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História Across From Love - Chapter Twenty Seven: Unexpected riot... Again


Escrita por: queenmorrilla

Notas do Autor


OLAR!! Feliz ano novo, pessoas mias lindas e fofas <3 espero que esse ano seja cheio de fanfics maravilhosas para vocês. Da minha parte vem uma nova por aí jdsshagdjhas mas hoje é dia de AFL! Primeiro, eu preciso compartilhar uma coisa com vocês: quem leu STN sabe que a Kris e a Ester são baseadas em duas pessoas da minha vida real, que eu gostaria que fossem um casal, mas infelizmente não são. Enfim, a Kris teve filhas gêmeas e deu o nome 'Emily' para uma delas e o outro nome começa com 'A'. EU DEI UM GRITO!!! Segundo, me perdoem se tiver algum erro de digitação. Terceiro, boa leitura:

Capítulo 11 - Chapter Twenty Seven: Unexpected riot... Again


Já ouviu falar na frase ‘só sabemos o que é quando passamos por isso’ alguma vez na sua vida? Outra frase bem parecida é ‘você precisa se colocar no lugar do outro para compreender o que ele está passando’. Pois é. A Emily já tinha escutado essas frases antes, mas não achou que fosse vivenciar tão de perto como era a vida de uma Popstar mundialmente conhecida. 

Eram multidões de fãs atrás da mulher em hotéis,  restaurantes, aeroportos e diversos outros lugares. Muitos desses lugares eram indicados para o lazer da cantora, mas os fãs sempre a encontravam. Emily presenciou o primeiro desafio no aeroporto, quando desembarcaram na cidade onde seria o primeiro show antes dos eventos da virada de ano. 

Milhares de pessoas gritando o nome de Antony, muitos seguranças surgindo por todos os lados para formar uma corrente humana e o principal: toda a atenção e cuidado da própria cantora para atender aquela demanda. Emily e toda a equipe ficaram para trás assistindo a ela se perder no meio das pessoas. De primeira foi muito assustador para a arquiteta. Ela nunca poderia imaginar isso de novo (a multidão de fãs).

A última vez que presenciou Antony numa aglomeração de pessoas assim foi quando tudo saiu fora do controle e elas se conheceram. Mas dessa vez foi diferente. Dessa vez Emily estava ciente daquela multidão e tinha que se desdobrar para não chamar atenção. E confiar que a cantora ficaria bem. 

O segundo desafio aconteceu quando pessoas aleatórias tentaram se aproximar de Antony usando abordagem nada convencionais. Uma delas logo na chegada ao Hotel, quando um rapaz sem noção insistiu em paquerar a cantora, deixando-a muito constrangida. Aquele tipo de atitude irritavam Emily profundamente, mas ela não podia fazer nada. Muito menos Antony. Teve que resistir e escapar com classe para não atrair mais atenção. 

Já o terceiro desafio estava acontecendo o tempo todo, mas Emily só percebeu quando as colocaram em quartos separados. De acordo com a assessora de Antony, a morena precisava dar algumas entrevistas, ir até o local do show para o ensaio, fazer prova de roupa, depois disso se preparar com maquiagem, cabelo, etc. Ou seja, o tempo todo estariam com alguém entre elas. E isso foi acontecendo desde o voo. 

Vieram em um jatinho particular, junto com algumas pessoas da equipe de produção da cantora. Tudo, exatamente tudo, o que conversavam tinham pelo menos umas três pessoas por perto escutando. Isso classifica o terceiro como falta de privacidade. Definitivamente não tinha sido esse passar tempo com Antony que ela gostaria. Mas o que aconteceu a seguir foi bem pior do que as três primeiras situações:

No camarim de Antony, quando foram para o local do show, boa parte da família dela estava ali para celebrarem a chegada do novo ano e curtirem a apresentação. Emily não conhecia ninguém. No máximo a assistente pessoal de Antony, mas a moça estava muito ocupada para lhe dar atenção ou fazer companhia. A cantora, nesse momento, estava na troca de roupa. Então, a arquiteta decidiu ficar sentada no sofá por um tempo até alguém apresentá-la para a família e, como ninguém fez, ficou mexendo em seu celular. 

“Quem é essa mulher sentada aqui?”, pergunta uma mulher do nada, atraindo toda a atenção para Emily, que até então não tinha sido vista por todo aquele pessoal. No mesmo minuto, ela bloqueou a tela do celular, colocando-o sobre seu colo e olha para a mulher que perguntou. 

O camarim era enorme e muito bem iluminado. Tinham vários espelhos, uma mesa com muitas comidas, com marcas que a Antony era patrocinada, esse sofá grande, algumas outras cadeiras, wi-fi, etc. 

“Disseram que a Antony que trouxe…”, responde uma outra mulher, que estava perto da mesa com comidas. “No mínimo, já sabem né?”, comenta dando um ar de sugestão para algo negativo. 

“Toda vez a mesma história: se aproximam da Antônia por interesse, ela acredita que é verdadeiro, acaba se machucando e nós repetimos o mesmo sermão de novo e de novo. Parece que não aprende nunca…”, diz um homem, que estava ao lado da outra mulher na mesa de comidas.

“Como pode ser tão bobinha. Essa mesmo tem cara de oportunista e interesseira!”, diz a primeira mulher, a que reparou sua presença. No momento em que escuta aquilo, Emily se sente mais ofendida do que qualquer outra coisa. Como três pessoas que nunca a conheceram na vida podem tirar conclusões tão rápidas assim? Ela, então, se levanta e começa a caminhar para mais perto deles. A língua coçando cheia de coisas para responder, mas Antony aparece bem na sua frente, como num passe de mágica. 

“Vocês são os sujos falando do mal lavado, eu já começo por aqui, pois não era pra nenhum dos três estarem aqui. Quem pediu pra vir foram vocês, porque eu mesma não convidei”, diz Antony olhando para cada um por vez. “Para o conhecimento de vocês, o nome dela é Emily Mills…”, começa de novo, virando-se o suficiente para pegar na mão da loira e a colocar ao seu lado. “Dona da RSE Construction, formada em arquitetura, filha de Emma e Regina Swan-Mills e a mulher que me salvou dos meus próprios fãs meses atrás - naquela confusão em Storybrooke”, faz uma pausa e olha para a arquiteta, que permanecia quieta, com um pequeno sorriso crescendo em seus lábios, de alívio e por estar sendo defendida. Volta a olhar para os outros para continuar falando: “Caso vocês estejam incomodados, será o maior favor que vocês me fazem de ir embora. Agora, se preferem continuar aqui, desfrutando de tudo o que eu tenho a oferecer, por favor, tenham mais respeito com ela e com qualquer outro convidado meu!”, completa.

