. — Notei o alivio instantâneo em Naruto.

—Sabe Sakura, eu estava aqui pensando, você é ruiva e com os olhos mais verdes que vi na vida. Então, eu fiquei pensando sobre sua ascendência. De onde seus pais são?

A pergunta lançou em mim uma onda de emoção inesperada. Me senti desarmada com essa pergunta tão repentina. Como uma simples pergunta podia criar um nó tão grande em minha garganta, não deixando com que eu falasse algo?

Pensei logo que eu podia contornar ou dizer alguma mentira, não me sentia estruturalmente pronta para me abrir com eles ou com qualquer pessoa sobre meus pais.

Desde a morte dos meus pais eu faço de tudo para não falar sobre nada relacionado a eles com pessoas que não confio ou conheço. Não importa se já se passaram vários anos, eu ainda sinto a dor de perdê-los e essa dor eu escondi tão profundamente em mim que agora não tem volta; mas ao olhar pra Sasuke, vê-lo me olhando e esperando uma resposta me fez sentir que podia confiar neles. Era só sobre minha ascendência afinal, eu podia fazer isso. Então respirei fundo e sorri.

—Desculpe, é um pouco difícil falar deles, mas meu pai, ele era francês e minha mãe era japonesa com ascendência holandesa. — Disse por fim enquanto eu enrolava em meu dedo uma mecha do cabelo. Olhando agora me fez lembrar de todas as tranças que minha mãe fazia e de como meu pai dizia que a cor parecia cor de chiclete. Eu estava perdida em pensamentos. —É por isso que tenho o cabelo dessa cor e os olhos também. Meu pai era bastante ruivo e minha mãe... Bem, ela era loira. Os dois tinham olhos verdes. Puxei um pouco de cada. Tenho um pedacinho de cada um deles em mim.

Naruto me olhou serio. —Você usou a palavra ‘era’ então, devo supor que, eles não estão mais aqui?— Ele perguntou com bastante amabilidade.

Eu só consegui sorrir como resposta.

Eu era uma mulher resolvida. Tinha o emprego que eu tanto almejava, não precisando de ninguém para me ajudar financeiramente. Não iria me abalar por aquilo, já passei por tantas coisas para às oito e quinze da manhã me sentir fragilizada. Troquei o peso do meu corpo para a perna direita e levantei a cabeça. Sasuke não falou nada até então; quando olhei para ele, era como se ele pudesse saber da dor que eu carregava.

Naruto colocou as mãos atrás da cabeça começando a sorrir. —Meus pais também não são totalmente japoneses. A minha mãe tem ascendência irlandesa. O cabelo dela é muito incrível, é vermelho também, só que mais forte que o seu. Eu queria ter nascido com a cor o cabelo dela. É muito bonito. — Disse ele bagunçando mais os cabelos loiros. —Já meu pai ele é alemão, o cabelo dele e os olhos são iguais os meus então eu puxei pra ele. Ele veio pro Japão para firmar um contra... Quer dizer... —, nesse momento ele tossiu olhando desconfiado para Sasuke. — Eu quis dizer... Para uma viagem com o pai do teme, o tio Fugaku, e conheceu minha mãe. Então nunca mais foi embora!

Ele sorriu, talvez se lembrando dos seus pais. —Minha mãe é assustadora algumas vezes, você precisa ver, mas meu pai consegue acalmar ela rapidinho. Eles agem como eternos namorados e melhores amigos, então eu penso que quero isso pra mim quando eu encontrar alguém. — Ao terminar Naruto ficou cutucando Sasuke mais de uma vez enquanto insistia com ele para falar sobre a sua família. —Fala a sua ai também Sasuke.

Olhei curiosa para o moreno na minha frente. Os traços dele são totalmente orientais. Por não ver reação nenhuma, deduzi que ele não iria falar nada até que ele fechou os olhos e começou a dizer.

—Meu pai é japonês. Minha família paterna inteira é do Japão e minha mãe é metade coreana metade japonesa. Eles se conheceram aqui no Japão, desde muito jovens porque o pai da minha mãe conseguiu um bom emprego aqui. Então meus pais foram amigos desde muito jovens. Até que aconteceu uma situação que obrigou meu pai a procurar uma esposa o mais rápido possível, então meus pais se casaram sem se amar à principio. Mas segundo minha mãe, ela sempre admirou meu pai e o amor foi sendo construído com o tempo. Meu pai disse que sempre amou minha mãe, então eles estão felizes até hoje. — Deu de ombros quando terminou de falar sobre seus pais.

Uma das crianças chegou e puxou Naruto para brincar e ele foi sem hesitar.

