História Adolescentes em Crise 3 - Na Faculdade - Terceiro Dia

Só quem já quebrou alguma parte do corpo sabe o quanto é horrível ter que colocar um saco enorme de lixo no local onde tem o gesso, para evitar o contato com água. Fora que como eu tinha quebrado a perna, eu precisava de um apoio para tomar banho. E fazer isso no apartamento dos meninos não dava né... Então durante esses dias, passei a viver no apartamento da Julieta.

Outra parte chata disso tudo, foi que tive que usar calça moletom, além de precisar de muletas para andar de um lugar para o outro. Na verdade de um cômodo para o outro, já que eu nem saía mais do apartamento dela.

Mas logo que tomei meu banho e me arrumei – parecendo uma pessoa de pijama pela rua, por causa da calça moletom cinza, e minha camiseta preta –, eu e a Julieta voltamos para o hospital, para visitarmos o Freddie.

Chegando lá, entramos no quarto em que o Freddie estava, e minha primeira impressão foi de espanto.

O nariz dele estava com curativo, pois tinha se quebrado. Tinha um curativo na testa; o braço esquerdo engessado, e como apoio para o braço, um pano já em volta do pescoço e envolvendo o braço. E a perna direita engessada até o joelho. O rosto dele era típico de quem estava quase sem forças. Respirava com ajuda de aparelhos, mas o sono parecia ser bom.

- Encerramos nossa carreira aqui. – Disse eu, em tom baixo, enquanto observava o Freddie ali.
- Que carreira? – Julieta perguntou no mesmo tom de voz, parecendo curiosa.
- De fazer merda. – Respondi. – Tudo tem um limite. E acho que a vida resolveu dar um choque de realidade para nós.
- Mas agora que eu estava me divertindo...
- Não quero dizer que vamos parar de fazer estupidez, literalmente. Mas coisas perigosas de mais, nunca mais. – Expliquei. Com ajuda das muletas, me aproximei da maca. E mesmo com o Freddie dormindo, sussurrei: – Ei, Jack Frost! Você não pode morrer não. Lembra que o Jack Frost é eterno, então ele nunca morre. O mundo precisa de neve, Jack. – Disse enquanto olhava ele dormir. – Eu preciso de neve, Jack. – Senti lágrimas brotando no canto dos meus olhos, e logo minha vista embaçou novamente... – Precisamos de você Freddie. – Eu disse, enquanto segurava o choro.

Logo que percebeu, a Julieta me ajudou a sentar numa cadeira que tinha ao lado da maca. Segurou minhas muletas e disse:

- Acho que nunca te vi sendo tão fofa com um amigo seu. – Não respondi. Dei um riso breve, mas logo voltei a segurar o choro.
- Pena que ele não ouviu... – Uma lágrima rolou pelo meu rosto.
- Por isso... – Julieta disse parecendo animada, pensando que pudesse me animar também. – Que eu gravei no meu celular. – Disse mexendo o celular de um lado para o outro. – E assim, quando ele acordar, eu mostro pra ele. – Sorriu.

Eu queria sorrir também... Mas as únicas coisas que eu conseguia fazer ou era chorar ou segurar o choro. E naquele momento, eu estava quase chorando.

- Será que vai demorar muito pra ele acordar? – Perguntei com um pouco de esperança.
- Acho que não. Mas se deixarem, a gente pode ficar aqui até ele acordar...
- Tudo bem... – Enxuguei minhas lágrimas, e gesticulei para que ela me desse as muletas. – Acho melhor a gente ir. Ele tem que descansar... E eu também. – Respondi. – Qualquer coisa os enfermeiros, balconistas, não sei, ligam pra gente.

xx

No dia seguinte o Billy ligou no telefone do apartamento. Eu estava sentada no sofá da sala, assistindo TV, quando ela foi atender ao telefone. Abaixei o volume da TV, e olhei para trás, enquanto ela falava no telefone.

- Oi, Billy. – Disse ela. Ela ficou quieta enquanto ele falava coisas que eu não fazia ideia. – Ele está melhor? – Perguntou. Provavelmente era sobre o Freddie. Eu estava curiosa e ao mesmo tempo com medo. – Ok. Eu aviso ela. Obrigada por ligar. – Ela disse com um sorrisinho de canto. – Tchau, até mais. – E colocou o telefone no gancho. – Adivinha? – Perguntou sorridente. – O Freddie acordou!

Fiquei tão feliz. Pena que não dava para pular... Mas tive uma grande vontade de chorar de felicidade.

- Graças a Deus! – Eu disse sorridente. – E como ele está? – Perguntei, meus olhos brilhando.
- Ele está melhor, mas ainda fraco. Talvez receba alta daqui uns três dias, ou menos. – Respondeu sorrindo. – O Billy disse que o Freddie pediu pra te ver. Mas como ele está recuperando as forças, os médicos não deixaram ele receber mais nenhuma visita que não seja da família.
- Ah tudo bem. – Sorri. – Eu aguento ficar sem vê-lo por mais um tempinho.