Sem dizer nada, e ainda de mãos dadas, Antony puxa Emily para lhe acompanhar até mais a fundo em seu camarim, onde estava se arrumando. A arquiteta a para por um momento e dá um abraço na cantora muito apertado, como forma de agradecimento.

 

XXX

Algumas horas mais tarde

Infelizmente, as mães e a suposta namorada da filha ainda não tiveram a chance de conversar, mas Antony fazia questão de conhecer Emma e Regina melhor e queria fazer quando voltassem. Regina ficou apreensiva com a viagem de Emily com Anthony, pois achava que aquilo poderia ser muita exposição para sua filha ao mesmo tempo que delicado para a cantora. Era uma situação que ambas deveriam tomar muito cuidado. 

Enquanto uma se preocupava demais, a outra mãe estava adorando. Emma e Ashley ficaram sob o efeito do encantamento da cantora após o Natal. Elas não conseguiam falar de outra coisa a não ser a presença de Antony na ceia da família.  Em pensar que os outros familiares estavam sujeitos a causar algum tipo de situação constrangedora, quando na verdade as maiores tietes eram irmã e mãe da pretendente. 

Mas se tem uma coisa que nunca falha é o sexto sentido de mãe da morena mais velha, que sempre apontava para a direção certa ou o mais próximo do que sentia. E dessa vez não foi diferente.  Quando seu celular tocou no meio da noite, ela não se assustou, pois parecia que só estava esperando por Emily ligar e contar a ela o que estava acontecendo:

“Mãe, me perdoa te ligar a essa hora…”, diz Emily se desculpando logo de início.

“Nunca é muito tarde para uma mãe, meu bem”, comenta Regina e boceja em seguida. Levanta-se da cama, tentando fazer o mínimo de movimento possível para não acordar Emma e se retira do quarto, indo até a sala de estar. “O que foi?”, pergunta devido ao silêncio repentino de Emily.

“Nem eu sei, mãe. Eu só precisava falar com você…”

“Não subestime a minha capacidade, Emily Mills, me fale a verdade”, diz como se estivesse dando bronca na filha, mas só a faz rir. 

“Você me conhece tão bem, dona Regina...”, confessa Emily ao mesmo tempo que suspira. “Eu fui chamada de oportunista e interesseira por alguém aqui da família da Antony e isso me chateou muito”, só pelo jeito que ela falava Regina conseguia perceber que realmente tinha lhe afetado. “Ainda bem que a própria Antony estava lá quando isso aconteceu e ela pode me defender. Ou eu teria manchado o nome da nossa família…”, completa. Aquilo faz a mãe rir um pouco. Só de imaginar nas grosserias que a filha usaria contra eles, a morena sentia pena. 

“Posso me intrometer na sua vida pessoal por só um minuto?”, pergunta Regina tentando não parecer tão séria e sim descontraída o bastante para a filha se abrir. Ambas as mães deixavam as meninas livres de pressão, fazendo com que elas escolhessem por si só seus próprios caminhos a seguir. Afinal já eram adultas, eram capazes de tomar as decisões mais difíceis se precisassem. 

“Pode”, responde Emily com a permissão. A mãe se ajeita no sofá, mudando o celular de orelha e se prepara para tocar nesse assunto. 

“Eu não sei como é o relacionamento de vocês, não sei se de fato estão juntas ou não -apesar de eu esperar que sim...”, confessa e dessa vez quem ri é Emily. “Espero ter a oportunidade de saber mais sobre isso em breve. Mas o que eu quero dizer é: você tem seu valor próprio, Emi. Ninguém jamais pode tirar isso de você. Há certas coisas que nós estamos dispostas a passar por alguém, mas ninguém é obrigado a sofrer nenhum tipo de humilhação apenas pra agradar outra pessoa…”, faz uma breve pausa, para ver se a filha não iria interromper, mas quando ela não diz nada, a mãe continua: “Se relacionar com alguém popularmente conhecido, ainda mais quando esse alguém é uma cantora internacional, pode ser um grande desafio. Essa não será nem a única  e nem a última vez que irão dizer coisas sobre você”. 

“O que isso quer dizer?”

“Quer dizer que você precisa estar preparada para um mundo de possibilidades. Terão pessoas que vão te amar e outras nem tanto. Desde que você continue sendo você mesma, com seus princípios e valores, eles não vão te afetar, pois continuará sendo verdadeira. Por maior que seja a tentação, você precisa sempre se lembrar disso”, explica a mãe. 

“Eu acho que eu consigo aguentar…”, comenta Emily com um pouco de incerteza no tom de sua voz. 

“Se você gosta mesmo dela, é um risco a correr”, acrescentar Regina. 

“Eu gosto mais do que eu gostaria de admitir…”, confessa e a mãe sorri instantaneamente. Isso lhe trazia lembranças da época que custava admitir para si mesma seus sentimentos por Emma. Ainda bem que conseguiu, pois não imaginava a menor possibilidade de viver uma vida sem seu grande amor. Amor esse que ajudou a multiplicar ainda mais esse sentimento tão único e belo. “É muito complicado…”

“Talvez você se sinta mais à vontade compartilhando essas coisas com a Ash, mas saiba que sempre que precisar, eu estarei aqui para te ouvir”, diz Regina ao tentar confortar um pouco sua filha. 

“Obrigada, mãe”, agradece Emily com um tom de voz suave. 

“Por nada, minha filha”, diz Regina e sorri. 

Ser mãe, de fato, era algo inexplicável. A sensibilidade e conexão que Regina compartilhava com as duas filhas acontecia também com Emma. E mesmo que não fossem as mães biológicas das duas, elas não precisavam disso para ter certeza do amor, confiança, respeito e companheirismo que compartilhavam como família.

Assim que Regina encerra a ligação com Emily, sua esposa aparece no corredor a procurando e se encontram no meio do caminho. 

“Emily?”, pergunta Emma quando as duas estavam perto o suficiente e Regina apenas assente com um sorriso. Por menor que fosse o aviso de seu sexto sentido, ela já estava melhor só de ter conversado com a filha. E agora precisava voltar para cama e dormir por mais algumas horas.

“Eu te disse que tinha algo acontecendo…”, comenta a morena assim que conecta seu braço com o de sua esposa para elas voltarem ao quarto. “Mas vai ficar tudo bem”, completa. 

“Nunca duvidei”, diz Emma sorrindo ao ouvir aquilo. Regina a para no meio do caminho por um instante e a faz virar em sua direção.

“Obrigada, Em. Eu sou eternamente grata por você”, diz com um tom de voz bem calmo e sereno, fazendo sua esposa sorrir ainda mais. Antes que pudesse ter a chance de responder, Emma é pega de surpresa por um beijo que a amada lhe dá nos lábios. “Nada faria sentido se não tivesse sido você”, comenta entre os beijos e aprofunda mais. Emma não sabia de onde aquilo vinha, mas com certeza estava adorando iria acabar...