Quando só estava eu e Sasuke novamente sozinhos, ele disse com os olhos fixos no meu: —Eu sinto muito pelos seus pais. Eu tenho os meus comigo então não sei como é perder, mas posso dizer que só de pensar já é difícil. — Assim que terminou de falar ele colocou o livro que ainda estava em sua mão em cima do puff. —Minha mãe disse que é a partir de algumas dores é que conseguimos crescer, então devemos aceitar mesmo que seja difícil. A dor nos molda e nos torna quem somos. Se somos pessoas boas ou ruins, esforçadas ou aquelas que desistem... — Eu me sentia cada vez mais relaxada com o que Sasuke falava —... Ou seja, praticamente somos moldados a partir de tudo o que acontece. Vendo você agora, é notório saber que você escolheu o melhor caminho. Seus pais teriam orgulho. — Era exatamente o que precisava ouvir naquele momento.

—Sua mãe parece ser alguém bastante sabia e incrível. — Disse enquanto gravava em meu coração a ultima frase e repetia em minha cabeça ‘seus pais teriam orgulho’, como uma terna melodia. —Esse tipo de assunto, sobre meus pais, é o tipo que evito ao máximo por ser algo que mexe comigo; por eu ter os amado tanto e por tudo o que vivi com eles, mesmo que tenha sido pouco tempo, foi precioso pra mim. Meus pais, eles foram perfeitos em tudo e por isso que eu sinto que não poderei superar a morte deles, não ainda. — Eu disse sem lagrimas ou um nó na garganta. Eu consegui dizer. —Obrigada pelo o que você disse, é algo que eu guardarei para continuar dando meu melhor.

—Testuda! — Gritou Ino na porta chamando atenção de todos.

—Prefiro Sardenta, Sakura-chan nem é testuda. — Disse Naruto enquanto carregava Riko em suas costas.

—É porque tem uma historia por trás do ‘testuda’, Naruto-kun. — Enquanto entrava, Ino piscava marota para Naruto, fazendo com que todos ficassem ansiosos para a historia, exceto eu, é claro. Ino não pode contar essa história.

—Ino... essa história não. — Mesmo dizendo isso eu sabia que ela não daria ouvido as minhas súplicas.

—No primeiro ano da faculdade, em que eu e Sakura fazíamos, ela se esforçava demais nos estudos e dormia pouco. Um dia ela estava na cadeira ao meu lado e era dia de prova, quando olhei para a Sakura, ela estava dormindo sentada de tão cansada. Quando eu tentei acordá-la, ela simplesmente escorregou e bateu a testa com tudo na mesa fazendo um som estrondoso na sala. — Enquanto conta, Ino solta gargalhadas altas sendo acompanhada de Naruto enquanto Sasuke faz com que seus lábios brinquem em um simples sorriso. É até charmoso. —Mas melhor parte não é essa... —, respira com dificuldade tentando terminar a historia. —Quando ela levantou a cabeça, a borracha estava colada na testa dela e ela nem notou continuando a prova com a borracha na testa enquanto todos riam dela. Até o professor, que era o mais carrasco, morreu de rir. E foi desde esse dia que ela foi conhecida como testuda.

Todos na sala estão rindo, fui vencida com a lembrança e ri junto com eles. —Isso tráz nostalgia... — Disse olhando para Ino e lançando um sorriso para ela. —Que nem na vez que estávamos apresentando um trabalho de anatomia e a Ino estava bastante nervosa então ela se atrapalhou toda e começou a rir de tão nervosa que estava e no meio de um dos ataques de risos, ela fez um ronco de porco. — Dessa vez é Ino que esta mortificada com a lembrança e eu sei que ela esta amaldiçoando as lembranças e a mim. —Então desde esse dia, ela também ficou conhecida como PorcaIno, ou só porca para os mais íntimos. Se você fizer ela rir muito ela vai soltar um ronco, espere e verá. — Foi a vez de todos gargalharem do passado de Ino.

—Estou adorando saber do passado de vocês! —, falou Naruto, enquanto limpava as lagrimas dos olhos de tanto rir. —Eu e o teme temos muitas histórias também... teve uma vez... —, Naruto estava começando uma historia quando sinto Sasuke correr para pegar Momoko, uma menina de oito anos que estava caindo no chão com problemas para respirar.

Quando cheguei ao lado de Sasuke, coloquei a mão na testa dela, percebi que sua febre tinha aumentado e talvez o esforço de mais cedo a tenha deixado um pouco cansada e débil. —Obrigada Sasuke, coloque-a na cama por favor. Konohamaru, traga a ficha dela. Precisamos ver o que o médico de plantão deu a ela. Ino, me espere na cantina, logo estarei lá. E Naruto... —. Quando olhei para o loiro, notei a preocupação em seu rosto —... Vá com ela e peça um café para mim ok? Chego daqui a pouco.

