História Adolescentes em Crise 3 - Na Faculdade - Briga na Praça

Valentina:

Ao meio-dia, eu e os meninos ainda caminhávamos pela praça à procura do Ricardo e companhia. E achamos a turma dele e o próprio no mesmo local onde tive minha briga com o Caos. Para a minha surpresa, a Sansa estava lá, abraçada com o Ricardo.

- Logo suspeitei que era com você que ele iria lutar. – Sansa disse com sorriso sarcástico.
- Você não namorava o Pierre? – Perguntei confusa.
- Ele é meu melhor amigo. Só isso. – Respondeu.
- Ah claro. – Murmurei. – Por acaso você também conhece o Caos? – Perguntei.
- Não. Não sei quem é esse. – Respondeu.
- Menos mal.
- Está preparada para perder? – Ricardo perguntou confiante, deixando a Sansa se afastar junto aos amigos dele. Meu primeiro pensamento foi um “sim”. Mas eu não me permitiria a isso.
- Não. – Respondi séria.
- Pois seria bom que estivesse. – Disse ele, sério, e logo veio pra cima de mim querendo me dar um soco, mas desviei e dei minha clássica rasteira nele.

Tomei distância antes que ele se levantasse.

Logo ele se levantou e nós ficamos nos encarando. Coloquei a mão nos bolsos do moletom e segurei na minha meia com sabão de pedra caso eu precisasse. Enquanto ele me encarava, começou a se aproximar aos poucos. Aproximei-me também e notei que ele estava tirando um soco-inglês do bolso da calça, assim como eu já tinha imaginado.

Ele tentou usar aquilo contra mim, mas me esquivei. E logo em seguida usei toda a força do meu corpo para forçar meu cotovelo contra a boca do estômago dele. Percebi que ele sentiu um pouco do impacto quando recuou. Olhando para trás dele, notei que não muito longe tinha uma árvore. E conforme ele recuou, logo após o golpe, só se aproximou mais da árvore.

E foi aí que passei a ter um flashback de praticamente todas as brigas ou apenas golpes que eu já tinha dado em certos meninos. E o primeiro que lembrei, foi quando no primeiro ano dei um chute no tórax do Gustavo, e de como ele caiu machucando as costas na carteira logo atrás dele. Mas como ali era uma árvore atrás do Ricardo, e não tinha onde eu subir para ficar mais alta que ele, recuei um pouco e dei uma voadora no peito dele. Ele foi jogado para trás, ralando as costas na árvore.

Distanciei-me para que ele pudesse se recuperar e levantar. Afinal de contas, eu precisava que aquela criatura estivesse em pé para que os meus golpes finais dessem certo. 

Depois de uns dois minutos ele se levantou e veio na minha direção. Golpeou-me com o soco-inglês de baixo para cima no meu queixo. Caí no chão de olhos fechados. A dor foi pior do que no dia anterior, quando o Billy me golpeou do mesmo jeito. Ele se aproveitou que eu estava caída e chutou meu rosto. Não suportei e gritei de dor. Pude sentir o sangue escorrendo pelo meu queixo e pela bochecha, onde ele tinha chutado. Rolei pelo gramado, tomando um pouco de distância dele e me levantei o mais rápido que pude. Ele andou até mim novamente, querendo me golpear novamente, mas agora era a minha vez!

Dei uma meia-lua de frente nele, afetando o queixo. Legal que cortou o queixo dele, e lembrei exatamente daquela festa de fim de ano quando eu só tinha 15 anos e lutei com o Freddie. Meu segundo golpe seguido foi tirar minha meia com sabão de pedra de dentro do meu bolso e acertar na cara dele. Bati nos dois lados da face dele até que ele caísse no chão. E isso me fez lembrar a clássica briga com o Caos (que na minha opinião foi a briga mais fodástica que eu tive na minha vida).

Bem, a cara dele estava como a minha: toda machucada e sangrando. Ele se levantou antes que desse os três segundos, e tive a oportunidade de dar um chute no tórax dele. Ele sentiu o impulso e foi para trás, mas não caiu. Veio correndo na minha direção para me dar um soco, e novamente desviei. Consegui ser rápida o suficiente para pular nas costas dele e dar uma chave de braço. Os meninos perceberam que a luta não duraria muito daquele momento para frente e nos cercaram. Eles, os amigos do tal Ricardo e a Sansa. Ficaram influenciando a briga, sendo que os meninos torciam por mim e os outros pelo Ricardo. E claro que juntou muito mais gente para ver a briga do que somente nossos amigos. Ricardo agarrou meus braços tentando se soltar, mas eu só apertava cada vez mais. Até que ele teve a brilhante ideia de se inclinar para frente e me derrubar no chão. Eu caí e levantei antes que ele chutasse minha cabeça. Eu só precisava de mais um golpe para que ele perdesse. E por algum motivo, lembrei de um super chute de capoeira. Mas aquele golpe quebraria alguns ossos dele, e eu não queria chamar ambulância pra ninguém. Então tive que apelar pra minha falta de criatividade, depois que levei um soco que cortou minha boca enquanto gastei meu tempo pensando no que fazer. Dei um pulo e o empurrei com os dois pés. Caímos no chão, mas eu logo me levantei, e ele? Ficou caído no chão. Ajoelhei ao lado dele e bati no chão enquanto contava:

- Um, dois, três! – Praticamente gritei. – PERDEU PLAYBOY! – Gritei, erguendo as mãos para o alto.

Levantei-me, enquanto o encarava com ar de superioridade. Aquilo foi revigorante. Foi o máximo!

Sansa o ajudou a levantar, e os dois ficaram me encarando.

- Acho bom você se colocar no seu lugar agora, e parar de caçar briga com qualquer tipo de pessoa que entre naquela academia, que não seja do seu jeito. – Disse eu, enquanto o encarava. – E acho bom parar com teu machismo de merda achando que só porque sou mulher não sei brigar. Afinal de contas, sua namoradinha é lutadora de Box, não sei por que você fica cheio dessa.

Eles não disseram mais nada. Então dei as costas e fui até onde os meninos estavam.

- Valentina sendo Valentina. – Freddie disse quando me viu. – Afinal de contas se você algum dia resolver alguma coisa sem ter luta, não será mais você. – Disse com ar de riso.
- Acho que na verdade não estou tão enferrujada assim. – Sorri.
- Aparenta estar menos cansada do que a ultima vez. – Kevin comentou.
- Claro! – Respondi. – Só comi salada e frutas ontem. Tirando o meu almoço.
- Isso tudo merece uma comemoração! – Rodrigo disse animado.
- Muito rock e comer besteira?
- Doce não é besteira. – Billy disse. – Doce é vida.
- Fala isso pra um diabético que ele chora. – Falei com ar de riso. – Aliás, algo me diz que posso ter diabetes por causa disso um dia.
- Você nem comeu doces ontem. – Billy disse. – Um pacotinho de tubes não vai te fazer mal.
- Meu cigarro de mentirinha. – Eu disse com ar de riso.
- Cara! – Thomas disse, quase rindo. – Você nunca vai crescer! – Disse passando o braço em volta do meu pescoço. Nós rimos, e então voltamos para o condomínio.