 

XXX 

Alguns anos atrás, quando as meninas estavam no começo da adolescência, bem na fase de acharem que tudo era agora ou nunca, Emily achava que elas precisavam muito experimentarem a vida adulta. Conseguiu de alguma forma  identidades falsas e convenceu Ashley a se aventurar com ela na noite. Foram em uma balada, onde o respeito estava sendo uma elemento em falta. Ashley não gostou nada daquele lugar e tudo veio a piorar quando uma briga começou do nada. 

Sem nem pensar duas vezes, ou nas consequências, ligou para suas mães, as acordando no meio da madrugada e assustando as duas, pois é claro que elas não sabiam que as filhas estavam em uma balada, com identidades falsas, no meio da noite e correndo perigo. Em menos de dez minutos, com a força de uma preocupação misturada com a chateação de estar fazendo isso, as mães chegaram no local da balada. Regina quem veio dirigindo, fazendo Emma segurar no cinto, no banco, na alça da porta, onde conseguisse, com todas as suas forças. Fazia muito tempo que a loira não se preocupava com a morena dirigindo assim. Nem preciso dizer o quanto a mãe Gina ficou decepcionada ao estacionar na frente do local e ver bem a região em que estavam. 

“Por favor, deixa que eu volto dirigindo…”, pediu Emma olhando para sua esposa, que estava com as duas mãos agarradas no volante. A morena não falou nada, apenas assentiu, preferiu até ficar no carro enquanto a loira resolvia a parte mais delicada, pois ela quem daria a bronca. Ela fazia questão disso. 

Quando Emma voltou para o carro com as filhas, Regina já estava sentada no banco do passageiro de cinto e tudo, olhando fixamente para as duas mais novas. A loira mais velha podia jurar, que se a esposa tivesse visão de raio laser, as três estariam muito prejudicadas. Entraram no carro sem dizer nada e permaneceram assim por boa parte do caminho. Emma foi dirigindo, às vezes olhando na direção de Regina, que ficava subindo e descendo o vidro, que com certeza aquilo estava sendo uma forma de conter tudo o que sentia no momento. 

“Você pode poupar o nosso tempo e começar a dar o sermão aqui no carro mesmo…”, disse Emily em um tom provocativo, fazendo Emma a encarar pelo retrovisor como um sinal de cuidado, mas ela ignorou ao continuar dizendo: “E não precisa brigar com a sua princesinha não, que a ideia foi toda minha…”. Regina fechou a janela pela última vez e cruzou seus braços. Ela queria dizer tanta coisa, mas não queria explodir de uma vez no carro. 

“Mães, eu quero pedir desculpas por nós duas. Foi ideia da Emi, sim, mas eu concordei em vir, acho que qualquer que seja o castigo, as duas precisam receber igual”, explicou Ashley e a irmã a olhou imediatamente, balançando a cabeça em negação por aquilo. 

No banco da frente, Regina também balançava a cabeça, mas só Emma conseguia ver, então decidiu colocar uma mão na perna de sua esposa, que logo colocou sua mão por cima e as duas foram até em casa de mãos dadas. Regina estava mesmo no seu limite. Eram três da madrugada. Elas tinham tantos compromissos para o dia seguinte e estavam exaustas. 

O motivo número um do seu cansaço estava sendo Emily, que toda semana conseguia testar o limite da mais velha com muita facilidade. Parecia que o hobby número um da garota era estressar ela. E o pior disso tudo, sem razão nenhuma. Por mais que Regina tentasse, Emily nunca dava a ela a oportunidade de se aproximar e fazia o oposto de tudo o que tentava ensinar. Mas resolveu não dizer nada no carro. Faria isso quando chegassem em casa.

“Me entreguem as identidades falsas!”, mandou Regina assim que entraram em casa, fazendo as meninas, que estavam na frente, pararem e virarem na direção dela. Ashley foi a primeira que entregou, enquanto Emily cruzou os braços e encarou Regina, desafiando-a. “Vamos, Emily, está muito tarde para os seus joguinhos…’

“Eu não vou entregar!”, disse Emily. Nesse momento, Ashley e Emma ficaram de lado, numa distância razoável, já Regina e Emily estavam frente a frente. “É meu, eu escolho o que faço com isso”.

“Entendi… Seu, né?”, disse Regina com um tom de voz cínico. “Posso saber como você conseguiu? Ou melhor com que dinheiro você comprou?”

“Com o meu dinheiro, ué”, respondeu muito debochada.

“Seu dinheiro? O mesmo dinheiro que eu te dou de mesada toda semana?”, retrucou Regina. 

“Que na verdade é o dinheiro dos meus pais. Você não faz mais do que a sua obrigação em me dar esse dinheiro”, rebateu Emily. Ela mantinha uma pose de superior, do mesmo jeito que Regina fazia. Emma e Ashley se entreolharam no mesmo instante que ouviram aquilo, muito preocupadas com a reação que a morena mais velha poderia ter. 

“Para o seu conhecimento, e para que você deixe de ser tão ingrata, eu sustento você com o meu próprio dinheiro. Ou melhor, nós. Pois a Emma faz tanto quanto eu faço. O dinheiro dos seus pais está guardado em uma conta que você só terá acesso quando for maior de idade. Até lá todo e qualquer custo com você, somos nós que arcamos. Nós decidimos assim. Eu nunca quis nenhum centavo desse dinheiro, porque isso sim é seu”, explicou, deixando Emily sem reação. A garota não fazia ideia disso. “Então, minha querida, essa identidade não é sua…”, disse a última palavra ao mesmo tempo que puxou o papel da mão da filha. “Você tem noção do perigo que vocês estavam correndo? Você por acaso sabe o que poderia acontecer com vocês ali?”, perguntou dando um passo para frente, fazendo Emily dar um passo para trás. 

“Eu só queria me divertir, só isso!!”, respondeu Emily ainda com muita convicção dos seus atos. 

“Vocês não têm idade pra isso! Mal tem responsabilidade e vem querer me dizer que só queria se divertir? Em uma balada na periferia da cidade?”, perguntou Regina incrédula com a resposta da filha. “O problema não é nem a região ser a periferia e sim que vocês duas não conhecem aquela região, aquelas pessoas e muito menos suas intenções. Vocês poderiam ter se machucado no meio da briga, ou pior, alguém poderia falta com o respeito pra cima vocês!!”, o tom de voz dela já estava bastante exaltado e subia cada vez mais.

“Você espera que eu responda o quê?”, perguntou Emily no mesmo tom de deboche. 

“Eu quero que você entenda, Emily, que o mundo lá fora não é uma brincadeira, que a vida adulta não é só diversão! Existem pessoas mal intencionadas sim e o perigo está em todos os lados!”, respondeu Regina.  

“Você não pode confiar na gente uma vez na sua vida? Um voto de confiança para que a gente experimente essas coisas…”, pediu Emily. 