Sasuke foi até o loiro e disse algo que não consegui ouvir por estar mais preocupada com a Momoko. Logo depois, ele voltou para meu lado e ficou vendo todo o procedimento. Momoko tinha passado toda a noite com febre, segundo o prontuário que o médico de plantão deixou com Konohamaru. Depois de medir a temperatura dela e fazer tudo o que estava ao meu alcance, deixei que dormisse, com um soro medicando enquanto ela ficava sob vigilância de Konohamaru.

—Você parece cansada. — Disse Sasuke quando cheguei perto dele.

—Eu não poderei sair da ala agora.

—A situação dela é grave? — Questionou.

—Ela está com problemas respiratórios. No pulmão dela cresceram umas células, ou seja, um tumor. Ainda não sabemos se é maligno, porém... —, parei por um instante, começando a massagear meu pescoço o sentindo tenso, desejando uma massagem —... Ela pegou uma gripe o que dificulta as coisas, tendo que ficar em observação. Não posso sair daqui por isso. — Suspirei fundo para logo dizer o que mais me deixava preocupada. —Eu sou cardiologista e fico limitada quando acontece isso. Mesmo sendo médica, não estudei a fundo algumas áreas, não são minha especialidade e o médico que cuida delas, especialista e clinico geral, está sempre atrasado, dificultando o trabalho. Preciso resolver isso com o novo dono do hospital o mais rápido possível, mas por hora, terei que cuidar de Momoko e fazer o que for necessário.

Sasuke estava com uma expressão séria, o que criava um vinco entre suas sobrancelhas. Parecia estar pensando em algo, até dirigir a palavra a mim.

—Meu horário e do Naruto acabou, estamos indo para outra ala. Depois do expediente passamos aqui para vê-la. — Disse ele, somente pegando seu rodo e do Naruto e os dois baldes. Quando ele estava quase saindo, Naruto aparece na porta com meu café e um sanduiche.

—O teme disse que era pra eu trazer esse sanduiche por que você não tinha comido. Como ela está? Espero que eu não a tenha cansado muito. Ela estava bem até agora pouco...

—Não se preocupe, você não fez nada. Na verdade, vocês dois não fizeram nada além de trazer alegria às crianças. Ela só está cansada. Obrigada pelo café e sanduiche, quanto foi?

—Opa, não foi nada. Eu comprei com o dinheiro do teme e... — chegou perto de mim e cochichou no meu ouvido, mesmo Sasuke podendo ouvir: —O teme vai se sentir ofendido se você devolver o dinheiro. Só coma!

Sasuke deu o balde e o rodo dele e saíram da sala. O local ficou silencioso. Ainda era dez horas da manhã e eu já tinha quase chorado, gargalhado muito e agora estava preocupada. O dia parece ser cheio hoje e já estou cansada.

 

*          *          *          *

SASUKE

Faz somente cinco dias que eu estou ‘trabalhando’ no hospital e já encontrei várias irregularidades. Eu não podia esperar por mais uma semana para colocar em pratica alguns planos. Hoje é sexta e eu darei um jeito em algumas coisas.

—Naruto, você precisa ficar mais atento ao que fala. Quase disse sobre nossos pais, além de fazer perguntas bastante pessoais à Sakura.

—Eu estava curioso sobre ela, não sabia que seria algo ruim para perguntar. Só fui perceber ao ver o quanto aquilo a incomodou e meio que a machucou quando ela sorriu falso. — Falou pensativo e eu percebi que ele tinha as melhores das intenções quando fez a pergunta para Sakura. —Cara, sobre nossos pais, eu quase deslizei. Acho que a Sakura-chan não percebeu, foi mal. Prometo não falar nada e vigiar mais o que digo.

—Fica mais atento. Falta só uma semana para a festa de posse, logo acabará tudo isso.

—Falando nisso, Sasuke... — Naruto me olhou cauteloso e eu já sei o que ele quer dizer. —Tem algumas coisas bastante irregulares que eu percebi acontecendo aqui.

