História Advogada do Diabo - Le silence est un texte facile à lire.

O silêncio é um texto fácil de ser lido.

Paris, março de 2015

Peguei as chaves do carro, tranquei a porta de casa e desci as escadas correndo. Entrei no carro, liguei o som e acelerei. Que sensação maravilhosa de poder me movimentar com velocidade naquelas ruas vazias. Parei na porta do pub, paguei a quantia e entrei no local. Sentei-me em um dos bancos em frente ao bar e procurei localizar minha amiga. Atrasada, como sempre. Pedi um drink e acendi um cigarro.

▬ Fumar faz mal, você sabia? – uma voz conhecida sussurrou no meu ouvido. Lilían. Minha melhor amiga desde o ensino médio. Ela que havia me tirado de casa em um sábado a noite para bebermos.

▬ Pensei que não viria. Você aceita? – estendi um dos meus cigarros para ela.

▬ Que pergunta é essa? – ela disse pegando-o e acendendo-o.

Uma música alta tocava, mas a pista de dança continuava vazia. Dois caras, rodeados por umas vinte mulheres, levaram todas para a pista e começaram a dançar com elas. As garotas, com roupas extremamente curtas, se esfregavam neles e as mãos deles deslizavam por todos os lugares dos corpos delas. Isso me dava nojo. Tão fúteis, se humilhando para esses caras que se achavam donos do mundo. Peguei na mão de Lílian e disse:

▬ Vamos dançar.

Ela me seguiu até a pista de dança e começamos a dançar. Rebolávamos, inventávamos novos passos, ríamos. Até que senti um olhar queimando minha nuca. Um dos caras me olhava fixamente e mordia os lábios. Ignorava todas as garotas rebolando ao seu redor e mantinha seu olhar em meu corpo. Ignorei-o e continuei dançando. Depois de algum tempo, minhas pernas doíam e eu decidi me sentar. Lílian quis continuar dançando e não se importou que eu saísse da pista, já que ela estava trocando olhares com um garoto que estava em uma roda de amigos. Pedi uma dose de tequila e acendi outro cigarro. De repente, vejo alguém sentando ao meu lado e colocando uma das suas mãos em minha perna. Olho para o lado e vejo que era o mesmo cara que me encarava na pista de dança.

▬ Posso te pagar um drink? – falou com um sorriso no rosto.

▬ Não. Você pode começar tirando sua mão da minha perna. 

▬ Ah, não venha me dizer que não gosta disso. – colocou a mão no meio das minhas pernas, seus dedos movimentando minha calcinha. Reprimi um gemido.

▬ Tire sua mão nojenta de mim. – puxei seu braço. – Sou boa demais pra um carinha idiota que se acha o dono do mundo.

▬ Você faz ideia de quem eu sou? Eu sou Justin Bieber, minha querida. Se eu tivesse feito o que fiz agora com qualquer uma daquelas garotas, elas já teriam aberto minhas calças e começado a me chupar. Você não é ninguém. Mas eu sou do tipo de pessoa que não aceita um não como resposta. Diga-me o que você quer em troca pra gritar ‘Bieber’ na minha cama. 

▬ Sinto muito, mas não estou a venda. Agora, se me der licença. 

Entrei no banheiro e verifiquei minha maquiagem. Quando fui procurar meu batom para repassar, percebi que havia deixado minha bolsa no bar. Saí do banheiro e segui em direção ao bar novamente. Bieber não estava mais lá, havia voltado para as suas garotas. O garçom entregou-me a bolsa e eu agradeci, sentando-me de frente para ele. 

▬ Aquele cara é realmente inconveniente. Fico feliz em saber que você não se transformou em uma daquelas garotas. Você é linda. 

▬ Obrigada. – quando olhei para ele, percebi o que nunca havia reparado. Ele também era lindo. Olhos azuis, cabelo cacheado e um sorriso maravilhoso. Senti que estava corando.

▬ Não precisa ficar envergonhada, estou apenas dizendo a verdade. Gostaria de dar uma volta comigo depois do meu expediente? Aliás, meu nome é Bastían. 

▬ Mas é claro. – sorri. – O meu é Desirée. 

Ficamos conversando por muito tempo até que ele fechasse. Nesse meio tempo, Lílian já havia ido embora com o garoto e ele teve que expulsar Bieber com todas aquelas garotas de peito de fora. Quando ele finalmente fechou, andamos os dois pelas ruas vazias de Paris, afinal, eram cinco horas da manhã. Mesmo na primavera, eu tremia de frio. Bastían percebeu isso e me aconchegou em seus braços.

▬ Então, pra onde você quer ir?

▬ Sinceramente? Tomar um café e depois quero ir pra casa. 

Andamos em silêncio até a cafeteria mais próxima, que no caso ficava de frente para a Torre Eiffel. Era minha cafeteria preferida na cidade e o melhor era que ela ficava aberta vinte e quatro horas por dia e era ideal para minhas noites de insônia. Tomamos um café e entramos no meu carro. Ele fez questão de que nós parássemos na minha casa e que ele fosse a pé para a dele. Quando descemos do carro, ele já se preparou para se despedir de mim. Mas eu queria mais, precisava mais e mais dele. Puxei-o para perto de mim e o beijei. 

▬ Você quer subir? 

[...]

Acordei de manhã sem roupa alguma e com Bastían dormindo ao meu lado. Até dormindo ele era lindo, simplesmente encantador. E o melhor de tudo é que ele não parecia ser um idiota, igual aquele cara que eu havia conhecido na noite anterior. Juntei nossos corpos e comecei a passar minha mão por seus cabelos, que as vezes acabavam se prendendo em seus cachos. 

▬ Bom dia, princesa. – ele sorriu ainda com os olhos fechados.

▬ Bom dia. Dormiu bem?

▬ Com certeza, acabei de passar a noite ao lado da mulher mais bonita do mundo. 

Senti meu rosto esquentar e sabia que estava corada. Ele me deu um beijo na bochecha e ficamos muito tempo abraçados. Acabamos dormindo novamente e quando acordei estava sozinha na cama. Levantei-me da cama e vi que já eram 4 horas da tarde. Sorte que hoje é domingo. Entrei embaixo do chuveiro e depois fui até a cozinha comer algo. Na geladeira havia um bilhete:

“Desculpa ir embora sem avisar, mas é que você fica tão encantadora dormindo. Eu tinha que me arrumar para trabalhar e por isso não pude ficar mais. Aceita dar uma volta depois do meu expediente? Sabe onde me encontrar. Beijos, Bastían.”

Liguei o som e me sentei na varanda. Acendi um cigarro e deixei o som da música me levar. Depois de algum tempo, a rádio interrompe minha música para seus plantões de notícia. Eu estava prestes a desligar o som, quando escuto: “Justin Bieber, o cantor mais famoso da atualidade, acaba de ser preso por porte de drogas. Com ele foi encontrada muita cocaína, ecstasy e LSD. Considerando que Justin já possui problemas com drogas em sua ficha, seu futuro é incerto.” E então eu comecei a gargalhar alto, até que meu celular tocou. 

▬ Boa tarde, Desirée Dubois? – confirmei com um sim. - Aqui é o produtor de Justin Bieber. Fiquei sabendo que você é uma das advogadas mais renomadas desse país e gostaria de marcar uma reunião com você. 

E nesse momento começou o inferno em minha vida.