“Meu anjo!!”, disse Regina trazendo suas duas mãos juntas. “Qual a parte do vocês não tem idade para isso que você não está entendendo?”, perguntou um pouco mais séria. “Vai chegar o momento em que você vai poder experimentar o que você quiser. Vai fazer o que quiser sem precisar me dar satisfação de nada, mas até que isso aconteça, você terá que viver sob as minhas regras”, disse a mais velha, soltando suas próprias mãos e apontando na direção do quarto dela para que Emily se retirasse.

“Eu não sei porque você se dá todo esse trabalho, Regina, você nem é minha mãe!”, disse Emily ao mesmo tempo que se virou de costas começando seu caminho em direção ao quarto. Regina respirou fundo e soltou a primeira coisa que veio em sua mente:

“Eu não sou a sua mãe mesmo!”, rebateu a morena e Emma a olhou incrédula com a resposta. “Mas eu quero que você me respeite, pois ainda está debaixo do meu teto!” e foi para seu quarto. Ashley e Emma estavam sem palavras para aquele acontecimento e foi cada uma para uma direção. Emily apenas balançou a cabeça e continuou indo para o quarto. 

“Emi??”, questionou Ashley a atitude da irmã. “O que foi aquilo?”

“Você é a bonequinha perfeita da dona Regina. Nunca é com você as broncas dela. Sempre sobra pra mim!”, respondeu Emily, ao se jogar em sua cama. 

“Eu não sou perfeita. Você e eu só temos gostos diferentes. E só aceitei ir para que você não levasse a bronca sozinha e-”

“Mas no final das contas foi isso mesmo que aconteceu…”, disse a loira se levantando da cama e sentando. Ashley fechou a porta e se aproximou da irmã.

“Porque você está errada! Você não tinha o direito de tratar a mãe Gina assim. Ela nunca lhe fez nenhum mal, só te deu amor e carinho. Nos deu, na verdade. Eu sou tão grata por elas duas terem aparecido na minha vida, que eu só consigo concordar com ela, você está sendo muito ingrata!”, disse Ashley olhando bem fundo nos olhos de Emily, que estavam em chamas de tanta raiva. Ela sabia que Ashley e Regina estavam certas, mas jamais daria seu braço a torcer.  A morena então resolveu ir para seu quarto e deixar sua irmã sozinha. Foi só ela sair que a Emma entrou e a postura de Emily mudou completamente, ficando um pouco mais calma. 

“Eu também não sou sua mãe, mas nós precisamos conversar…”, disse Emma e cruzou os braços ao se apoiar na porta. 

“Claro que você é a minha mãe…”, disse Emily com um tom mais calmo, totalmente diferente do usado com Regina há pouco. 

“Você esquece o verdadeiro significado dessa palavra, Emily”, começou a mãe chegando mais perto da filha, sentando-se na ponta da cama. “Eu sei que sua mãe biológica faleceu e não foi por minha culpa ou da Regina. Nós a criamos como se fosse nossa, e de qualquer forma você é sim nossa filha, mas não só nas horas boas”, nesse momento Emily desviou o olhar de Emma para suas próprias mãos. “Não use essa ‘desculpa’ de que não somos suas mães toda vez que você fizer algo de errado e for repreendida por isso. Eu sei que você está crescendo, que tem seus gostos, que quer experimentar a vida, mas mentindo pra nós não vai te levar a lugar nenhum”, disse e faz uma pausa, esperando Emily responder alguma coisa, mas a garota não faz, então continuou. “Ela exerce o papel de mãe em sua vida, queira você ou não, porque ela se preocupa contigo! Ela já fez de tudo por você e continuará fazendo, e pela Ashley também. Porque ser mãe é isso! É colocar as necessidades dos seus filhos antes das duas. Mas não me venha você se irritar e dizer que ela não é a sua mãe, porque ela te criou tão bem quanto se fosse sua mãe biológica”, completou.

“Eu sei, mas… Você não entende”, foi o único comentário de Emily. 

“Eu entendo sim. Não foi por nossa escolha que sua mãe morreu, não foi por nossa escolha que a vida tenha sido injusta contigo e tenha feito isso com seus pais, mas foi nossa escolha te acolher dentro da nossa casa, te educar, te dar amor, tentar ser tão bons quanto seus verdadeiros pais foram.”, disse Emma e Emily voltou a olhar para ela com os olhos cheios de lágrimas. “Então, Emily, por favor, jamais repita aquilo de novo. Se você soubesse o quanto a maternidade sempre foi um assunto delicado para Regina, você entenderia melhor…”, completou mais uma vez e se levantou da cama, deixando a garota sozinha para pensar um pouco em seus atos. 

Realmente Regina sempre teve um medo enorme da maternidade. De não ser perfeita, de não conseguir, de suas filhas a odiarem, então aquelas palavras de Emily cortaram a morena por inteiro. Emma nem precisou perguntar, ela simplesmente sabia só pelo olhar de sua esposa ter se transformado a partir do momento que escutou palavras.

Ashley não suportava as brigas entre Regina e Emily. Sempre achou que o que faltava entre as duas era diálogo. Ela conseguia ver muita semelhança entre mãe e filha, que talvez nenhuma delas percebiam. Nem mesmo Emma. Sempre muito observadora, Ashley notava pequenos traços em seu caráter que tinham semelhança com Emma e Regina, mas quando analisava Emily, em aspectos físicos era muito parecida com a mãe Em e em suas atitudes, personalidades e outras coisas a irmã era muito mais parecida com a mãe Gina. 

Por isso era muito mais delicado o confronto direto de uma contra a outra. Era como se elas estivessem brigando em frente ao espelho. Então, Ashley decidiu ir ficar com a sua mãe por um tempo. Sabia que Regina preferia ficar sozinha, quando essas coisas aconteciam, mas não era justo. 

“Tudo bem se eu me deitar com você?”, perguntou Ashley assim que chegou na porta do quarto, que estava aberta. A mãe estava deitada na cama, virada para cima, com as mãos repousadas sobre a barriga.

“Ash…”, disse Regina ao ouvir a voz da filha. “Fique à vontade”, respondeu. Então Ashley deitou-se ao lado da mãe, que permaneceu na mesma posição. “Por que vocês tiveram que crescer e me transformar em um poço de preocupação?”

“É o processo natural da vida, mãe. As filhas crescem e vocês se preocupam pra sempre…”, respondeu em um tom de brincadeira, que fez Regina rir um pouco. 

“Estou fazendo algo de errado, Ash? Estou sendo muito rigorosa com vocês?”, perguntou em um momento de vulnerabilidade, porque sim, ela estava muito sensível. As palavras de Emily cortaram seu coração por inteiro. Não entendia o que pudesse estar fazendo de errado para uma reação daquela forma. 