—Sim, também andei observando bastante coisa que me deixou irritado. Acho curioso o hospital render bastante dinheiro, ter bastante pacientes e algumas coisas estarem ocorrendo de maneira tão desleixada. — Enquanto andava pelo corredor com Naruto, sempre olhava para os lados para ver se alguém estava nos escutando. —Percebi, por exemplo, que na ala pediátrica onde ficamos bastante tempo, alguns médicos não vem trabalhar. Olhei na ficha e parece que um tal de Orochimaru, que é o chefe da ala e pediatra responsável pela maioria das crianças,  recebe o triplo do salário de Sakura e nunca o vi trabalhando; e no contrato dele, que meu pai me deu para analisar, ele deveria trabalhar todos os dias como Sakura.

—Não será por que ele tem mais anos e mais renome e experiência que Sakura-chan que ele recebe mais?— Questionou Naruto.

—Isso não explica a ausência dele, afinal, ele não está sendo pago pelo renome e sim para trabalhar. Percebi também a falta de alguns medicamentos. Esse hospital é particular e agora pertence a nossa minha família, não posso deixar que isso continue. — Parei de andar percebendo que o corredor onde estávamos era vazio. —Pedirei que investiguem Danzou para saber se ele está desviando algum dinheiro.

—Danzou? Quem é esse?

—Tsc, Naruto, você não leu nenhum documento do hospital? — Eu sei que essa pergunta é retorica. Naruto nunca lê nada. —É o atual administrador do hospital ou médico chefe, como falam por aqui. Ao que parece, a índole dele e desse tal Orochimaru não é muito boa. Irei investigar os dois até segunda e saberei o que eles têm feito com o hospital. Quando eu li a ficha dos dois, não gostei nada deles.

—Até segunda? O que você pretende fazer?

—Sim, se eu encontrar qualquer coisa irregular ou desleal, por menor que for, demitirei os dois e colocarei médicos capacitados nos lugares deles. Já investiguei alguns médicos e suas índoles e tenho alguns em mente. — Lembrei de dois médicos que são antigos e bastante renomados. —Também fazerei algumas mudanças e reformas em algumas alas; trocar alguns equipamentos e comprar outros. Tem mais coisas, porém te falarei só mais tarde quando conversar com meu pai a respeito.

—Nossa! Você já pensou em tudo isso? — Perguntou Naruto, coçando a cabeça enquanto sorria animado, o que era um gesto que ele fazia quando ficava empolgado com algo.  —Tenho algumas ideias também a respeito de alguns dos enfermeiros e médicos que trabalham em outras alas. Também tenho ideias de melhorias na segurança. — Eu sabia que ele estava observando tanto quanto eu. —Eu tenho uma pergunta pra te fazer antes de qualquer coisa.

—O que é? — Indaguei curioso.

—Nós atuaremos como médicos ou como administradores quando tomarmos posse do hospital? —, questionou sério olhando para mim.

—Não faço ideia ainda. Meu pai não gosta da ideia de um Uchiha ser ‘somente’ um médico. Ele quer que eu administre as indústrias, que estão no nome da minha família. Não quer perder a posse de nada para meu tio Obito, mesmo que meu tio não tenha herdeiros. Meu pai trabalhou muito e adquiriu muitas coisas para abrir mão tão facilmente para meu tio preguiçoso.

—Eu sei, lembro que foi por isso ele te fez fazer administração e contabilidade depois que terminou a faculdade de medicina e meu pai achando isso o máximo, fez o mesmo comigo. — Lembrou Naruto, com uma cara de derrota, o que acabou me fazendo lembrar de todo o nosso passado acadêmico até chegarmos ao presente e trabalharmos de faxineiros. —Já não bastava seis anos de medicina e quando estávamos fazendo nossa residência, pensando que já estávamos para terminar, ainda tivemos que estudar contabilidade e administração. Eu já estava ficando louco com tanto numero e sangue.

Lembrei dos noves anos longe de casa e como foram exaustivos. —Foi realmente complicado, mas pelo menos nas férias podíamos voltar para casa e descansar...

—... E brincar com o Itachi. —, Naruto concluiu minha frase, sabendo o quão é importante meu irmão para mim.

—Sim... a melhor parte era brincar com o Itachi.

No final do expediente, Naruto e eu passamos para ver se Momoko tinha melhorado e soubemos que, novamente, Orochimaru não havia aparecido e não tinha explicação para tal ausência. Konohamaru que já estava de saída, nos contou que Sakura fez o que estava no alcance dela e que por hora a criança estava bem. Enquanto ele conversava comigo, Naruto se esgueirou até a cama da menina e observou o que podia o quadro dela.

—Mas, é difícil para a Doutora Haruno cuidar eficientemente da paciente por ter limitações de área médica e o quadro dela necessitar de alguém que a acompanhe. Esperamos que o médico de plantão saiba fazer algo. Já terminei de escrever no prontuário dela o que aconteceu. — Disse o médico residente que ajuda Sakura e quando eu ia agradecer Naruto, chegou do meu lado e perguntou alarmado.