“Não, você só está tentando nos proteger e nos educar da maneira que acha correta. Também não acho que esteja sendo muito rigorosa com a Emi, apenas na medida certa”, respondeu Ashley de maneira suave e foi aí que Regina virou na direção dela na cama, com um leve sorriso. 

“Ser mãe não é nada fácil. Quando vocês chegarem nessa fase, isso se for o que vocês quiserem, vão entender melhor o que nós passamos. Emma e eu. Vocês sãos os maiores presentes que a vida pode nos dar e eu sou tão grata. Nós somos. Posso falar por ela também. Se tivesse acontecido algo com vocês hoje, eu teria me sentido tão culpada…”, confessou Regina, seus olhos cheios de lágrimas. 

“Mas nada aconteceu, mãe, nós duas estamos bem e em casa agora…”, disse Ashley tentando tranquilizar. 

“Eu sei, mas até quando? Logo logo vocês não estarão mais aqui e eu não vou conseguir proteger vocês pra sempre…”, disse a morena mais velha, deixando a mais nova um pouco confusa com essa assunto. “Hoje foi a prova que vocês estão crescendo e que mais cedo ou mais tarde eu não poderei mais ditar as regras”, completou.

“Mas isso não é necessariamente algo ruim…”, disse Emily chamando a atenção de Regina para a porta e fazendo Ashley se virar na direção da voz. 

“Emily, agora não!”, pediu Regina virando-se contra a direção dela, ficando de costas até para Ashley. “Já deu de discussão por hoje”. 

“Eu sei, eu não estou aqui para discutir”, comentou Emily. Em seguida deu a volta na cama, até o lado que Regina tinha se virado, ajoelhou-se na frente da mãe e começou a dizer: “O que eu quero dizer é, que sim, nós estamos crescendo e logo não estaremos mais seguindo suas regras, mas isso não é algo ruim pois o seu dever em nos educar da melhor maneira possível estará completo…”. A mãe, que não estava olhando para ela, apenas levou a mão até seu rosto, secando a primeira lágrima que escorreu. “Eu peço perdão pela maneira que eu agi mais cedo e principalmente pelo jeito que falei com você”, continuou a filha e nesse momento Regina a olhou. “Eu sou mais parecida com você do que eu gostaria de admitir e isso te faz muito mais minha mãe do que parece ser”, completou e esticou sua mão na direção de Regina, que a puxou para cima dela em um abraço de urso. 

“Nunca mais faça isso, Emily Müller, ou eu te expulso de casa!”, disse Regina de uma maneira muito séria, mas só fez a filha rir. 

“Seria seu sonho”, provocou de brincadeira e se afastou da mãe,  sentando-se na cama. “E a propósito, meu nome é Emily Mills, okay senhora?”

“O quê?”, disseram as três, Ashley, Regina e Emma, que estava o tempo todo assistindo a cena, ao mesmo tempo. A morena mais velha até se sentou para prestar mais atenção nisso. 

“Eu mais do que ninguém sei exatamente o motivo por eu te tratar dessa forma por todos esses anos”, começou a loira mais nova, fazendo a loira mais velha se aproximar da cama também. “E a mãe Em me fez perceber hoje que sem vocês, eu não teria essa versão de vida que eu gosto tanto. E é tudo graças a você. Você é uma mãe incrível! Uma mulher maravilhosa! Eu não te odeio, pelo contrário, eu te amo muito e sei que fui uma idiota por demorar tanto tempo para admitir isso, mas você é a minha mãe. Os DNAs não precisam ser os mesmos para comprovar isso”, completou e mais uma vez Regina a puxou para um abraço, que foi preenchido por Emma e Ashley também. 

 

XXX

Ainda um pouco mais tarde naquela noite…

A cantora tinha feito um show impecável. Tudo tinha saído perfeitamente como o planejado, comentou o produtor com Emily no meio da apresentação. Como a loira nunca havia assistido a um show da morena de perto, ela estava encantada com o talento de Antony. Um sentimento de orgulho encheu seu peito de felicidade a cada música, a cada passo de uma coreografia, a cada conversa com o público, a cada sorriso...

Antony tinha mesmo nascido para aquilo e Emily nunca se sentiu assim. Era algo muito maior do que ela conseguiria colocar em palavras no momento. Era bem mais que esse orgulho, que a dominou e muito maior que a felicidade, que aquilo lhe trouxe.

Era algo muito maior.

Esta noite será a primeira de Emily e Antony juntas, no sentido de dormirem juntas, com a possibilidade de acontecer algo mais íntimo entre elas também! Se a loira já não estivesse carregada de emoções devido aos ocorridos do dia, talvez estaria mais calma com o que a noite estava prometendo. 

Mas além de tudo o que aconteceu antes do show, a arquiteta estava plena e feliz por estar ali com a cantora. E também estaria disposta e preparada para o que é que tivesse que acontecer entre elas, pois era certo. Sentia que estava certo, então iria com seu coração a fundo. 

As duas tinham acabado de chegar no quarto do hotel, ambas exaustas com a diversão da noite. Emily começou a tirar alguns acessórios, que estava vestindo, enquanto Antony se sentou na ponta da cama, por um momento apenas observando cada passo dela. 

“Você está bem?”, pergunta a loira ao se aproximar da morena na cama, que a olha com muito carinho e com um sorriso lindo. Definitivamente era o principal motivo por tudo que a arquiteta sentia.  

"Eu preciso te contar como estou me sentindo...", responde Antony pegando nas duas mãos de Emily com as suas, a puxando para a direção da cama, para que as duas sentassem uma de frente para a outra.

"Em relação a que?", pergunta a arquiteta curiosa, fazendo a cantora sorrir mais apenas porque ela podia.

"Eu gosto tanto de você. Nunca imaginei que teria tanto medo de perder alguém assim como eu tenho de perder você, Emily. É muito sério. Eu achei que fosse o suficiente pra mim, mas vejo que eu sou nada sem você. Apenas uma cantorazinha vazia”, confessa Antony e aquilo surpreende Emily. Com certeza ela não imaginava isso acontecendo hoje. 

“Não fala assim… Você é uma mulher incrível e-”

"Queria te pedir em namoro, mas não seria justo...", a cantora interrompeu a fala da arquiteta, pegando-a ainda mais de surpresa. Emily olha de Antony para as suas mãos juntas, voltando a encarar os olhos castanhos que tanto gostava. Um pouco perdida com o que estava acontecendo, mas confiava naquele olhar com tanta certeza...

"Por que não é?", foi a única coisa que pensou em dizer no momento.

"Você não merece viver a confusão que é a minha vida”, começa Antony.     “Você já tem sua própria vida. E um relacionamento entre nós exigiria muito mais das duas do que nós damos no momento…”.

“Eu não estou entendendo aonde você quer chegar com isso…”, comenta Emily, começando a ficar um pouco preocupada.

“Sei que o que nós temos tem pouco tempo, tem tantas áreas ainda que não foram exploradas, tem muita coisa pra acontecer, mas eu quero deixar tudo o mais transparente possível”, explica Antony e Emily assente, dando a permissão dela seguir. “Terá dias que eu estarei do outro lado do mundo, outros dias eu estarei mais perto, mas não quer dizer que eu sempre estarei com você. Seria egoísta demais te pedir pra deixar sua vida e me seguir, entende?".

"Entendo. E você sabe que eu não faria, não é?"

"Eu sei. Eu também não faria. Mas eu não quero te perder, Mills", confessa a morena e sobe suas mãos até o rosto da loira, segurando nos dois lados, prendendo seus olhares ainda mais. "Fica comigo?"

“Eu já estou com você, Antonia”, responde Emily.

“Não, Em, ficar de ficar comigo, de ter algo comigo, não só de estar no presente…”, explica a cantora.

"Eu fico. Por todo o tempo que você me permitir, eu fico", responde Emily e fecha a distância entre elas com um beijo.

De alguma forma estranha, Emily entendeu exatamente o que Antony queria dizer. O relacionamento delas começou de repente, elas nunca conversaram sobre isso e estavam apenas indo com a onda, mas tinham certas coisas que precisavam mesmo de esclarecimento. Estava fora de cogitação que a arquiteta largaria sua vida, sua empresa, sua cidade, suas mães e irmã por causa de um namoro. Então o medo de Antony era compreensível. 

Se ‘ficar’ for uma maneira de demonstrar que elas querem alguma coisa, ambas estavam mais do que dispostas a se comprometer a isso. Mesmo não sendo um namoro, mas com a responsabilidades e comprometimentos como se fosse um, assim as duas ainda tinham uma maneira de continuarem juntas, mesmo estando separadas a maior parte do tempo. 

“Nunca tenho tempo pra nada e hoje, agora, foi a minha única oportunidade de te dizer tudo isso. Eu só não quero que a distância ou a falta de convivência faça com que a gente se perca uma da outra. Se você soubesse o quanto eu fico feliz toda vez que eu te vejo…”, continua Antony ao parar o beijo por um momento, segurando Emily no pescoço.

“Eu mal tenho palavras pra te explicar o tanto que eu sinto, mas concordo. Eu gosto tanto de você, que vou te perder tão fácil assim…”, complementa arquiteta e volta a beijar a cantora, intensificando ainda mais aquele momento, deslizando suas mãos pelas costas dela. 

E sim, elas tiveram a primeira vez de muitas coisas nessa noite.

XXX

 

No dia seguinte, na casa da família Swan-Mills, Emma e Regina estavam tomando café da manhã, quando Ashley se juntou a elas na cozinha após uma longa noite de sono. As mães se entreolharam rapidamente, pois a filha tinha saído para tomar um chocolate quente com o doutor French na noite anterior e nenhuma das duas viram a hora que a mais nova voltou. 

“Bom dia, senhorita Ashley Michelle”, provoca Emma ao mesmo tempo que toma um gole do seu café. “Noite longa?”

“Que tipo de pergunta é essa, Emma?”, sussurra Regina para sua esposa, - que estava ao seu lado. Ashley estreita seus olhos em sua mãe, sem entender o que estava acontecendo ali, mas resolve responder da mesma forma:

“Normal, mãe. Acho que foram oito horas de sono”, responde a filha. Mais uma vez as mães se entreolham, só que dessa vez rindo entre si. 

“Se a gente fizer uma conta rápida, agora são dez da manhã, então você chegou por volta das duas horas...”, comenta Regina, oferecendo um pouco de café para a filha, que assente tanto pra pergunta quando para o café. A mãe serve numa caneca e entrega a ela. 

“Nós estávamos acordadas a essas hora, por que não ouvimos você chegar?”, pergunta Emma um pouco curiosa. No mesmo instante, Regina fica vermelha com um pouco de timidez ao se lembrar o que elas estavam fazendo a essa hora da madrugada e porque não ouviram Ashley chegar, mas que talvez a filha tivesse ouvido alguma coisa. E pela cara da mais nova, ela tinha sim.

“O que vocês faziam acordadas aquela hora?”, foi a vez dela de provocar.

“A Emily tinha acabado de ligar...”, responde Emma sem cair na provocação da filha, apesar de Regina já ter caído há muito tempo antes. 

“Ela está bem?”

“Não muda de assunto…”

“Eu não-”, começa Ashley mas para ao ver a expressão no rosta de sua mãe, o que garantia suas dúvidas sobre elas acordadas aquela hora da noite. Não que ela fosse comentar algo: “Sim, eu cheguei tarde. E sim, vocês estavam acordadas. Eu pensei em ir até o quarto de vocês desejar boa noite ou algo do tipo, mas vocês-”

“Okay!”, Regina quem interrompe desta vez. Recompôs sua postura, pois o último assunto que gostaria de trazer para a mesa de café da manhã era sua vida sexual com Emma. “E como foi seu encontro com o French?”, pergunta ao finalmente chegar no tópico que sua esposa queria o tempo todo.

“É!! O que vocês fizeram?”, complementa Emma com outra pergunta e Regina coloca sua mão no braço dela para que a loira se controlasse, dando um olhar que enfatizava isso. Mas a mulher não entendia o que ela estava querendo dizer.

“Foi bom…”, responde Ashley estreitando um pouco seus olhos na mãe. De onde vinha tanta curiosidade assim? “Nós combinamos de fazer uma roadtrip agora pra virada de ano. Como ele não tem muitos amigos por aqui… Não, mãe, vocês não contam”, comenta a filha quando Emma estava prestes a interromper ela. “E eu quero fazer algo diferente nessa virada, combinamos de ir só nós dois!”.

“Sei que algo diferente é esse”, provoca Emma.

“Emma!!”, adverte Regina. “Respeita a vida sexual da nossa filha!”

“Sexual???”, perguntam Emma e Ashley ao mesmo tempo, ambas olhando para Regina extremamente chocadas e depois entre si.

“Eu estava apostando na vida amorosa primeiro, Regina. Por que você acha que seria na vida sexual?”, pergunta surpresa.

“Oh my God, tem como vocês não repetirem essas palavras juntas nunca mais?”, pede Ashley um pouco constrangida.

“Vida sexual?”, pergunta Emma.

“Sim!”, responde a mais nova e coloca as mãos nos ouvidos. “A última coisa que eu esperava dessa café da manhã era terminar conversando sobre sexo com vocês!!”, confessa. 

“Que confusão!! De onde você surgiu com isso, Regina? Eu queria saber se eles avançaram nesse encontro, mas no quesito primeiro beijo, não a etapa seguinte!!”, explica Emma para sua esposa com as duas mãos no rosto tentando se esconder, que estava tão constrangida quanto a filha. 