—Você disse Doutora Haruno? O sobrenome da Sakura é Haruno?

—Sim, está escrito no jaleco dela seu idiota. — Disse a ele. —Por que tanto alarde com um sobrenome?

—Obrigada, Konohamaru, até amanhã. — Cumprimentou Naruto, me puxando para a porta de saída. —Sasuke, os Harunos são sócios do meu pai.

—O que?— Agora isso era uma surpresa para mim.

—É uma empresa francesa sócia do meu pai... Claro, faz sentido agora. — Dizia o loiro pensativo, enquanto andávamos pelos corredores. —Os donos sofreram um acidente de carro há alguns anos atrás e meu tio está cuidado da empresa agora para a herdeira.

—Então a construtora que Jiraya administra é da Sakura?— Afirmou o loiro com um aceno de cabeça, enquanto ele passava pela porta da frente do hospital ao meu lado. —Então Sakura não é ‘somente’ uma médica, como herdeira de uma enorme e lucrativa construtora? A construtora que meu pai luta tanto para comprar. Irônico.

Andamos para uma rua aonde eu estacionei meu carro para não deixar na frente do hospital e levantar suspeitas, afinal, como um faxineiro teria um conversível como transporte e sendo carro próprio?

—Naruto, hoje iremos conversar com nossos pais e contar tudo a eles, preparado?

—Não é do meu pai que eu estou com medo e sim da minha mãe. A mulher vai me matar.

—Sua mãe não te mata, não, você é filho único e eles precisam de um herdeiro pelo menos, mesmo que o herdeiro seja você, eles não têm muitas opções. — Zombei.

—Então se eu fosse você ficaria preocupado Sasuke, você tem um irmão e ele parece ser mais inteligente que você.

—Não use como base sua inteligência seu idiota, não é por que Itachi é mais inteligente que você que ele seria mais do que eu.

Enquanto me aproximo da casa dos meus pais, penso na reação deles e se vão entender tudo o que Naruto e eu fizemos.

—Niiisaaaaaaan.— Gritou Itachi correndo em minha direção para me abraçar. O mesmo sorriso e a mesma alegria que contagiava a todos. O Recebi com um abraço apertado.

—Yo, Itachi. — Disse, Naruto abrindo os braços e sendo retribuído por um Itachi eufórico.

—Quando a okaasan disse que você vinha, eu fiquei esperando você na porta, aí o otousan chegou e eu pensei que era você, mas aí ele veio com o tio e foram para o escritório e a tia tá comendo na cozinha, agora a gente pode brincar, né?

—Mais tarde, agora vou conversar e depois eu venho, ok?

Itachi fez um bico demonstrando tristeza, o que fez Naruto pegar ele e colocar nas costas pulando um pouco e fazendo Itachi gargalhar alto, chamando atenção das nossas mães que vieram até nós.

—Naruto, seu idiota! Cuidado para não derrubar o menino. — Gritou a mãe de Naruto, fazendo com que ele parasse na hora e colocasse Itachi no chão.

—Okaasan, dona Kushina. — Cumprimentei com a cabeça e Naruto fez o mesmo.

Minha mãe nos levou até o escritório enquanto Itachi era levado por alguma empregado para o quarto.

Quando entramos no escritório, Naruto e eu sentamos em um sofá. Meu pai já estava sentado em uma poltrona a minha esquerda enquanto minha mãe se posicionou em pé ao lado dele, negando qualquer pergunta feita por ele se ela quer se sentar. Os pais de Naruto estão em um sofá a nossa frente esperando o que temos para falar.

Respirei fundo e disse a eles tudo o que nós dois havíamos feito durante a semana e, por incrível que pareça, o que eu havia imaginado não aconteceu. Meu pai não enlouqueceu e nem os pais de Naruto. Eles só ficaram sentados ouvindo tudo o que falávamos. Tomei aquilo como incentivo e continuei falando sobre as discrepâncias existentes no hospital e todo o tipo de informação que havíamos coletado durante a semana. Quando terminei meu pai fechou os olhos respirando fundo, fazendo com que meu corpo automaticamente ajeitasse minha postura deixando minha coluna ereta, esperando qualquer coisa. Ao abrir os olhos, ele fez uma simples pergunta com o tom de voz calmo, o que me deixou desconfiado:

—Então você e Naruto se disfarçaram de faxineiros durante uma semana para coletar tudo isso que acabou de nos contar?


Notas Finais


Qual será a reação dos pais do Sasuke e Naruto?
Até o próximo capitulo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...