“Primeiro beijo? Mãe!!”, diz Ashley tentando não ser traumatizada por esse ocorrido de agora. Por que suas mães estavam tão interessadas em sua vida amorosa assim? Ambas sabiam a opinião da filha sobre relacionamento agora, nessa fase que estava. De repente, as duas reparam os sons que vinham de Regina e quando menos esperavam, a morena estava gargalhando com a situação, ainda deixando Emma e Ashley confusas. 

“Me perdoem! Eu estou fora de mim ainda…”, tenta fazer algum sentido ao se explicar para as duas, que se entreolharam por um instante e voltaram a atenção para a mulher rindo. 

“Ainda?”

“Chega de perguntas, Ashley”, pede Emma em um tom sério.

XXX

 

Dias depois

“Ahh… Esse precisa ser o meu ano!”, comenta Ashley ao reencontrar sua irmã depois de quinze dias longe uma da outra. O abraço delas é mais demorado do que planejavam. Como Emily tinha passado a virada de ano com Antony, a professora resolveu fazer uma roadtrip para conhecer algumas cidades ao redor de Maine junto Chris French.

Apesar do plantão no Hospital Veterinário, o rapaz conseguiu folga de alguns dias para acompanhar ela nessa aventura. E os dois se divertiram muito juntos, descobrindo diversas coisas em comum. Inclusive algo que ela não esperava ouvir e que contaria para a irmã assim que terminassem de se abraçar. 

“Eu espero que seja mesmo, Ash”, comenta Emily ao finalmente se separar da irmã. “Tem tudo para ser um bom ano”, completa com um sorriso pequeno.

“Eu senti tanta saudade!”, diz a irmã.

“Eu também, Ash. Como conseguimos ficar tanto tempo sem nos falar?”, pergunta Emily indignada ao mesmo tempo que segura sua irmã em cada lado dos ombros, estreitando seus olhos nela ao perceber um brilho diferente no olhar.  “Você transou ontem!”, confirma sem nem ao menos perguntar. Ashley é pega completamente de surpresa. As duas estavam em um restaurante perto da RSE Constructions, pois a arquiteta já estava de volta ao trabalho. Muito tempo de recesso, muitas coisas acumuladas e ela não suportava isso.  

“Que?”, pergunta Ashley assustada.

“Você transou ontem!”, confirma Emily de novo. A professora olha ao redor para ver se alguém tinha escutado aquilo e por sorte não tinha ninguém.

“Cala boca, garota! De onde você tirou isso?”, rebate tentando disfarçar e se solta da irmã, indo se sentar. 

“Seus olhos estão com um brilho muito diferente hoje, Ash, e eu sei bem o porquê”, comenta Emily com a perfeita certeza e também senta em seu lugar.

“Eles estão normais!”.

“Você não me engana, Ashley Michelle”.

“Emily, fica quieta!”, pede ao diminuir seu tom de voz. “Sim, sim, eu fiz!”, confessa em praticamente um sussurro, fazendo sua irmã cair na risada e logo ela estava rindo junto. 

“Há quanto tempo?”, pergunta a arquiteta curiosa.

“Eita…”, Ashley para um instante, apoiando seu queixo na mão, enquanto tentava se lembra. “Acho que desde o dia seguinte do Natal”, responde e começa a rir para si mesma.

“Ui…”, comenta Emily rindo também. “French?”

“Ele mesmo. Você precisava estar em casa no dia seguinte que isso aconteceu. Nossas mães tiveram um surto de curiosidade do nada! Eu precisei disfarçar bastante para elas não descobrirem, mas foi muito engraçado”, conta.

“Então, temos muita coisa para conversar…”, diz Emily animada. 

“Muita coisa!”, confirma Ashley.

As duas então  ficam por muitas horas conversando no restaurante. Como tinham ido depois do expediente, elas não tinham um horário certo para irem embora. Basicamente os assuntos foram Emily contando cada detalhe da viagem, pois a irmã adora saber de tudo. 

A viagem tinha sido maravilhosa. Emily e Antony estabeleceram uma conexão e intimidade muito profunda devido a esses quase quinze dias juntas, mesmo com shows e coisas na agenda da cantora. Ambas aproveitaram bastante e estavam felizes com o resultado daquilo. Tinha sido muito especial. 

Emily aprendeu pequenas coisas de Antony, que a deixaram mais segura e certa do que ela queria para a relação delas. O jeito que a cantora a olhava com atenção, querendo dar importância a cada momento, frase, segundo, palavra, minuto entre elas. Foi muito especial. Ela se sentia especial. 

Com Ashley e Chris French não foi tão diferente. A professora adorou cada minuto ao lado do veterinário, descobrindo coisas em comum que nem imaginava ser possível. French gostava bastante de ler e tinha um ótimo gosto musical. A roadtrip deles foi pura diversão e conhecimento, do jeito que Ash gostava. 

Os dois não tinham conversado sobre em que pé estava a relação deles, como Antony e Emily fizeram, mas estavam deixando acontecer (naturalmente). Como já mencionado por Ashley antes, seu foco não era relacionamento agora e sim seus estudos, mas isso não queria dizer que ela não pudesse sair para curtir algo a mais com o amigo.

Sim, amigo. 

“Amigo?”, debocha Emily. “Amigo colorido tá mais próximo disso!”.

“Eu sei e eu concordo, mas ele me contou que não está preparado para nenhum tipo de relacionamento afetivo no momento, o que me deixa muito satisfeita e contente com isso”, explica Ashley com um sorriso. “Só de pensar em me preocupar com essas coisas já me deixa preocupada…”

“Mas como assim não está preparado?”, pergunta a irmã.

“Parece que o último relacionamento dele foi muito delicado…”

“Como assim parece?”

“Foi o que pareceu pra mim quando ele contou por cima”, responde a professora e aquilo faz a irmã rir. 

“Algumas coisas que você fala só tem sentido na sua cabeça, você sabe disso né?”, brinca Emily e Ashley assente concordando. “Por um lado é bom isso, né? Já que você vive dizendo que quer focar em você e nos seus estudos”.

“Sim! Isso é perfeito pra mim. Ainda mais que paixão e amor estão fora de cogitação, mas mesmo assim eu tenho minhas necessidades”, comenta Ashley. “E por falar em paixão, como estão você e Antony nesse sentido?”

“Por incrível que pareça, sem rótulos ou títulos como vocês! Mas por outro lado, ainda é um tipo de relacionamento”, responde a arquiteta com um sorriso começando a crescer em seu rosto. Era só mencionar a cantora que isso acontecia. Ashley bem reparava o quanto o rosto da irmã se iluminava apenas com a menção do nome, imagina pessoalmente. “Tivemos uma conversa, um pouco por acaso, pra começar, mas chegamos a conclusão que estamos ficando…”

“Ficando? Quantos anos você tem mesmo? Dezessete?”, provoca Ashley.

“Não venha me julgar, você está fazendo o mesmo!”

“Só que aqui não tem amor… Aí tem muito”, diz Ash e aponta para o coração da irmã. Nesse momento Emily percebe algo que não tinha notado ainda. Quer dizer, tinha, mas não tinha realmente falado sobre isso. Lembra que ela sentia muito mais do que podia ou sabia explicar?

Será que ainda era cedo pra falar de amor? Espera, era realmente amor? Ou seria só uma paixão? Paixão? Chegou a ser uma paixão?? Pensava a arquiteta por um momento, enquanto sua irmã comia um pouco da porção de aperitivos que as duas tinham pedido. 

“Ash…”, chama Emily completamente surpresa pela realização. “Será que nós  estamos na fase da paixão ou do amor?”

“Vocês já não estavam apaixonadas?”

“Eu não sei!”, responde um pouco desesperada, pois ela sabia sim!

“Como você não sabe, Emi?”, pergunta a professora indignada, soltando o garfo sobre a mesa e juntando as duas mãos para apoiar o rosto, enquanto olhava sua irmã se transformando aos poucos. Ashley adorava ver Emily assim. Era engraçado demais para ela.

“Eu não sei… Nós mal convivemos, como que eu posso estar apaixonada por ela?”

“Mas Emily, não precisa ter convivência pra essas coisas aflorarem! Sentimento vem do nada. O amor pode acontecer antes mesmo do primeiro beijo. Sei que no caso de vocês o primeiro beijo aconteceu na primeira vez que se conheceram, mas desde aquele momento seus sentimentos por ela começaram a nascer. Não tem como você se enganar dizendo que não, porque eu sei que sim. Você gosta bastante da Antony e é apaixonada por ela!”

“Como você tem certeza?”

“Eu estou aqui há quase duas horas conversando com você sobre ela e todas às vezes que mencionamos o nome ‘Antony’ seu sorriso foi imediato, suas pupilas dilataram, seu rosto iluminou de uma forma única…”, explica Ashley e parece que a cada segundo Emily ia percebendo mais e mais. 

“Então ela também está apaixonada por mim, pois ela disse que não imaginava mais a vida dela sem eu nela…”, comenta Emily.

“Ou ela é emocionada demais…”, provoca Ashley, mas a Emi estava muito focada em sua descoberta que nem  se preocupou. Enquanto a loira estava presa em seus pensamentos, a morena começa a perceber a quantidade de pessoas encarando elas. Algumas estavam até fotografando ambas de longe. Ashley olha de um lado para o outro e percebe que ao lado de fora do restaurante tinha um grupo de paparazzis na porta. “Emi??”, chama pela irmã quando começa a ficar preocupada. “Alguém sabe sobre o relacionamento de vocês?”, diz em um tom muito sério.

“Só as pessoas que estavam com a gente nos dias de show”, responde sem dar muita atenção para a pergunta e come um pouco dos aperitivos. Ashley percebe uma mulher vindo na direção delas, mas não tem certeza se avisava sua irmã ou não do que estava acontecendo. No entanto tudo acontece muito rápido. A professora percebeu a expressão de descontentamento no rosto da mulher, mas nunca imaginou que ela fosse jogar um copo d’água gelada na cara de Emily, que foi inteiramente pega de surpresa pela atitude. “Mas que porra é essa??”, pergunta a arquiteta indignada com aquilo. Ela se levanta para afrontar a mulher, mas Ashley segura em seu braço. 

“Emi, não!”

“Ela jogou água gelada na minha cara, Ashley!! Solta a meu braço!!”, ordena mas a irmã não faz.

“Olha ao redor, o tanto de câmera apontada na nossa direção. Fica calma!”, quando Ashley termina de falar, Emily finalmente percebe o tanto de gente olhando para elas com seus celulares apontados na direção delas. Todos filmando ou tirando fotos. 

“Que porra é essa, Ash?”, pergunta em um tom de voz que só sua irmã escutaria. 

“Eu acho que alguém deve ter vazado a informação do relacionamento de vocês…”, sussurra Ashley. A mulher ainda estava parada na frente delas com o copo na mão. 

“Como você tem a capacidade de trair a Antony? Logo agora que o relacionamento de vocês se tornou público?”

“É o que???”, as duas irmãs perguntaram juntas. “Ew!”

“Isso é completamente errado!!”, diz a mulher completamente transtornada, batendo com as mãos na mesa.

“É muito mais errado se você souber o que a gente realmente é!”, comenta Ashley.

“Minha senhora, eu não faço ideia de quem você é e menos ainda sobre como você sabe do meu relacionamento, mas essa é minha irmã!! Eu não estou traindo ninguém”, diz Emily de maneira rápida. “Jamais faria isso”. 

“Sua irmã? Você ainda tem capacidade de mentir na minha cara??”, afronta. Emily se solta de Ashley e fica cara a cara com a mulher. A irmã então se levanta e fica entre as duas.

“Nós somos Ashley e Emily Swan-Mills, filhas da apresentadora do Health Mornings with Regina Mills!”, diz Ashley com a primeira coisa que vem em sua cabeça. A sorte é que sua mãe era uma lenda na cidade toda. 

“Vocês são a Ash e Emi de SwanQueen?”, pergunta uma outra pessoa avulsa.

“Espera, como você sabe o shipname das nossas mães? Eu achei que fosse uma coisa da família”, pergunta Ashley surpresa. 

“Então, ela não está traindo a Antony?”, pergunta a mulher do copo. 

“Não!! Eu amo a Antony demais. Jamais faria algo assim!!”, confessa Emily sem nem perceber o que havia acabado de fazer.

“Emi…”, chama Ashley quando todo mundo começa a bater palma. “Eu acho que você acabou de assumir para o mundo que está com a Antony. E ainda…”

“Que eu a amo”, repete Emily desacreditada no que tinha acabado de fazer.

Depois disso, tudo veio abaixo com os curiosos no local. Com ajuda de algumas pessoas, as irmãs conseguiram sair pelos fundos do restaurante. Emily estava completamente em choque, tanto pelo ocorrido quanto por ter admitido seu amor em público. E o mais chocante ainda era que não foi diretamente para Antony. No carro, as duas permaneceram em silêncio, com Ashley tentando despistar os carros seguindo elas e dirigiu para o único lugar possível: casa de suas mães, que já estavam sabendo do ocorrido. 

A notícia correu uma maratona de tão rápida que se espalhou. E no que parecia um passe de mágica, Antony, Emily, Ashley e suas mães estavam nos assuntos mais comentados do país naquela noite. Não foi exagero quando comecei o capítulo dizendo que ela não achava que fosse vivenciar tão de perto como era a vida de uma Popstar mundialmente conhecida, até realmente perceber que estava.

 


Notas Finais


Mas a mãe Gina tem o sexto sentido muito forte mesmo!


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